quinta-feira, maio 17, 2007

Ponte de Sor: Ministra lança primeira pedra de escola, sindicatos protestam

16 de Maio, 20:17

Ponte de Sor, Portalegre, 16 Mai (Lusa) - A ministra da Educação, Maria José Rodrigues, lançou hoje em Ponte de Sor a primeira pedra da nova Escola Básica e Integrada e recebeu a Medalha de Mérito da cidade, sob protestos da União de Sindicatos do Norte Alentejano.
Os alunos queixaram-se à ministra das instalações da escola, que dizem ser "velha e sem condições, principalmente as casas de banho", e perguntaram a Maria José Rodrigues se com o novo edifício "vai haver mais segurança para as crianças", uma questão que ficou sem resposta.
As actuais instalações escolares, que não permitem a colocação de aquecimento central, e com o telhado em zinco, é frequentado por cerca de 350 alunos.
Mesmo assim os docentes fizeram questão de mostrar a Maria José Rodrigues que há aulas ministradas em quadros digitais e projectos inovadores.
O edifício antigo e "sem condições" vai ser totalmente demolido e as obras, no valor de 1,5 milhões de euros, devem arrancar em Novembro e prolongar-se por 12 meses.
à entrada do cine-teatro, um grupo de manifestantes da União de Sindicatos do Norte Alentejano, afectos à CGTP- IN, contestava as posições da ministra e afirmava que o lançamento de uma nova escola é positivo, mas que se trata "apenas um rebuçado amargo com um lindo embrulho".
No final da visita, a Câmara Municipal de Ponte de Sor condecorou a ministra da Educação com a Medalha de Mérito da Cidade - grau ouro, "pelo projecto de modernização das escolas e pelo contributo dado na organização e qualidade do ensino, com relevância para o 1º ciclo, nomeadamente com a introdução das actividades de enriquecimento curricular".
Maria José Rodrigues recebeu a distinção "com gosto", mas disse querer repartir o prémio com todos aqueles que com ela partilham a actual "política educativa".
JLR.
Lusa/Fim

quarta-feira, maio 16, 2007

Cyber-bullying não conhece fronteiras


Por Edgar Macedo
As notícias de casos relacionados com cyber-bullying alargam-se por vários países, sendo que alguns governos já avançaram com medidas para travar o problema.


O caso mais grave relacionado com cyber-bullying registou-se nos Estados Unidos em 2003. O jovem Ryan Patrick Halligan, de 13 anos de idade, foi durante meses alvo de um boato posto a circular on-line sobre a sua orientação sexual. Após receber constantemente mensagens de colegas a acusarem-no de ser gay o jovem suicidou-se.
O seu pai, John Halligan, iniciou a partir daí uma cruzada para a elaboração de leis contra o cyber-bullying entre os adolescentes. Em Vermont, onde o caso aconteceu, as escolas estão obrigadas a afixarem políticas contra o fenómeno, algo que se prepara para ser seguido nos estados de Oregon, Rhode Island e Washington.
O governo britânico também já veio a público manifestar preocupação sobre o assunto, com o secretário de estado da educação, Alan Johnson, a defender que as empresas fornecedores de Internet «têm a responsabilidade e obrigação moral de agir».
Alan Johnson pediu aos responsáveis pelos sites de partilha de vídeos para darem ao cyber-bullying o mesmo tratamento que é dados aos filmes de cariz pornográfico, ou seja barrar o acesso.
No Canadá, um liceu católico suspendeu no passado mês de Fevereiro onze alunos por terem criado na rede social «Facebook» o grupo «McMahon ... Grinch of School Spirit» onde publicavam comentários insultuosos e humilhantes sobre o director.
O caso repete-se na Europa onde, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo jornal «Guardian», 17 por cento dos professores no Reino Unido confessaram que já foram vítimas de cyber-bullying.
Em Espanha, no final de 2006, a polícia das Canárias revelou receber um número cada vez maior de queixas relacionadas com o tema, situando-se numa média de 12 por mês. Os motivos, na maioria das vezes, relacionam-se com imagens de cariz sexual enviadas pela Internet e que pouco tempo depois acabam a circular pela escola.
Conselhos para fugir ao problema
Existem algumas organizações que divulgam conselhos e dão apoio nos casos de cyber-bullying. O site «Websafe Crackers» aponta alguns passos a seguir, entre os quais constam não responder às mensagens, registar num diário o dia e a hora a que ocorreram, guardar os textos numa pasta no computador, tirar um «print screen» e depois apresentar esses dados a um pai ou professor.
Em Espanha existe um ponto de auxílio às vítimas de bullying através da «linha de ayuda contra el acoso escolar», da responsabilidade de uma organização não governamental que actua na área da segurança infantil nas tecnologias de informação, a «Protegeles».

Autoridades alheias ao cyber-bullying


A tecnologia já é a nova arma do bullying. A humilhação e intimidação sobre colegas e professores fazem-se agora através do telemóvel, da Internet, do MSN e do e-mail. O fenómeno, denominado cyber-bullying, tem crescido a um ritmo acelerado nos últimos anos e já chegou a Portugal. No entanto, as entidades nacionais parecem ainda “pouco preocupadas


