quarta-feira, novembro 28, 2007

Educação Especial: ME admite alterar colocação de professores

O Ministério da Educação (ME) admitiu hoje alterar a legislação que impede professores com formação especializada de se candidatarem para dar apoio a crianças deficientes se tiverem menos de cinco anos de serviço.
Em declarações à Lusa, o assessor do ME, Rui Nunes, afirmou que «o Governo está a apreciar a situação e admite alterar as condições [de acesso ao grupo da Educação Especial] nos próximos concursos de professores».
A resposta da tutela surge na sequência da indignação revelada à Lusa por docentes com pós-graduações em necessidades educativas especiais que foram excluídas do concurso por terem menos de cinco anos de carreira, apesar de colegas sem qualquer especialização ou experiência estarem a ser recrutados para trabalhar com alunos deficientes.
Cerca de 140 docentes de grupos disciplinares tão diversos como a Electrotecnia ou as Ciências Agrárias que estavam sem turmas atribuídas (o chamado horário-zero) foram colocados, no final de Outubro, no grupo da Educação Especial para dar apoio a alunos com problemas como autismo, paralisia cerebral ou deficiência mental, por exemplo, apesar de não terem qualquer formação específica.
Quarta-feira, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirmou que mais 35 professores nesta situação serão colocados na próxima semana a desempenhar estas funções, justificando a opção com a falta de docentes especializados.
«Já não há professores no concurso para colocar no quadro de Educação Especial, além de sete que concorreram para escolas onde não havia necessidade. Como não há, o que estamos a fazer é ir buscar professores sem funções lectivas para dar o apoio», explicou Valter Lemos, adiantando que tal «sempre se fez».
A declaração do secretário de Estado deixou, no entanto, indignada a professora La Salete Ferreira, com uma pós-graduação em «Educação Especial - Limitações no Domínio Cognitivo, Motor e Multideficiência», que se encontra desempregada.
No concurso de colocação de professores, a docente foi este ano excluída da lista de candidatos do grupo de Educação Especial porque um decreto-lei de 1997 exige-lhe cinco anos de serviço para ser considerada especializada, tempo que ainda não cumpriu.
Para La Salete, o Ministério da Educação (ME) «prefere professores com mais tempo de serviço e de áreas que nada têm a ver com Educação Especial a apoiar estas crianças do que professores com formação, ainda que com menos tempo de serviço».
«Esta colocação administrativa de mais de uma centena de docentes sem formação é um crime. Estas crianças e jovens que necessitam de uma intervenção educativa especializada são as principais vítimas», disse à Lusa, assegurando que «não são poucos» os colegas que se encontram na mesma situação.
A indignação é partilhada por Sofia Silva, de 30 anos, que foi igualmente excluída do concurso por não ter cinco anos de carreira, apesar da Pós-Graduação que realizou em Necessidades Educativas Especiais, no Instituto Superior de Ciências Educativas.
Há um mês, foi contratada directamente por uma escola para dar um módulo de nove horas num curso de educação e formação, mas a docente garante ser «muito mais útil» no apoio a crianças deficientes.
Embora não possam concorrer ao grupo de Educação Especial, por imposição daquele decreto, estes professores poderiam, no entanto, trabalhar com alunos deficientes se fossem contratados directamente pelas escolas, o que dizem não acontecer apenas por «razões economicistas».
«O ME não quer abrir os cordões à bolsa e não se importa nada de pôr em causa direitos das crianças com deficiência, colocando no apoio professores dos quadros sem qualquer formação, só para não ter de nos contratar», acusou, em declarações à Lusa.
«Altamente injustiçada, desmotivada e desiludida» é também como se sente Paula Portugal, com uma pós-graduação no domínio cognitivo e motor, mas excluída das listas da Educação Especial pelo mesmo motivo.
«O ME está a colocar professores sem qualquer tipo de estudos a dar apoio a estas crianças e isso é muito mais grave do que não ter os cinco anos de serviço», considerou esta educadora de infância, a quem falta apenas cerca de um ano de carreira para poder concorrer ao grupo de Educação Especial.
Diário Digital / Lusa
23-11-2007 19:20:00

Trazer a escola para a Natureza



Está de volta mais uma edição do projecto Escola na Natureza com o objectivo de desenvolver competências básicas de cidadania em contexto ambiental.
Até 31 de Janeiro de 2008, as escolas de todo o país podem inscrever-se no projecto "Escola na Natureza", que convida as escolas a passarem dois dias em áreas protegidas e a realizarem um conjunto de actividades preparadas por técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e da Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC). Destinado aos alunos do 8.º ano do Ensino Básico, o projecto "Escola na Natureza" está enquadrado no programa escolar e tem como objectivo facultar aos alunos formação na área do ambiente e da sustentabilidade e desenvolver competências básicas de cidadania em contexto ambiental. Paralelamente pretende dar a conhecer e valorizar as áreas protegidas como locais excepcionais em termos de património natural e cultural.O projecto, onde já participaram cerca de 1300 alunos e 150 professores, decorre em sete áreas protegidas do continente, sendo as inscrições efectuadas directamente entre as escolas e a área protegida em causa. Posteriormente as escolas participantes e os técnicos das áreas protegidas terão uma reunião preparatória de modo a planificar as actividades que serão feitas no terreno. A Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha arranca com o projecto já em Janeiro e prolonga-o até Abril. Em Fevereiro, segue-se o Parque Nacional Peneda-Gerês onde a iniciativa decorrerá até Junho. O Parque Natural da Serra de S. Mamede e o Parque Natural da Ria Formosa só recebem os alunos a partir de Março, enquanto que na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto a iniciativa arranca em Abril. No Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, o projecto decorre exclusivamente entre Abril e Maio, e no Parque Natural Sintra-Cascais os alunos também serão recebidos exclusivamente em Abril.Durante os dois dias da iniciativa o alojamento é assegurado pela respectiva área protegida. O transporte deverá ser garantido pelas próprias escolas. Aos alunos cabe a responsabilidade de assegurarem a sua alimentação e de levarem consigo uma lista de material considerado indispensável.O projecto surgiu em 2004, fruto de um protocolo estabelecido entre o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e a Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC). Desde então, e cumprida com sucesso a fase piloto, a iniciativa tem-se repetido todos os anos.Mais informações:http://www.icn.pt/

O dom da matemática


Qual o dom dos professores de Matemática japoneses para cativar os alunos? O que os diferencia dos outros, como os portugueses? Para responder a esta questão - quem nunca associou os asiáticos aos números, como se associa os europeus às letras? - , o DN falou com um especialista internacional na matéria, Tad Watanabe, e com Arsélio Martins, que, há dias, ganhou o Prémio Nacional do Professor.Nascido no Japão, Watanabe, que dá aulas na Universidade Estatal de Penn, nos EUA, tem escrito, precisamente, sobre esta matéria. Learning from Japanese Lesson Study ("Aprendendo com o Ensino Japonês"). Considera que, a haver segredo, algum segredo da parte dos mestres nipónicos, este reside na focalização das aulas num único problema matemático. Sem dispersões. Um de cada vez. Além disso, as soluções a que os jovens chegam nunca são desprezadas, ainda que redundem em erro, antes analisadas em público, de forma crítica e construtiva. Sem humilhações. Com o professor ao mesmo ao lado, acessível a todas as dúvidas.Dando de barato as características anímicas dos japoneses, que tanto passam pela obediência como pela criatividade e pelo respeito geracional, esta acessibilidade é a grande diferença. Ou, como diz Watanabe, a capacidade dos docentes de, conhecendo-os, antecipar o pensamento dos seus educandos. Por miúdos: o que estarão eles a pensar? Que resposta irão dar?Outra diferença fundamental residirá na qualidade dos manuais logo nos primeiros anos de escolaridade, que, no caso japonês, lembra Watanabe, são encarados como importante coadjuvante do ensino e não, como muitas vezes acontece, um obstáculo para os professores e uma "seca" para os alunos. Há um cuidado acrescido da parte de quem define os currículos de Matemática.Ah, é verdade, e as aulas são muitíssimo bem preparadas, com sumários detalhados. E ninguém faz caixinha. A observação de trabalho dos outros, da forma como ensinam, é prática corrente - ninguém a critica, antes elogia. Partilha-se. E observa-se, passarinhando pela sala de aulas, espreitando o trabalho dos alunos e a forma como chegam a determinado resultado.No fundo, sintetiza, é dar o papel central na escola aos professores.Por alguma razão, nos EUA, onde foi publicado o relatório oficial Before is Too Late ("Antes que seja Tarde de Mais"), a Comissão Nacional sobre o Ensino da Matemática e das Ciências, já apostaram nestas soluções, "copiando-se" o modelo japonês.Razia em PortugalE em Portugal? Em Portugal é conforme. À razia dos resultados negativos ou menos positivos, escapam alguns. Os que têm sorte de encontrar pela frente mestres na arte de ensinar, como, por exemplo, Arsélio Martins, professor na Escola Secundária José Estevão, em Aveiro. "Temos de 'ganhar' os estudantes para algo, a Matemática, que não é um fardo. Eu utilizo tudo o que estiver ao meu alcance, com recurso a exemplos práticos do quotidiano, da história e da tecnologia, coisas relacionadas com as suas próprias vidas. O prazer é uma questão fundamental. Não é o prazer prazenteiro, mas sim o prazer que se obtém da resolução de problemas", salientou ao DN.Resta esperar pelo próximo relatório sobre os conhecimento em Matemática à escala internacional (Trends in International Mathematics and Science Study). O relatório é elaborado de quatro em quatro anos, tendo já sido publicadas as edições de 1995, 1999, 2003. O TIMSS ("Tendências Internacionais no Estudo da Matemática e da Ciência") relativo a 2007 só será publicado no dia 9 de Dezembro de 2008.

Professores de Filosofia afirmam que disciplina está a perder alunos

Ministério da Educação desdramatiza preocupação dos docentes

14.11.2007 - 15h53 Lusa
A Associação de Professores de Filosofia (APF) afirma a disciplina está a perder alunos, desde que o exame obrigatório a esta matéria acabou no 12º ano, uma preocupação que o Ministério da Educação desdramatiza, assegurando que o peso curricular da Filosofia nunca foi tão grande como agora.Segundo João Carlos Lopes, da direcção da APF, o fim do exame nacional - decidido pelo Ministério da Educação em 2005 e aplicado este ano pela primeira vez - conduziu ao "desaparecimento" da disciplina no 12º ano, porque os alunos deixaram de a escolher. "Com o fim do exame de Filosofia, deixou praticamente de haver essa disciplina no 12º ano. O ano passado fizemos um inquérito às escolas para ver se estava a ser leccionada. Das 40 escolas de todo o país que responderam, em nenhuma estava a funcionar a disciplina, apesar de haver programa, porque agora é opcional", afirmou João Carlos Lopes em declarações à Lusa, a propósito do Dia Internacional da Filosofia que se assinala amanhã.O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, contrapõe, assegurando que "qualquer ideia de que há diminuição do espaço da Filosofia é completamente falsa". De acordo com o membro do Governo, "pela primeira vez" um aluno do secundário tem oportunidade de ter a disciplina de Filosofia durante três anos, mantendo-se os dois obrigatórios. "A disciplina era obrigatória do 11º e 12º ano. Com a nova reforma passou a ser obrigatória no 10º e 11º. Manteve-se a disciplina nesses anos obrigatória e acrescentou-se no 12º como opcional. Acrescentámos tempo à Filosofia, não retirámos", argumentou Valter Lemos.Para o secretário de Estado, uma eventual diminuição da procura da licenciatura em Filosofia - que afirma desconhecer se existe - "não tem a ver com o problema do exame", até porque se trata uma prova para concluir o ensino secundário e não de acesso ao ensino superior. "Para concluir o ensino secundário não existe exame de Filosofia, como não existe de Biologia, Química, História ou Física", lembrou, afirmando que a opção de acabar com o exame é "discutível", mas que isso não pode confundir-se com o peso da filosofia nos currículos dos alunos.O responsável da APF reconhece que há "decisões políticas que não têm que ver com benefícios ou malefícios de filosofar" e considera que "a filosofia não corre o risco de desaparecer, pois é uma disciplina obrigatória, como muitas outras que não têm exame". "Não achamos que tenha sido correcta a decisão, mas foi tomada. Fizemos o possível para inverter o processo, mas é uma decisão política e havia a clara necessidade de reduzir os exames", afirmou João Carlos Lopes.O responsável entende que tem havido uma diminuição na procura deste curso, mas que não tem a ver obrigatoriamente com o fim do exame. "Tem havido um decréscimo na procura do curso de Filosofia nos últimos anos, o que não terá a ver com o fim do exame nacional, mas com a previsão das saídas profissionais. É uma situação que se tem verificado com todas as disciplinas vocacionadas para o ensino. Há uma redução da procura dos cursos de humanidades a partir do 10º ano, ao contrário do que se passa com os cursos científicos, cujo horizonte de empregabilidade é mais garantido", considerou o professor.De acordo com João Carlos Lopes a decisão da Unesco de decretar, em 2002, o Dia Internacional da filosofia tem que ver precisamente com um reconhecimento de que esta disciplina tem vindo a perder peso.

