quarta-feira, janeiro 24, 2007

A literatura em perigo


Vasco Graça MouraEscritor

Comprei há dias em Estrasburgo um pequeno ensaio de Tzvetan Todorov intitulado La littérature en péril (Paris, Flammarion, 2007), que acabou de sair e cuja leitura recomendo a quantos se interessam pelas questões do ensino da literatura, muito em especial no secundário.Todorov, que colaborou desde 1966 com Roland Barthes e Gérard Genette, afigura-se hoje, e pelo menos neste seu texto, muito mitigadamente ligado ao estruturalismo, embora não o renegue. Em La littérature en péril ele parte do princípio de que o que interessa para a generalidade dos leitores é fundamentalmente a compreensão do sentido das obras literárias, sendo para essa compreensão que devem ser proporcionadas as abordagens adequadas na escola. Isto porque cada obra tem um sentido portador de modalidades insubstituíveis de compreensão do mundo e de nós mesmos, ao veicular experiências singulares e criar personagens na diversidade do vivido que tornam possível um enquadramento e um conhecimento mais profundos da realidade humana nas suas múltiplas dimensões. Ora, como ele diz, os grandes autores ensinam-nos pelo menos tanto sobre a condição humana como os maiores sociólogos, psicólogos e filósofos.A proliferação de análises radicadas nos mais diversos pressupostos teóricos acarreta uma grande distorção quanto a esse objectivo. Os programas escolares exigem aos alunos, não propriamente o conhecimento das obras, mas antes o das teorias, métodos, classificações e instrumentos analíticos, de tal modo que eles têm de aprender a captar, não o sentido de determinada obra ou a vibração existencial que ela provoca ao desvendar-se na leitura, mas uma determinada grelha de análise dela, e esta imposição contribui em grande medida para gerar um desinteresse generalizado e crescente em relação à literatura.Todorov faz um lúcido bosquejo da evolução da estética a partir do século XVII, percorre várias construções teóricas (desconstrucionismo, estruturalismo "clássico", pós-estruturalismo, etc.) que negam ser a literatura um discurso sobre o mundo, ou que afastam a hipótese de verdade dos textos, ou que rejeitam a possibilidade de verificação dela, e, embora protestando não denegrir disciplinas como a semiótica, a pragmática, a retórica e a poética, interroga-se sobre se "é preciso fazer delas a principal matéria estudada na escola", uma vez que "todos esses objectos de conhecimento são construções abstractas, forjadas pela análise literária para abordar as obras; nenhum respeita àquilo de que falam as obras propriamente ditas, o seu sentido, o mundo que elas evocam". E por isso "a análise das obras na escola não deveria mais ter por finalidade ilustrar os conceitos que acaba de introduzir este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, mas fazer-nos aceder a todos ao sentido delas, que nos conduz a um conhecimento do humano que a todos importa".Sendo assim, Todorov propõe que o ensino volte a recentrar-se nos textos, uma vez que os instrumentos teóricos não passam de meios de acesso, que até podem ser úteis, mas cujo estudo "nunca se deve substituir ao do sentido, que é a sua finalidade".Não basta, escreve ainda, a estrita abordagem interna de um texto, porque as obras existem sempre num contexto e em diálogo com ele. "Em regra, o leitor não profissional (...) lê essas obras, não para dominar melhor um método de leitura, nem para dele extrair informações sobre as sociedades em que elas foram criadas, mas para nelas encontrar um sentido que lhe permita compreender melhor o homem e o mundo, para nelas descobrir uma beleza que enriqueça a sua existência; fazendo-o, compreende-se melhor a si mesmo. O conhecimento da literatura não é um fim em si, mas uma das estradas reais que conduzem à realização de cada um." Ora o ensino volta as costas a este caminho... "Porquê estudar a literatura se ela não passa da ilustração dos meios necessários para a sua análise?" E ainda: "O ensino secundário, que não se dirige aos especialistas da literatura, mas a todos, não pode ter o mesmo objecto [do ensino superior]: é a literatura propriamente dita que é destinada a todos, não os estudos literários." Por fim, a grande questão: "E ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust, não é beneficiar de um ensino excepcional?"Percorre-se este conjunto de tópicos e também não se pode deixar de perguntar: em que país bem nosso conhecido é que estas ideias são tão necessárias como o pão para a boca?