Amália Marques é doutorada pela Faculdade de Motricidade Humana e integrou a equipa portuguesa que estudou o bullying nas escolas num projecto a nível europeu.
Actualmente a dar aulas de Educação Física a alunos do 2º ciclo do Ensino Básico, constata que o cyber-bullying«começa a aparecer» em Portugal, sendo no entanto «menos comum que o bullying físico».
Seguindo a tendência que se tem verificado em vários países, também em Portugal os professores não escapam ao problema. «As situações mais comuns com docentes são de alunos que gravam as aulas nos leitores de mp3 e depois nos corredores gozam com a voz do professor, ou descontextualizam as frases», afirma Amália Marques.
A maioria dos casos verificam-se entre os alunos, sendo que muitas vezes os pais não chegam a saber o que aconteceu pois os filhos têm receio que, se contarem, a consequência seja ficarem sem acesso à Internet.
Como forma de enfrentar o problema, Amália Marques aponta a necessidade de os pais estarem «muito atentos ao que os filhos andam a fazer na web», defendendo, contudo, que não se deve ser «polícia dos filhos». «É necessário controlar, não proibir», afirma.
Em oposição ao bullying físico, que tem um rosto e caracteriza-se por ser o mais forte contra o mais fraco, na Internet muitas vezes o agressor esconde-se no anonimato, não sendo possível conhecer as suas características. «Não é possível traçar um perfil», explica.
Apesar da dimensão preocupante e global do fenómeno, provocando medidas de governos e autoridades em vários países, as entidades nacionais parecem algo “despreocupadas” com o problema. Logo à partida, não são conhecidos dados relativamente ao problema embora se saiba que o fenómeno já chegou.
Contactado pelo SOL, o Ministério da Educação preferiu não dar qualquer resposta às questões que colocámos sobre o problema. Já a Associação Nacional de Professores revelou que conhece o fenómeno mas referiu não ter queixas oficiais registadas.

Ministra reforça humanísticas


O Ministério da Educação (ME) anunciou ontem que vai reforçar a carga horária de várias disciplinas do Ensino Secundário, já a partir do próximo ano lectivo, para aumentar as vertentes prática e experimental dos cursos científico-humanísticos.Em comunicado, o ME salienta que este reforço "visa uma maior eficiência na formação científica dos alunos e a clarificação e simplificação curricular nos cursos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais". De acordo com a tutela, a partir do ano lectivo de 2007/08 é criado o curso de Línguas e Humanidades, por junção dos de Ciências Humanas e Sociais e de Línguas e Literaturas. As novas matrizes dos currículos destes cursos, que o ministério irá aprovar através de um Decreto-Lei, surgem depois de um conjunto de recomendações feitas pelo Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário (GAAIRES). O relatório, divulgado no final de Fevereiro, sugeria o aumento da carga horária naqueles cursos em um tempo lectivo semanal de 90 minutos, recomendação associada à extinção da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação enquanto obrigatória no 10º ano. "Reforça-se também a carga horária em várias disciplinas para viabilizar as respectivas componentes prática e experimental", limita-se a anunciar o ME, em comunicado, sem indicar de que disciplinas se trata. A Agência Lusa contactou o Ministério da Educação para obter mais esclarecimentos sobre as alterações a estes cursos, mas tal não foi possível em tempo útil. O documento do GAAIRES alertava para a diminuição do número de alunos no curso de Línguas e Literaturas, com apenas 859 estudantes inscritos no 12º ano este ano lectivo, enquanto no 10º ano o número de matriculas passou de 1.440 em 2004/05 para 581 em 2006/07.


Balanço do ano lectivo



Relatório da Inspecção-Geral de Educação divulga análise sobre a organização do ano lectivo em curso. O balanço é positivo mas revela incumprimentos.
O trabalho levado a cabo pela Inspecção-Geral de Educação tinha como objectivo analisar a organização das unidades de gestão, identificar as situações de conformidade e de desvio aos normativos em vigor, avaliar a racionalidade e a eficácia na gestão dos recursos disponíveis e garantir boas práticas na gestão de recursos. Para a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, o relatório hoje apresentado traça um retrato positivo. A redução do número de escolas do 1.º ciclo com menos de 10 alunos, o aumento de estabelecimentos escolares a funcionarem até às 17h30 e o acréscimo do número de escolas com serviço de refeições são alguns dos factores enunciados que fazem com que a ministra acredite que «as políticas educativas estão a ter resultados positivos». Apesar de se ter vindo a assistir a uma progressiva consolidação do conceito de «escola a tempo inteiro» e de se ter verificado, de 2005/2006 para 2006/2007, um crescimento da oferta de actividades de animação e apoio à família para as crianças da educação pré-escolar, (65% para 72%) a verdade é que, segundo os dados divulgados pela Inspecção-Geral de Educação, 22% dos jardins-de-infância intervencionados encerravam antes das 17h30 e 26,1% estavam abertos menos de oito horas diárias. Em 29 estabelecimentos detectou-se ainda que não tinha sido correctamente definido o início e o fim das actividades educativas.Já no 1.º ciclo do Ensino Básico, 2,6% das escolas intervencionadas funcionavam em regime duplo injustificadamente e 11,4% escolas encerravam igualmente antes das 17h30, sendo que 180 (12,2%) também estavam abertas menos de oito horas diárias. Em 9,6% dos estabelecimentos de ensino não existia quaisquer actividades de enriquecimento do currículo. Apesar destes dados, o relatório garante que houve um significativo aumento de escolas que oferecem estas actividades aos alunos - de 67% para 90%.No que respeita ao horário para as refeições, verificou-se, de 2005/2006 para 2006/2007, uma significativa redução das turmas que não respeitavam o intervalo definido para o almoço nos respectivos horários. Contudo, essa situação persiste em 3,5% e 5,1% dos estabelecimentos de ensino do 2.º e 3.º ciclos respectivamente. A situação já observada em 2005/2006 relativa ao desrespeito do intervalo de, pelo menos, 1 hora após o período definido para o almoço, para a prática da Educação Física também se mantém. Esta é, aliás, uma situação que se repete nos diferentes graus de ensino. De acordo com os dados divulgados, das 7317 turmas do 2.º e 3.º ciclos e Ensino Secundário, 306 (4,2%) não respeitavam o intervalo para almoço e 103 (1,4%) não respeitavam o intervalo de uma hora, após o intervalo para o almoço, para a prática da Educação Física.A Inspecção denuncia ainda que cerca de 15% das escolas dos ensinos Básico e Secundário não tinham definido critérios para a constituição de turmas, oscilando esta percentagem entre 18,2% no 1.º ciclo e 12,4% no 2.º. Do 1.º ao 3.º ciclos foram detectadas cerca de 150 turmas com mais ou menos alunos do que o previsto na legislação e das 5622 turmas do 2.º e 3.º ciclos, 776 (13,8%) tinham mais de quatro blocos no mesmo dia e 51 (0,9%) tinham "furos" no horário. Contudo, segundo dados do relatório, esta é uma situação que tem vindo a ser reduzida.Mas os incumprimentos detectados atingem também os horários dos professores. Dos 11 064 horários dos docentes do 2.º e 3.º ciclos e Ensino Secundário, constituindo uma amostra representativa dos horários docentes das unidades de gestão intervencionadas, 254 (2,3%) tinham horas extraordinárias não marcadas, 190 (1,7%) não tinham as horas da componente não lectiva registadas, 190 (1,7%) não marcavam as horas supervenientes e 12 (0,1%) tinham mais de seis tempos consecutivos.Dos 16 669 grupos/disciplina constituídos no Ensino Secundário, 323 (1,9%) eram irregulares, sendo 119 do 10.º ano. Segundo o relatório, os 323 grupos irregulares geraram 282 horas docentes «evitáveis», correspondentes a 12 horários docentes completos. Em relação ao serviço docente do 2.º e 3.º ciclos e Ensino Secundário, foram atribuídas horas extraordinárias a 27 horários com redução da componente lectiva ao abrigo do art.º 79.º do Estatuto da Carreira Docente e a docentes de grupos com insuficiência de tempos lectivos ou horários "zero", originando 52 horas extraordinárias «evitáveis».Apesar de terem sido sujeitos a uma significativa redução face ao ano lectivo anterior (20% para 2,2%), o relatório chama ainda a atenção para os semanários/horários, que, na sua elaboração, não respeitam os critérios definidos pelo Conselho Pedagógico.Dos 6663 movimentos de colocação de professores, por destacamento, afectação e contratação, 35 não respeitavam os preceitos legais.O relatório agora apresentado repete-se todos os anos. Foi realizado com base numa amostra de 312 unidades de gestão face a um universo de 1260.Versão integral do relatório em: http://www.ige.min-edu.pt/upload/docs/OAL_REL_INTEGRAL%202006_2007.pdf