terça-feira, novembro 27, 2007

A educação, a bateria e a especialização

Ao contrário da Economia, da Justiça ou da Saúde, em que são habitualmente chamados a pronunciar-se os profissionais da área respectiva, na Educação todos se sentem habilitados a dar palpites sobre o sector e sobre as reformas que são ou não necessárias. Cada vez mais, o estatuto da Educação se assemelha ao do futebol: como toda gente deu pontapés na bola na infância e na adolescência, acha que domina a arte de colocar a bola no fundo da baliza.
Na Educação, também todos passámos pelos bancos da escola e/ou somos pais e, por isso, nos sentimos habilitados a dar palpites sobre Educação e a fazer os mais definitivos diagnósticos sobre o sector.
Basta ligar a televisão ou um qualquer jornal, para vermos políticos, economistas, psicólogos, psiquiatras, advogados, jornalistas ou fabricantes de garrafas a pronunciarem-se de cátedra sobre o assunto. E aqui reside o principal erro que se comete em Portugal em matéria de Educação. Há a ideia generalizada de que este não é uma matéria que exija especialização. Contudo, qualquer professor consciente sabe que, pelo contrário, é um sector que exige uma enorme especialização e experiência.
Há muitos anos atrás, quando um grupo de adolescentes queria formar uma banda de garagem, quem ficava a tocar bateria era quem não sabia tocar nenhum outro instrumento. Hoje a bateria é motivo de teses de mestrado, mas numa época de pouco conhecimento considerava-se que qualquer pessoa era capaz de dar umas batidas nos pratos. Na política portuguesa também é assim: para ministro da Justiça escolhe-se um advogado ou um juiz, para a pasta da Economia escolhe-se um economista, para a pasta da Saúde vai um médico ou professor de Saúde Pública. Para a Educação, vai qualquer um. Não é necessário nem especialização nem o conhecimento do sector. Extraordinário!
Ninguém se lembraria de escolher um veterinário para ministro das Finanças, mas toda a gente achou natural que a economista Manuela Ferreira Leite ascendesse à pasta da Educação. Também toda a gente achou normal que os engenheiros mecânicos Couto dos Santos e Marçal Grilo (este com algum contacto com o sector) passassem a inquilinos do prédio da 5 de Outubro.
Ou que David Justino, autarca e professor do ensino superior, ocupasse as mesmas funções.
Nada mais pacífico, por isso, que Santana Lopes tivesse convidado uma especialista de telecomunicações para o cargo, com os resultados trágicos que se conhecem. Posto isto, quem se admiraria ao ver José Sócrates convidar uma professora de Sociologia, sem qualquer currículo conhecido na área do ensino básico ou secundário para o cargo? Aliás, parece que todas as profissões dão excelentes currículos para ministro da Educação, excepto uma: a de professor dos ciclos de ensino respectivos!
Quando foi conhecido o nome de Maria de Lurdes Rodrigues para a pasta da Educação, todos se interrogaram quem seria a nova titular, uma vez que ninguém a conhecia. Além de algumas obras publicadas, que nada tinham a ver com o ensino secundário, sabia-se que era presidente do Observatório das Ciências em Portugal. Contudo, logo os jornalistas descobriram uma "qualidade" na nova ministra que a qualificava para o cargo: era conhecido o seu mau feitio. Não demorou muito a que os portugueses demorassem a descobrir que o critério "mau feitio" era extensivo aos seus secretários de Estado. Um critério, no mínimo estranho, numa pasta que envolve milhões de pessoas e em que a capacidade de comunicação deveria ser prioritária.
Existem quase 150 mil professores em Portugal a trabalhar no ensino básico e secundário, mas, ao que parece, nenhum sabe suficientemente de educação para desempenhar o cargo. É caso para perguntar o que fazem estes milhares de professores durante dias, meses, anos ou décadas de profissão. Se dia após dia, não se estão a especializar em Educação, então o que estão a fazer?
Aprender a fazer horários, conciliando uma complexidade de factores, não é especialização? Dirigir uma escola não é especialização? Gerir uma turma de alunos desestruturados não é especialização? Contudo, parece que em Portugal, todo este conhecimento fundamental não habilita nenhum dos profissionais de Educação a dirigir o ministério respectivo. Extraordinário!
Ao invés, parece que o que habilita alguém para o cargo é nunca ter dado uma aula na vida no sector que vai dirigir! Ou que não faça a mínima ideia do que sejam as dinâmicas dentro de uma sala de aula. Não será esta sistemática ostracização dos professores, afinal, uma falta de consideração da classe política para com os profissionais de Educação deste País?
Como se pode conceber que conhecer o sistema por dentro nada valha para a classe política? Como se admite que, se não me falha a memória, nem um único professor tenha sido convidado para ocupar o cargo de ministro ou de secretário de Estado neste País nas últimas décadas? Será que aos professores do ensino básico e secundário está reservado o estatuto de menoridade mental e profissional, apesar das provas de bom senso que revelam todos os dias?
Com o devido respeito, enquanto cidadão, considero que os professores têm cumprido incomparavelmente melhor as suas funções do que a classe política. Se alguma dúvida houvesse, bastaria ver o estado em que encontra este País. Por outro lado, convém lembrar que a responsabilidade das políticas educativas erráticas e inconsequentes é da classe política, não dos docentes, que apenas as executam As estatísticas e o sucesso educativo Os portugueses têm assistido, com alguma perplexidade, às queixas da senhora ministra da Educação sobre as taxas de insucesso e abandono escolar. Afinal, a um ministro da República não se pede que se queixe, mas que resolva os problemas. Para isso tem, primeiro, de conhecer a realidade. Contudo, os argumentos que a senhora ministra e os seus secretários de Estado têm trazido para a comunicação social mais não revelam que um profundo desconhecimento do trabalho produzido nas escolas.
As questões são simples e quem está no terreno conhece as soluções há muitos anos. O entendimento entre os professores não é difícil e, regra geral há consenso sobre a forma de resolver os problemas. Aliás, os profissionais, seja qual for o ramo de actividade, conhecem sempre muito bem os problemas da sua área de actuação e, por isso, as soluções também são geralmente consensuais.
As dificuldades surgem quando aparecem políticos, que não conhecem a verdadeira dimensão dos problemas, a Governar sectores que não dominam. O resultado traduz-se invariavelmente em contestação dos profissionais em causa e medidas avulsas e inconsequentes.
Há anos que os professores deitam as mãos à cabeça com as medidas apresentadas pelos sucessivos governos, cada uma pior que a outra. Com a sua proverbial paciência, professores e conselhos executivos tentam implementar o que, muitas vezes, não tem qualquer viabilidade ou aderência à realidade.
Se a autonomia das escolas lhes permitisse rejeitar muitas das directivas absurdas que lhes chegam anualmente, por certo, muito dinheiro pouparia o País e muita eficácia ganhariam as escolas.
Mas vamos às queixas da senhora ministra. Para responder a estes questões, não precisamos de comissões de sábios ou de espertos (tradução livre do Inglês), qualquer professor esclarecido conhece as soluções. Porque é que os alunos não completam o 12º ano? A resposta é curta e simples: o elevado grau de abstracção dos actuais programas do 12º ano não é compatível com o perfil de uma parte significativa da população escolar. O problema não está nos alunos nem nos professores nem nos pais nem sequer no sistema de ensino, mas nos programas, que foram criados com a função de preencher anos pré-universitários. Ora, quem não tem perfil universitário - e são muitos - também não tem perfil para frequentar o actual 12º ano. Se o País quer que a generalidade dos alunos completem o 12º ano tem de lhes propor outras competências, de menor abstracção e complexidade, seja através de cursos profissionais ou outros. E ponto final.
Volto à questão da necessidade de especialização da escola. O Ministério da Educação olha para a população escolar como uma massa uniforme e, por norma, propõe soluções universais para problemas bem distintos. Erro crasso.
Já dizia, Descartes que os problemas complexos se devem decompor em problemas simples, para que se possam resolver. Ora, com a democratização do ensino, toda a população jovem passou a ter acesso à escola. E com ela chegaram novos problemas às escolas que exigiriam soluções diferenciadas. Contudo, o Ministério da Educação continua a comportar-se como se a população escolar tivesse a mesma homogeneidade de há 30 anos. Não tem. A população escolar de hoje é altamente heterogénea, uma consequência da universalidade do ensino.
Os três nós górdios do ensino secundário
1) O atraso mental ligeiro
Numa linguagem simplificada, eu diria que há três tipos de novos utentes que acederam à escola nas últimas duas ou três décadas e que têm sido ignorados pela classe política. Uma dessas classes, de que nunca se fala, é a população escolar menos favorecida intelectualmente. Não há que ter pudor ou vergonha em falar no assunto, eles existem, há que assumir essa realidade.
Há 30 anos, não passavam do 1º ciclo, hoje frequentam o terceiro ciclo e pretende- se que cumpram no futuro 12 anos de escolaridade.
A população escolar não deve ser dividida numa grande maioria, inteligente, e numa pequena minoria, deficiente. Não. Há uma fatia intermédia da população escolar que, não sendo considerada deficiente, possui, no entanto, o que definiria, ainda que sem rigor científico, como grau de atraso mental ligeiro.
Todavia, não é politicamente correcto admitir que existem alunos intelectualmente limitados, todos preferem assobiar para o lado e fingir que o problema não existe. Por certo, até hoje nenhum ministro da Educação se lembrou de pedir o perfil da população escolar em termos de Quociente de Inteligência (QI). Seria um exercício interessante confrontar esses resultados com as exigências dos programas escolares. Ora, o Ministério da Educação continua a exigir a estes jovens menos dotados intelectualmente aquilo a que eles não conseguem corresponder.
Numa estimativa meramente empírica, baseado na minha própria experiência de professor, diria que esta população não andará longe dos 10%, o que, concordemos, é um número muito significativo.
Na minha opinião, há que olhar para este problema de forma integrada pois os cursos profissionais apenas o resolverá em parte. Não esqueçamos que, num mundo globalizado, cada vez se exige mais dos profissionais, seja qual for a área. E hoje, exige-se muito a um electricista, um jardineiro ou um mecânico, bem mais do que estes alunos poderão eventualmente dar.
Por isso, mesmo depois de formados, dificilmente estes jovens poderão competir de igual para igual no mercado de trabalho. As limitações intelectuais não desaparecem só porque frequentaram cursos de formação e, por isso, seria importante que o Governo criasse bolsas de trabalho protegidas, quer no Estado quer no sector privado, através de protocolos com as empresas.
Não entendo, por exemplo, porque é que pessoas com QI médio ocupam postos de trabalho no sector da limpeza, quando este, por ser menos exigente, deveria ser um sector de mercado de trabalho protegido dirigido para pessoas de QI baixo, que dificilmente conseguirão emprego estável noutras áreas. O que a sociedade não pode é marginalizar estes jovens nem deixar de lhes oferecer uma colocação profissional compatível com as suas limitações intelectuais. E ao ignorar as suas limitações, o Estado está a empurrar involuntariamente estes jovens para a marginalidade social.
2- a) O mundo das famílias desestruturadas
O segundo tipo de utente que tem acedido à escola nas últimas décadas é o das chamadas famílias desestruturadas. Antes de 25 de Abril de 1974, estes jovens eram perseguidos e marginalizados pelos próprios professores, seguindo as directrizes e as práticas do Ministério da Educação. Se não eram expulsos, eram tão maltratados que acabavam por abandonar as escolas na primeira oportunidade.
Contudo, hoje fazem parte da população escolar e, reconheça-se, de pleno direito. No entanto, mais uma vez, o Ministério da Educação não os reconhece como segmento de população escolar diferenciado e remete a solução dos problemas que causam no normal desenrolar da vida escolar para as escolas, sem os correspondentes meios.
Aqui, as soluções para a resolução deste problema dividem-se. A Alemanha decidiu criar escolas de nível regular, médio e máximo e dar aos pais a opção de escolherem a escola dos seus filhos. A formação dos professores, ao que me informaram, também é diferenciada: os das escolas regulares têm competências reforçadas ao nível do comportamento e integração social e os das outras escolas ao nível científico. Confesso que me inclino, cada vez mais, para esta opção porque é a que mais atenção dá aos diversos públicos-alvo.
A outra opção passa por manter a actual heterogeneidade das turmas. Contudo, também aqui há limites inultrapassáveis, como o número de alunos problemáticos a nível de comportamento por turma. Por norma, um professor consegue gerir satisfatoriamente uma turma com um ou dois alunos problemáticos, mas jamais conseguirá gerir com sucesso turmas com 10 ou 15 alunos problemáticos. Neste caso, o rendimento escolar fica irremediavelmente comprometido.
Bem pode o professor "fazer o pino", pois em Educação não há milagres. Ora, hoje em dia o Ministério da Educação impõe que as turmas só possam ser desdobradas se tiverem mais de 30 alunos, exceptuando se tiverem alunos com algum tipo de deficiência. Ora, os alunos desestruturados não são deficientes e, por isso, hoje há turmas com 10 ou 15 alunos problemáticos integrados em turmas de 30 alunos. O resultado só pode ser trágico, quer para os alunos problemáticos, que não têm a atenção que lhes é devida, quer para os restantes, que não conseguem aprender o que deviam. Obviamente, a culpa aqui não é dos professores, mas das regras absurdas impostas pelo Ministério da Educação.
Ainda nesta opção, é absolutamente indispensável que a indisciplina orgânica não se torne norma na aula. A sala de aula é um local de trabalho, não o prolongamento do recreio. Contudo, cada vez é mais difícil distinguir o recreio da sala de aula. Ou é o auscultador que o aluno coloca mais ou menos discretamente no ouvido, ou é o telemóvel, ou o caderno e o livro que não são trazidos para a aula, ou a conversa irreverente com o parceiro do lado enquanto o professor tenta explicar a matéria, tudo isto perturba enormemente uma aula e reduz drasticamente a aprendizagem. Ora, esta indisciplina orgânica deve ser muito mais penalizadora para o aluno do que é actualmente. A solução, do meu ponto de vista, passa por criar um núcleo disciplinar dentro de cada escola. Se um aluno desrespeita sistematicamente as regras de comportamento na sala de aula, deve ser obrigado a sair, mas não para regressar 10 ou 15 minutos depois à aula seguinte, continuando a ter o mesmo comportamento. Alguém que é expulso de uma aula por mau comportamento deveria ficar até ao final do horário escolar numa sala disciplinar, acompanhado por dois professores, com o perfil adequado para o efeito. Isto já é feito, com êxito, em escolas americanas.
Outra medida poderia passar pela mudança compulsiva de turma ou até, de estabelecimento de ensino, bastando para tal uma avaliação negativa do comportamento do aluno, devidamente fundamentada, por parte do conselho de turma. Só assim, o combate à indisciplina será suficientemente dissuasor. O actual modelo do processo disciplinar, burocrático, interminável e permissivo, não tem qualquer eficácia e deveria ser reservado apenas a casos de violência, física ou verbal. Muitas vezes, quando chega ao fim o processo disciplinar, já acabou o ano lectivo. E, na maior parte das vezes, a pena é tão simbólica que põe o sistema a ridículo.
2-b) A violência na escola Ainda dentro do capítulo das famílias desestruturadas, é preciso considerar o caso-limite da violência nas escolas, que afecta, sobretudo, a periferia das grandes cidades. O Ministério da Educação não pode remeter o problema para as escolas, lavando daí as suas mãos como Pilatos. Pior ainda quando decide acusar de incompetência os professores e as escolas em dificuldade, com o extraordinário argumento de que há escolas que têm êxito em situações idênticas.
