quinta-feira, novembro 23, 2006

Carta distribuída na região Norte
Professores explicam hoje oposição ao novo Estatuto da Carreira Docente
22.11.2006 - 11h52 Lusa

Dirigentes do Sindicato dos Professores da Zona Norte iniciaram esta manhã, em diversas localidades da região, a distribuição de uma carta para explicar à população os motivos pelos quais não aceitam o Estatuto da Carreira Docente (ECD).
A iniciativa é organizada pelo Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN), no âmbito da Plataforma Sindical, que reúne 14 sindicatos do sector.Na carta à população, a plataforma rejeita o que considera ser "a tentativa do Ministério da Educação de pôr de fora da profissão mais de 25 mil professores, num país com tão elevados défices educativos" e acrescenta que os professores "estão dispostos a usar todos os meios legais, nacionais e internacionais, para impedir a aprovação ou a entrada em vigor do ECD".No mesmo documento, o SPZN também diz que os professores estão agora a ser culpabilizados por políticas para a educação mal conduzidas ao longo de anos."Os professores não são os culpados pelo insucesso e abandono escolar, pelo mau funcionamento das escolas, pela baixa qualificação dos portugueses, estão sim, a ser os bodes expiatórios de anos sucessivos de políticas educativas erradas e desajustadas", indica o sindicato na carta aos cidadãos. Por outro lado, os professores exigem que "o mérito profissional daqueles que trabalham seja reconhecido" e não aceitam que o Ministério da Educação queira "impor quotas para a atribuição das classificações mais elevadas ou vagas para acesso aos escalões do topo da carreira"."Contrariamente à ideia que o Ministério da Educação tenta fazer passar na opinião pública, os educadores e professores, também eles pais e mães, querem ser avaliados, de uma forma justa, exigente e rigorosa", explica o sindicato no documento.Em declarações à rádio TSF, o presidente do Sindicato dos Professores da Zona Norte, João Dias da Silva, explicou que a estrutura que dirige quer "que o estatuto da carreira docente seja um documento que atraia as pessoas e não as afaste"."Não queremos que os bons profissionais se vão embora", frisou.A distribuição da carta decorre ao longo de todo o dia em diversas localidades da região Norte. No Porto, os professores estiveram concentrados nas estações do metro da Casa da Música e da Trindade. A polémica negociação de revisão do ECD mantém-se sem o acordo dos sindicatos, que prometem novas formas de luta, nomeadamente com acções para verificar a constitucionalidade do diploma apresentado pelo Ministério da Educação.João Dias da Silva considerou ainda que "o espaço da negociação não deve ser abandonado. É preciso que o ministério da Educação amplie o seu esforço de aproximação em relação aos sindicatos"."Nas últimas reuniões, em aspectos menos relevantes, o ministério aproximou-se de algumas posições sindicais. Mas naquilo que e a reestruturação da carreira não houve qualquer cedência desde o inicio das negociações", sublinhou.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Milagre de Mundo
Marta Rangel 2006-11-22

Dyvosvit ou "Milagre de Mundo" é o nome de uma escola criada pela comunidade ucraniana há quase dois anos. Para que os seus hábitos e cultura não sejam esquecidos, reúnem-se ali, todas as semanas, 14 professores e 150 crianças.

Ao sábado é dia de descanso, pelo menos para as crianças. Mas não há regra sem excepção. E mesmo após cinco dias de aulas nas escolas portuguesas, os meninos e meninas da comunidade ucraniana ainda têm vontade de estudar.

"O nosso ensino é muito difícil", explica Olesya Nazarenko, directora da escola. "Não quero dizer que nós somos os melhores do mundo, mas na Ucrânia temos, desde pequeninos, um método de aprendizagem muito exigente. Desde os 3 anos eles aprendem poesia e inglês."

Na Dyvosvit lecciona-se desde o ensino pré-escolar ao 10.º ano. Catorze professores dão aulas de Geografia, História, Música, Educação Física, Química, Biologia, Matemática, Álgebra, Geometria, entre outras. Todos os professores procuram ser exigentes e, em vez de reclamarem ou demonstrarem cansaço, a maioria das crianças reage bem: "Eles andam na escola portuguesa durante a semana e têm trabalhos de casa. Nós, aqui, também mandamos muitos trabalhos de casa e 90% dos alunos fazem tudo".