Maioria dos cursos adaptados em 2007/2008


Lusa 2007-05-15

No próximo ano lectivo, cerca de 90% das licenciaturas e mestrados em Portugal estarão adaptados às regras de Bolonha.
Os dados foram avançados pelo Ministério do Ensino Superior e serão apresentados no debate sobre os resultados da implementação do processo de Bolonha a nível europeu, a decorrer esta semana em Londres, na reunião bianual dos ministros do Ensino Superior dos 45 países que aderiram ao Processo de Bolonha.De acordo com a nota, no ano lectivo em curso, 2006/2007, cerca de 38% da oferta de 1.º e 2.º ciclos de estudos (respectivamente, licenciaturas e mestrados) estão a ser oferecidos de acordo com as regras introduzidas no âmbito do Processo de Bolonha, estando previsto que mais cerca de 50% dessa oferta seja oferecida no próximo ano lectivo de 2007/2008. Ficarão apenas cerca de 12% da oferta de 1.º e 2.º ciclos para adaptação em 2008/2009. A adequação dos programas deve ser feita até ao final desse ano lectivo, uma vez que em 2009/2010 todos os ciclos de estudos devem já estar organizados de acordo com o processo europeu de Bolonha.Para o Ministério de Mariano Gago, "Portugal registou durante o último ano progressos significativos na concretização do processo de Bolonha no Ensino Superior, mostrando hoje um desempenho considerável face ao processo em curso em toda a Europa para a modernização da oferta educativa e dos padrões de mobilidade de estudantes no espaço europeu".Em números concretos, estão actualmente a funcionar 820 cursos que foram adequados a Bolonha e 282 novos cursos criados especificamente no âmbito deste programa europeu. No próximo ano lectivo, entrarão em funcionamento mais 842 cursos adaptados e 366 novos.Feitas as contas, no próximo ano lectivo, as instituições de Ensino Superior terão para oferecer aos estudantes um total de 1662 cursos "antigos" adaptados a Bolonha e 648 novos cursos criados de raiz.Contudo, os pedidos que deram entrada na Direcção-Geral do Ensino Superior para 2006/2007 e 2007/2008 excedem em muito os que foram autorizados e registados por aquele organismo: 2068 pedidos para adequação e 1666 para novos cursos.Adicionalmente, todos os estudantes graduados em 2007 já receberão um Suplemento de Diploma de acordo com as regras de Bolonha, emitido em português e em inglês e correspondendo ao formato europeu.Além disso, cerca de 70% dos programas oferecidos em universidades públicas já aplica o regime europeu de créditos (ECTS), assim como 60% dos institutos politécnicos públicos.Entre os privados, esse regime é aplicado por 99% das universidades e 70% dos politécnicos.A mobilização das instituições portuguesas e da comunidade académica na adequação ao Processo de Bolonha foi recentemente analisada no âmbito de um inquérito conduzido pela Comissão de Acompanhamento do Processo de Bolonha, com o apoio da Direcção-Geral do Ensino Superior.Este processo foi desenvolvido durante o último ano na sequência da publicação pelo Governo, no início de 2006, de três diplomas que regulamentaram as alterações à Lei de Bases do Sistema Educativo decorrentes da aplicação do Processo de Bolonha no sistema de ensino superior português.Esses diplomas consistem no regime jurídico dos graus e diplomas de ensino superior, regime jurídico dos cursos de especialização tecnológica, e regime especial de acesso ao Ensino Superior para maiores de 23 anos.