Aliás, nos célebres vídeos da RTP, a estratégia do secretário de Estado passou (surpresa!) por tentar culpabilizar os professores em causa pela violência nas aulas, quando se percebe claramente que há naqueles alunos uma agressividade perfeitamente anormal que exigiria um apoio especializado acrescido àquelas escolas. Aliás, esta é a estratégia recorrente dos responsáveis do Ministério da Educação: quando algo não está bem, a culpa é invariavelmente dos professores. É a visão simplex da Educação. No caso dos vídeos na RTP, seria previsível que os responsáveis do ME tomassem medidas para resolver os problemas de violência nas escolas. Todavia, logo surgiu a notícia de que o Ministério iria tentar acusar a direcção das escolas de violação do direito de imagem, apesar de ninguém ser identificado na reportagem. Fantástico!
3- O problema da motivação
Um terceiro grupo problemático é o dos alunos que, devido a problemas de motivação ou bloqueios emocionais não conseguem ter um rendimento escolar normal. Muitas vezes, falta de motivação e de resultados não implica mau comportamento nas aulas. Muitos factores podem estar associados a estes problemas. Um deles é conhecido como hiperactividade ou défice de atenção. Segundo o pedopsiquiatra Nuno Lobo Antunes, 7,5% da população escolar tem este problema. Numa escola de 1300 alunos, 100 alunos sofrerão assim deste problema. Uma multidão.
E qual é a resposta do Ministério da Educação para este problema, que exige tratamento médico especializado? A informação que tenho é que a única consulta do Estado na região, localizada no Hospital de Leiria, tem uma lista de espera de 7 meses... No sector privado, uma consulta da especialidade pode chegar aos 100 euros, bem longe do alcance da maioria dos pais.
Diante deste cenário, que razão tem a senhora ministra da Educação para se queixar dos maus resultados escolares dos alunos? Além destes, existem muitos outros problemas de saúde que explicam o baixo rendimento dos alunos, como dislexia, problemas de visão, audição, etc., muito mais frequentes do que se pode imaginar e que dificilmente os professores conseguem detectar.
Ainda relativamente à motivação, que soluções propõe o Ministério da Educação para os inúmeros casos de falta de acompanhamento dos alunos por parte dos pais? É um erro de palmatória pensar que os professores podem substituir os pais no acompanhamento parental. Com 5 ou 6 turmas de 25 a 30 alunos e horários rígidos, perfazendo 100 a 150 alunos a seu cargo diariamente, os professores não têm nem tempo nem vocação para fazer esse acompanhamento. O resto não passa de fantasias delirantes. Ponto final. A "solução" do Ministério da Educação de alargar os horários escolares para permitir o melhor acompanhamento desses alunos dificilmente terá qualquer eficácia. Primeiro, porque não é em 45 minutos ou mesmo 90 minutos que se consegue dar o mínimo de acompanhamento parental a grupos de 5, 10 ou 15 alunos. Em segundo lugar, mais horas num horário escolar já sobrecarregado soa como um castigo extra para os alunos, que, ao fim do dia, já estão cansados e stressados e só querem ir para casa descansar.
Outra medida inconsequente são as chamadas aulas de substituição. Se elas são compreensíveis no 1º ou 2º ciclo, dada a tenra idade dos alunos, que exige uma supervisão apertada, o mesmo não acontece no 3º ciclo e no ensino secundário, onde os alunos já dipõem de razoável autonomia. O argumento da senhora ministra de que se os alunos não estiverem na sala de aula andam pelos cafés a embebedarem-se não colhe. Em primeiro lugar, se as escolas não estão vedadas, é obrigação do Ministério da Educação fazê-lo. Os alunos devem permanecer no espaço escolar durante o tempo do horário escolar. E a esmagadora maioria dos alunos portugueses não são bêbados nem toxicodependentes, são jovens que precisam de brincar e de socializar, coisa que sempre fizeram de forma saudável. Com esta medida, a senhora ministra impede os alunos de o fazer no recreio. A consequência é que transformam o espaço da sala de aula, que deveria ser sagrado e reservado ao estudo, no recreio. Os resultados desta medida em termos de cultura escolar são, obviamente, catastróficos. As medidas piedosas e populistas do Ministério da Educação, que podem parecer óptimas para pais e leigos na matéria, traduzem-se afinal em mais
custos para os contribuintes e resultados nulos. Este é mais um exemplo de que a Educação precisa de especialização e que os especialistas deste sector não são gestores, sociólogos ou engenheiros mecânicos, mas professores. E, já agora, qual é a penalização (ou incentivo) para os pais que nem sequer vão à escola quando são solicitados? Será que o sucesso educativo não passa pela responsabilização de todos os intervenientes no processo educativo? Muito francamente, não me parece sério um discurso que só procura responsabilizar uma das partes e se demite totalmente de responsabilizar os outros intervenientes no processo. Ou será que o Ministério da Educação optou por afrontar apenas os professores por serem apenas 150 mil e não tem coragem de responsabilizar pais e alunos, por estes serem 3 ou 4 milhões?
A avaliação dos professores
a) Os "maus professores"
Em quase 20 anos de ensino, contam-se pelos dedos de uma mão os comportamentos não responsáveis de professores que observei. Por isso, é com perplexidade que ouço falar da necessidade de punir os "maus professores".
De que País estamos a falar: da Somália, do Sudão ou do Burkina Faso?! Com certeza os professores são humanos, terão seguramente personalidades muito diferentes, qualidades e defeitos, mas, se há classe que me merece confiança, é a dos professores. De resto, numa profissão sujeito ao escrutínio de tanta gente, dificilmente algum professor não cumprirá as suas obrigações. Qualquer aluno, encarregado de educação ou professor se pode queixar ao conselho executivo da escola e todas as queixas são tidas em conta, consideradas e dado o devido encaminhamento. Os casos poderão depois ser passados à inspecção que os analisa a pente fino e, mesmo assim, raras são as condenações de professores.
Só quem não percebe nada do que são as escolas portuguesas - e muitos são, incluindo a maioria dos jornalistas - consegue acreditar na fantástica tese de que o problema do ensino secundário reside na qualidade dos professores.
Lembro que a quase totalidade dos professores são pessoas formadas e, como já sublinhei, têm de dar diariamente provas de bom senso. Na verdade, o que falta nas escolas são regras eficazes a todos os níveis e flexibilidade na gestão.
Por isso, é lamentável que a campanha de difamação dos professores parta precisamente dos responsáveis do Ministério da Educação. E mais lamentável ainda é que num dia lancem lama sobre a classe, para logo no dia seguinte virem dizer que não era bem assim, e que a culpa é do jornalista que deu a notícia. A senhora ministra acusou os professores de só se preocuparem com as boas turmas e de as colocarem de manhã para os funcionários da escola colocarem lá os seus filhos. Ora, isto é uma acusação claríssima de corrupção.
Em quase 20 anos de profissão, nunca observei tal prática e, por isso, considero que a senhora ministra difamou os professores. Em primeiro lugar, com a natalidade em queda, não me parece que os professores tenham assim tantos filhos e menos ainda na escola onde leccionam. Da minha experiência, cada escola talvez tenha em média dois ou três filhos de professores a estudar na mesma escola enquanto há 20 ou 30 turmas por escola. Além disso, muitos são os professores que têm os filhos a estudar noutras escolas, públicas ou privadas.
Por aqui se vê que essa acusação não tem qualquer base de sustentação.
No entanto, a ser verdade esta prática nalguma escola, a obrigação da senhora ministra era mandar a Inspecção averiguar, não lançar lama contra uma classe profissional inteira.
Por outro lado, a comparação dos professores com os médicos é, uma vez mais, reveladora do desconhecimento que a senhora ministra tem da profissão docente no ensino secundário. A cura da doença dos pacientes só depende do médico, mas a aprendizagem dos alunos não depende só do professor.
Só por desonestidade intelectual e/ou leviandade se podem comparar situações tão distintas.
b) A avaliação fantasma dos pais
Os alunos não aprendem por um conjunto variado de factores, que já atrás referi, e dos quais o Ministério da Educação é o principal responsável. Os professores fazem o melhor que podem e sabem. De resto, a intenção persecutória dos responsáveis do Ministério da Educação contra os professores e as suspeitas públicas quanto ao seu profissionalismo são claras. A última afronta é a proposta de Estatuto da Carreira Docente.
Com efeito, a proposta de avaliação dos professores por parte dos encarregados de educação parte da suspeita não confessada de que os professores não são responsáveis. Assim, os pais (supostamente cidadãos responsáveis) controlariam os professores (supostamente profissionais irresponsáveis).
A medida, tão populista como perversa, mereceu a reprovação da maior parte dos partidos, do Bloco de Esquerda ao CDS, e até da generalidade dos comentadores, sempre tão benevolentes com os actuais responsáveis do 5 de Outubro.
A proposta não sobrevive ao mais rudimentar escrutínio. Primeiro, como podem os pais avaliar professores, se nem sequer os conhecem? Por outro lado, se não os conhecem, as informações em que se baseiam são transmitidas pelos filhos, de 10, 13 ou 16 anos! Ora, que maturidade tem uma criança ou adolescente para avaliar um professor?
Por outro lado, é preciso não esquecer que entre professor e aluno também existe uma relação de poder. E deixar na mão de um adolescente o poder de avaliar o educador é uma total perversão. O poder do educador não pode ser diminuído pelo receio de uma revanche do aluno. No limite, uma turma de marginais terá o professor na mão, porque se este os afrontar leva com uma avaliação negativa e o seu salário será diminuído. Em termos de relação de poder, é como se um juiz passasse a ser avaliado pelas pessoas que tem de julgar! Um completo absurdo.
E nem a tentativa da senhora ministra de tentar fugir à questão, dizendo que este é apenas um acto de avaliação, entre muitos outros, é minimamente admissível. Não é por ter menos peso que a proposta se torna mais séria ou aceitável! Além disso, um trabalhador não pode ver o seu desempenho avaliado por factores subjectivos, de que nunca poderá recorrer, deve ser
avaliado em função de critérios objectivos. A avaliação profissional é uma coisa séria, não pode ser uma lotaria. A insinuação de que os professores não querem ser avaliados é outra peça na campanha contra a classe que circula pelos média. A verdade é que os professores já eram avaliados até aqui, dependendo a aprovação da frequência de acções de formação e do cumprimento das tarefas atribuídas. É certo que o processo de avaliação não era muito exigente, mas a responsabilidade é, naturalmente, dos responsáveis do Ministério da Educação que aprovaram essa legislação, não dos professores, que se limitaram a cumprir o estipulado.
c) O mito da falta de assiduidade
Faço aqui um parêntesis para abordar a questão da assiduidade, que tem sido alvo de uma campanha demagógica contra a classe docente. Em primeiro lugar, o ensino é uma profissão maioritariamente de mulheres. Ora, tradicionalmente, quem cuida dos filhos quando estes estão doentes são as mulheres, sem falar que mulheres engravidam e, por isso, também têm por vezes de faltar por razões de saúde. Por isso, é natural que a assiduidade seja menor entre os professores que noutras profissões. Qual é a alternativa? Querem que as professoras deixem os seus filhos ao abandono?
Por outro lado, a falta de um professor tem uma repercussão social ampliada. Quando um funcionário falta numa repartição o utente raramente dá por isso. No caso dos professores, quando um deles falta um único dia, há 150 alunos que dão pela sua falta e que contam a 300 pais. No total, a falta de um único professor é notada por quase meio milhar de pessoas.
Por outro lado, não entendo porque os professores não podem repor as aulas em que têm de faltar. Bastaria que, para tal, fosse marcado no horário escolar uma mancha para esse efeito. Aqui está um mecanismo de gestão que, incompreensivelmente, não é utilizado e que poderia minorar bastante os efeitos das ausências pontuais dos professores.
Por outro lado, é preciso entender que os professores têm horários extremamente rígidos e a um simples atraso de 5 minutos, devido a trânsito intenso ou outro motivo imprevisto, pode corresponder uma falta de um dia inteiro, se essa for a única aula do dia, ou, no mínimo, a ¼ de dia de falta.
Quantos profissionais deste País têm penalizações tão gravosas, embora compreensíveis, por atrasos de 5 minutos?
Além disso, é uma profissão muito exigente em termos de cansaço e desgaste psíquico. Um dia inteiro a lidar com adolescentes irreverentes é uma tarefa duríssima, sobretudo, quando se tem de lidar com turmas problemáticas, sem falar no trabalho que os professores levam para casa. Por isso, por vezes, quando um professor está "de rastos", nada mais lhe resta que parar um dia,
mesmo perdendo um dia de férias, para recuperar energias ou até a sua sanidade mental.
Seguramente, não é por causa da assiduidade dos professores que o ensino está mal. A única excepção sucede quando um professor está de atestado médico menos de um mês, uma vez que a legislação só permite a substituição se a ausência for igual ou superior a um mês. O incumprimento do programa agrava-se ainda mais quando a instabilidade da saúde professor o leva a pôr sucessivos atestados médicos de curta duração.
São casos raros, mas acontecem e penalizam bastante os alunos. No entanto, cabe ao Ministério da Educação modificar essa legislação e encontrar soluções mais criativas para que os alunos não fiquem sem aulas tanto tempo.
d) Avaliação sim, mas objectiva
De qualquer forma, quem não deve não teme e os professores não têm qualquer problema em ser avaliados, desde que os critérios sejam objectivos e estejam relacionados directamente com o seu trabalho. Não é aceitável que a sua avaliação dependa dos resultados dos alunos, pela simples razão de que os resultados dependem de muitos outros factores, além do trabalho do professor.
Por exemplo, um professor com turmas problemáticas nunca pode ter os mesmos resultados que um professor com bons alunos. Por outro lado, isso seria mais um convite ao facilitismo porque, naturalmente, pressionaria os professores a inflacionar as classificações dos alunos.
Por outro lado, é clara a intenção deste Governo ao fixar numerus clausus no acesso ao topo da carreira e não querer pagar aos professores, independentemente do seu mérito ou competência. Ora, como quer o Governo atrair para a carreira bons profissionais se não lhes paga em consonância? A proletarização da classe docente é uma realidade típica de países de Terceiro Mundo, não de países civilizados. E mal vai Portugal se tenciona continuar a desvalorizar a profissão de professor.
Parafraseando a magnífica frase de Medina Carreira há alguns dias na RTP, também "eu gosto dos determinados, mas é quando acertam." Como já aqui demonstrei, a nomeação desta equipa da Educação é um monumental erro de casting e o País vai pagar caro a política populista e voluntarista que está a ser seguida neste sector. Em vez de mobilizar energias, Maria de Lurdes
Rodrigues mais não faz do que incendiar o País e comprar guerras inúteis e despropositadas com os professores.
O descrédito da actual equipa da Educação é total nas escolas portuguesas e, por mais que isto custe a José Sócrates, tal não se deve a questões salariais, mas ao facto da sua competência não ser reconhecida. Não se governa um País com base em estatísticas, sobretudo, quando não se percebe o que está por detrás desses números. E quanto mais Maria de Lurdes Rodrigues brande desajeitadamente as estatísticas, mais expõe a sua ignorância e se põe a ridículo aos olhos dos professores. E muito mal vai uma organização quando os subordinados não reconhecem a competência do chefe.