O entusiasmo, tanto de professores como crianças, é visível. Durante o período de aulas, reina um silêncio exemplar. Pouco ou nenhum movimento é registado nos corredores. Assim que a campainha toca para o intervalo, os alunos comportam-se como crianças e adolescentes que são: correm, saltam, brincam, jogam à bola, vêem se o telemóvel recebeu alguma chamada ou mensagem... Mas, assim que se volta a ouvir o toque de entrada, correm de novo para o interior das salas. Numa fracção de segundos. Não existem idas de última hora à casa de banho, ninguém fica no bar a acabar de comer e muito menos no corredor a brincar. Ao que tudo indica, correm por gosto.

Na Dyvosvit, a exigência tem razão de existir. Procura-se ensinar todas as disciplinas existentes nas escolas da Ucrânia de forma que seja possível pedir equivalência quando as famílias quiserem regressar ao país de origem. Segundo Olesya Nazarenko, já houve tentativas de tornar esta escola legal, mas, até à data, "ainda não houve resposta do Ministério".

Em Portugal, a escola Dyvosvit já recebeu apoio do Alto-Comissariado para a Emigração e Minorias Étnicas (ACIME) do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). "Nós enviámos um pedido para eles nos darem algum dinheiro para comprar livros, mapas e outras coisas para a escola", explica a directora. Apesar de todos os professores serem voluntários, manter aberta uma escola ao sábado comporta algumas despesas: para além de ser preciso pagar renda, existem também uma enfermeira e um porteiro ali presentes que, naturalmente, recebem ordenado. Feitas as contas, Olesya aponta uma estimativa: "Ainda não sei ao certo o valor deste ano, mas deve ser mais de 500 ou 600 euros." A escola Dyvosvit optou por não ter uma propina fixa porque o mais importante, neste momento, é pagar as despesas. O valor total é simplesmente divido por todos os pais.

A escola foi criada em Março de 2005 a pedido de várias famílias. Tal como explica Olesya, a passagem de tantos ucranianos por Portugal pode ser transitória, por isso, há que fazer com que as crianças não esqueçam as suas origens: "Nós estamos aqui para ganhar dinheiro e, um dia, temos de voltar para o nosso país. Mas, tal como todas as outras nacionalidades, nós também queremos que os nossos filhos saibam, para toda a vida, a nossa língua materna, a nossa cultura e as nossas tradições." Com a vontade de vários professores e o apoio de duas associações (a Associação dos Ucranianos em Portugal e a associação SOBOR) começaram com, apenas, 17 alunos. Hoje são 150 e, segundo a directora, "a cada dia entra mais algum".

As famílias vieram para Portugal à procura de melhores condições de vida. Olesya Nazarenko quando chegou, há seis anos, nem sequer conhecia a língua ou as leis do país. Veio com o marido e a filha, ainda bebé. Arranjou trabalho num armazém de uma fábrica, onde ainda trabalha, mas confessa que passa "a semana toda a pensar nas aulas" que vai dar no sábado.

"Porque isto é mesmo nosso" - justifica a directora da Dyvosvit. "No início, éramos tão poucos dos países de Leste", recorda. "Mas, agora, já temos associações, programas na rádio, um jornal, a comunidade, esta escola... coisas que nunca pensámos ter!". Por isso, Olesya não pensa em regressar à Ucrânia: "A minha filha anda na escola portuguesa desde o princípio. Não quero voltar para a Ucrânia e obrigá-la a fazer essa deslocação. Mesmo para a cabecinha dela. Eu quero que ela continue aqui até ao 12.º ano, aprenda e escolha uma profissão. Se estivesse a correr mal aqui, eu voltava, mas como está a correr bem... Nós já conseguimos construir um sítio para nós como deve de ser e, se voltássemos à Ucrânia, tínhamos de começar tudo de novo. Para mim não quero. E acho que as minhas colegas também estão aqui muito bem."

