quinta-feira, novembro 15, 2007

Professores são muito expostos ao stress

A sociedade está mais violenta e isso agudizou também a conflitualidade entre alunos e professores. João Amado, investigador da Universidade de Coimbra, explica assim o aumento da indisciplina nas aulas. A Confap descarta a responsabilidade dos pais e culpa os docentes. Os professores são dos profissionais com maiores índices de stress e exposição ao risco, devido à indisciplina dos alunos, que tem aumentado bastante nos últimos anos. Para João Amado, docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e autor de várias obras sobre indisciplina, “a escola reflecte o que se passa na sociedade, que também está mais violenta. A indisciplina agravou-se progressivamente, passando da mera infracção das regras ao comportamento mais violento e conflituoso”, explicou. Francisco Meireles, professor de Educação Visual e Tecnológica, não tem dúvidas disso. Depois de 14 anos longe do ensino, a trabalhar nos serviços centrais do Ministério da Educação, regressou à escola no passado ano lectivo e garante que “a surpresa não está a ser nada agradável”.De acordo com o professor, “a degradação instalou-se a passos largos. Os insultos generalizaram-se, há agressões e conflitos quase todas as semanas”. Há dias em que Francisco se sente arrependido de ter voltado ao ensino, e não passa um sem que se recorde de como “antes os miúdos eram mais cordatos. O professor entrava e havia um ambiente acolhedor. Havia respeito pelo professor e pela própria escola enquanto instituição”, enfatiza, em palavras bem ilustrativas da desmotivação que o João Amado garante estar disseminada entre os professores, afectados por uma “grande indefinição na comunidade educativa e pela generalização da própria ideia de crise”. O perito considera que “os docentes têm pouca preparação a nível pedagógico e de resolução de conflitos, havendo enorme falta de psicólogos, mediadores e assistentes sociais que complementem o seu trabalho”. Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, diz que “as famílias assumem as suas responsabilidades na educação dos filhos”, mas aponta o dedo aos professores, que muitas vezes se demitem de exercer a autoridade junto dos alunos e agem com “grande condescendência relativamente a situações de indisciplina”, explicando-se deste modo que a mesma turma tenha um comportamento impecável com um professor e seja altamente indisciplinada com outro.
Valores- Responsabilidades- “O quadro de valores na relação com o professor enquanto pessoa mais velha e figura de autoridade tem vindo a degradar-se progressivamente”, disse João Grancho, presidente da Associação Nacional dos Professores, que lançou e gere a linha telefónica de apoio. O afastamento dos pais relativamente ao acompanhamento escolar dos filhos, a quebra na imagem pública da escola e o agravamento das desigualdades e tensões sociais nos últimos anos são as principais razões do problema. “Tem-se deslocado para a escola a responsabilidade sobre uma resposta a problemas que são transversais a toda a sociedade. A escola não aguenta mais encomendas”, refere.

ENCONTROS DE PROFESSORES

NOS DIAS 15 E 16
DE NOVEMBRO

Sob o lema “Professores e Educadores exigem outra política”, o SPRC promove nos próximos dias 15 e 16 de Novembro, em Coimbra (Teatro Académico de Gil Vicente) e Viseu (Auditório da Igreja Nova), respectivamente, Encontros de Educadores e Professores sobre as alterações impostas pelo ME e com incidência na vida profissional dos professores, designadamente no seu Estatuto de Carreira.
Estes Encontros terão início às 9.30h e serão dinamizados por Mário Nogueira, coordenador do SPRC e Secretário-Geral da FENPROF.
Em debate estarão alguns dos aspectos mais estruturantes da profissão docente, como sejam a avaliação do desempenho, o acesso aos escalões de topo e o ingresso na profissão, mas também o novo regime de Carreiras, Vínculos e Remunerações na Administração Pública e a aplicação aos professores das regras de mobilidade especial e aposentação antecipada.
Num momento em que o Ministério da Educação aprofunda o ataque aos docentes, é fundamental que os professores e educadores intervenham e participem massivamente nestes Encontros, dando força ao SPRC e à FENPROF para continuar a organizar a luta necessária contra o “ECD do ME” e por uma nova política para a Educação e para o País.
Nestes Encontros será aprovada uma Moção, a qual será, posteriormente, entregue nos Governos Civis de Coimbra e Viseu.
Todos fazem falta, pelo que exortamos à participação de todos os Professores e Educadores nestes grandes Encontros a fim de darmos um importante sinal ao Governo e ao Ministério da Educação da nossa determinação para que não descaracterizem a profissão docente e para que não desvalorizem os serviços públicos e, muito particularmente, os de Educação e Ensino.