Mário Lopes.

in: http://www.tintafresca.net/noticia.aspx?sID=3202&EdicaoUltima=68

quinta-feira, novembro 22, 2007

Educação: Causas do insucesso em debate na Gulbenkian

O contributo das neurociências para o processo de aprendizagem e a relação entre os recursos económicos investidos na Educação e os resultados dos alunos são alguns dos temas da conferência sobre insucesso escolar, que começa hoje na Gulbenkian.
Intitulada «Sucesso e Insucesso: Escola, Economia e Sociedade», a conferência promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian reúne hoje e terça-feira em Lisboa especialistas nacionais e estrangeiros que irão analisar alguns dos principais factores que influenciam e determinam os resultados escolares.
Na iniciativa, cuja abertura será presidida pela ministra da Educação, serão apresentados seis projectos de investigação sobre o insucesso escolar, apoiados pela Gulbenkian, que estão ainda por concluir.
Analisar os factores subjacentes ao insucesso no ensino básico a partir da comparação de escolas com bons e maus resultados em contextos com diferentes níveis de desenvolvimento socioeconómico é o objectivo do estudo conduzido por Madalena Matos, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), uma das investigações que será apresentada na conferência.
No encontro será ainda analisada a experiência pedagógica TurmaMais, um projecto iniciado há cinco anos na secundária de Estremoz e, entretanto, alargado a outras três escolas alentejanas, que passa pela criação de uma turma sem alunos fixos, onde vão sendo integrados estudantes de várias turmas, com ritmos de aprendizagem semelhantes.
A experiência, que tem sido acompanhada pela Universidade de Évora, visa melhorar o desempenho escolar e promover uma plena integração dos estudantes com maiores dificuldades, através de um apoio mais individualizado.
Segundo o investigador Manuel Vilaverde Cabral, comissário da conferência, o debate pretende analisar «o que pode estar antes do sistema educativo e para além dele na sociedade em geral para ajudar a compreender o relativo insucesso do grande esforço que o país fez nas últimas décadas» em matéria de Educação.
No ano passado, a Gulbenkian dedicou a conferência anual sobre Educação ao papel do sistema educativo no crescimento económico e no desenvolvimento sustentável dos países.
Diário Digital / Lusa
19-11-2007 6:50:00