Novas alterações no Secundário


O Ministério da Educação pretende reforçar a vertente prática e experimental dos cursos científico-humanísticos e a formação científica dos alunos. As modificações entrarão em vigor já no próximo ano lectivo.
O Ministério da Educação (ME) anunciou que vai reforçar a carga horária de várias disciplinas do Ensino Secundário já a partir do próximo ano lectivo, para aumentar as vertentes prática e experimental dos cursos científico-humanísticos.Em comunicado, a tutela salienta que este reforço "visa uma maior eficiência na formação científica dos alunos e a clarificação e simplificação curricular nos cursos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais".Nesse sentido, o ME afirma que pretende reforçar a carga horária em várias disciplinas para viabilizar as respectivas componentes prática e experimental, sem indicar, no entanto, de que disciplinas se tratam.A partir do ano lectivo de 2007/2008, e de acordo com as novas directrizes do ME, está também prevista a criação do novo curso de Línguas e Humanidades, por junção dos de Ciências Humanas e Sociais e de Línguas e Literaturas.Entre os reajustamentos pretendidos está o início de duas disciplinas bienais na componente de formação específica no 10.º ano e a frequência de duas optativas anuais no 12.º, uma das quais obrigatoriamente ligada à natureza do curso.As novas matrizes dos currículos destes cursos surgem no seguimento das recomendações feitas pelo Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário (GAAIRES).A avaliação detectou um conjunto de constrangimentos, designadamente na operacionalização da componente prática e experimental das disciplinas científicas e artísticas, além de uma excessiva flexibilização dos percursos formativos. O documento alertava ainda para a diminuição do número de alunos no curso de Línguas e Literaturas, com apenas 859 estudantes inscritos no 12.º ano este ano lectivo, enquanto no 10.º ano o número de matrículas passou de 1440 em 2004/2005 para 581 em 2006/2007.O relatório divulgado em Fevereiro sugeria então o aumento da carga horária naqueles cursos para um tempo lectivo semanal de 90 minutos, recomendação associada à extinção da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação enquanto obrigatória no 10.º ano.Com estas medidas, o ME espera conseguir solucionar os constrangimentos verificados pelo GAAIRES. As directrizes terão de ser aprovadas através de um decreto-lei; entretanto, segundo o comunicado, foi já solicitado parecer ao Conselho Nacional de Educação

Professores de Matemática acusam ministra

Por Andreia Felix Coelho

A Associação de Professores de Matemática está descontente com as afirmações da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que associou os resultados dos exames do 9.º ano ao desempenho das escolas
«Pela primeira vez, o país associará os resultados não apenas à performance dos alunos, mas também ao trabalho das escolas dos professores, para o melhor e para o pior» disse a ministra na semana passada.
Em comunicado emitido hoje, a APM considera que esta afirmação foi dirigida ao trabalho no âmbito do Plano Nacional da Matemática, lançado em Maio do ano passado, e afirma discordar desta ideia.
A associação defende que não se pode ter um «discurso excessivamente centrado sobre os resultados esperados com a realização dos projectos nas escolas, porque há muitos aspectos da aprendizagem que não são mensuráveis».
A associação fala ainda de «factores, alheio ao sistema educativo, que influenciam as aprendizagens dos alunos». A APM acusa ainda a tutela de ter atrasado os apoios que havia prometido.
«O ano lectivo começou sem as escolas terem informação sobre a aprovação dos seus planos», denuncia o comunicado.
andreia.coelho@sol.pt

Governo aprova decreto-lei sobre avaliação dos manuais escolares

O Conselho de Ministros aprovou no dia 10 de Maio o Decreto-Lei que regulamenta a Lei n.º 47/2006, de 28 de Agosto, que define o regime de avaliação, certificação e adopção dos manuais escolares do Ensino Básico e do Ensino Secundário, bem como os princípios e objectivos a que deve obedecer o apoio sócio-educativo relativamente à aquisição e empréstimo de manuais escolares. Com este diploma pretende-se, assim, que seja garantida a conformidade dos manuais escolares com os objectivos e conteúdo dos programas e orientações curriculares, promovendo a elevação do seu nível científico-pedagógico e proporcionando às famílias formas de utilização dos livros menos dispendiosas. ME

“Isto anda ao deus-dará, para ver quem é o mais esperto”