Daqui para a frente, só pensam no futuro em Portugal. A escola Dyvosvit já mudou algumas vezes de instalações. Agora, funciona na Escola Pedro de Santarém, em Benfica. Se tudo correr bem, depois de obter autorização da escola, Olesya Nazarenko gostaria de abrir aulas de ucraniano para portugueses. Até porque, na sua própria casa, já vive com ‘uma portuguesa': "A minha filha já pensa como uma portuguesa, não pensa como um ucraniano. Não sei como explicar a diferença, mas eu noto" - conta, entre risos. "As minhas sobrinhas têm outro pensamento. São os mesmos assuntos, mas vêem-nos de maneira diferente. Mesmo na maneira de viver."
Alunos novamente em protesto
Lusa 2006-11-22


Os protestos que os alunos realizam hoje contra as aulas de substituição foram decididos em dois encontros de associações estudantis nos últimos dias.


Os protestos de hoje surgem menos de uma semana depois dos realizados a nível nacional na passada quinta-feira, convocados por SMS e pela Internet, que se traduziram em greves às aulas, encerramento de escolas a cadeado e uma manifestação que juntou cerca de 400 alunos em frente ao Ministério da Educação.

O primeiro encontro de associações de estudantes ocorreu na semana passada na Região Norte, envolvendo escolas do Porto, Chaves e Viana do Castelo, tendo ficado decidida a marcha que se realizou hoje na Baixa portuense, disse hoje à Lusa um representante dos alunos.

Na passada segunda-feira, associações de estudantes da região de Lisboa reuniram-se na Escola Secundária Gil Vicente e decidiram associar-se ao protesto já convocado pelas associações do Norte, acrescentou a mesma fonte, que esteve presente neste segundo encontro.

Centenas de alunos de várias escolas da Grande Lisboa, Setúbal, Porto e Coimbra estão hoje em protesto contra as aulas de substituição, exames nacionais do 12.º ano e pela educação social, tal como há cerca de uma semana.
Os alunos das escolas de Setúbal aproveitaram também para contestar a co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira da Arrábida e os alunos de outras escolas aproveitaram para criticar a falta de condições dos estabelecimentos de ensino.

Além das manifestações em frente às escolas, desfiles pelas ruas e concentrações em frente aos governos civis de pelo menos Setúbal e Coimbra, os alunos do Básico e Secundário também convocaram um protesto frente ao Ministério da Educação para esta manhã. Pouco mais de 40 minutos depois da hora marcada estavam reunidos em frente ao edifício do Ministério cerca de cem alunos.
Despacho normativo n.º 15/2006