Sernancelhe: Alunos contra aulas de substituição

Alunos da escola básica 2/3 de Sernancelhe manifestaram-se hoje contra as aulas de substituição mas, segundo a presidente do agrupamento, elas nem sequer existem neste estabelecimento de ensino.
Os alunos permaneceram ao início da manhã junto ao portão da escola, que ainda foi momentaneamente fechado a cadeado.
No entanto, depois de a presidente do agrupamento de escolas, Lucinda Pinto, lhes explicar a situação, desmobilizaram e foram normalmente para as aulas.
«Fui falar com eles e disseram-me que estavam a fazer greve às aulas de substituição. Expliquei-lhes que cá na escola nem sequer existem aulas de substituição, mas sim permutas, eles entenderam e entraram comigo», contou Lucinda Pinto à Agência Lusa.
Segundo a responsável, a prática habitual na escola é se, por exemplo, um professor de Português pretender faltar, pedir ao professor de Matemática para ocupar a sua hora.
«Só temos muito pontualmente faltas de professores», garantiu.
Lucinda Pinto considera que esta atitude dos alunos se deveu à influência de colegas das escolas secundárias de Moimenta da Beira e de Vila Nova de Paiva, que fizeram greve às aulas extraordinárias.
«Hoje vai haver reunião de delegados de turma e vou pedir que expliquem isto tudo aos alunos», acrescentou.
A Lusa não conseguiu falar com qualquer dos alunos envolvidos nesta curta acção de protesto.
Fonte da GNR, que enviou uma patrulha ao local, confirmou que «os alunos estiveram fora da escola, junto ao portão, a manifestar-se, mas não houve qualquer problema e a escola está a funcionar normalmente».
Diário Digital / Lusa
21-11-2007 11:47:14

Caldas da Rainha: Escola fechada por causa de más condições

A degradação dos edifícios da escola 2,3 D. João II das Caldas da Rainha, onde chove dentro das salas de aula, levou hoje os alunos a efectuarem um protesto encerrando o estabelecimento com cadeados.
A manifestação dos alunos surge dois dias depois das fortes chuvas que obrigaram, nesse dia, ao encerramento do refeitório da escola e levaram a direcção a chamar os bombeiros para ajudarem no escoamento da água acumulada no recinto exterior do estabelecimento.
Um dos alunos da escola, Cristiano Miguel, contou hoje à agência Lusa que já teve que «mudar de sala de aula devido à chuva» acrescentando que «os candeeiros caem com o peso da água e os tectos estão frágeis podendo ruir».
O aluno, que frequenta o 9º ano, disse ainda que o pavilhão polivalente está «cheio de água».
Os responsáveis da escola, que desde 1999 alertam a Direcção Regional de Educação de Lisboa para a necessidade de obras, informaram que falta apenas o visto do Tribunal de Contas para o início dos trabalhos.
Gil Pacheco, presidente do conselho executivo adiantou que já existe projecto, orçado em 3,5 milhões de contos, e que a obra vai ser realizada por fases.
A Lusa contactou segunda-feira a direcção regional de Educação de Lisboa para saber quando se iniciam as obras e até ao momento ainda não recebeu resposta.
Os 900 alunos da escola, devido ao protesto, ainda não tiveram aulas hoje.
Diário Digital / Lusa
21-11-2007 11:49:35

PGR acusa ministra de minimizar violência nas escolas

O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, acusa a ministra da Educação de «minimizar a dimensão da violência nas escolas», numa entrevista à revista Visão que será publicada quinta-feira.
Na entrevista, o responsável afirma ter seleccionado a violência escolar como uma das suas prioridades, no âmbito da nova Lei de Política Criminal.
«Sei que há várias pessoas, até a senhora ministra da Educação, que minimizam a dimensão da violência nas escolas, mas ela existe», refere Pinto Monteiro.
O PGR garante mesmo que vai preocupar-se com «cada caso de um miúdo que dê um pontapé num professor ou lhe risque o carro», por não querer que haja «um sentimento de impunidade» nas escolas, nem que «esse miúdo se torne um ídolo para os colegas».
«Quanto à escola, ao nível penal, deve existir tolerância zero. Mesmo que seja um miúdo de 13 anos, há medidas de admoestação a tomar. Se soubessem a quantidade de faxes que eu recebo de professores a relatarem agressões...», adianta Pinto Monteiro.
Segundo dados do Observatório da Segurança Escolar divulgados em Março no Parlamento, no passado ano lectivo foram contabilizadas 390 agressões a professores nas escolas e arredores, o que dá uma média diária superior a dois casos, tendo em conta que há 180 dias de aulas por ano.
No final de Outubro, a Procuradoria-Geral da República anunciou que iria emitir uma directiva ao Ministério Público para fazer a recolha de dados sobre violência escolar, «começando pela participação de todos os ilícitos que ocorram nas escolas».
No início deste mês, em entrevista à RTP1, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, considerou «exageradas» as preocupações do Procurador-Geral da República sobre violência nos estabelecimentos de ensino.
«O PGR fez eco da sua preocupação, mas não há motivos para isso porque a violência escolar é uma situação rara e não está impune. O que existem é situações de indisciplina e incivilidade», sustentou, na altura, a ministra da Educação, adiantando que não queria que fossem criminalizados «actos que têm características específicas porque acontecem no meio escolar».
Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação não quis comentar as declarações de Pinto Monteiro.
Diário Digital / Lusa
21-11-2007 19:29:00

Escola básica de Lisboa encerra após queda de tecto


Vai para 48 horas que as crianças da Escola Básica Natália Correia, em Sapadores, estão sem aulas. Uma parte do tecto, apesar de ser novo, caiu e provocou uma inundação.
Carolina Reis e Miguel Martins
17:39 Quarta-feira, 21 de Nov de 2007

A escola do ensino básico número 69 Natália Correia, em Sapadores, não abriu as portas ontem de manhã e não há previsão de quando voltará a funcionar. Tudo porque caiu parte de um tecto novo na segunda-feira e, embora a derrocada não tenha ferido ninguém - deu-se de noite -, provocou uma inundação em algumas salas de aula.
Contactada pelo Expresso, a professora coordenadora da escola recusou-se a prestar qualquer esclarecimento e até mesmo a identificar-se, acabando por desligar o telefone abruptamente. Já na segunda tentativa, uma funcionária da escola acabou por remeter o assunto para o agrupamento de escolas Nuno Gonçalves.
Obras no telhado não evitaram queda do tecto
O estabelecimento de ensino teve obras de remodelação que terminaram à boca da abertura do ano lectivo e que incidiram no telhado. Exactamente por isso, foi "considerada uma escola com condições para o ensino pelas autoridades competentes", escuda-se Laurinda Pereira, presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, que é responsável pela escola Natália Correia.
Já no Verão, durante a campanha eleitoral para as eleições intercalares para a Câmara Municipal, António Costa tinha visitado a escola Natália Correia, dando-a como exemplo de estabelecimentos degradados. No entanto, a queda do tecto acontece mesmo após as obras de recuperação, que por sinal foram da responsabilidade da própria Câmara de Lisboa.
Fechada até a câmara se pronunciar
Laurinda Pereira desvaloriza a queda do tecto e não especula sobre a qualidade da intervenção no telhado do edifício. A responsável prefere referir um relatório da autarquia onde se afirma que "a queda do tecto se ficou a dever à sujidade acumulada no algeroz, que rebentou com a intensidade da chuva dos últimos dias". A presidente explicou ao Expresso que "a água passou para as salas contíguas do gabinete onde se deu a queda do tecto, o que provou alguns danos materiais".
A escola aguarda agora um segundo relatório da Câmara Municipal de Lisboa, no sentido de saber quando estão reunidas as condições de segurança para a reabertura.
O Expresso tentou em vão contactar a Câmara de Lisboa, já que o gabinete de António Costa informou que o assessor do presidente da autarquia se encontrava em reuniões que demorariam várias horas.

Sabe o que é tautologia?
É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como poderá ver na lista a seguir:
- elo de ligação - acabamento final - certeza absoluta - quantia exacta - nos dias 8, 9 e 10, inclusive - juntamente com - expressamente proibido - em duas metades iguais - sintomas indicativos - há anos atrás - vereador da cidade - outra alternativa - detalhes minuciosos - a razão é porque - anexo junto à carta - de sua livre escolha - superavit positivo - todos foram unânimes - conviver junto - facto real - encarar de frente - multidão de pessoas - amanhecer o dia - criação nova - retornar de novo - empréstimo temporário - surpresa inesperada - escolha opcional - planear antecipadamente - abertura inaugural - continua a permanecer - a última versão definitiva - possivelmente poderá ocorrer - comparecer em pessoa - gritar bem alto - propriedade característica - demasiadamente excessivo - a seu critério pessoal - exceder em muito . Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não. Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia. Verifique se não está a cair nesta armadilha.

Professores recorrerão ao Parlamento se primeiro-ministro não agendar reunião urgente

A Plataforma Sindical dos Professores, que reúne todas as estruturas representativas da classe, anunciou hoje que vai recorrer à Assembleia da República se, até final do mês, não for agendada uma reunião urgente com o primeiro-ministro, José Sócrates, já solicitada no mês passado.Em conferência de imprensa organizada pela plataforma, a Federação Nacional do Ensino e Investigação (FENEI) disse que foi pedida em Outubro uma reunião ao primeiro-ministro e que a única coisa que obtiveram, na passada sexta-feira, foi um encontro com o assessor para os assuntos sociais e trabalho.Para os sindicalistas, esta situação "revela uma menorização de tratamento em relação a estes dirigentes", mas manifestaram-se ainda na disposição de aguardar a marcação da reunião pretendida, até ao final do corrente mês, dada a natureza política e a gravidade das situações denunciadas na carta aberta."As organizações sindicais estão na disposição de agendar a marcação da reunião pretendida até final do mês de Novembro. Na ausência de resposta, recorreremos a outros órgãos de soberania, nomeadamente a Assembleia da República, para analisar as consequências futuras do incumprimento da lei da República", referiu também a FENEI, sublinhando que os professores estão "na disposição de tudo fazer para que a democracia seja cumprida".Reunião pedida após incidente na CovilhãA decisão de pedir uma reunião urgente ao primeiro-ministro surgiu na sequência de uma situação ocorrida no início do mês passado na Covilhã, quando dois polícias à civil foram às instalações do Sindicato dos Professores da Região Centro para obter informações sobre um protesto marcado para o dia da visita de José Sócrates à cidade.Além deste incidente, a carta aberta entregue a 16 de Outubro ao primeiro-ministro, solicitando a reunião urgente, relata outras situações consideradas de "enorme gravidade", que põem "em causa os direitos, liberdades e garantias" dos docentes, disse Mário Nogueira, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof).A este propósito, aquele responsável referiu a "sistemática tentativa de identificação de professores à porta do Ministério da Educação, a última das quais durante a entrega de um abaixo-assinado, para a qual havia uma reunião marcada, por ter sido considerada uma manifestação não autorizada".Outros pontos abordados na conferência de imprensa de hoje foram o Estatuto da Carreira Docente e o consequente Dia Nacional de Luto instituído pelos professores, bem como a greve da Administração Pública marcada para o próximo dia 30.
21.11.2007 - 15h42 Lusa

