sábado, março 17, 2007

CONTRA A FRACTURA NA CARREIRA DOCENTE
EM DEFESA DAS CARREIRAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Caro(a) Colega

Já se encontra disponível online, na página do SPEC o Abaixo-Assinado contra a fractura da Carreira Docente em duas categorias.

Veja em http://www.sprc.pt

Como sabe, certamente, trata-se de uma situação que gerará profundas injustiças dentro de cada escola e agrupamento e que secciona o corpo docente, alimentando a competição e impedindo a maioria dos professores de chegar ao topo da carreira.

Esta iniciativa da Plataforma Sindical dos Professores pretende afirmar, perante o governo e a opinião pública, um veemente protesto contra a imposição de uma carreira que desvaloriza a função principal dos docentes e alimenta desconfianças em relação aos professores e educadores.

Para assinar basta seguir este endereço http://www.sprc.pt/asps/defesacap.htm

É TEMPO DE CONTINUAR A DIZER NÃO! DE NÃO DESISTIR…

brincar com as palavras


Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Fernanda Braga da Cruz

Prioridade para investigação a agressões contra professores

Nova Lei de Política Criminal vigorará a partir de Setembro A Lei de Política Criminal, que deverá vigorar a partir de Setembro, vai considerar prioritária a prevenção e investigação das agressões contra professores e funcionários das escolas, afirmou o coordenador da Unidade de Missão para a Reforma Penal, Rui Pereira, em declarações à Lusa. A política criminal compreende a definição de objectivos, prioridades e orientações em matéria de prevenção da criminalidade, investigação criminal, acção penal e execução de penas e medidas de segurança. Segundo a legislação, os professores integram um conjunto de profissões e cargos a quem uma agressão é susceptível de "revelar especial censurabilidade ou perversidade", podendo, por isso, a pena de prisão ser agravada em um terço nos seus limites mínimo e máximo. No âmbito das alterações ao Código Penal, aprovadas na generalidade a 22 de Fevereiro, também as agressões a outros membros da comunidade escolar, incluindo os funcionários não docentes, passam a ter uma moldura penal agravada. Além de qualificadas, estas agressões passarão a ser consideradas prioritárias a nível da investigação das forças de segurança e do Ministério Público já a partir de 01 de Setembro, com a entrada em vigor da Lei de Política Criminal.

Professores: Ministério de Educação e sindicatos voltam a encontrar-se na quarta-feira



O SINDEP e a FECAP e o Ministério da Educação regressam à mesa de negociações na próxima quarta-feira caso surja algum dado novo suficientemente forte a ponto de levar à desmarcação da greve anunciada para 22 e 23 deste mês.
O Ministério de Educação e Ensino Superior sem avançar alguma data precisa reafirmou ontem durante a ronda negocial com os sindicatos que os professores vão receber ainda este ano os montantes relativos às promoções e progressões de 2003 e 2004.
De acordo com o presidente do SINDEP, Nicolau Furtado, o MEES reafirmou, durante o encontro de ontem, «a reclassificação, ainda este ano, dos professores diplomados em 2004 e 2005 ignorando os retroactivos que são devidos».
A integração dos professores no sistema de Previdência Social, outra das reivindicações dos docentes, nem sequer foi ventilada, segundo Nicolau Furtado, pelos representantes do MEES que «não confirmaram a existência, a nível das Finanças, de qualquer plano de pagamentos dos atrasados das progressões de 2003 e 2004 a ser executado a partir de 22 próximo».
Contudo, segundo uma fonte, o pagamento vai mesmo avançar podendo mesmo começar antes da data prevista e conta com o envolvimento pessoal da Ministra das Finanças, Cristina Duarte, que levou a questão para o Conselho de Ministros de ontem.
Recorde-se que os sindicatos (SINDEP e FECAP) têm marcada para os dias 22 e 23 (quinta e sexta-feira) a greve de professores em todo o país.

quinta-feira, março 15, 2007

Exames: 1ª fase de 18 a 26 Junho, resultados a 6 Julho


A primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário realiza-se este ano de 18 a 26 de Junho, sendo as classificações afixadas a 06 de Julho, de acordo com um despacho publicado quarta-feira em Diário da República.
Na primeira fase realizam-se 38 exames, sendo que as nove disciplinas em que coexistem programas novos e programas antigos, devido à reforma curricular introduzida em 2004, têm este ano enunciados comuns.
Os alunos que concluírem todas as provas na primeira fase poderão concorrer ao ensino superior público entre 09 e 13 de Julho, conhecendo o resultado da candidatura a 17 de Setembro.
A segunda fase de exames decorre de 12 a 17 de Julho, com afixação das pautas de classificações a 27 de Julho.
Os alunos que só concluírem provas nesta fase concorrem ao ensino superior de 27 de Julho a 03 de Agosto, excepto os que tenham feito melhoria de nota ou que repitam os exames para aprovação e que, por isso, são remetidos para a segunda fase de acesso à universidade, de 17 a 21 de Setembro, onde há menos vagas disponíveis.
Relativamente aos exames nacionais do 9º ano, a primeira chamada é a 19 de Junho para a prova de Língua Portuguesa e a 21 para Matemática, com afixação dos resultados a 11 de Julho.
Quanto à segunda chamada, decorre a 25 e 26 de Junho, a Língua Portuguesa e Matemática, respectivamente, com afixação das pautas igualmente a 11 de Julho.
Diário Digital / Lusa
15-03-2007 16:33:00