O despacho n.º 17 064/2005, de 8 de Agosto, estabeleceu o período de transição para conclusão dos cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, até ao ano lectivo de 2008-2009. Verifica-se, no entanto, a existência de um número significativo de alunos abrangidos pelos planos de estudo acima referidos, os quais se encontrem em situação de desigualdade relativamente aos alunos com os currículos instituídos pelo Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, quer pela entrada em vigor dos novos programas a partir de 2003-2004, previstos para um currículo diferente, quer pelo novo modelo de avaliação aplicado a estes últimos alunos. Importa, portanto, agir no sentido da correcção destas situações. Com o presente despacho, visa-se agilizar os mecanismos de conclusão dos planos de estudo em extinção e, em paralelo, racionalizar o sistema de exames nacionais tornando-o mais eficiente e adequado aos objectivos estabelecidos para a avaliação externa no âmbito do ensino secundário, enquanto nível de ensino com identidade própria e percursos diferenciados. Assim, ao abrigo do disposto nos artigos 10.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, e 10.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, determina-se: 1 - Os exames nacionais a realizar no ensino secundário no ano lectivo de 2006-2007 constam do anexo a este despacho, do qual faz parte integrante. 2 - Os alunos internos dos cursos predominantemente orientados para o prosseguimento de estudos regulados pelo Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, que pretendam apenas a conclusão e certificação do curso, podem obter aprovação realizando exames equivalentes a exames nacionais a nível de escola, sendo a classificação final estabelecida de acordo com os n.os 41 e 42 do Despacho Normativo n.º 338/93, de 21 de Outubro, com as alterações introduzidas pelo despacho Normativo n.º 45/96, de 31 de Outubro. 3 - A aprovação pode ainda ser obtida, na qualidade de aluno externo ou autoproposto, pela realização de exames a nível de escola equivalentes a exames nacionais, exames de equivalência à frequência ou ainda exames nacionais, cuja classificação determinará a classificação final da respectiva disciplina. 4 - A aprovação e a classificação final em todas as disciplinas dos cursos tecnológicos regulados pelo Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, são, para os alunos matriculados como internos, definidas de acordo com os n.os 39 e 40 do Despacho Normativo n.º 338/93, de 21 de Outubro, som as alterações introduzidas pelo Despacho Normativo n.º 11/2003, de 3 de Março. A aprovação pode ainda ser obtida pela realização de exames de equivalência à frequência, na qualidade de aluno externo ou autoproposto, cuja classificação determinará a classificação final da respectiva disciplina. 5 - Para efeitos de candidatura ao ensino superior, a certificação dos cursos do ensino secundário acima referidos não dispensa os alunos do cumprimento dos restantes requisitos a que estiverem sujeitos, podendo aqueles realizar os exames nacionais previstos para os cursos criados pelos Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, e Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março. 6 - A aprovação nos exames nacionais, em todos os cursos, permitirá, também, a certificação da respectiva disciplina dos planos de estudo criados pelo Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, desde que esta conste do conjunto de disciplinas afins do anexo I ao despacho n.º 17 064/2005, de 8 de Agosto, com as alterações introduzidas pelo despacho n.º 11 305/2006, de 24 de Maio. 7 - O Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) divulgará junto das escolas e na sua página da Internet até 17 de Dezembro as informações relativas aos exames a realizar. 8 - No ano lectivo de 2006-2007, a título excepcional, os conteúdos programáticos submetidos a exame referem-se aos programas do 12.º ano nas disciplinas expressamente assinaladas no anexo ao presente despacho. 9 - Nos planos de estudo criados pelo Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto, as provas de exame a nível nacional nas disciplinas referidas no anexo II ao despacho n.º 17 064/2005, de 8 de Agosto, incidem sobre os programas que entraram em vigor em 2003-2004. 10 - As disposições constantes do Despacho Normativo n.º 338/93, de 21 de Outubro, são adaptadas ao disposto no presente despacho. 11 - É revogado o ponto 3 do Despacho Normativo n.º 4/2006, de 27 de Janeiro. 12 - O presente despacho aplica-se aos exames a realizar no ano lectivo de 2006-2007. ANEXO 1) Exames nacionais exclusivos dos planos de estudo criados pelo Decreto-Lei n.º 286/89 (12.º ano) 138 Português A. 114 Filosofia (12.º). 615 Física. 602 Biologia. 642 Química. 620 Geologia. 140 Psicologia. 132 Latim. 408 Desenho e Geometria Descritiva A. 2) Exames nacionais comuns aos dois planos de estudo (Decreto-Lei n.º 286/89 e Decreto-Lei n.º 74/2004) 239 Português (ver nota a) (ver nota b)/Português B. 639 Português (ve nota a)/Português B. 635 Matemática A (ver nota a)/Matemática. 623 História A (ver nota a)/História B (ver nota a)/História. 701 Alemão (iniciação) (ver nota a). 747 Espanhol (iniciação) (ver nota a). 817 Francês (continuação) (ver nota a). 850 Inglês (continuação) (ver nota a). 719 Geografia A/Geografia. 712 Economia A/Introdução à Economia. 3) Exames nacionais exclusivos dos planos de estudo criados pelo Decreto-Lei n.º 74/2004 714 Filosofia (10.º/11.º). 715 Física e Química A. 702 Biologia e Geologia. 708 Geometria Descritiva A. 703 Aplicações Informáticas B. 501 Alemão (iniciação - bienal). 547 Espanhol (iniciação - bienal). 517 Francês (continuação - bienal). 550 Inglês (continuação - bienal). 835 Matemática Aplicada às Ciências Sociais. 734 Literatura Portuguesa. 732 Latim A. 706 Desenho A (ver nota a). 724 História da Cultura e das Artes. 735 Matemática B. (nota a) No presente ano lectivo, a título excepcional, o exame refere-se aos conteúdos programáticos do 12.º ano. (nota b) Exame destinado aos alunos com deficiência auditiva de grau severo ou profundo que pretendam candidatar-se ao ensino superior. 18 de Outubro de 2006. - A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Reis Rodrigues.