Desaparecidos em combate

Em Fevereiro Bibliotecas abrem ao Sábado


As bibliotecas municipais de Lisboa deverão passar a estar abertas ao sábado em Fevereiro, tendo a maioria, por falta de recursos humanos, de encerrar à segunda-feira, anunciou ontem o vereador da Cultura na autarquia lisboeta, José Amaral Lopes.
A medida, que tem sido contestada pela oposição de esquerda, decorre das conclusões de um levantamento das necessidades das bibliotecas municipais apresentado por Amaral Lopes, na Casa dos Bicos, em Lisboa. As bibliotecas Central Palácio Galveias, República e Resistência, Orlando Ribeiro e a Hemeroteca funcionarão de segunda a sábado, enquanto as restantes 13 estarão abertas de terça a sábado

Google disponibiliza mais um milhão de livros da Universidade do Texas

Motor de pesquisa já tem protocolos com várias universidades americanas


O motor de pesquisa Google estabeleceu uma parceria com a biblioteca da Universidade do Texas, em Austin, cujas obras passam a estar integradas na biblioteca virtual do Google, anunciou hoje a empresa.
A biblioteca académica da Universidade do Texas, conhecida como a quinta maior dos Estados Unidos, possui algumas das principais colecções do país, incluindo a Colecção latino-americana Nettie Lee Benson.Em conjunto, o Google e a Universidade do Texas irão digitalizar mais de um milhão de livros da colecção desta Universidade para pesquisa.Inicialmente dotada de um conjunto único de livros raros e manuscritos sobre o México, a Colecção Benson, está enriquecida com documentação sobre a América Latina, especialmente relativa ao Brasil, Chile, Peru, bem como de outros países do Rio de la Plata e da América Central.As crónicas da Colecção Benson contêm acervos da riqueza histórica, política e social da região e inclui trabalhos de autores notáveis latino-americanos."A descoberta intelectual está no centro do processo de pesquisa escolar", segundo Fred Heath, director da Biblioteca da Universidade do Texas. "As melhores colecções documentais só são úteis se tiverem associadas boas ferramentas de pesquisa. A parceria com este novo programa de pesquisa de livros do Google irá permitir que a riqueza das nossas colecções possa ser apreciada por um leque muito maior de estudantes e interessados em história", acrescentou Fred Heath.Qualquer pessoa poderá livremente pesquisar e ler os documentos públicos da biblioteca da Universidade.Relativamente aos livros protegidos por direitos de autor, os utilizadores poderão ver os dados bibliográficos (como o título do livro e o nome do autor) e algumas linhas do texto relacionado com a sua pesquisa, bem como informações relativas aos locais onde poderão comprar ou requisitar o livro em questão.A biblioteca do Google tem, neste momento, digitalizados livros das maiores bibliotecas de todo o mundo

Prémio Nacional de Professores

O Ministério da Educação apresenta hoje a primeira edição do Prémio Nacional de Professores. A iniciativa, que será revelada em conferência de imprensa, em Lisboa, conta com a presença da ministra e secretários de Estado da tutela e dos membros do júri, presidido por Daniel Sampaio. Segundo uma nota do gabinete de Maria de Lurdes Rodrigues, o prémio é dirigido a todos os educadores de infância e professores dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos dos ensinos básico e secundário. E acrescenta que “visa reconhecer e galardoar aqueles que contribuam de forma excepcional para a qualidade do sistema de ensino nos seus mais variados aspectos, quer no exercício da actividade docente propriamente dita, em contacto directo com os alunos, quer na defesa de boas práticas e condutas com impacto na dignificação e valorização da escola”.Estatuto de carreira regionalProfessores da ilha de São Miguel manifestaram-se favoráveis, por larga maioria, à adopção de um estatuto da carreira docente específico para os Açores, cujo processo negocial com o Governo Regional deverá ficar concluído até Março. Num plenário sindical em Ponta Delgada, dos 501 votantes, 419 consideraram-se favoráveis ao estatuto regional, 64 rejeitaram a proposta do Governo açoriano, 26 votaram em branco e registaram-se, ainda, dois votos em branco. O presidente do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) adiantou, no final do plenário de segunda-feira, que o resultado do escrutínio “não significa uma adesão incondicional à proposta regional”, uma vez que irão decorrer plenários idênticos nas restantes ilhas açorianas.