Autarquia de Elvas realizou recepção aos professores do concelho das diversas áreas

Cerca de duas centenas de docentes participaram na noite de quarta-feira, dia 7, na Recepção ao Professor, uma iniciativa promovida anualmente pela autarquia de Elvas.Para esta edição foram convidados todos os professores que leccionam no concelho de Elvas, nos diferentes graus de ensino: pré-escolar e ensinos básico, secundário, profissional e superior.O município, para além do jantar acompanhado por animação musical, programou ainda a apresentação de um power point de boas-vindas à cidade, e entregou uma pequena lembrança aos presentes.O objectivo deste encontro que se “iniciou há dez anos”, de acordo com Rondão Almeida, presidente da Câmara Municipal de Elvas, é “criar, chamamos assim, condições para que todos aqueles docentes que vêm de fora poderem confraternizar com todos os seus colegas e ficarem a conhecer a terra. Todos temos a consciência que hoje, esta profissão de professor é bastante difícil, por várias razões. A primeira é porque vamos encontrar aqui pessoas que estão a trabalhar mas que estão a 200 e a 300 quilómetros do seu agregado familiar, para poderem vir ganhar o seu vencimento. Isto é um sacrifício tremendo”.Para além disso, como alguns dos docentes é a primeira vez que leccionam em Elvas, e as “vertentes sociais podem ser completamente diferentes das localidades onde a pessoa está habituado”, o município “tenta dizer-lhes aqui serão bem recebidos, aqui encontrarão sempre apoio por parte da autarquia, para tentar ajudar a desbloquear algum problema que tenham e com este encontro pensamos também poder criar uma jornada de intercâmbio entre os que vêm de novo e aqueles que já cá estão, de forma a sensibilizar os que cá estão que tenham uma preocupação em ajudar fazer o enquadramento daqueles que vêm de fora”, acrescentou.O programa contemplou ainda, para além do jantar, outras iniciativas, entre as quais “uns minutos de imagens da nossa cidade, para que se apercebam de tudo o que a cidade tem para lhe poder oferecer, porque uma das coisas que nós pensamos é que os docentes que vêm de novo e que podem daqui por um ano, ou dois, abalar deixar bem no coração dos seus alunos a sua imagem”.O objectivo desta projecção é também “que esses professores quando saírem de Elvas levem também no coração as excelentes imagens da população de Elvas e de todo o seu património, vamos dar-lhe oportunidade de amanhã (quinta-feira), se o entenderem, no comboio poderem visitar a cidade e vamos fazer alguns desafios aos docentes para poderem aproveitar todos os equipamentos que temos”.Tendo em conta os equipamentos que a cidade possui, em termos desportivos, o autarca quer que os docentes estejam “sensibilizados para motivar os seus alunos a tirar o máximo aproveitamento desses equipamentos. Por outro lado, surgiram dois equipamentos recentemente muito voltados para a área da educação, a Biblioteca e o Museu de Arte Contemporânea, além do Museu Militar e de Fotografia sensibilizar os docentes para que as visitas de estudo possam ser feitas de uma forma sistemática aos serviços educativos que esses novos equipamentos têm”, adiantou o edil elvense.O município elvense entregou ainda uma lembrança aos participantes nesta recepção, que de acordo com Rondão Almeida, “são coisas simples, possivelmente um pacote de Ameixas d’Elvas, qualquer coisa que tenha a ver com a promoção do concelho”.

O prazer da Matemática

Qual o dom dos professores de Matemática japoneses para cativar os alunos? O que os diferencia dos outros, como os portugueses? Para responder a esta questão - quem nunca associou os asiáticos aos números, como se associa os europeus às letras? - , o DN falou com um especialista internacional na matéria, Tad Watanabe, e com Arsélio Martins, que, há dias, ganhou o Prémio Nacional do Professor.Nascido no Japão, Watanabe, que dá aulas na Universidade Estatal de Penn, nos EUA, tem escrito, precisamente, sobre esta matéria. Learning from Japanese Lesson Study ("Aprendendo com o Ensino Japonês"). Considera que, a haver segredo, algum segredo da parte dos mestres nipónicos, este reside na focalização das aulas num único problema matemático. Sem dispersões. Um de cada vez. Além disso, as soluções a que os jovens chegam nunca são desprezadas, ainda que redundem em erro, antes analisadas em público, de forma crítica e construtiva. Sem humilhações. Com o professor ao mesmo ao lado, acessível a todas as dúvidas.Dando de barato as características anímicas dos japoneses, que tanto passam pela obediência como pela criatividade e pelo respeito geracional, esta acessibilidade é a grande diferença. Ou, como diz Watanabe, a capacidade dos docentes de, conhecendo-os, antecipar o pensamento dos seus educandos. Por miúdos: o que estarão eles a pensar? Que resposta irão dar?Outra diferença fundamental residirá na qualidade dos manuais logo nos primeiros anos de escolaridade, que, no caso japonês, lembra Watanabe, são encarados como importante coadjuvante do ensino e não, como muitas vezes acontece, um obstáculo para os professores e uma "seca" para os alunos. Há um cuidado acrescido da parte de quem define os currículos de Matemática.Ah, é verdade, e as aulas são muitíssimo bem preparadas, com sumários detalhados. E ninguém faz caixinha. A observação de trabalho dos outros, da forma como ensinam, é prática corrente - ninguém a critica, antes elogia. Partilha-se. E observa-se, passarinhando pela sala de aulas, espreitando o trabalho dos alunos e a forma como chegam a determinado resultado.No fundo, sintetiza, é dar o papel central na escola aos professores.Por alguma razão, nos EUA, onde foi publicado o relatório oficial Before is Too Late ("Antes que seja Tarde de Mais"), a Comissão Nacional sobre o Ensino da Matemática e das Ciências, já apostaram nestas soluções, "copiando-se" o modelo japonês.Razia em PortugalE em Portugal? Em Portugal é conforme. À razia dos resultados negativos ou menos positivos, escapam alguns. Os que têm sorte de encontrar pela frente mestres na arte de ensinar, como, por exemplo, Arsélio Martins, professor na Escola Secundária José Estevão, em Aveiro. "Temos de 'ganhar' os estudantes para algo, a Matemática, que não é um fardo. Eu utilizo tudo o que estiver ao meu alcance, com recurso a exemplos práticos do quotidiano, da história e da tecnologia, coisas relacionadas com as suas próprias vidas. O prazer é uma questão fundamental. Não é o prazer prazenteiro, mas sim o prazer que se obtém da resolução de problemas", salientou ao DN.Resta esperar pelo próximo relatório sobre os conhecimento em Matemática à escala internacional (Trends in International Mathematics and Science Study). O relatório é elaborado de quatro em quatro anos, tendo já sido publicadas as edições de 1995, 1999, 2003. O TIMSS ("Tendências Internacionais no Estudo da Matemática e da Ciência") relativo a 2007 só será publicado no dia 9 de Dezembro de 2008.

Os profs. nunca têm razão...Pobres professores.... Se é jovem, não tem experiência;Se é velho, está ultrapassado.· Se não tem carro, é um coitado; Se tem carro, chora de barriga cheia. Se fala em voz alta, grita;Se fala em tom normal, ninguém o ouve. Se nunca falta às aulas, é parvo;Se falta, é um 'turista'. Se conversa com outros professores, está a dizer mal do Sistema;Se não conversa, é um desligado. Se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos;Se não dá, não prepara os alunos. Se brinca com a turma, é palhaço; Se não brinca, é um chato. Se chama a atenção, é um autoritário;Se não chama, não se sabe impor. Se o teste é longo, não dá tempo nenhum; Se o teste é curto, tira a oportunidade aos alunos bons Se escreve muito, não explica;Se explica muito, o caderno não tem nada. Se fala correctamente, ninguém entende patavina; Se usa a linguagem do aluno, não tem vocabulário. Se o aluno reprova, é perseguição; Se o aluno passa, o professor facilitou. É verdade, os profs. nunca têm razão... Mas se conseguiu ler tudo até aqui, agradeça-lhes a eles !!!

veja lá isto, srª ministra!!!!!


Aprender e partilhar


Joana Silva Santos 2007-11-20
Curso de formação da Associação para o Planeamento da Família pretende capacitar professores para o desenho e dinamização de projectos na área da educação para a saúde.
Destinado a professores-coordenadores do programa de Educação para a Saúde e outros professores e profissionais envolvidos ou interessados na promoção da saúde em meio escolar, o curso de formação Desenho de Projectos em Educação para a Saúde, promovido pela Associação para o Planeamento Familiar (APF), tem como objectivo "ajudar a estruturar projectos que pensem de forma global as questões da saúde e não só em aspectos específicos", explica Sónia Duarte Lopes, coordenadora da delegação de Lisboa da APF. Paula Sousa, professora de Português e Francês na Escola Secundária Alfredo Reis Silveira, no Seixal, está ligada desde há cinco anos ao projecto de educação sexual que existe na escola. Actual coordenadora do projecto Educação para a Saúde e uma das formandas, afirma que esta área sempre foi valorizada na sua escola e garante que a educação para a saúde "tem cada vez mais importância". Por isso mesmo, sublinha, "todas as áreas de projecto trabalham obrigatoriamente temas na área da educação para a saúde". São três as áreas prioritárias escolhidas: educação sexual, alimentação e prevenção de consumos. Os trabalhos são desenvolvidos com o centro de saúde da área e em parcerias com a Câmara Municipal do Seixal e inúmeras instituições como o Instituto Português de Cardiologia, a Abraço, a Associação de Luta Contra a Sida e a APF. A vinda para esta formação tem uma explicação: "Procurar ideias para desenvolver outras actividades e partilhar experiências". E esta partilha é uma constante. Entre as formandas - professoras, assistentes sociais, psicólogas - contam-se histórias, partilham-se projectos e conhecimentos, esclarecem-se dúvidas. Aprende-se. Por aqui descobre-se quando se deve ou não usar o medo na educação para a saúde, que a proximidade geográfica dos problemas garante uma maior atenção, que o humor é uma ferramenta importante para tirar o "ar soturno e chato" que muitas vezes se tem quando se fala em saúde e descobrem-se ideias e ferramentas para bordar os diferentes assuntos nesta área. Um exemplo é a apresentação de um conjunto de fotografias, ou parte delas, que reflectem a degradação de um toxicodependente e, a partir daí, pedir aos alunos para contarem a história daquela pessoa ou escreverem o que poderiam fazer para evitar aquela situação. Cartões com pequenas histórias e questões que nos conduzem num jogo onde a reflexão do grupo sobre as decisões a tomar são mais importantes que o resultado final são outra hipótese que os professores podem adaptar para abordarem temas como o álcool, a alimentação, a droga ou o sexo. O importante, percebe-se na formação, é descobrir como comunicar estes assuntos de forma mais atractiva para transmitir informação e captar a atenção dos alunos sem que estes achem que "é uma seca".Sobre os projectos na educação para a saúde, António Manuel Marques, especialista na área e um dos monitores nesta formação, esclarece que é importante manter a coerência e que os temas se devem interligar entre si. Apesar de existir uma pressão institucional para serem apresentados muitos resultados, o monitor garante que é preferível três ou quatro projectos bem feitos. Em relação aos resultados, António Manuel Marques deixa, contudo, um alerta. "É natural não haver frutos imediatos. É difícil mudar comportamentos."Mas esta não é a única dificuldade. Apesar da "vontade e carolice dos professores que fazem com que as coisas vão funcionando", Paula Sousa reconhece que é complicado trabalhar porque os cortes orçamentais se reflectem em menos recursos e menos meios. Exemplo disso é o gabinete de atendimento a adolescentes que existe na escola e que era muito procurado pelos alunos mas que neste momento "está parado porque não há recursos para pôr o gabinete a funcionar". Para colmatar esta falha, escola e professores procuram criar algumas acções para os alunos receberem informação e esclarecerem dúvidas e, ao mesmo tempo, encaminham-nos para o centro de saúde onde há uma consulta semanal para adolescentes. "Mas eles não vão lá por vergonha ou porque tem medo de encontrar alguém que os conhece", desabafa a docente.A participação e interacção com os pais também é importante mas não é fácil. Por isso mesmo, numa tentativa de estimular o diálogo com os pais e transmitir conhecimentos na área da saúde, a Escola Secundária Alfredo Reis Silveira já criou uma estratégia. Em cada tema que tratam os alunos levam agora algumas questões a que os pais têm de responder e, estimulados pelos filhos, lêem os folhetos, fazem pesquisa, procuram informação e dialogam.Por tudo isto, Paula Sousa nem hesita em afirmar que "falta fazer muitas coisas nesta área". São precisos mais recursos humanos e físicos. "Há escolas que lutam com falta de espaço para poderem formar um gabinete para poderem receber os alunos", argumenta. Além disso, diz, são precisos técnicos. "O Ministério tem de perceber que é preciso que as escolas tenham recursos. A maior parte dos professores não tem formação nesta área. Não somos técnicos", argumenta.Entre as formandas, a opinião parece ser unânime. "Um espaço de atendimento para jovens é importante para acompanhar e encaminhar os adolescentes." Eles procuram conselhos e é necessário haver alguém disponível para os ouvir, capaz de dar informação relacionada com o problema e encaminhá-los para o centro de saúde, para especialistas ou associações. "O atendimento é importante e complexo. Para os professores no atendimento é importante ter alguém na retaguarda que dê apoio e com quem possam esclarecer dúvidas e encaminhar os alunos", conclui o monitor.Depois de passar pelas delegações do Algarve e do Alentejo, esta formação está agora em Lisboa e até Dezembro passará ainda por São Mamede de Infesta e Coimbra. A APF é uma organização não-governamental, com o estatuto de Instituição Particular de Solidariedade Social, criada em 1967, e tem desenvolvido desde 1984 uma actividade alargada de apoio às escolas e professores proporcionando-lhes competências para que possam desenvolver junto dos alunos um trabalho estruturado e contínuo de educação sexual nas escolas. Mais informações:www.apf.pt