A Direcção

Daniel Sampaio alerta para mal-estar entre professores

O presidente do júri do Prémio Nacional do Professor, Daniel Sampaio, alertou hoje para o «mal-estar» vivido entre os docentes, esperando que o galardão marque uma mudança no relacionamento entre o Governo e a classe.
Na cerimónia de atribuição da primeira edição deste Prémio, o psiquiatra afirmou que «o mal-estar docente é significativo» e lamentou a «descaracterização da profissão» ao longo dos últimos anos, nomeadamente devido «ao recrutamento de muitos jovens licenciados sem especial vocação» para dar aulas.
«Incompreensivelmente, chega-se a professor sem se ter estado com crianças e jovens durante o período de formação», criticou.
Daniel Sampaio salientou ainda «a ambiguidade e complexidade da função docente», alertando para as «carências do meio social de muitos estudantes», que exigem dos professores «tarefas educativas básicas, que eram outrora da responsabilidade das famílias».
O presidente do júri sublinhou igualmente a importância de reforçar a autonomia das escolas, contestando a atitude assumida pelo Ministério da Educação (ME) e pelos próprios estabelecimentos de ensino nesta matéria.
«As escolas reclamam autonomia, mas não cessam de esperar pelo ME. Se o Ministério quer autonomia, então por que razão legisla tanto?», questionou.
A dar o mote para um discurso muito crítico, Daniel Sampaio deixou um recado, logo no início da cerimónia: «Gostaria que a atribuição deste Prémio marcasse um novo relacionamento entre o Governo e os professores».
No entanto, o primeiro-ministro, José Sócrates, ressalvou que este galardão não foi criado para «agradar ou massajar uma corporação».
«Não é uma operação de Relações Públicas, matéria em que não sou especialista, nem sou muito bom», frisou.
No final da cerimónia, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues escusou-se a comentar as críticas do presidente do júri, enquanto o secretário de Estado da Educação afirmou que «o Prémio é um serviço prestado ao país e às famílias e não um instrumento de relação entre o ME e os professores».
«Ficou claro que o professor Daniel Sampaio se referia a um mal-estar do ponto de vista geral e não a um mal-estar destes ou daqueles docentes. É um mal-estar docente internacional que também existe em Portugal», reconheceu Valter Lemos.
Diário Digital / Lusa
13-11-2007 15:36:26

Sindicatos contestam prova de ingresso


Lusa 2007-11-09
As estruturas sindicais do sector da Educação consideram que a prova de ingresso na carreira docente, aprovada ontem pelo Governo, "não faz sentido" e reafirmam que ela põe em causa a acreditação das instituições do Ensino Superior.
O Governo aprovou quinta-feira em Conselho de Ministros um decreto que define as regras da prova de acesso à carreira de professor, prevendo-se a realização de dois exames para todos os candidatos a docentes.De acordo com o dirigente da Federação Nacional de Educação (FNE) João Dias da Silva, os cursos das instituições superiores já conferem aos seus titulares uma acreditação para poderem dar aulas, não se justificando a prova de ingresso."Esta prova perde todo o sentido. Põe em causa as instituições do ensino superior, que certificam os profissionais", referiu.João Dias da Silva disse que "se o Governo tem dúvidas que as instituições do ensino superior estão a acreditar mal os profissionais, então tem que pôr em causa os critérios de avaliação dessas instituições".O dirigente sindical justificou ainda que, de acordo com o novo estatuto da carreira docente, os professores têm de passar por um período probatório, com a duração de um ano, durante o qual são acompanhados por um professor mais experiente.Também o dirigente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) Mário Nogueira, entende que a "prova não faz sentido" e que só visa "criar a ilusão de que o desemprego nos professores não é aquilo que é". Mário Nogueira explicou que através da prova o Ministério da Educação "pretende reduzir a taxa do desemprego entre os professores"."Se os candidatos não passarem a prova de ingresso, então não são professores e não engrossam a lista dos desempregados", explicou. "Esta prova é um artifício que não tem como objectivo escolher os melhores. Trata-se de um novo requisito habilitacional ilegal e que visa limpar as taxas de desemprego", referiu.Mário Nogueira disse ainda que esta prova vem condicionar a mobilidade nacional, dado que nas carreiras docentes dos Açores e Madeira, a prova não é necessária. "Contudo, se um professor quiser vir dar aulas para o continente, terá de fazer a prova de ingresso", esclareceu. Segundo o dirigente , o Governo devia actuar nas instituições de ensino, por considerar que a "formação dos professores em Portugal está abaixo do desejado".