Sindicato dos Professores exige auditoria às AEC

O Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) defendeu hoje a realização de uma auditoria ao processo de criação das actividades de enriquecimento curricular (AEC) do 1º Ciclo do Ensino Básico.
«O Ministério da Educação está a vender gato por lebre», acusou hoje o coordenador do SPRC, Mário Nogueira, numa conferência de imprensa em que foi divulgado um estudo sobre as AEC em 81 dos 89 concelhos da Região Centro.
O sindicato, que integra a FENPROF, concluiu que pelo menos 2.500 professores estão envolvidos naquelas actividades no centro do país, verificando que a situação é caracterizada pela «falta de regras».
«Um problema que preocupa muito autarcas, professores, órgãos de gestão de agrupamentos e famílias», afirmou Mário Nogueira, para garantir que «apenas os empresários promotores destas actividades e os responsáveis do Ministério da Educação parecem satisfeitos com o resultado».
O sindicalista esclareceu que estas actividades são frequentemente asse guradas por empresas privadas.
«Muitas autarquias contratualizam o serviço de promoção, que, muitas vezes, coexiste com a promoção directa (pelos municípios). Os agrupamentos e escolas têm muito pouca voz no assunto e, na maior parte dos casos, desconhecem o que se passa nessas actividades», disse.
Os contratos firmados com os professores que ministram as AEC «chegam a roçar o escândalo, com normas ilegais», e os pagamentos variam entre os quatro e os 15 euros ilíquidos, havendo situações em que existe subsídio de refeição, outras em que são pagas deslocações ou em que se institui um subsídio de assiduidade.
«Há de tudo. O que não há são regras, porque o ME esgota o seu envolvimento na transferência da verba, tarde e a más horas», para as câmaras municipais, segundo Mário Nogueira.
O estudo efectuado pelo SPRC, baseado num questionário, envolveu contactos com responsáveis autárquicos, órgãos de gestão dos agrupamentos de escolas, professores pais e empresários que promovem as AEC.
«Face ao que o sindicato encontro na Região Centro, é necessário que tenha lugar uma auditoria a todo o processo», defendeu o dirigente, cuja intervenção foi seguida de uma apresentação mais detalhada dos resultados do estudo por Helena Arcanjo, também da direcção do SPRC.
Diário Digital / Lusa
23-01-2007 14:30:00

Fenprof vai entregar abaixo-assinado ao Ministério da Educação

Quinze mil professores querem que concurso de colocação seja repetido este ano23.01.2007 - 23h12 Lusa

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) vai entregar amanhã no Ministério da Educação um abaixo-assinado, subscrito por 15 mil docentes, que reivindica a realização de um novo concurso de colocação nas escolas em 2007.
O próximo processo de colocação só deverá realizar-se em 2009 porque, desde 2006, os resultados do concurso passaram a ser válidos por três anos. Mas a Fenprof pede a realização de um novo concurso alegando que o anterior “ficou marcado por um anormal e extraordinário conjunto de irregularidades e ilegalidades, resultado do desaparecimento massivo de vagas e colocações”.A Fenprof denuncia ainda colocações feitas por telefone, “à margem do concurso”.A federação pede uma correcção das injustiças que, a manterem-se, “serão ainda mais penalizadoras pelo facto de se fazerem para três anos”.



terça-feira, janeiro 23, 2007

Professores falam sobre o Estatuto Regional

Centenas de professores da ilha de São Miguel estiveram ontem reunidos em plenário para tomarem uma posição sobre a proposta do Governo açoriano de Estatuto da Carreira Docente diferenciado do nacional, que entrou recentemente em vigor. À margem do plenário de Ponta Delgada, o presidente do Sindicato dos Professores da Região Açores adiantou que, em breve, sairá uma posição final, uma vez que os educadores e professores vão votar se preferem o Estatuto Nacional ou a proposta regional.De acordo com Armando Dutra, existe a garantia do secretário açoriano da tutela de “só avançar” com a proposta regional “se ela merecer a concordância dos professores” das ilhas.Nos plenários, que vão decorrer nos Açores até ao próximo mês, Armando Dutra esclareceu que será feita uma análise comparativa para que os professores façam uma opção.“Nenhuma das propostas merece uma aprovação total pelos professores”, disse, alegando que os documentos são “mais penalizadores” do que o «antigo» Estatuto da Carreira.O sindicalista alegou que o Estatuto, publicado a 19 deste mês, “é altamente penalizador” para a classe, por ter sido concebido na base de “preocupações meramente economicistas” e por “desvalorizar” a profissão. No caso da proposta do Governo Regional, o sindicalista admitiu que existem “aspectos importantes, ao nível de questões de princípio e de outras”, que “vão ao encontro” dos sindicatos.