As dentadas dos professores

Alguns espantam-se com o facto da agenda reformista do Governo encher as ruas de todo o tipo de grupos sociais – professores, alunos, funcionários públicos, empregados dos correios, trabalhadores do metropolitano – sem que essa “instabilidade social” provoque danos visíveis nos índices de popularidade do primeiro ministro.

Pedro Marques Pereira

Se houvesse dúvidas em perceber o fenómeno, os senhores professores tiveram a amabilidade de as esclarecer, numa brilhante aula prática dada por toda a classe. O espírito de cooperação uniu professores de filosofia, mas também os de matemática, os de português, os de inglês e os de geografia. E de que se lembraram eles? De bloquear a capital durante várias horas, ao final do dia de sexta-feira.

Quem tenha, nesse dia, passado hora e meia para regressar ao trabalho depois de uma reunião fora, certamente rejubilaria se, no meio do trânsito, tivesse ouvido na telefonia o Governo anunciar o fim de mais um “direito adquirido” para os senhores professores. Tal como os próprios professores dificilmente controlariam um sorriso se, poucas semanas antes, enquanto esperavam mais de uma hora à chuva por um transporte alternativo ao metropolitano – que estava em greve – tivessem lido no jornal que o Governo pretendia cortar mais custos nos transportes públicos. E, certamente, mesmo muitos professores, aqueles que verdadeiramente dão o que têm, dia após dia, e se vêm ultrapassados pela direita pelos que apenas se preocupam em cumprir anos de serviço, apoiaram Sócrates se, nessa altura, tivessem recebido um telefonema de uma qualquer empresa de sondagens.

O paradoxo das novas batalhas sociais, e que os professores, os funcionários públicos, os trabalhadores do metro e a maioria das classes que têm saído à rua em protesto não percebem, é que para ganharem a guerra precisam que as suas lutas sejam entendidas pelo grosso da população. Pelos milhares de pessoas que praticamente não vêm os filhos – e foram obrigados a passar duas horas no trânsito para os ir buscar ao colégio – porque têm de cumprir objectivos para ter aumentos ou manter o emprego, e que financiam com os seus impostos as progressões automáticas na carreira e outros “direitos adquiridos”.

Não se condena aqui o direito à greve, ao protesto, à indignação, ao que quiserem. Mas enquanto insistirem em morder as mãos que os alimentam, os funcionários públicos – professores incluídos – estão condenados a reforçar o poder que pretendem fragilizar com os seus protestos.