Envolver as famílias na vida da escola


Lusa 2007-11-14
O Programa "Escola em Casa" arrancou hoje em Baião e tem como objectivo para aumentar os índices de escolaridade.
fO município de Baião, que regista os mais baixos índices de escolaridade do distrito do Porto, iniciou hoje um programa que visa fomentar as conversas familiares sobre matérias educativas para tentar inverter o actual panorama em matéria de educação.A primeira reunião de trabalho entre a equipa coordenadora do programa, os professores e os pais foi hoje realizada para definir metodologias e as temáticas a abordar nas conversas familiares.O programa é dinamizado pela Universidade de Aveiro e coordenado pelo antigo reitor daquela universidade e actual presidente do Conselho Nacional de Educação, Júlio Pedrosa. Para estimular o diálogo familiar e envolver mais os encarregados de educação na vida escolar, os responsáveis pelo projecto criaram guiões, com textos, seguidos de perguntas, que os jovens levam para casa para responderem com os pais.O objectivo considera-se conseguido quando questões à volta da escola monopolizem pelo menos meia hora diária de conversa familiar.Em declarações à Lusa, José Luís Carneiro, presidente da autarquia, disse que a autarquia inicia o programa "Escola em Casa" no Agrupamento de Escolas de Vale de Ovil, com os alunos do 7.º ano de escolaridade."Caso os resultados sejam satisfatórios, pretendemos estender o programa, numa fase posterior, aos agrupamentos escolares de Eiriz e Sudeste", afirmou. O autarca explicou que o seu interesse no projecto foi estimulado pelo psiquiatra Daniel Sampaio durante uma conferência em Baião. "Ele considerou, e muito bem, que um projecto destes se adequa perfeitamente a Baião", disse.A ideia foi depois aperfeiçoada em conversa com o coordenador do projecto "Escola em Casa", durante uma deslocação de Júlio Pedrosa a Baião para apresentação de uma pós-graduação em Educação Especial Cognitiva e Motora. "Nem sempre as pessoas entendem bem esta aposta, mas estamos determinados a investir na Educação e já em 2006 aplicámos no sector mais de metade do orçamento disponível da autarquia, ou seja, 1,1 milhões de euros", afirmou o autarca. Para o próximo ano, "o orçamento previsto para esta área é superior a dois milhões de euros", garantiu José Luís Carneiro.O objectivo é contrariar os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), segundo os quais metade dos estudantes de Baião não terminam o nono ano de escolaridade, 67% não conseguem o 12.º ano e 10% da população é analfabeta.O projecto que hoje se iniciou visa também contribuir para alterar este panorama, uma vez que de acordo com um estudo da Universidade de Aveiro, uma das razões para o insucesso educativo relaciona-se com "o nível das conversas familiares", referiu o autarca. "Pretendemos, assim, que os pais percebam e participem mais na escola e que a escola se abra e interaja com a comunidade", frisou.A autarquia estimulou a concretização do projecto e garante agora o apoio logístico às equipas envolvidas. O projecto foi já desenvolvido no distrito de Aveiro, onde abrangeu mais de 1500 alunos de 23 escolas do 4.º ao 6.º ano de escolaridade.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Português fácil



.Estes volumes em concreto, que pertencem ao método "Português Fácil" têm como objectivo principal auxiliar os alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico, de forma a desenvolver as capacidades de escrita e leitura da língua portuguesa. Pode ainda ser utilizada em aulas de adultos e no acompanhamento de estrangeiros que pretendam aprender a ler e a escrever português.
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Convém salientar a introdução dos vários tipos de letra: imprensa e manuscrita, maiúscula e minúscula, como uma forma de transmissão de conhecimentos nesta área numa perspectiva global.
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Para se facilitar a assimilação da matéria utilizou-se a vertente lúdica de uma forma didáctica.

A maneira como cada matéria está organizada dentro de cada conjunto de fichas e a forma como os assuntos são tratados, denotam um elevado interesse pedagógico.

Apesar da maior parte de nós ter o desejo de escrever bem, isso não é uma tarefa das mais fáceis, podendo esta Colecção satisfazer esse desejo.




Para conhecer uma amostra do "Português fácil 1", clique aqui.



Colecção "Português fácil (1, 2, 3, 4)"
de Alexandra Caracol

Para conhecer mais sobre o método "Português Fácil" consulte:
Português Fácil para "Bebés" - Alfabetização pré-natal
Alfabetização pré-natal de "bebés"
Método novo para ensinar na fase pré-natal e pós-natal .
Testemunho verídico de Débora Caracol; criança ensinada através do método "Português Fácil".

Para ler sobre "Educação e/ou ensino" clique aqui

A dislexia


Frequentemente chegam-nos crianças com o diagnóstico de "disléxicas". A razão principal reside no facto de terem muita dificuldade em ler correctamente mesmo passados dois ou três anos desde a sua entrada na escola..
Felizmente, muitas destas crianças não são, na verdade, disléxicas no sentido correcto do termo o qual se pode difinir como uma "incapacidade persistente para a leitura" devido a problemas neurológicos como a deficiência da percepção visual (não da "visão"), entre outros. Muitas outras, rotuladas como "disléxicas", têm um problema que reside no "processamento da linguagem falada", o qual provoca dificuldades na aprendizagem da leitura devido à hiperactividade do hemisfério direito do cérebro e à hipoactividade do hemisfério esquerdo. Outras têm "deficiência motora fina" que gera dificuldade em controlar os pequenos músculos das mãos, o que as leva a ter "disgrafia", o que não ajuda na aprendizagem da leitura (se escreverem mal, lêem mal). Outras ainda são crianças que sofrem de hipoactividade dos lobos frontais, problema que gera impulsividade e desatenção frequentes, cometendo erros de leitura. Mais ainda são aquelas cujo único (mas sério) problema reside numa deficiente aprendizagem da leitura nos dois primeiros anos de aulas por razões meramente pedagógicas, falta de treino, etc. Não nos esqueçamos que a maioria das turmas do 1º Ciclo estão sobrelotadas, com mais de 15 alunos por professor!.
Quanto às dislexias convem alertar que existem as "dislexias superficiais", as "dislexias profundas" e as "dislexias adquiridas" (estas devem-se, por exemplo, a lesões ocorridas no cérebro)..
A maioria das crianças disléxicas (com "dislexia de desenvolvimento") tem de aprender a viver com o problema toda a vida visto que é de difícil resolução. As que apresentam "dislexia leve" podem obter melhorias graças à neuroplasticidade da zona de linguagem do cérebro que admite medidas específicas de treino e reaprendizagem da leitura através de técnicas adequadas.