O que o futuro nos reserva

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Professor único no 5º e 6º ano é uma «infatilização», critica professor da Universidade de Coimbra

O presidente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) criticou hoje a intenção do governo de introduzir um professor generalista no II ciclo, considerando que representa «uma infantilização» deste nível de ensino.
«Vai provocar uma perda da qualidade do ensino e a infantilização do 5º e 6º anos» , declarou hoje João Gabriel Silva, que preside aos conselhos científico e directivo da maior faculdade da Universidade de Coimbra.

Para o catedrático, os alunos do 5º e 6º anos «estão muito mais próximos do III ciclo do que do I. Os requisitos de formação dos professores do III ciclo é que deviam ser estendidos aos do II ciclo. Está-se claramente a andar para trás», considerou.

Na óptica do responsável, esta transformação implica «aumentar no II ciclo a percentagem de formação pedagógica e didáctica, diminuindo a formação na área científica».

«Ninguém, por muito extraordinário pedagogo que seja, consegue ensinar aquilo que não sabe» , frisou João Gabriel Silva.

A possibilidade de um único professor acompanhar os alunos do 1º ao 6º ano nas áreas básicas foi admitida pelo secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, como «uma alternativa para o futuro, entre outras», no âmbito do novo Regime de Habilitações para a Docência.

Na edição de quinta-feira do DN, Valter Lemos considerava «estranho que só agora surjam críticas a um diploma que está há vários meses em consulta».

«Manifestámos o nosso desacordo quer formal, quer informalmente» , refutou hoje João Gabriel Silva, aludindo, nomeadamente, a pareceres da FCTUC e da UC sobre o ante-projecto, enviados, em Novembro passado, ao Ministério da Educação .

Ao frisar que a introdução de professores generalistas no II ciclo «não é uma boa aposta», o parecer da FCTUC sublinha não ser razoável que «o mesmo professor ensine, simultaneamente, Ciências da Natureza, História e Português».

«A especialização do ensino da Matemática no segundo ciclo deve ocorrer , mesmo que se mantenha o figurino dos professores generalistas no segundo ciclo, mas achamos que esse próprio modelo deve ser abandonado» , lê-se no documento.

Segundo o parecer, «como está, é uma mera extensão do ensino do primeir o ciclo para o segundo ciclo, algo que só seria justificável se o modelo do primeiro ciclo tivesse um grande sucesso, o que não ocorre».

Por seu turno, o parecer global da UC considera a opção por professores generalistas no II ciclo como «um erro estratégico que conduzirá, a curto prazo , a consequências preocupantes, nomeadamente por se traduzir na perda de qualidade desse mesmo ensino».

«É sabido que duas das mais sérias deficiências na formação actual dos nossos jovens se verificam na Matemática e no Português. Deveria ser, por isso, objectivo prioritário investir fortemente em ambas essas áreas. Ora, presumir qu e o docente que ensina Português possa também ensinar Matemática conduzirá neces sariamente à situação oposta» , é sublinhado na posição da Universidade de Coimbra.

Segundo este documento, «exigir idêntica formação para educadores de infância, professores do 1º ciclo e professores do 2º ciclo seria regressar a um modelo que provou já a sua ineficácia há largos anos, quando essa era uma solução de recurso em zonas desfavorecidas e que ficou conhecida como 6ª classe».