Professores estão a ser pressionados para não dar negativas

20.11.2007 - 12h18 PUBLICO.PT
Os conselhos executivos de várias escolas estão a pressionar os professores do 2º e 3º ciclos (do sexto ao nono ano) para evitarem ao máximo dar notas negativas aos alunos já no primeiro período lectivo.Os professores começaram a sentir esta pressão no início do mês, devido às inspecções que vão decorrer nas escolas, adianta o diário “Correio da Manhã”, que avançou hoje com esta notícia.Muitas escolas vão ser visitadas por inspectores até final de Dezembro, no âmbito do seu processo de avaliação e, como um dos critérios que terá maior peso para a “nota” é o índice de aproveitamento escolar dos alunos, os conselhos executivos têm centrado as suas recomendações no sentido de que os professores evitem ao máximo dar negativas, explica ainda o jornal.Dos resultados da avaliação da escola depende a eventual concessão de contrato de autonomia.Sindicato fala em estratégia para melhorar estatísticasO Sindicato dos Professores do Norte considera que “a pressão sobre os professores para que os meninos passem todos já vem de há alguns meses” e “tem vindo a intensificar-se”, segundo Lurdes Salgueiro, citada pelo “Correio da Manhã”.Para o Sindicato, a pressão para evitar negativas no Natal radica numa estratégia do Ministério da Educação no sentido de melhorar as estatísticas do aproveitamento escolar em Portugal, com vista à comparação na UE.O inspector-geral da Educação, José Maia Azevedo, recusa no entanto que as avaliações externas “possam induzir qualquer falso sucesso”. E diz que “as notas do primeiro período não terão qualquer peso na avaliação das escolas”.“A progressão dos alunos é um dos pontos, não o único nem o mais importante. Mas isto tem a ver com as notas dos últimos anos e a evolução que se tem verificado e não propriamente as notas do Natal”, diz ainda Maia Azevedo.

Professores da RAM aderem à greve geral

O Sindicato dos Professores da Madeira vai aderir à greve geral na Administração Pública portuguesa, que se realiza a 30 de Novembro.A decisão foi tomada por unanimidade pelos associados do sindicato presentes na assembleia geral que decorreu ontem, na sede daquele organismo. Uma reunião que tinha como ponto único uma eventual adesão à manifestação pública de protesto contra as medidas do Governo da República.Marília Azevedo, presidente do Sindicato dos Professores da Madeira, sublinhou que os muitos professores presentes disseram sim à greve, aproveitando para sublinhar o facto desta ser a primeira greve conjunta na Adinistração Pública, mobilizando, ao mesmo tempo, sindicatos afectos à CGTP e à UGT.Um facto que, conforme destaca, é, de per si, significativo da posição da Função Pública, em geral, e dos professores, em particular, em relação às últimas medidas do Governo da República, que vêm prejudicando os trabalhadores portugueses.Marília Azevedo frisou ainda que, com o novo Estatuto, os professores são hoje funcionários públicos como os demais, não têm qualquer regime de excepção, pelo que não se podem abstrair dos problemas que afectam toda a Função Pública. E apela à participação de todos na greve.

FRENTE AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - Professores iniciam vigília com promessa de novos protestos

Publicado na Quinta-Feira, dia 16 de Novembro de 2006, em Nacional
Ao som de bombos e acordeão, cerca de meia centena de professores e dirigentes das 14 organizações sindicais que formam a plataforma reivindicativa iniciaram a vigília de protesto, que irá prolongar-se por 49 horas, até às 12:00 de sexta-feira."Declaro formalmente aberta esta vigília que tem como objectivo fundamental transmitir um sinal forte de que os 14 sindicatos se mantêm unidos e que os professores estão dispostos a lutar até ao fim. Os professores não baixarão os braços e não sairão derrotados", assegurou Paulo Sucena, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e porta-voz da plataforma.Contra um Estatuto da Carreira Docente (ECD), que afirmam degradar a profissão e a função social dos professores, também Arminda Bragança, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), apelou à união de todos os docentes "para que a luta não acabe"."Como no passado, as nossas lutas vão continuar. No fim deste processo de não negociação, podemos afirmar com toda a certeza que esta ministra é totalmente incompatível com a qualidade da Educação que tanto apregoa", declarou.No início de mais uma jornada de protesto, os sindicatos de professores voltaram a acusar o ME de "intransigência, arrogância e autismo", críticas que marcaram todo o processo negocial em torno da revisão do estatuto da carreira."Os professores portugueses estão fartos de ser vilipendiados e têm sido mal tratados como nunca se viu em nenhum país democrático. Nunca houve um ME e um Governo tão medíocres e arrogantes como estes", criticou igualmente Manuel Rolo, dirigente do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).A polémica negociação relativa à revisão do ECD, que teve início em Maio, terminou no final de Outubro sem ter sido alcançado qualquer acordo entre a tutela e os sindicatos, que decidiram, por isso, accionar o mecanismo de negociação suplementar, um processo que arranca hoje e que poderá prolongar-se por 15 dias.A divisão da carreira em duas categorias (professor e professor titular ) e a introdução de quotas para aceder à segunda e mais elevada são os aspectos mais contestados pelos docentes, assim como a avaliação de desempenho dependente de critérios como os resultados escolares e as taxas de abandono dos alunos.Além da vigília, as estruturas sindicais vão ainda promover na sexta-feira um Plenário Nacional de Professores e Educadores no alto do Parque Eduardo VII, no qual são esperadas cerca de três mil pessoas para avaliar o processo de negociação suplementar.Um cordão humano de professores e educadores até ao Ministério, onde será entregue um abaixo-assinado com cerca de 60 mil assinaturas, encerra mais uma jornada de contestação.O novo ECD, que a tutela quer aplicar a partir de 01 de Janeiro, já motivou duas greves nacionais e duas manifestações, a última das quais a 05 de Outubro, Dia Mundial do Professor, que reuniu em Lisboa mais de 20 mil docentes.

Ministra exclui professores do quadro de mobilidade



Lurdes Rodrigues garante: "a nossa palavra foi sempre a mesma: não há quadro de mobilidade para os professores". Mas acrescenta que o quadro de excedentários vai ser uma realidade para "os professores que não são professores".
Rosa Pedroso Lima
19:01 Sexta-feira, 16 de Nov de 2007






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Ana Baião
Maria de Lurdes Rodrigues: "Entendemos que havia um espaço para a reconversão destes professores, que não são professores porque estão declaradamente incapacitados para a docência"
Com um orçamento de seis mil milhões de euros para explicar aos deputados da Comissão de Educação, Maria de Lurdes Rodrigues aproveitou a discussão parlamentar na especialidade para um registo das melhorias introduzidas pela sua equipa no sistema educativo. Dando realce ao aumento de 10 mil alunos no sistema - graças sobretudo ao reforço dos cursos técnico profissionais - contornou o facto de o crescimento do Orçamento para a Educação ser praticamente zero para alegar que houve "ganhos na gestão".
A oposição não poupou nas críticas, como é habitual, e retomou o pedido de esclarecimento sobre a passagem de professores para o quadro de excedentários, alegando que o Ministério alterou a sua posição. No ano passado, a ministra garantira na mesma sede que não haveria quadro de mobilidade no seu Ministério. Mais tarde, dois mil professores incapacitados para a docência viram apontado esse caminho em propostas saídas do Gabinete da Cinco de Outubro. "A nossa palavra foi sempre a mesma", disse Maria de Lurdes Rodrigues.
"Entendemos que havia um espaço para a reconversão destes professores, que não são professores porque estão declaradamente incapacitados para a docência", disse a ministra, acrescentando que "nesta medida não há nenhum professor nos quadros de mobilidade, nem expectativa de lá os colocar".
O travão da ministra ao reforço dos quadros de excedentes da Administração Pública é mais um golpe nas pretensões do seu colega Teixeira dos Santos. O Ministério das Finanças quer baixar significativamente o numero de funcionários públicos ao abrigo do PRACE - nomeadamente através do recurso aos excedentes nos Ministérios mais pesados - e, com esta medida, reduzir o défice das contas públicas através de cortes nas despesas. A Educação ocupa o primeiro lugar na lista dos Ministérios com mais funcionários: 150 mil no total.
O reforço do ensino técnico profissional e a aposta nas novas tecnologias foram dois dos temas mais defendidos pela equipa da Educação que se apresentou completa no encontro com os deputados.
O secretário de Estado Valter Lemos aproveitou a ocasião para divulgar o facto de estarem "a ser distribuídos por dia 1.500 computadores" a professores e aluno, ao abrigo do programa apresentado no arranque do ano lectivo pelo próprio primeiro-ministro. "O mercado não tem capacidade de resposta para mais", concluiu o secretário de Estado.