Rejeita tratar a Matemática à parte, «como se fosse um assunto extraterrestre», dizendo que os maus resultados à disciplina resultam de problemas gerais do sistema educativo. João Queiró, professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra, lamenta, ainda, que, face à quebra de procura dos cursos de ciências e engenharias, algumas instituições do ensino superior retirem a disciplina dos critérios de acessoDiário de Coimbra – A Matemática é daquelas áreas que as pessoas quase parecem ter orgulho em dizer que não gostam ou não percebem.João Filipe Queiró – É um cliché associado à Matemática dizer isso. Mas eu nunca encontrei ninguém que o afirmasse explicitamente. Coisa diferente é saber se as pessoas têm grande gosto pela Matemática, ou se tiveram grande sucesso. Não acho que a Matemática tenha um lugar especial nos problemas do sistema educativo.DC – É das disciplinas onde, todos os anos, há piores resultados.JFQ – Mas tratar a Matemática à parte, como se fosse um assunto extraterrestre, tem o efeito de esconder que vários dos problemas que se prendem com a disciplina resultam de problemas gerais do sistema educativo. A especificidade da Matemática é ser a construção de um edifício. É o seu carácter sequencial, cumulativo.DC – Ou seja, exige um esforço diário do aluno.JFQ – Todas exigem, mas este carácter cumulativo é mais pronunciado na Matemática do que noutras disciplinas. Uma falha localizada, num certo capítulo da História ou da Geografia, ou de uma disciplina de Ciências Naturais, não prejudica tanto o edifício.DC – Esse mal resulta de uma postura cultural, de evitar o que é difícil e dá trabalho, ou também se pode apontar o dedo ao ensino: aos professores?JFQ – Há quem o diga, que é uma questão cultural, se ca-lhar até genética. Mas é especulativo ir por esse caminho. Prefiro falar de aspectos sobre os quais se poderia intervir. E eu ponho à cabeça o ambiente geral no qual a escola está imersa. A indisciplina escolar é um fenómeno grave, que todos os professores observam nas escolas portuguesas, ao qual não é dado o devido relevo, e que é tudo menos conducente a um estudo e uma aprendizagem serenas.DC – Mas isso para todas as disciplinas.JFQ – Eu prefiro concentrar--me nos problemas gerais, para não dizer que a Matemática é um problema específico. A indisciplina, dizia, resulta da desvalorização do conhecimento que há em Portugal. Há estudos que sugerem que os portugueses não sabem muito eque não querem saber muito. Depois, a timidez educativa em Portugal, a dúvida que já se estendeu aos próprios professores sobre o interesse disto tudo... Porquê tentar impor seja o que for? Ensinar qualquer coisa é uma imposição.DC – Concorda com a teoria de que não se deve ser demasiado exaustivo nas avaliações, porque o estudante tem de ter gosto para aprender?JFQ – Há que perceber que a escola, com o que significa de pôr duas ou três dezenas de jovens numa sala, com um adulto a falar de assuntos que não são da experiência directa desses jovens, tem algo de anti-natural. Uma criança “posta à solta”, se lhe derem a escolher entre um campo com uma bola, e uma sala onde vai estar sentada uma hora a ouvir um adulto, essa criança não hesita.DC – Mas a vida é assim. As crianças têm de aprender coisas de que não gostam.JFQ – Essa frase é chave. A vida é assim, é feita de constrangimentos, de coisas que, de vez em quando, nós fazemos contrariados. Mas há algum pensamento que, face às dificuldades escolares, acha que a questão do gosto e das tendências da criança deve prevalecer sobre o resto. O que é muito mau.DC – Não será perverso?JFQ – Pode ser muito perverso. Mesmo que fique na sala de aula, pode representar que a criança não aprenda. Muitas vezes, estas coisas, de dizer que o aluno deve chegar lá por si, parecem plausíveis, mas, depois, a aplicação disso na prática tem efeitos terríveis, de uma enorme dissolução de ambientes de aprendizagem. Outra dificuldade grande são os professores. Coexistem os bem formados, em boas universidades, sérias, com outros, formados por instituições que não têm os mesmos padrões. Um problema que existe, seguramente, há 20 anos em Portugal é a falta de vigilância e controlo do ensino superior. No caso dos professores, o principal empregador é o Ministério da Educação, que recruta pela nota de licenciatura. Se a faculdade de dar a nota se entrega a ins-tituições não credíveis, isto tem os efeitos que se pode imaginar e que aconteceram. Ao longo dos anos 90, e princípios já desta década, o Estado contratou muitos professores com uma formação deficiente.DC – Daí que se venha, agora, propor um exame de acesso à carreira. JFQ – Não só. Também esta agência de acreditação e avaliação do ensino superior, que vem regular a qualidade de todos os cursos.DC – Mas deve, ou não, apontar-se o dedo ao ensino, pelo insucesso na Matemática?JFQ – Há más orientações nos programas e nas metodologias para os cumprir. Um constituinte essencial da Matemática é o rigor: do raciocínio, da prova, da dedução. E isso tem sido progressivamente desvalorizado, o que tem um efeito dissolvente, porque a Matemática não é uma lista de factos desconexos.DC – Por a Matemática ser assim, não se justificaria torná-la obrigatória em todos os currículos escolares e não apenas nos ramos ditos científicos?JFQ – Essa pergunta leva a uma questão política muito difícil: de saber quais são as disciplinas que todos devem estudar e até onde. Isto tem provocado enormes tensões no sistema educativo português. Há quem sustente que no secundário toda a gente deve ter Matemática. E há quem ache que isso má ideia, até porque há muitos alunos que escolhem a sua via pelo simples facto de não haver lá Matemática.DC – Não faria sentido, por isso mesmo, insistir na disciplina até ao final do secundário? Para que as escolhas no ensino superior não fossem de recurso e dessem mais saídas profissionais.JFQ – Há uma quebra global nacional de procura dos cursos de ciências e engenharias, porque a base de recrutamento para esses cursos é, normalmente, a Matemática, a Física e a Química. Há instituições de ensino superior em Portugal, que, por causa disto, retiram a Matemática das disciplinas de acesso. De novo, Estado e governos vêem a situação e não fazem nada. Isto anda ao deus--dará, para ver quem é o mais esperto. Quem sai prejudicado, em primeiro lugar, é o país. Em segundo, as instituições que tentam ser sérias.