Carta duma professora


Carta duma professora
Autor: R. Mateus <ribeiromateus@hotmail.com>
Data: 14-01-2007
No número 1784 do Jornal Expresso, publicado no passado dia 6 de Janeiro, o colunista Miguel Sousa Tavares desferiu um violentíssimo ataque contra os professores (que não queriam fazer horas de substituição), assim como contra os médicos (que passavam atestados falsos) e contra os juízes (que, na relação laboral, pendiam para os mais fracos e até tinham condenado o Ministério da Educação a pagar horas extraordinárias pelas aulas de substituição). Em qualquer país civilizado, quem é atacado tem o direito de se defender. De modo que a professora Dalila Cabrita Mateus, sentindo-se atingida, enviou ao Director do Expresso, uma carta aberta ao jornalista Miguel Sousa Tavares. Contudo, como é timbre dum jornal de referência que aprecia o contraditório, de modo a poder esclarecer devidamente os seus leitores, o Expresso não publicou a carta enviada. Aqui vai, pois, a tal Carta Aberta, que circula pela Net. Para que seja divulgada mais amplamente, pois, felizmente, ainda existe em Portugal liberdade de expressão.
«Não é a primeira vez que tenho a oportunidade de ler textos escritos pelo jornalista Miguel Sousa Tavares. Anoto que escreve sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo quando depois se verifica que conhece mal os problemas que aborda. É o caso, por exemplo, dos temas relacionados com a educação, com as escolas e com os professores. E pensava eu que o código deontológico dos jornalistas obrigava a realizar um trabalho prévio de pesquisa, a ouvir as partes envolvidas, para depois escrever sobre a temática de forma séria e isenta.O senhor jornalista e a ministra que defende não devem saber o que é ter uma turma de 28 a 30 alunos, estando atenta aos que conversam com os colegas, aos que estão distraídos, ao que se levanta de repente para esmurrar o colega, aos que não passam os apontamentos escritos no quadro, ao que, de repente, resolve sair da sala de aula. Não sabe o trabalho que dá disciplinar uma turma. E o professor tem várias turmas.O senhor jornalista não sabe (embora a ministra deva saber) o enorme trabalho burocrático que recai sobre os professores, a acrescer à planificação e preparação das aulas.O senhor jornalista não sabe (embora devesse saber) o que é ensinar obedecendo a programas baseados em doutrinas pedagógicas pimba, que têm como denominador comum o ódio visceral à História ou à Literatura, às Ciências ou à Filosofia, que substituíram conteúdos por competências, que transformaram a escola em lugar de recreio, tudo certificado por um Ministério em que impera a ignorância e a incompetência.O senhor jornalista falta à verdade quando alude ao «flagelo do absentismo dos professores, sem paralelo em nenhum outro sector de actividade, público ou privado». Tal falsidade já foi desmentida com números e por mais de uma vez. Além do que, em nenhuma outra profissão, um simples atraso de 10 minutos significa uma falta imediata.O senhor jornalista não sabe (embora a ministra tenha obrigação de saber) o que é chegar a uma turma que se não conhece, para substituir uma professora que está a ser operada e ouvir os alunos gritarem contra aquela «filha da puta» que, segundo eles, pouco ou nada veio acrescentar ao trabalho pedagógico que vinha a ser desenvolvido. O senhor jornalista não imagina o que é leccionar turmas em que um aluno tem fome, outro é portador de hepatite, um terceiro chega tarde porque a mãe não o acordou (embora receba o rendimento mínimo nacional para pôr o filho a pé e colocá-lo na escola), um quarto é portador de uma arma branca com que está a ameaçar os colegas. Não imagina (ou não quer imaginar) o que é leccionar quando a miséria cresce nas famílias, pois «em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão». O senhor jornalista não tem sequer a sensibilidade para se por no lugar dos professores e professoras insultados e até agredidos, em resultado de um clima de indisciplina que cresceu com as aulas de substituição, nos moldes em que estão a ser concretizadas.O senhor jornalista não percebe a sensação que se tem em perder tempo, fazendo uma coisa que pedagogicamente não serve para nada, a não ser para fazer crescer a indisciplina, para cansar e dificultar cada vez mais o estudo sério do professor. Quando, no caso da signatária, até podia continuar a ocupar esse tempo com a investigação em áreas e temas que interessam ao país.O senhor jornalista recria um novo conceito de justiça. Não castiga o delinquente, mas faz o justo pagar pelo pecador, neste caso o geral dos professores penalizados pela falta dum colega. Aliás, o senhor jornalista insulta os professores, todos os professores, uma casta corporativa com privilégios que ninguém conhece e que não quer trabalhar, fazendo as tais aulas de substituição.O senhor jornalista insulta, ainda, todos os médicos acusando-os de passar atestados, em regra falsos. E tal como o Ministério, num estranho regresso ao passado, o senhor jornalista passa por cima da lei, neste caso o antigo Estatuto da Carreira Docente, que mandava pagar as aulas de substituição.Aparentemente, o propósito do jornalista Miguel Sousa Tavares não era discutir com seriedade. Era sim (do alto da sua arrogância e prosápia) provocar os professores, os médicos e até os juízes, três castas corporativas. Tudo com o propósito de levar a água ao moinho da política neoliberal do governo, neste caso do Ministério da Educação.Dalila Cabrita Mateus, professora, doutora em História Moderna e Contemporânea».