Alunos surdos no ensino regular


Sara R. Oliveira 2007-11-21
A criança surda "deverá estar num meio verdadeiramente bilingue" para desenvolver a primeira língua - a Língua Gestual Portuguesa.
Os números são conhecidos. Cerca de 800 alunos surdos distribuídos por vários estabelecimentos de ensino. Este ano lectivo, 65 formadores, mais 12 do que no ano passado, 58 intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (LGP), mais 17, além de 146 terapeutas ocupacionais, da fala e fisioterapeutas. O Ministério da Educação (ME) sublinha, no seu site, as melhorias na área da educação especial, e anuncia que há 22 agrupamentos num total de 72 escolas para estudantes surdos profundos e severos. E adianta que em perspectiva está a elaboração de um Programa de Língua Gestual Portuguesa para os alunos surdos que frequentam a educação pré-escolar e os ensinos Básico e Secundário. "A criação de redes de escolas de referência permite uma melhor organização dos recursos humanos, materiais e didáctico-pedagógicos, essencial para responder, nas melhores condições, aos diversos tipos de necessidades", sublinha. Os alunos surdos estão verdadeiramente integrados no ensino regular? "Uma criança surda numa turma de crianças ouvintes está fisicamente na sala, mas o acesso à informação e a todas as aprendizagens que se fazem em sala de aula é muito limitado. Isto acontece porque toda a comunicação na sala, a transmissão dos conhecimentos, é em português oral. A criança não ouve, logo não tem acesso às aprendizagens como os colegas têm", observa Paula Estanqueiro, coordenadora da Unidade de Língua Gestual da Associação Portuguesa de Surdos. A responsável considera que é altura de se avaliar o acesso e sucesso escolares dos alunos surdos, uma vez que "a integração de crianças surdas isoladamente em turmas de crianças ouvintes é uma prática comum em Portugal"."O professor é colocado perante uma turma em que existe uma criança surda, sem nunca ter tido qualquer tipo de preparação que o capacite para trabalhar eficazmente com ela. Tenta dar o seu melhor, mas tem a turma toda para ensinar. A criança surda vai crescendo, passando de ano com poucos conhecimentos reais. Chega ao 9.º ano, ou ao 12.º ano, e apercebe-se de que não tem os conhecimentos que deveria ter, que o certificado escolar não corresponde aos seus conhecimentos reais, como se tivesse sempre sido ensinada numa língua estrangeira, que nunca conseguiu dominar, para apreender as matérias que lhe são passadas nessa língua", realça. Para Paula Estanqueiro, no pré-escolar e no Ensino Básico, a criança surda "deverá estar num meio verdadeiramente bilingue" para desenvolver a primeira língua, a LGP, e iniciar a aprendizagem do português. "O aluno surdo deverá ter acesso pleno a todos os conteúdos curriculares, com o mesmo grau de profundidade e de exigência que se proporciona aos alunos ouvintes." Conhecimentos que, em seu entender, devem ser transmitidos na primeira língua, "a que domina melhor e na qual pode questionar, raciocinar e apreender sentidos". A coordenadora admite, no entanto, a realização de actividades em conjunto, entre alunos surdos e ouvintes, "aprendendo desta forma a conhecer e respeitar as diferenças, conhecendo o outro como diferente mas seu igual, com as mesmas capacidades e direitos". "Para um verdadeiro acesso à língua, é necessário que se dê à LGP o mesmo número de horas que se dá para a aprendizagem do português como primeira língua aos alunos ouvintes", defende. Para Paula Estanqueiro, a intervenção começa bem cedo. "É preciso olhar para a criança surda e deixar de ver uma criança que não ouve, e antes ver que é uma criança surda, que pertence a uma comunidade linguística e cultural rica, a comunidade surda, que tem direito a adquirir uma língua que para ela é natural, a LGP." "A intervenção precoce, feita de forma adequada, incluindo profissionais surdos que poderão servir de modelo de língua e de identificação para a criança e a família, é essencial", reforça. Joana Rita Sousa, intérprete de Língua Gestual Portuguesa com quatro anos de experiência na Unidade de Apoio a Alunos Surdos de Leiria, considera que a integração dos alunos surdos no ensino regular acontece, mas há obstáculos que têm de ser contornados. "Essa integração existe, mas não em pleno porque há a barreira da comunicação." "Não é uma coisa imediata com os que falam a mesma língua, demoram-se dois a três anos a criar laços de amizade com os colegas de turma", afirma. A técnica conta que "os alunos estão em turmas de surdos" na unidade de Leiria. "Tudo o que sejam aulas mais teóricas, desde o 1.º ciclo ao Secundário, os alunos surdos estão à parte da turma, mas não estão isolados entre si". A separação entre alunos surdos e ouvintes prende-se com o ritmo, não com a capacidade de aprendizagem. "Os ritmos são diferentes para a língua portuguesa e para a língua gestual. Nas aulas mais práticas, os alunos são integrados", acrescenta. "Os resultados têm sido bons. Os alunos não ficam inibidos de fazer algumas questões, de tirar dúvidas." Joana Sousa lamenta, no entanto, a tardia colocação dos técnicos e formadores da área de língua gestual, que no início de Outubro, duas semanas depois do arranque do ano lectivo, ainda estavam a ser colocados. "A este nível ainda funciona muito mal. Os alunos ficam prejudicados e a integração não existe", remata.Na Unidade de Apoio a Alunos Surdos de Santa Catarina, Caldas da Rainha, os alunos surdos estão no mesmo espaço com os restantes colegas, tanto na parte mais teórica como na prática. Vanessa Lopes, terapeuta da fala dessa unidade, revela que é estabelecido um plano de acompanhamento individual, com objectivos definidos, para os alunos surdos. "Em termos sociais, a integração tem funcionado muito bem", sublinha. "São muito bem aceites pelos colegas, sentem-se iguais aos outros." Na opinião da técnica, nos anos em que há muitas disciplinas e uma carga horária "pesada", deveria "ser explorada uma determinada área e não querer abranger tudo". Vanessa Lopes também realça o atraso nas colocações e a mudança dos técnicos que poderá levar à alteração do projecto de trabalho. "Quando não é a mesma pessoa que vai continuar o trabalho, começa tudo do zero", aponta.

Os professores e os prémios de consolação

Quem esteve na sala onde foram entregues os prémios para os melhores professores do ano lectivo de 2006/ 07 pôde testemunhar um estranho cheiro a queimado. Tal não se deveu a uma experiência no âmbito da Físico-Química, mas sim ao lume pouco brando em que a ministra da educação tem vindo a sacrificar os docentes.
Na sua melhor toilete, a Sr.ª Maria de Lurdes Rodrigues levou a cabo mais um dos seus Autos-de-Fé. A ministra e o seu secretário de estado – Valter Lemos - pontificaram em mais um tribunal do Santo Ofício. Eles não estavam ali para condecorar professores, mas sim para amesquinhar a imensa maioria dos não condecorados. É inegável a capacidade pedagógica dos docentes que receberam os prémios, mas foi pena que no seu discurso não tenham dito à ministra onde é que podia tentar lavar as mãos, como Pilatos. O que a ministra fez foi dar os louros aos “generais” desta batalha do ensino em Portugal. Então e os soldados desconhecidos?
Na cerimónia, Daniel Sampaio soltou um discurso no qual alertava (quem?) para a fatiga e desmotivação dos docentes. Naquele contexto, mais parecia uma extrema-unção. O professor bem podia ter prestado um bom serviço aconselhando o irmão Jorge, que, enquanto Presidente da República, proferiu uns quantos dislates sobre o ensino, comparando (muito negativamente) os professores portugueses relativamente aos finlandeses; afinal, foi o mesmo que procurar as diferenças entre trabalhar no Parque Mayer e na Broadway.
Os galardões atribuídos na festinha da ministra tinham designações que colocaram o certame ao nível de uma cerimónia de eleição da “Miss Portugal”, ou dos “Globos de Ouro”. Para o ano que vem, a ministra podia atribuir os seguintes prémios: Prémio Tiro-ao-Alvo (para distinguir o professor que mais desaforos ouviu durante o ano); Prémio Papa-Kilómetros (para o que percorreu mais kilómetros em serviço); Prémio Saco de Pugilista (para premiar aquele que mais vezes foi agredido por alunos e encarregados de educação); Prémio Ansiolítico (para distinguir o docente que, de entre milhares, mais tem ajudado a indústria dos anti-depressivos a florescer); e, por fim, o mais aguardado de todos, o Prémio Junta Médica (destinado a condecorar o docente que “chumbou” em junta médica com o maior número de maleitas).
Já que a senhora ministra anda empenhadíssima em distribuir prémios, Maria de Lurdes Rodrigues bem podia instituir um outro, para galardoar o membro do seu séquito burrocrático e socretino que tenha mais experiência de leccionação no ensino básico ou secundário. Bem vistas as coisas, provavelmente o condecorado seria mesmo Valter Lemos, com os seus respeitosos anitos de (in)experiência docente no ensino não universitário. A ser atribuído a esse senhor, talvez pudesse designar-se Prémio Professor Meteorito, tal foi a pressa com que este prestimoso secretário de Estado abandonou o ensino secundário. O homem é “boy”, mas não é burro! Marrou os calhamaços Blá-Blá das Ciências (inexactas) da Educação e levantou voo. (Ala, que se faz tarde!).
Até à fogueira do ano que vem, Sr.ª ministra. (Aproveite, porque não vai presidir a muitos mais Autos-de-Fé).

Aprendam como deve ser feita a avaliação

UMA EXCELENTE FORMA PARA LUTAR CONTRA O ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE!


O ECD e os Generais
A plataforma negocial de 14 sindicatos não chegou a acordo com a ministra sobre o novo Estatuto da Carreira Docente. E muito bem. O que se pretende é aniquilar completamente o que resta da dignidade de ensinar.Já nem falo do dinheiro que se perde.A dignidade de 400 mil professores é que não se admite que uma qualquer ministra, que não o será mais do que 4 anos, destrua.Agora: há variadíssimas formas de luta.Desde já proponho uma monumental greve de "zelo", cumprindo apenas os serviços mínimos na sala de aula.Se os pais não se importam com a vida escolar dos seus alunos talvez seja a única forma de o começarem a fazer.Dá-se a matéria mínima, ao ritmo mínimo, tiram-se as dúvidas a quem estudou, não se repetem exposições.Ou seja: temos que fazer com os alunos aquilo que a ministra quer fazer connosco, a ver se os pais entendem a nossa luta e se gostam que o mesmo aconteça aos seus filhos.Estabeleceremos cotas em cada turma: Em 20 alunos, só daremos 10% de nota máxima, tal como a ministra faz connosco.Portanto, se houver mais do que 2 alunos que mereçam 5, paciência!Ficam com 5 os dois melhores.Mas se um deles faltou mais de 3 dias por doença, terá que ter paciência. Fica com 4 e sobe o seguinte a aluno-titular.Os outros cotam-se, proporcionalmente, por aí abaixo.10% de nível 5 e 20% de nível 4.O resto vai corrido a 3.Se uma turma for muito boa e tiver 10 alunos que merecessem 4 e 5, outra vez paciência.«Nem todos podem chegar a generais», não é?Dois ficam com 5, quatro com 4 e os restantes terão 3.Mesmo que, também esses merecessem 5.Faltaram?Quem os mandou adoecer a eles ou aos pais?Quem mandou o carro avariar e chegar tarde uma vez?Quem mandou o irmão mais novo apanhar sarampo?É cotas, é cotas!Não são os Pais que aprenderam com a ministra que «nem todos podem chegar a general»?Pois então? Os seus filhos também não!

Publicado por JOÃO Tilly