A VIDA AOS 10 ANOS ... O QUE MUDOU ENTRE DUAS GERAÇÕES

GERAÇÃO HEIDI
Têm hoje 30 anos, ou à volta disso. Chamavam-se Anas Tudo (especialmente Cristina, Paula, Filipa, Rita ou Sofia). As outras eram Carla, Sandra ou Sónia. Os rapazes eram João Tudo (especialmente Pedro, Nuno ou Paulo) ou Luís Miguel.
Muitas mães eram domésticas, e levantavam-se mais cedo para enfiarem almôndegas à força nos termos da escola. As que não eram, andavam muito ocupadas nas manifestações e davam dinheiro para comer na cantina.
Principal preocupação dos pais: que os filhos dessem em doutores.
Pequeno-almoço: papa de qualquer coisa, se possível com leite gordo e muito açúcar, ou então café com leite. Lanche: uma carcaça mole ensopada de doce de morango ou marmelada. Comida da cantina: carne assada com massa, frango com massa, bife com massa e jardineira.
Levava-se para a escola: uma mochila verde tipo tropa com fechos de cabedal que encaracolavam no segundo dia e com inscrições dos grupos favoritos: Duran Duran, Spandau Ballet ... havia uma régua espetada nos dias das aulas de desenho. Pesavam toneladas. Não se conseguia encontrar os livros escolares. Estavam sempre esgotados porque eram os mesmos para toda a gente. Havia quem os forrasse para passarem para o irmão mais novo no ano seguinte.
Na papelaria da esquina comprava-se uma embalagem de marcadores, 1 afia, 1 borracha, 1 esquadro e era suposto que desse para todo o ano. Na ginástica, usava-se sapatilhas brancas e fatos de treino azuis-escuros, encarnados ou verdes com uma risca branca e uns fechos muito desconfortáveis que faziam uma marreca à frente. E andava-se com aquilo o dia todo.
Nas aulas:faziam-se cadernos de autógrafos a dizer: "Nas ondas do teu cabelo, ensinaste-me a nadar / Agora que estás careca, ensina-me a patinar". Passavam-se papelinhos.
Nas férias: Iam para a casa dos avós ou eram deixados à balda.
Vestia-se aquilo que viesse a mão. Blusas verde-eléctrico com golas de bico, calças de bombazine com joalheiras. As meninas podiam ter aplicações de malmequeres de pano, vestiam saias de pregas sem nenhuma forma e sapatos rasos com lacinhos. Ambos: Pullovers às riscas, camisolas tricotadas pelas mães dois números acima, kispos (que deveriam durar quatro anos, no mínimo), galochas amarelas e botas caneleiras. Não havia Zara. Era normal ser-se muito feio com 10 anos. Trocavam-se cromos das Maravilhas da Natureza, da Kate Greenaway ou da caderneta do Benfica.
Em casa brincava-se: às bonecas, aos carrinhos e com os bonecos dos estrunfes. Jogava-se ao jogo da Glória e ao Monopolio. Batia-se nos irmãos. Com os amigos, andava-se de skate, jogava-se ao elástico, o bate-pé e ao quarto-escuro. Alguns ficavam na rua a tarde toda a jogar à bola e a andar de bicicleta.
Lia-se: "A Condessa de Segur", os "Cinco", as "Gémeas no Colégio de Santa Clara" e a Patricia. A Mónica, a Mafaldinha e o Asterix. Os rapazes liam o Michel Vaillant.
Na televisão via-se a "Abelha Maia", a "Água Viva" e o Espaco 1999" (em reposição continua), O Vasco Granja com desenhos animados checoslovacos que ensinavam a atravessar a rua, a Pantera cor-de-rosa e o professor Baltazar. Aos domingos, o Julio Isidro, o "Sítio do picapau amarelo", "Dallas, o "Homem da Atlântida", os "Marretas" e os "Anjos de Charlie".
No cinema:"7 noivas para 7 irmaos", a "Sissi", "ET", a "Música no coração" pela 2934848 vez, e "Os malucos" em outras fases da sua existência.
Ídolos: O Chalana, os Queen, Duran Duran, Bruce Springsteen, Bryan Adams, Sheena Easton e Bob Geldof.
O que se vai recordar: esfregar a sola dos sapatos novos no passeio. A bola da comida de termo no prato. Verdade ou consequência. Os Porcos no Espaço. A tiara de lata da Supermulher, as barbatanas entre os dedos do Patrick Duffy. Os pacotes de rebuçados.

GERAÇÃO POKEMON

Têm hoje 10 anos, ou à volta disso. Chamam-se Joana, Inês e Filipa. Ou, então, Mariana, Marta, Madalena ou Rita, sem falar na Cátia e na Vanessa, claro. Os rapazes são André, Tiago, Bernando, Fábio ou Marco.
As mães trabalham até às oite da noite, passam duas horas paradas no tabuleiro da ponte a ouvir a Rádio Nostalgia ou a pensar na vida e sabem que descongelar é uma arte.
Principal preocupação dos pais: que os filhos não dêem em drogados.
Pequeno almoço: qualquer coisa que tenha crocante, chocolate e brinde escrito no mesmo pacote.Lanche: donuts, batatas fritas, tiras de milho frito ou snacks de chocolate.Comida da cantina: carne assada com massa, frango com massa e bife com massa.
Levam para a escola uma mochila de rodinhas. Ou, então, mochilas impermeáveis de marca, pretas ou azuis-escuras. Continuam a pesar toneladas.
Em Setembro vão ao corredor do hipermercado que diz "Regresso às Aulas" e compram milhares de canetas, aguarelas e lápis de cêra. Têm coisas sofisticadíssimas dentro do estojo, principalmente as meninas: borrachas com cheiro a tangerina, elásticos e fitas de cabelo, autocolantes minúsculos e pulseiras. Na ginástica, as meninas vestem tops e calças de lycra. Os rapazes, calções. Ambos: ténis com sola fluorescente e que não digam "Made in Indonesia".
Nas aulas: jogam Gameboy e mandam mensagens pelo telemóvel.
Nas férias:vão para campos de férias moer o juízo dos animadores ou passam 15 dias em Inglaterra a estudar Inglês. Os mais sortudos vão para casa de um amigo.
Ambos vestem calças e sweat-shirts com t-shirts por baixo, e ténis de camurça. As meninas usam brincos, pulseiras, borboletas autocolantes para espetar no pescoço, molas, ganchos, malinhas, gel fluorescente. Há calças especiais para meninas, mais justas em cima. Todos os anos (algumas todos os dias) têm roupa nova. Não é suposto andarem andrajosos, nem no recreio. Conhecem as tendências internacionais. Há marcas que usam e outras que só por cima do seu cadáver. Dois anos depois, tornam-se dread.
Trocam-se cartas do Pokemon e brindes dos pacotes de batatas fritas. Quem pode, joga computador e fala num chat da Internet até às quatro da manhã, vê-se televisão. Bate-se nos irmãos (é bom ver que algumas coisas não mudam). Nunca se brinca na rua porque se pode ser raptado por um pedofilo. O tempo que não se está na escola, está-se no inglês, na natação, no taekwondo, no kickboxing ou, então, em casa a olhar para o ar.
Lêem:a colecção "Uma aventura" e outros autores portugueses. Os "Arrepios". "O clube das Amigas". Os mais intelectuais já se atiraram ao Harry Potter.
Na televisão vêem:tudo o que os adultos vêem. Filmes de terror e desenhos animados (às vezes são a mesma coisa). O "Ranger do Texas", o "Querido Professor", o "Zip Zap" e os programas de videoclips. Há quem ainda veja o "Batatoon" por saudades, embora não confesse, e quem tem TV cabo ainda vê o Cartoon Network e o Panda. Muitos têm toneladas de cassetes com filmes da Disney.
No cinema vêem:"O professor chanfrado", "Missão impossível", e tudo o que tenha um carro a perseguir um camião (os rapazes) e Tom Cruise a perseguir quem quer que seja (as meninas). Ofendem-se quando os querem levar aos desenhos animados, embora depois gostem.
Ídolos:o Figo, os Anjos, o d´Arrasar, O Miguel e o André. Tambem há a Britney Spears e a Jennifer Lopez, os Backstreet Boys e todas as bandas de adolescentes que pareçam agricultores suecos do seculo XVIII.
O que se vai recordar:ainda não se sabe. Embora alguns falem no cheiro dos ténis do irmão.