Novo Sinal de Trânsito

A paixão pela educação


Francisco José Viegas, Escritor
A"paixão pela educação", manifestada por António Guterres, revelou-se um dos grandes embustes políticos da época. Periodicamente, uma série de sociólogos e de especialistas em "mentalidades" vem lembrar-nos que o nosso problema é a educação e a necessidade - nunca satisfeita, afinal - de investir na educação. A actual ministra da educação tomou algumas medidas para disciplinar a vida das escolas e torná-las menos dependentes das arbitrariedades dos sindicatos e do corporativismo dos professores. No entanto, aquilo que seria um conjunto de medidas necessárias e urgentes acabou por transformar-se na criação de um clima de arrogância em que os professores passaram a ser publicamente apontados como responsáveis por tudo o que acontecia de mau nas escolas. A peregrina e estapafúrdia ideia de permitir que os pais e encarregados de educação possam funcionar como instâncias de avaliação da qualidade dos professores (entretanto abandonada) não passou de populismo de pacotilha. O problema é que o próprio ministério não tem a coragem de avaliar os professores. Expliquemos. Desde os anos setenta que o Ministério da Educação tem sido ciclicamente invadido por técnicos que se acham investidos de uma luminosa presciência para educar o povo - impondo modelos pedagógicos e científicos (na matemática como no ensino da História ou da Língua) conforme a sua vontade de experimentar e de mudar, mas vivendo na impunidade e na quase inimputabilidade. Muitos desses técnicos estão afastados do mundo real das escolas há muitos anos, circulando de seminário em seminário, de congresso em congresso, certamente munidos de muito boa-vontade, mas ignorando que a boa-vontade não é um instrumento generoso quando se trata de educação. Seria, aliás, muito útil saber quanto o Estado despendeu, nos últimos anos, em "reformas pedagógicas" incompletas e inconsequentes e na sucessivamente chamada "inovação pedagógica" ou "curricular". E, paralelamente, o que sobra dessas experiências, cujas vítimas são, em primeiro lugar, os alunos do básico e do secundário e, depois, os próprios professores que vivem parte do seu tempo de trabalho ocupados a interpretar o "eduquês" das senhoras e dos senhores técnicos do Ministério da Educação, distribuído por inenarráveis documentos que aparentemente são escritos em português e que, virtualmente, talvez falem de educação e de ensino. Recomendo que os interessados visitem os "sites" do Ministério e leiam, com atenção, os documentos teóricos sobre pedagogia, ensino da Língua e da Matemática - e que, se sobreviverem, entrem nos domínios reservados pelas associações de professores dessas matérias. Um dos exemplos desse temperamento estapafúrdio é a TLEBS, uma experiência do génio de alguns técnicos de linguística, deixados à solta pelos corredores e gabinetes do Ministério, autorizados a tratar a Língua Portuguesa como coisa sua, cometendo dislates na maior impunidade - e recebendo as críticas com uma arrogância que lembrava os velhíssimos lentes quando confrontados com a irrelevância dos seus conhecimentos e o abuso do seu poder. Quando oiço o primeiro-ministro apresentar o QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) e os seus fundos como uma oportunidade para valorizar a educação, temo estarmos a cair num erro crasso o de pensar-se que a educação precisa apenas de mais investimento e de mais dinheiro. Não. O problema não é dinheiro. É também juízo e exigência. Infelizmente, o Ministério da Educação, depois de "meter na ordem os professores", não parece querer meter-se a si mesmo na ordem. A demora a reagir no caso da TLEBS é um exemplo de como o Ministério, que enfrentou com facilidade o corporativismo sindical, tem agora receio de enfrentar o corporativismo ideológico que mina os seus corredores. E esse será o principal obstáculo ao investimento na educação.

Manifesto: juristas defendem vida desde a concepção



Jorge Miranda , Marcelo Rebelo de Sousa e Germano Marques da Silva são três dos cerca de 40 subscritores do manifesto pelo ‘Não’Cerca de 40 professores das Faculdades de Direito subscrevem um manifesto pelo ‘não’ ao referendo sobre o aborto. Jorge Miranda, Marcelo Rebelo de Sousa e Germano Marques da Silva são alguns dos subscritores do documento que destaca um fundamento “básico e incontestável: A inviolabilidade da vida humana a partir do momento da concepção, o que hoje não é posto em causa nem pela Medicina nem pelo Direito”, consideram