.Em: http://cursosparapais.blogspot.com/2007/09/dislexia-ou-incompetncia.html
.A propósito de dislexia veja ainda:
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http://deleste5.edunet.sp.gov.br/power/opedesp_dislex.ppt
http://www.10emtudo.com.br/imprimir_artigo.asp?CodigoArtigo=69&tipo=artigo
http://www.golfinho.com.br/artigos/artigodomes200511.htm
http://elmundosalud.elmundo.es/elmundosalud/2003/07/28/pediatria/1059391641.html
http://www.10emtudo.com.br/artigos_1.asp?CodigoArtigo=69&Pagina=5&tipo=artigo
http://www.portugal-linha.net/arteviver/dislexia.htm
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Método novo e inédito que ajuda a diminuir os efeitos da dislexia, ou prevenir:

. Método novo para ensinar na fase pré-natal e pós-natal
. Português Fácil para "Bebés" - Alfabetização pré-natal
. Alfabetização pré-natal de "bebés"
. Testemunho verídico de Débora Caracol; criança ensinada através do método "Português Fácil".
. Como ler e escrever bem.

"Guardem esta frase: “A sala de aula não é um exército de pessoas caladas nem um teatro onde o professor é o único ator e os alunos, espectadores pass

"Guardem esta frase: “A sala de aula não é um exército de pessoas caladas nem um teatro onde o professor é o único ator e os alunos, espectadores passivos. Todos são atores da educação. A educação deve ser participativa”.
.Em minha opinião, um quinto do tempo escolar deveria ser gasto com os alunos dando aulas na frente da classe. Os professores relaxariam nesse período, e os alunos se comprometeriam com a educação, desenvolveriam capacidade crítica, raciocínio esquemático, superariam a fobia social.
.Peço aos mestres para darem especial atenção aos alunos tímidos. Eles têm diversos graus de fobia social, de expressar suas idéias em público. Estamos fabricando uma massa de jovens tímidos. Os tímidos falam pouco, mas pensam muito e, às vezes, se atormentam com seus pensamentos. Já disse, os tímidos costumam ser ótimos para os outros, mas péssimos para si mesmos. São éticos e preocupados com a sociedade, mas não cuidam da sua qualidade de vida.
.Os educadores são escultores da emoção. Eduquem olhando nos olhos, eduquem com gestos: eles falam tanto quanto as palavras. Sentar em forma de ferradura ou em círculo aquieta o pensamento, melhora a concentração, diminui a ansiedade dos alunos. O clima da classe fica agradável e a interação social dá um grande salto."
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Texto de Augusto Cury em:
http://www.escoladeinteligencia.com.br

Violência nas escolas: Alunos mais novos são os mais atingidos - estudo

10 de Novembro de 2007, 18:55
Coimbra, 10 Nov (Lusa) - Os alunos mais novos são os que mais se envolvem em situações de vitimação e agressão nas escolas, segundo um estudo feito em estabelecimentos do 2º e 3º ciclos de Coimbra, apresentado hoje num colóquio
O estudo, realizado pela professora da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) Sílvia Parreiral, abrangeu uma amostra de 1735 alunos, com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos.
"São os alunos mais jovens os que mais se envolvem nas situações de vitimação e agressão, que, muitas vezes, passam despercebidas aos adultos", disse a docente, ao intervir no colóquio "Violência e Escola - Sinalização, Intervenção e Prevenção".
Segundo Sílvia Parreiral, professora de Psicologia e Ciências da Educação na ESEC, "o recreio é o lugar mais comum para as agressões", que também se podem verificar na sala de aula ou nos balneários.
"Muitas vezes, a agressão é invisível, e os professores tendem a minimizar", disse a investigadora à agência Lusa à margem do colóquio, que decorreu hoje na Escola Secundária D. Duarte.
De acordo com a docente, grande parte das vítimas não se queixa por medo de represálias ou por vergonha.
"Os jovens sofrem em silêncio, têm até vergonha do sofrimento", segundo uma aluna que interveio no colóquio durante a tarde.
O estudo de Sílvia Parreiral "Violência e Escola: Que Realidade?" abrangeu escolas do 2º e 3º ciclos do concelho de Coimbra, inquirindo alunos dos 5º, 7º e 9º anos.
Foi realizado no âmbito de uma dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
O colóquio foi organizado por uma comissão multidisciplinar de profissionais, oriundos das áreas da educação e da saúde, de diversas instituições do concelho de Coimbra.
MCS
Lusa/fim