Educação no tempo de Salazar


Ministra admite vender 20 secundárias já encerradas

A ministra da Educação admitiu hoje no Parlamento vender ou arrendar cerca de 20 escolas secundárias de Lisboa e Porto actualmente desactivadas, caso não possam ser reconvertidas, por exemplo em escolas do primeiro ciclo.
«A situação de cada escola desactivada tem de ser vista no quadro de gestão da rede, mas se não houver utilidade a dar ao edifício que já foi escola e já não é, qual é o problema [de vender]?», questionou Maria de Lurdes Rodrigues em declarações aos jornalistas, à saída da Comissão Parlamentar de Educação, onde hoje foi ouvida.
Segundo a ministra, a hipótese de vender património coloca-se apenas no caso de secundárias já encerradas, o que acontece com «10 ou 12 escolas na região de Lisboa», como a David Mourão Ferreira, Dona Maria I ou Veiga Beirão, por exemplo, e «sete ou oito na zona do Porto».
Perante os deputados, a responsável deu o exemplo da secundária lisboeta Veiga Beirão, no Largo do Carmo, encerrada há quase dez anos, que a tutela pondera transformar em escola do primeiro ciclo - o único nível de ensino em que há falta de estabelecimentos em Lisboa - ou vender, caso isso não seja possível.
«Vender não é crime. Faz parte das obrigações de quem gere o interesse público e é preferível vender do que deixar ao abandono», afirmou.
Desde o ano lectivo 2000/01 fecharam portas, só na região de Lisboa, oito escolas secundárias: Anjos, Póvoa de Santo Adrião (Odivelas), Delfim Guimarães (Amadora), Rainha Dona Amélia, Cidade Universitária, David Mourão Ferreira, Machado de Castro e D. João de Castro, a única que o Ministério da Educação (ME) já assegurou não vender.
Para inverter a tendência de diminuição do número de alunos no ensino secundário, que poderia levar ao encerramento de várias outras escolas, o Executivo aposta na diversificação da oferta através de vias profissionalizantes e na atracção de estudantes da periferia para os estabelecimentos de ensino localizados no centro de Lisboa e Porto.
O ME quer ainda valorizar o uso das secundárias, criando «áreas de negócio como lojas de conveniência para estudantes e aluguer de pavilhões para baptizados», exemplos destacados hoje pela ministra que permitam aumentar as verbas para a manutenção dos edifícios.
Diário Digital / Lusa
14-03-2007 15:43:00

segunda-feira, março 12, 2007

Candidaturas no final de Março




Joana Santos 2007-03-12
A abertura das candidaturas para a colocação de docentes em 2007/2008 deverá começar na segunda quinzena deste mês. Este primeiro concurso destina-se exclusivamente aos professores contratados.
Segundo a Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) não há ainda uma data concreta para a abertura do concurso de colocação de docentes deste ano, embora o seu anúncio deva ocorrer no final deste mês. Até lá, educadores de infância e professores dos Ensino Básico e Secundário contratados deverão ficar atentos à página da DGRHE (http://www.dgrhe.min-edu.pt/) que, enquanto o concurso não se inicia, recomenda que os novos candidatos façam a sua inscrição e que os que já estão inscritos testem os seus dados.Os professores que ainda não se inscreveram devem efectuar uma inscrição online obrigatória, que consiste no preenchimento de uma ficha de dados pessoais e na definição de uma palavra-chave. Será esta a palavra-chave, juntamente com o número de candidato indicado no recibo, que servirá para identificar o candidato ao longo de todas as etapas do concurso. Aos docentes que já se encontram inscritos, a DGRHE aconselha que realizem um teste com o seu número de candidato e a respectiva palavra-chave, para confirmarem se a informação disponibilizada se encontra correcta e sem quaisquer irregularidades.A DGRHE conta disponibilizar, em breve, na sua página online mais informações sobre o concurso, nomeadamente a data de abertura, os documentos a entregar e respectivos locais de candidatura.O concurso de colocação é anual. Se existirem vagas nas escolas onde os profissionais se encontram a leccionar, e se essa for a sua vontade, poderão ser reconduzidos para o mesmo estabelecimento de ensino. Para tal, basta apenas que indiquem, na ficha de candidatura, se querem que seja feita a recondução.Os contratos individuais de trabalho a celebrar terão a duração mínima de 30 dias e não poderão ultrapassar o fim do ano lectivo. As contratações terão de ser autorizadas pelos ministros das Finanças e da Educação, que anualmente fixam num despacho conjunto a quota máxima de contratos a celebrar por parte dos estabelecimentos de ensino.Os concursos de destacamento por ausência da componente lectiva (horários zero), destinados aos docentes dos quadros de estabelecimentos de educação ou de ensino que se encontrem sem componente lectiva, e de afectação, para os docentes vinculados aos quadros de zona pedagógica que não estejam afectos ou se encontrem sem componente lectiva no lugar de colocação plurianual, deverão realizar-se durante o mês de Julho.O novo regime de contratação de docentes foi publicado no passado dia 15 de Fevereiro no Diário de República.