Para os subscritores, “o carácter inviolável da vida humana resulta do artigo 24.º, n.º 1, da Constitui- ção da República e do Direito Internacional dos Direitos do Homem, ao qual Portugal se vinculou”.Também contra a despenalização do aborto, o movimento ‘Diz que não’ anunciou ontem que vai associar-se à organização Ajuda de Berço, com o projecto ‘Mulher Merece Mais’, para mostrar que a solução para o aborto está na ajuda às mães e aos seus filhos. Sandra Anastácia, presidente da Ajuda de Berço, explicou que o trabalho do movimento ‘Diz que não’ vai passar pela recolha de bens até ao dia do referendo, 11 de Fevereiro, e considerou que é da sociedade civil que devem nascer forças que “apoiem verdadeiramente a família e as crianças”. O CM mostra-lhe os argumentos de figuras públicas a favor e contra a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas.PORQUE NÃO: "PORQUE FERE UM BEBÉ" (Isilda Pegado, Federação pela Vida)“Porque o aborto fere um bebé [de morte], fere uma mulher/mãe, fere um pai, uma família e fere uma nação. Porque é dizer não à liberalização do aborto.” PORQUE SIM: "SOFRIMENTO ADICIONAL" (Rui Pereira, Professor de Direito)“A punição da mulher grávida que aborte nas primeiras dez semanas não é a melhor forma de defender a vida intra-uterina e cria um sofrimento adicional.”

ODE MARÍTIMA

Casa d´Os Dias da Água estreia «Ode Marítima» dia 25


O monólogo «Ode Marítima» estará em cena na Casa d´Os Dias da Água, em Lisboa, entre 25 de Janeiro e 4 de Fevereiro. O actor João Miguel Garcia sobe ao palco de terça-feira a domingo, às 21:30 horas.

Encenada por Alberto Lopes, a peça não segue a regra do texto teatral, cabendo ao actor «dar corpo às palavras, revelando os seus sentidos».
Sem personagens e sem acção, «Ode Marítima» é um texto com uma estética implícita e intensa, misturando a relação entre ideia e expressão.


22-01-2007 12:12:00

domingo, janeiro 21, 2007

Manuais com nova terminologia suspensos


Lusa 2007-01-17

O Ministério da Educação mandou suspender os novos manuais para a disciplina de Português do 8.º ano já adaptados à nova Terminologia Linguística do Ensino Básico e Secundário.
De acordo com o Diário de Notícias, a decisão de suspender, pelo menos por um ano, os novos manuais foi comunicada às duas principais associações de editores de manuais.Fontes da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e da União de Editores Portugueses (UEP) confirmaram que a decisão de suspender os manuais de Português está relacionada com a Terminologia Linguística do Ensino Básico e Secundário (TLEBS), cuja aplicação está ainda por definir.Contudo, o assessor de imprensa do Ministério da Educação negou que a suspensão esteja apenas relacionada com a nova terminologia gramatical.Segundo esta fonte, além da nova gramática está a ser desenvolvido um processo de avaliação mais amplo na disciplina de Português, que inclui aspectos como o número de aulas no Ensino Básico e os hábitos de leitura.Envolta em polémica, a nova terminologia, aprovada pelo Ministério da Educação (ME) no final de 2004, começou este ano a ser leccionada de forma generalizada, para já no 3.º, 5.º e 7.º anos, devendo abranger todo o sistema de ensino em 2009, com o objectivo de uniformizar os termos gramaticais ensinados na escola.O director-geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, Luís Capucha afirmou no início do mês que a nova lista de termos "tem deficiências", tendo sido suspensa, para já, a generalização a todo o Ensino Básico e Secundário, por não haver "neste momento" uma formação suficiente dos professores.Em declarações à agência Lusa, José Nunes, o primeiro subscritor de uma petição online para a suspensão da experiência, afirmou, contudo, que não foi emitida qualquer portaria a suspender a TLEBS, mantendo-se, por isso, nos estabelecimentos de ensino a introdução dos conteúdos experimentais, que garante estarem " cheios de erros científicos".