Alunos mais novos são os que mais se envolvem em violência escolar

Os alunos mais novos são os que mais se envolvem em situações de vitimação e agressão nas escolas, segundo um estudo feito em estabelecimentos do 2º e 3º ciclos de Coimbra, apresentado hoje num colóquio
O estudo, realizado pela professora da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) Sílvia Parreiral, abrangeu uma amostra de 1735 alunos, com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos.
«São os alunos mais jovens os que mais se envolvem nas situações de vitimação e agressão, que, muitas vezes, passam despercebidas aos adultos», disse a docente, ao intervir no colóquio Violência e Escola - Sinalização, Intervenção e Prevenção.
Segundo Sílvia Parreiral, professora de Psicologia e Ciências da Educação na ESEC, «o recreio é o lugar mais comum para as agressões», que também se podem verificar na sala de aula ou nos balneários.
«Muitas vezes, a agressão é invisível, e os professores tendem a minimizar», disse a investigadora à agência Lusa à margem do colóquio, que decorreu hoje na Escola Secundária D. Duarte.
De acordo com a docente, grande parte das vítimas não se queixa por medo de represálias ou por vergonha.
«Os jovens sofrem em silêncio, têm até vergonha do sofrimento», segundo uma aluna que interveio no colóquio durante a tarde.
O estudo de Sílvia Parreiral Violência e Escola: Que Realidade? abrangeu escolas do 2º e 3º ciclos do concelho de Coimbra, inquirindo alunos dos 5º, 7º e 9º anos.
Foi realizado no âmbito de uma dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
O colóquio foi organizado por uma comissão multidisciplinar de profissionais, oriundos das áreas da educação e da saúde, de diversas instituições do concelho de Coimbra.
Lusa/SOL
2007-10-25
O Conselho de Ministros aprovou a regulamentação do sistema de avaliação de desempenho dos docentes da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. A Ministra da Educação explicou que a avaliação «vai ter três dimensões distintas»: uma «ficha de auto-avaliação elaborada por cada um dos professores em exercício»; um «processo de avaliação desenvolvido pelo professor titular coordenador do departamento disciplinar, que avaliará o desenvolvimento das aulas, os materiais pedagógicos produzidos e a relação do docente com os alunos»; e «a avaliação feita pelos conselhos executivos, que, entre outros aspectos, aferem a participação dos docentes na vida da escola, ou os graus de responsabilidade e de assiduidade demonstrados por cada professor ao longo do período lectivo».

Professores muito especiais

Alexandra InácioCento e quarenta professores de diferentes áreas de formação estão a dar aulas na Educação Especial. É o caso de Maria, Fernando Gonçalves e Fernando Mendes, docentes há 15, 25 e 30 anos de Português-Francês, agro-pecuária e electrotecnia, respectivamente. A Fenprof acusa a tutela de ter preferido colocar docentes ilegalmente a contratar professores especializados. Já o Ministério da Educação garantiu ao JN que não há mais professores habilitados disponíveis.Há 25 anos que Fernando Gonçalves dá aulas a alunos do 10º, 11º e 12º anos. Na segunda-feira à tarde quando chegou à escola, onde é efectivo há 22 - a Profissional Agrícola Quinta da Legiosa, na Covilhã - informaram-no que tinham recebido um telefonema do presidente do Conselho Executivo da EB2, 3 do Paúl perguntando por ele, porque tinha sido lá colocado para dar apoio a meninos com deficiências do pré-escolar ao 9º ano. "Toda a minha vida ensinei no Secundário e de repente vejo-me num jardim de infância. Não sou a pessoa indicada para o lugar.", afirmou ao JN. Fernando tinha um horário completo, turmas atribuídas e avaliações feitas. E, se a situação não for revertida, a sua escola terá de esperar por um docente para o substituir. A EB2,3 do Paúl criou uma sala multideficiência, na sede do agrupamento, para os seis alunos que requerem ensino especial. Um espaço equipado, explicou ao JN o presidente do Conselho Executivo, Vítor Reis Silva, para esses meninos além do trabalho nas suas respectivas escolas poderem ter um desenvolvimento ao nível psicomotor. Por isso, pediram mais dois professores de educação especial. O ministério enviou-lhes além de Fernando Gonçalves, Fernando Mendes, há 30 anos professor de electrotecnia no Secundário. Uma colocação incompreensiva para Vítor Silva, se se pensar na defesa da escola inclusiva feita pelo Governo.Fernando Mendes é efectivo na Frei Heitor Pinto, na Covilhã, mas está destacado há 10 na Campos e Melo. Tinha quatro turmas e horário completo. Dos docentes ouvidos pelo JN é o mais esperançoso num regresso à sua escola de origem. Maria é professora há 15 de Português-Francês, no 2º ciclo. Em Agosto não foi colocada porque os lugares que deveriam ser atribuídos ao seu grupo (o 210) foram preenchidos por professores de Português do 3º ciclo. Agora está a dar apoio ao 1º ciclo. "Quando soube fiquei desorientada, em estado de choque. As lágrimas caíram-me pela cara abaixo", confessou ao JN. "Agora já estou mais calma", repetiu, insistentemente "Já percebi que vai ser uma situação até final do ano lectivo". Maria tem um aluno autista e multideficientes no grupo. Não faz "a mínima ideia como planear o seu trabalho. Não tenho formação, experiência, materiais, nada. Caí de pára-quedas noutro mundo". "Há centenas de docentes do grupo 910 no desemprego" O grupo 910, onde foram colocados os 140 docentes, visa dar "apoio a crianças e jovens com graves problemas cognitivos ou motores, perturbações da personalidade ou multideficiência". Por exemplo, casos de autismo, trissomia 21 ou paralisia cerebral. Do grupo, 53 são professores do Quadro de Zona Pedagógica, com afectação administrativa a uma escola e 87 são docentes do Quadro Escola com horário zero, explicou ao JN o secretário-geral da Fenprof. São de áreas científicas diversas - Alemão, Filosofia, História, Educação Visual ou Economia, por exemplo - mas, em comum, não têm formação ou experiência para o lugar em que estão colocados. Fonte do gabinete da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, garantiu ao JN que por todos os professores do grupo 910 estarem colocados e "não existir mais especializados disponíveis" tiveram que recorrer a outros com horários zero. Depois, sublinha a tutela, "esses docentes não estarão sozinhos mas integrados numa equipa coordenada por um professor habilitado". Argumentos que os professores não aceitam. Mário Nogueira garante que há centenas de docentes do grupo 910 no desemprego ou que tiveram de regressar ao seu lugar de origem, no ensino regular. "Há dois anos a tutela diminuiu o quadro da Educação Especial de oito mil para quatro mil lugares", sublinhou o secretário-geral da Fenprof, acusando o Governo de "se recusar a gastar dinheiro com as contratações". Todos os professores ouvidos pelo JN admitiram estarem integrados numa equipa. "Tive uma reunião com ele para me dizer o meu trabalho. Prontificou-se a ajudar mas também as suas funções. Não me poderá acompanhar diariamente ou ensinar-me a ser uma professora de Educação Especial de um dia para o outro", retorquiu ao JN, Maria.