A Devida Comédia



Criancinhas
A criancinha quer Playstation. A gente dá.
A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.

A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.
A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.
A criancinha quer camisola adidas e ténis Nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.
A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.
A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.
Desperta.É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.
A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».
A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.
Miguel Carvalho

CARTA DE UM PROFESSOR

«Exmª Srª Ministra da Educação
Saiba V. Exª que, *a ser verdadeiro o último projecto*, apresentado pela corja que V. Exª superiormente dirige, sobre o "1º Concurso para prof.Titular - versão de 2007-03-02", lhe devo manifestar que conseguiu atingir o que se augurava de todo impossível:
Elevar a filha de putice mais escarninha à dignidade pantomineira deprojecto de lei. Por isso lhe dedico, com todo o desprezo a que se pode votar o ser mais abjecto, o poema de Mestre *José de Almada-Negreiros POETAD'ORPHEU FUTURISTA e TUDO*, "MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO". Queira ir V. Exª para a pata que a pôs, podendo perfeitamente adaptar as vogais a seu gosto, caso saiba o que é uma vogal.
Manuel António Cardoso
Professor»

Há que continuar a avaliar escolas e professores



Têm-se tornado cada vez mais frequentes os alertas e os apelos para a necessidade de mudança e de mudança rápida em múltiplos sectores da vida portuguesa, se pretendermos não ficar para trás nesta concorrência cada vez maior que a economia e a sociedade globais nos impõem. A médio prazo, o que está em jogo é o bem-estar dos portugueses, mas, ainda mais importante, a sua autonomia cultural e política como povo com uma História longa e rica e uma identidade bem vincada.Estes desafios exigem capacidade de entender colectivamente as dificuldades e uma vontade firme de as vencer. Implicam também o reconhecer que faz uma enorme diferença querer tomar o destino nas mãos e lutar por objectivos ambiciosos, embora realistas, ou assumir a resignação agridoce da pretensa inevitabilidade do fado.O voluntarismo animado por uma forte determinação remove montanhas, a apatia do conformismo, do argumento "de que sempre foi assim", gera a incapacidade para progredir.A educação é, porventura, em Portugal um dos domínios onde melhor se pode observar o contraste entre as duas atitudes: a predominantemente conservadora e a voluntarista, desejosa de modificar estruturas e hábitos anquilosados, e interesses instalados que procuram perpetuar-se a todo o custo.Mudar é penoso, envolve sacrifícios. É sempre mais cómodo continuar como se tem feito desde há muito, gozar as benesses que o longo tempo e a habituação fazem sentir como naturais e direitos intangíveis.Para conseguir reformas, mudar, é imprescindível conhecer bem a situação, as deficiências, porque é que as coisas vão mal.A avaliação das instituições, das suas capacidades de se atingir os objectivos, é, assim, fundamental. A medição dos resultados constitui um ponto essencial dessa avaliação. O ex-governador Jeff Bush, de visita entre nós, em recente conferência sobre a reforma educativa na sua Florida, dizia enfaticamente: "Quem não mede não se preocupa com as coisas." A comparação de resultados entre instituições congéneres representa outro passo essencial nesse processo.Todos nos recordamos de quão difícil foi, já nos anos 90 do século passado, convencer o Ministério da Educação, temeroso dos sindicatos, a medir a actividade do ensino das escolas, primeiro, a dar a conhecer esses resultados ao público, depois. Foi necessária uma injunção judicial para o conseguir!Vencida essa primeira etapa, há que ir mais longe: alargar e aprofundar essas medidas e avaliações e, sobretudo, retirar daí resultados em termos de carreira dos professores e das remunerações, e também de oportunidades oferecidas às escolas mais eficientes. E fazê-lo a todos os níveis de ensino: primário, secundário e superior, mesmo que sejam da regedoria de diversos ministros.O aumento do nível de exigência é sempre tarefa delicada. Algumas injustiças inevitavelmente se cometerão. É preciso, também, ajudar os mais fracos, mas de boa vontade, ou que enfrentem condições económicas adversas. Mas não pode deixar de se prosseguir nas avaliações e daí retirar consequências, sob pena de permanecermos nas inevitáveis mediocridade e ineficiência. Isto, digam o que disserem os beneficiários do statu quo e os sindicatos que os representam.A actual ministra da Educação criou uma grande esperança. Precisa, é certo, de corrigir alguns erros de comunicação, logo sublinhados com gáudio por quem pretende que tudo fique na mesma. Mas espero que prossiga o caminho que encetou, de bom senso, coragem e seriedade e que não nos desiluda. Deu já algumas provas importantes de que existe razão para confiar.