Filosofia num impasse


Depois da suspensão do exame nacional de Filosofia, encontra-se a decorrer uma petição para o regresso da prova e para o alargamento da oferta da disciplina no Ensino Secundário.
Não havendo exame nacional de Filosofia nem no âmbito da formação específica (12.º ano) nem no âmbito da formação geral (10.º/11.º anos), e de acordo com o quadro legal instituído, deixa de ser possível utilizar a Filosofia como critério para o acesso ao Ensino Superior, inclusive para os próprios cursos de Filosofia.Para Maria Filomena Molder, coordenadora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a situação actual não faz qualquer sentido. Todos os cursos do Ensino Superior que requisitavam Filosofia como prova de ingresso deixaram de o poder fazer, o que, segundo esta responsável, "veio perturbar e mesmo desfigurar a relação entre o Ensino Secundário e o Ensino Universitário".Já a Associação de Professores de Filosofia (APF) considera "lamentável o facto de as aprendizagens em Filosofia terem deixado de ser objecto de avaliação externa", sublinhando que deveria haver um exame nacional que aproveitasse a presença da disciplina no currículo do Ensino Secundário como condição de acesso a cursos do Ensino Superior. Apesar de tudo, não receiam o fim da Filosofia no Secundário, até porque, asseguram, nos contactos que têm mantido com o Ministério da Educação (ME) tem sido garantido que não só não se pretende acabar com a disciplina no Ensino Secundário como "se reconhece a sua valência e se pretende valorizá-la".Alice Santos e Luís Vilela, ambos docentes de Filosofia, não estão de acordo com a extinção do exame e não compreendem a opção da tutela. Para Alice Santos, a Filosofia está "muito subtilmente a perder espaço", temendo que a médio prazo seja posta em risco a obrigatoriedade da disciplina no 10.º e 11.º anos.A Filosofia "é um espaço de diálogo e discussão, exercício de actividade argumentativa que não se encontra noutras disciplinas", garante Alice Santos. Com "importância vital não só por si mas também pelas suas características", acrescenta Luís Vilela, a Filosofia desenvolve capacidades argumentativas, de leitura, análise textual, clarificação e fundamentação de ideias. "Os alunos necessitam disso. Gostam disso", sublinha Luísa Almeida, docente na mesma escola.Por tudo isto, Luís Vilela acredita que muitos pais poderão vir a assinar a petição que está a decorrer e que contém duas pretensões: alargar a oferta da disciplina de Filosofia a todos os cursos científico-humanísticos do 12.º ano e reintroduzir o exame nacional de Filosofia do 10.º/11.º anos para efeitos quer de conclusão do Secundário, quer de ingresso no Ensino Superior.Luísa Almeida defende que "não está em causa qualquer tipo de corporativismo" mas sim o reconhecimento da importância da Filosofia. Até ao momento já decorreram vários debates com figuras de diferentes áreas profissionais e a petição já foi assinada por diversas personalidades, entre as quais António Barreto, António Dias de Figueiredo, Carlos Fiolhais, Daniel Sampaio, Guilherme Valente, João Lopes Alves, José Pacheco Pereira e Nuno Crato. A iniciativa continua a receber apoios diariamente e a petição vai continuar aberta até que as pretensões sejam atendidas pela tutela.Também para a Sociedade Portuguesa de Filosofia a causa para estas medidas do ME continua a ser um mistério porque, dizem, "os vários responsáveis no Ministério nunca deram uma explicação científica e curricularmente fundamentada para estas decisões".Segundo António Paulo Costa, da SPF, a verdade é que apesar de o Ministério se socorrer de argumentos segundo os quais a Filosofia teria agora mais "espaço" do que nunca, a disciplina está "manifestamente a perder espaço no Ensino Secundário". Para além da supressão do exame nacional de Filosofia, o responsável lamenta a "quase inexistência de oferta de formação" na área por iniciativa do ME."Um sistema de ensino que ignore ou desvalorize o papel decisivo de disciplinas como a Filosofia no seu seio promove o aparecimento de cidadãos mais indiferentes e menos participativos, de pessoas mais acríticas e menos capazes de pensar por si", sublinha o responsável da SPF.Por isso mesmo, garante, o próximo passo terá de ser dado pela tutela, que "não pode continuar a ignorar aquilo que lhe é solicitado em uníssono pela comunidade filosófica e por cidadãos que há muito perceberam que o desenvolvimento do país não pode ser feito atalhando na ciência, na cultura, na arte ou na Filosofia".