Formar mediadoresde conflitos nas escolas


bruno simões castanheira
Elisabete Pinto da Costa
*
O tema da violência na escola volta a estar inscrito nos discursos políticos e nas páginas dos jornais, pois trata-se de uma realidade que marca o dia-a-dia de muitas escolas. A prová-lo está o número de chamadas que a Linha SOS Professor continua a receber, desde o início do ano lectivo.Com efeito, os problemas de convivência, como o conflito, a indisciplina e a violência, colocam em causa os valores e comportamentos que devem existir na turma, na sala de aula ou na escola em geral. Considerados como expressão de disfunção ou contradição do sistema escolar actual, resultam especialmente de uma crise (social) mais profunda.Contudo, porque convivência na escola é geralmente tratada como um elemento de disciplina, tem gerado uma lógica administrativa de solução de conflitos. Por exemplo, o tratamento da convivência activa-se (apenas) quando surgem incidentes, quando são violadas as normas e quando ocorrem actos de indisciplina ou de violência verbal ou física. Nesse sentido, os problemas de convivência estão associados à ideia da inevitabilidade do recurso às medidas disciplinares. Qualquer modelo de convivência está potencialmente cruzado por relações de conflito. Os conflitos fazem parte da nossa vida. Como conjugar, então, convivência e conflito? Usando justamente o conflito para intencionalizar objectivos de mudança e transformação, para incrementar capacidades de comunicação e compreensão interpessoal nos alunos, com vista a tornar os conflitos experiências de crescimento e desenvolvimento dos alunos e das relações que estabelecem.É nesse contexto que a mediação escolar assume uma importância crucial, pois apresenta-se como um método alternativo - porque não adversarial - de abordagem ao conflito e também como uma estratégia positiva, criativa e de cooperação entre os actores da comunidade escolar. Qualquer legislação que vise combater a violência na escola deverá incorporar estes princípios.Os estudos e os projectos levados a cabo noutros países europeus - alguns já foram divulgados no Porto, em 2006 - indicam que a introdução da mediação nas escolas pressupõe dotar os actores da comunidade escolar de competências nessa área, em especial os professores e os alunos.A formação dos docentes em mediação permitirá desenvolver competências de abordagem dos conflitos na sala de aula, nos espaços de apoio ao aluno e, por outro lado, os professores mediadores poderão formar os alunos em matéria de competências sócio-relacionais.A formação de alunos mediadores deve constituir um vector essencial dos programas de mediação escolar. A convivência na escola beneficia significativamente quando os alunos são eles próprios protagonistas do processo de mediação de conflitos. A aplicação do modelo de mediação entrepares em escolas espanholas e francesas tem alcançado resultados concretos, patentes em bibliografia e material audiovisual útil quer para investigadores quer para mediadores.Devemos começar por "educar no conflito e para o conflito", para mudarmos a crescente cultura de adversidade. Esta ideia coloca-nos perante os desafios enunciados no Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, no qual se evidencia que um dos pilares da educação consiste simultaneamente em "aprender a ser e em aprender a viver juntos", conhecendo melhor os outros, desenvolvendo projectos conjuntos que solucionem pacificamente os conflitos.É fundamental que se percebam os limites do modelo impositivo e sancionatório e das estratégias de gestão e resolução de conflitos vigentes nas escolas. Se em diversos países da União Europeia a mediação escolar já é uma realidade há décadas, em Portugal são raros os programas existentes. Os primeiros programas-piloto surgiram nos anos 90. Nos últimos anos, assistimos ao surgimento de programas mais desenvolvidos. Todavia, a formação de professores ainda não se generalizou.Estarão os professores motivados para ser mediadores? A nossa experiência formativa com professores de escolas dos distritos do Porto, Vila Real e Aveiro tem demonstrado claramente que sim, embora os professores apontem a falta de recursos das escolas como o principal obstáculo à implementação dos programas de mediação que concebem durante o seu processo de formação como mediadores escolares. É todavia necessário voltar a sublinhar que qualquer programa de mediação escolar só terá sucesso se tiver por base a assunção de uma cultura de mediação por parte de toda a comunidade escolar, nomeadamente do pessoal não docente e dos pais.
* Mediadora de Conflitos e Directora do Instituto de Mediação da Universidade Lusófona do Porto. Elisabete.pinto.costa@gmail.com


Bem-vindos à era do sucesso escolar!