Substituição de professores alvo de críticas


FNE e FENPROF alegam que o processo conduzido pelas escolas nos concursos para substituição de professores é burocrático e demorado e querem que seja restabelecido o recurso à lista nacional de graduação.
«O Ministério da Educação está a provocar uma grande confusão nas escolas e angústia nos professores». A afirmação é feita num comunicado divulgado pela Federação Nacional de Professores (FENPROF) e justifica-se pelo fim das colocações cíclicas no final do 1.º período.Até aqui todo o processo era conduzido pelo Ministério da Educação. Um professor de baixa ou licença de maternidade, por exemplo, era substituído pelo docente desempregado com a graduação mais elevada, recorrendo à lista nacional de graduação. Desde o início deste mês, são as próprias escolas que têm que assegurar estas substituições através da contratação directa, com anúncios na imprensa e na Internet.A alteração está já a provocar dificuldades em diversas escolas do País. A FENPROF aponta como exemplos os casos da EB 2,3 da Mealhada, em que surgiram mais de 700 candidatos para um horário, ou do Agrupamento de Escolas de Taveiro, em Coimbra, onde surgiram mais de 300 candidaturas para uma substituição num jardim de infância.A análise das centenas de candidaturas obriga os estabelecimentos de ensino a uma sobrecarga de trabalho que, defende a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), seria "dispensável se pudessem continuar a recorrer ao processo das colocações cíclicas".Mas este não será o único problema. De acordo com a FNE, este procedimento está a decorrer sem qualquer uniformidade de actuação entre as escolas, nomeadamente no que respeita aos documentos a apresentar para a candidatura e ainda à sua forma de apresentação. Algumas escolas estarão a exigir que a candidatura seja apresentada em impressos que apenas se obtêm na secretaria da própria escola, enquanto que outros estabelecimentos de ensino exigem o envio de currículos dos candidatos apenas em suporte de papel. A FENPROF garante que esta decisão "está a consumir recursos humanos, recursos materiais e recursos financeiros das escolas sem que tal se justificasse", salientando que são os alunos os principais prejudicados pela morosidade do processo. Os sindicatos exigem que seja restabelecido, por parte do Ministério da Educação, o recurso à lista nacional de graduação como referencial para as colocações para que o recrutamento de docentes volte a respeitar a ordem existente e para que se possa voltar a simplificar todo o processo.

Mudanças em vigor a partir de sábado


Estatuto dos professores publicado em DR

Última Hora
2007-01-19 - 15:33:00
O novo Estatuto da Carreira de Docente (ECD) foi esta sexta-feira publicado em Diário da República (DR), entrando sábado em vigor as alterações introduzidas na actividade de cerca de 180 mil professores e que causaram, nos últimos meses, diversos protestos contra o Ministério da Educação.


A principal mudança, e mais polémica, contemplada no diploma diz respeito à divisão da carreira em duas categorias (professor e professor titular), com quotas estabelecidas para subir de escalão e aceder à segunda e mais elevada.O exame de ingresso na carreira e a avaliação de desempenho, dependente de critérios como a observação de aulas e as taxas de insucesso e abandono escolar do alunos, são outros dos temas que têm criado atritos entre o Ministério e os sindicatos do sector, e que ficam consagrados a partir de hoje, com a publicação do documento em Diário da República.

Professores de Educação Física no 1º ciclo em Tomar estão sem receber desde Outubro

19 Jan 2007, 15:36h
O Mirante on line
Os professores contratados pelo Ginásio Clube de Tomar para as actividades extra-curriculares nas escolas do 1º ciclo do concelho, protocolizadas com a autarquia, estão sem receber desde de Outubro. A notícia foi confirmada a O MIRANTE por Filipe Fernandes, coordenador técnico do Ginásio, que garante, no entanto, que os professores já tinham sido avisados de que haveria atrasos. Segundo o técnico, a dívida aos 9 docentes ultrapassa os 5 mil euros, no entanto, Filipe Fernandes revela que a situação deverá estar resolvida a partir da próxima Segunda-feira. Para fazer face à situação, o Ginásio Clube chegou mesmo a adiantar uma pequena verba a cada um dos professores no Natal, de forma a tornar menos difícil a época de festas.
Um dos professores que está sem receber desde Outubro, confirmou a O MIRANTE, que já tinha sido avisado sobre os atrasos no pagamento, mas nunca pensou “que fosse tanto tempo”. O docente acrescenta que apesar de não estar em causa a sua sobrevivência, a situação é no mínimo, “desagradável”.
Paulo Arsénio, coordenador educativo do Médio Tejo, garante, entretanto, que a primeira tranche de pagamentos realizada pelo Ministério da Educação já foi entregue a todas as instituições que gerem as actividades extra-curriculares no 1º ciclo, como aulas de inglês, música, informática ou educação física. Questionado sobre os atrasos nos pagamentos, o responsável sublinha que “independentemente de receber ou não, as entidades quando fazem contratos, devem ter nos seus orçamentos as verbas para pagar os serviços”.
Apesar de tentar várias vezes, ainda não foi possível a O MIRANTE obter esclarecimentos por parte da Câmara de Tomar.