35 professores concorrem ao Prémio Nacional


Dos mais de 150 mil docentes portugueses, apenas 35 são candidatos ao Prémio Nacional do Professor, lançado pelo Governo para distinguir os profissionais que se distinguem de forma excepcional no ensino.
Segundo o regulamento do Prémio Nacional do Professor, lançado em Janeiro, cabia aos conselhos executivos e às associações profissionais de professores propor os candidatos ao galardão, que podiam igualmente ser indicados por, pelo menos, 50 docentes do mesmo agrupamento de escola ou do mesmo grupo disciplinar.Os professores, individualmente, não podiam concorrer, impedimento que poderá justificar o reduzido número de candidaturas, inferior a 0,1% do universo de docentes em Portugal.O desenvolvimento do ensino experimental e da criatividade, a diminuição do insucesso e abandono escolares, a colaboração com os pais para a inclusão de alunos que se encontrem numa situação social problemática e a contribuição para a melhoria de funcionamento da escola são alguns dos critérios para a atribuição do prémio, no valor de 25 mil euros, cuja primeira edição deverá ocorrer em Dezembro deste ano.Além deste galardão, foram lançadas outras quatro distinções de mérito, nomeadamente o prémio "Carreira", "Integração" (destinado a docentes que dêem particular atenção às necessidades de alunos de diferentes culturas e com diferentes ritmos de aprendizagem), "Inovação" (dirigido a professores que introduzam métodos inovadores), e "Liderança" (que pretende reconhecer o trabalho a nível da coordenação e gestão da escola).A estas quatro distinções, que não estão associadas a qualquer valor económico, mas à atribuição de diplomas e oferta de visitas de estudo a escolas no estrangeiro, foram apresentadas 30 candidaturas.O júri presidido pelo psiquiatra Daniel Sampaio e composto por outras seis personalidades, entre as quais o reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, e o ex-ministro da Educação Roberto Carneiro, irá analisar um total de 65 candidaturas até ao final de Outubro.De acordo com o Ministério da Educação, 53 das 65 propostas foram subscritas por conselhos executivos, enquanto 11 candidatos foram apresentados por um conjunto de 50 ou mais colegas de escola e um promovido por uma associação profissional de docentes.Os candidatos são, maioritariamente, professores do 3.º ciclo do Ensino Básico e do Secundário, existindo ainda 12 candidaturas referentes a docentes do 2.º ciclo, cinco ao 1.º ciclo e apenas três ao ensino pré-escolar e à educação especial.Entre as 65 candidaturas aos cinco prémios, só duas são de professores do ensino privado.A criação do Prémio Nacional dos Professores foi anunciada em Setembro do ano passado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, que classificou a iniciativa como "um sinal claro de que o Governo deseja fazer um apelo a toda a comunidade educativa para que melhore e evolua, para assim servir melhor os alunos".

O Ministério da Educação instalou em todas as escolas um atendedor automático de chamadas de forma a ajudar todos os encarregados de educação nos contactos com o estabelecimento, encaminhando a chamada para a pessoa certa!

- Para mentir sobre a justificação das faltas do seu filho, tecla 1
- Para inventar uma desculpa sobre porque é que o seu filho não fez o seu trabalho de casa, tecla 2
- Para se queixar sobre o que nós fazemos, tecla 3
- Para insultar os professores, tecla 4
- Para saber por que razão não recebeu determinada informação que já estava referida no boletim informativo ou em diversos documentos que lhe enviámos, tecla 5
- Se quiser que lhe criemos o seu filho/educando, tecla 6
- Se quiser agarrar, tocar, esbofetear ou agredir alguém, tecla 7
- Para pedir um professor novo, pela terceira vez este ano, tecla 8
- Para se queixar dos transportes escolares, tecla 9
- Para se queixar dos almoços fornecidos pela escola, tecla 0
- Se já compreendeu que este é o mundo real e que o seu filho/educando deve ser responsabilizada e responsável pelo seu comportamento, pelo seu trabalho na aula, pelos seus tpcs, e que a culpa da falta de esforço do seu filho/educando não é culpa do professor, desligue e tenha um bom dia!

Ministério da Educação vai reforçar carga horária da vertente prática no Secundário

O ministério da Educação anunciou hoje que vai reforçar a carga horária de várias disciplinas do Ensino Secundário já a partir do próximo ano lectivo, para aumentar as vertentes prática e experimental dos cursos científico-humanísticos.
Em comunicado, o ministério salienta que este reforço "visa uma maior eficiência na formação científica dos alunos e a clarificação e simplificação curricular nos cursos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais. A partir do ano lectivo de 2007/08 é criado o curso de Línguas e Humanidades, por junção dos de Ciências Humanas e Sociais e de Línguas e Literaturas. As novas matrizes dos currículos destes cursos, que o ministério irá aprovar através de um Decreto-Lei, surgem depois de um conjunto de recomendações feitas pelo Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário (GAAIRES). O relatório, divulgado no final de Fevereiro, sugeria o aumento da carga horária naqueles cursos em um tempo lectivo semanal de 90 minutos, recomendação associada à extinção da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação enquanto obrigatória no 10º ano. "Reforça-se também a carga horária em várias disciplinas para viabilizar as respectivas componentes prática e experimental", limita-se a anunciar o ministério, em comunicado, sem indicar de que disciplinas se tratam. O documento do GAAIRES alertava para a diminuição do número de alunos no curso de Línguas e Literaturas, com apenas 859 estudantes inscritos no 12º ano este ano lectivo, enquanto no 10º ano o número de matrículas passou de 1440 em 2004/05 para 581 em 2006/07.

Irregularidades na gestão de professores custam cerca de um milhão de euros ao Estado

As irregularidades na gestão e distribuição de serviço aos professores custam anualmente ao Estado cerca de um milhão de euros, de acordo com um relatório da Inspecção-Geral da Educação (IGE), hoje divulgado.
Segundo o documento, as situações de incumprimento detectadas este ano lectivo, como o pagamento de horas extraordinárias irregulares, representam um custo que ascende a 906 mil euros, um valor semelhante ao investimento na rede de bibliotecas escolares e superior às verbas atribuídas para o desenvolvimento de projectos e conteúdos educativos multimédia.Os horários indevidamente ocupados por professores contratados, que este ano custaram ao Ministério da Educação cerca de 330 mil euros, e os indevidamente ocupados por docentes destacados, que custaram aproximadamente 338 mil, constituem as irregularidades mais dispendiosas.Já as chamadas "horas evitáveis" representaram um custo de 192 mil euros, enquanto as horas extraordinárias irregulares (pagas a professores que não as podem fazer por beneficiarem de uma redução do horário em função do número de anos de serviço) custaram 44 mil euros.No total, as irregularidades registadas por uma requisição indevida das escolas ou por uma actuação indevida dos serviços da tutela custaram quase um milhão de euros, uma verba que, apesar de significativa, corresponde a menos de 0,1 por cento das despesas globais do Ministério da Educação com pessoal. Segundo o Orçamento de Estado de 2007 para a Educação, as despesas com pessoal representam 4.677 milhões de euros, menos 343 milhões do que no ano passado.Apesar desta diminuição, a despesa com pessoal representa ainda 80,4 por cento do orçamento total do sector.