Impertinências, António, Freitas Cruz, JornalistaForam esta semana franqueadas de par em par (faltando apenas, que se saiba, a passadeira vermelha) as portas de acesso à gloriosa era do sucesso escolar. Refiro-me, como é bom de ver, ao regime de faltas às aulas os estudantes que andarem na gandaia durante o ano lectivo terão, no final, uma prova dita de "recuperação", através da qual são absolvidos e aprovados, porventura com voto de louvor e registo de mérito. Está encontrado o sucesso estatístico para europeu ver.Espera-se agora (é só mais um pequeno esforço de facilitismo) que a prova venha a poder ser feita em casa e enviada à escola por fax ou por e-mail, assim se aproveitando os computadores vendidos pelo Governo (bem entendido, os que ainda não avariaram).Longe vão os tempos em que a ministra dizia recear a má sorte dos alunos que, faltando às aulas, se perdiam nos ócios deletérios dos cafés ou em sítios piores. Mais perto, e seguramente menos respeitáveis, estão também os tempos em que se cuidava dos interesses dos estudantes arrebatados pelos pais ao fiel cumprimento dos deveres em troca de férias na neve. E longíssimo ficam (ai de mim!) os tempos em que o velho e adorável professor Xavier me obrigava, e aos meus colegas, a papaguear a tabuada de trás para a frente e da frente para trás. Ah!, e a não dar erros na ortografia e na sintaxe, como agora até tem graça e confere estilo.Ominosos tempos, esses, da «escola risonha e franca», quando não nos passava pela cabeça a ideia de magoar um professor - quanto mais de o insultar e agredir!António Freitas Cruz escreve no JN, semanalmente, aos domingos

Acordo Ortográfico: O que vai mudar quando estiver em vigor

Os efeitos não serão imediatos - mas a disposição recentemente anunciada pelo governo português de aprovar até ao final do ano o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa poderá ter desfeito algumas dúvidas, atenuado reticências, dissipado mesmo suspeições de «bloqueio».
O processo, de um momento para o outro, parece ter ganho um novo ímpeto. Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado, disposição idêntica à de Portugal foi entretanto manifestada por Angola, Moçambique e Guiné-Bissau: os três comprometeram-se a ratificar «rapidamente» o Acordo e o Protocolo Modificativo. Falta agora converter «rapidamente» em medida de tempo...
A pergunta tem sido e continuará a ser feita: quando todo o processo - legal e diplomático - estiver concluído, quantos mais anos serão necessários para que todos os países falantes de Português o escrevam da mesma maneira?
Malaca Casteleiro, um linguista na primeira linha da defesa do Acordo, disse à Lusa que, entrando o documento em vigor, será necessário um período de adaptação «que não deve ser inferior a quatro anos, para permitir as alterações em dicionários, manuais escolares e para a aprendizagem das alterações ortográficas».
Quatro anos em Portugal, o Brasil não deverá levar mais tempo a consegui-lo, mas quantos anos em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau,São Tomé e Príncipe ou em Timor-Leste, que não solicitou ainda a adesão ao Acordo?
O futuro - o que é dizer também a real vontade política dos intervenientes - o dirá.
Pretende-se com o Acordo «a unidade da Língua» - na escrita e só na escrita, naturalmente. Acreditam os especialistas, e não apenas eles, que, unificada, a Língua portuguesa terá outra força, ganhará em «poder de afirmação» nas instâncias internacionais.
Para que a unidade se efective há cedências a fazer de um lado e do outro do Atlântico. Quem cede mais?
Os especialistas deitaram-se ao estudo e fizeram balanços: as modificações propostas no Acordo devem alterar 1,6% do vocabulário de Portugal.
Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever «húmido» para usar a nova ortografia - «úmido».
Desaparecem também da actual grafia em Portugal o «c» e o «p» nas palavras em que estas letras não são pronunciadas, como em «acção», «acto», «baptismo» e «óptimo».
Diz Malaca Casteleiro que as alterações a introduzir, «importantes para unificar e dar força» à língua portuguesa, «não são dramáticas, não vão assustar as pessoas».
No Brasil, a mudança será menor, porquanto apenas 0,45% das palavras terão a escrita alterada.
O trema utilizado pelos brasileiros desaparece completamente e ao hífen acontece o mesmo quando o segundo elemento da palavra comece com «s» ou «r», casos em que estas consoantes devem ser dobradas, como em «antirreligioso» e «contrarregra».
Apenas quando os prefixos terminam em «r» se mantém o hífen. Exemplos: hiper-realista, super-resistente.
O acento circunflexo sai também de cena nas paroxítonas (palavras com acento tónico na penúltima sílaba) terminadas em «o» duplo («vôo» e «enjôo»), usado na ortografia do Brasil, mas não na de Portugal, e da terceira pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo de «crer», «ler», «dar», «ver» e os seus derivados. Passará a escrever-se: creem, leem, deem e veem.
No Brasil, o acento agudo deixará de usar-se nos ditongos abertos «ei» e «oi» de palavras paroxítonas como «assembleia» e «ideia».
Com a incorporação do «k», «w» e «y», o alfabeto deixará de ter 23 letras para ter 26.
Diário Digital / Lusa
11-11-2007 10:01:00

Especialista diz que professores são dos profissionais com maiores índices de stress e exposição ao risco


Os professores são dos profissionais com maiores índices de stress e de exposição ao risco, muito devido à indisciplina dos alunos, que tem aumentado bastante nos últimos anos, disse João Amado, professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e autor de várias obras sobre indisciplina.
"A indisciplina agravou-se progressivamente. Passou-se de uma infracção simples das regras para um comportamento mais violento e conflituoso", explicou. Francisco Meireles, professor de Educação Visual e Tecnológica, não tem dúvidas disso. Depois de 14 anos afastado do ensino a trabalhar nos serviços centrais do Ministério da Educação, o docente regressou à escola no passado ano lectivo e garante que "a surpresa não está a ser nada, nada agradável". "A degradação instalou-se a passos largos. Os insultos generalizaram-se, há agressões e conflitos quase todas as semanas", contou o professor, de 53 anos, que lecciona na escola básica do 2º e 3º ciclos António da Costa, em Almada. João Amado, investigador do fenómeno da indisciplina desde o início da década de 1980, garante estar disseminada a desmotivação entre os professores, afectados por uma "grande indefinição na comunidade educativa e pela generalização da própria ideia de crise". O autor de obras como "Indisciplina e Violência na Escola - Compreender para Prevenir" aponta ainda como motivo do aumento do fenómeno "o facilitismo por parte de muitos pais, que se demitiram totalmente da sua função educativa". "As famílias desresponsabilizaram-se muito e o facto de não existirem regras em casa é altamente perturbador e potenciador de um comportamento de incivilidade por parte de muitas crianças e jovens", explicou. Confap aponta o dedo aos docentesEsta ideia não é aceite por Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que garante que "a globalidade das famílias assume as suas responsabilidades ao nível da educação dos filhos". Ao invés, o responsável da Confap aponta o dedo aos docentes, alegando que muitos se demitem de exercer a sua autoridade junto dos alunos e que agem com grande condescendência relativamente a situações de indisciplina. Só isso explica, na sua opinião, que uma mesma turma possa ter um comportamento impecável com um professor e ser altamente indisciplinada com outro, o que diz acontecer com frequência. Governo não tem dados concretos sobre a indisciplinaO Ministério da Educação não dispõe de dados concretos sobre indisciplina, mas apenas sobre violência no espaço escolar, devendo o relatório referente ao passado ano lectivo ser apresentado no final deste mês. João Sebastião, presidente do Observatório da Segurança Escolar, explicou que não é possível contabilizar os incidentes de indisciplina, não apenas porque o conceito é abrangente e difícil de definir, mas também devido à própria dimensão do problema. "Há um milhão e 600 mil alunos nas escolas portuguesas. Se um por cento dos alunos fossem indisciplinados, seriam cerca de 16 mil ocorrências por dia. É uma dimensão gigantesca e incontável", explicou o responsável. Certo é que há uma percepção generalizada na opinião pública sobre o aumento da indisciplina e da violência na escola, fenómenos que, muitas vezes, andam de braços dados. O próprio Procurador-Geral da República considerou recentemente, em entrevista ao semanário “Sol”, que "a situação de impunidade tem de acabar". Pinto Monteiro vai mesmo emitir uma directiva ao Ministério Público para fazer uma recolha de dados sobre a situação, "começando pela participação de todos os ilícitos que ocorram nas escolas". Desde o início do ano lectivo, em apenas dois meses, a linha telefónica SOSprofessor recebeu 37 participações de docentes, das quais nove de agressão física por parte de alunos e encarregados de educação e as restantes relativas a situações de indisciplina grave. "O fenómeno da indisciplina tem tendido, efectivamente, a aumentar. O quadro de valores na relação com o professor, enquanto pessoa mais velha e figura de autoridade, tem vindo a degradar-se progressivamente", disse à Lusa João Grancho, presidente da Associação Nacional dos Professores (ANP), que lançou e gere aquela linha telefónica de apoio. Para este responsável, o afastamento dos pais relativamente ao acompanhamento escolar dos filhos, a quebra na imagem pública da escola e o agravamento das desigualdades e tensões sociais nos últimos anos são as principais razões na origem do problema. Para já, o Governo apostou numa alteração do Estatuto do Aluno, em vigor desde 2002, reforçando a autoridade dos docentes para combater o problema da violência e indisciplina na escola, cuja dimensão tendeu a desvalorizar. O diploma, aprovado esta semana no Parlamento, prevê a distinção entre sanções correctivas e sancionatórias, agiliza os processos disciplinares e reforça a responsabilização dos pais.