Docentes de todo o País explicam à população as razões do seu descontentamento

Luta dos professores continuaMilhares de professores mobilizam-se hoje em todas as sedes de concelho para dar a conhecer aos portugueses os motivos do seu descontentamento face à revisão do Estatuto da Carreira Docente. Querem “explicar o que se passa” e por que não será possível o acordo com a tutela. Carla TeixeiraO programa de acções previsto pela plataforma sindical de professores no contexto da jornada de luta contra o modo como tem decorrido o processo de negociação da revisão do Estatuto da Carreira Docente conhece novos desenvolvimentos ao longo do dia de hoje, em que milhares de professores de todo o País deverão marcar presença em diversos pontos estratégicos de todas as sedes de concelho, com o objectivo de distribuir à população um documento que “explica o que se passa” com a Educação em Portugal e explana as razões do tão propalado descontentamento da classe face à actuação do Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues em relação a esta matéria. De acordo com Arminda Bragança, que na cidade do Porto coordena a participação da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação e do Sindicato dos Professores da Zona Norte na acção, de âmbito nacional, “não estão previstas ainda novas acções de protesto” contra o novo ECD, mas as 14 estruturas sindicais que compõem a plataforma reúnem-se amanhã, para analisar essa possibilidade, já que, terminada a ronda suplementar de negociações com a tutela, não foi possível chegar a acordo.Acusando o Governo de se ter mostrado “inflexível”, e de ter “imposto” um Estatuto que “não agrada aos professores nem serve o interesse das escolas e dos alunos”, a plataforma sindical pretende agora explicar à generalidade dos portugueses o que está realmente em causa com a aprovação do diploma na versão defendida pelo Executivo. Considerando já infrutífera a luta levada a cabo pelos docentes, Arminda Bragança refere que “todos os esforços estão agora apontados para minimizar os aspectos mais lesivos do diploma, durante a sua regulamentação”, que terá de ser feita nos próximos três meses, porque, avisa, “a pressa de publicar a lei é enorme”. Assim, das 8h30 às 15 horas, os docentes saem à rua para distribuir um documento em que atestam o seu interesse na criação de condições para a dignificação da sua carreira e para um ensino de qualidade. No Porto os professores vão reunir-se junto às estações de caminho-de-ferro de São Bento e da Trindade, na Casa da Música e perto da estação do metro que dá acesso ao El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia.
Onde estão as melhores escolas do mundo?
Aquelas mesmo, mesmo boas, huuum?
As mesmo, mesmo, mesmo boas?
Melhores que as escolas da tua mãe,huum?
As escolas mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, boas, hein?Em...............*Portugal*!!!!!!!!!!!!!!!!
Ora vejamos com atenção o exemplo de uma vulgar turma do 7º ano de escolaridade, ou seja, ensino básico. Ah, é verdade, ensino básico é para toda a gente, melhor dizendo, para os filhos de toda a gente!

DISCIPLINAS / ÁREAS CURRICULARES NÃO DISCIPLINARES

1. Língua Portuguesa
2. História
3. Língua Estrangeira I - Inglês
4. Língua Estrangeira II - Francês
5. Matemática6. Ciências Naturais
7. Físico-Químicas
8. Geografia
9. Educação Física
10. Educação Visual
11. Oferta de Escola : Tapeçaria, Oficina de Artes, ...
12. Educação Visual e Tecnológica
13. Educação Moral R.C. - facultativa, mas está lá para muita gente.
14. Estudo Acompanhado
15. Área Projecto
16. Formação Cívica

*É ISSO - CONTARAM BEM - SÃO 16 ( dezasseis) Carga horária = 36 tempos lectivos.*
Não é o máximo ensinar isto tudo aos filhos de toda esta gente? De todo o Portugal? Somos demais, mesmo bons!

MAS NÃO FICAMOS POR AQUI !!!!

A Escola ainda:
Integra alunos com diferentes tipologias e graus de deficiência, apesar dos professores não terem formação para isso;
Integra alunos com Necessidades Educativas de Carácter Prolongado de toda a espécie e feitio, apesar dos professores não terem formação para isso;
Não pode esquecer os outros alunos, atestado-médico-excluídos" e que também têm enormes dificuldades de aprendizagem;
Integra alunos oriundos de outros países que, por vezes não falam um &%$%$## de Português, ou melhor, nem sequer sabem o que quer dizer &%$%$##;

Tem o dever de criar outras opções para superar dificuldades dos alunos como:

-Currículos Alternativos
- Percursos Escolares Próprio
- Percursos Curriculares Alternativos
- Cursos de Educação e Formação

MAS AINDA HÁ MAIS...
A escola ainda tem o dever de sensibilizar ou formar os alunos nos mais variados domínios:

-Educação sexual
- Prevenção rodoviária
- Promoção da saúde, higiene, boas práticas alimentares,etc.
- Preservação do meio ambiente
- Prevenção da toxicodependência
Etc, etc...
peço desculpa por interromper, mas...
em Portugal são todos órfãos?"(possível interpolação da ministra da educação da Finlândia)
Só se encontra mesmo um único defeito: *Os professores*.
Uma cambada de selvagens e incompetentes que não merecem o que ganha m,trabalham poucas horas, comparem com os alunos, vá, vá comparem.
Têm muitas férias, faltam muito, passam a vida a faltar ao respeito e a agredir os pobres dos alunos, coitados!
Vejam bem que os professores chegam ao cúmulo de exigir aos alunos que tragam todos os dias o material para as aulas, que façam trabalhos de casa, que estejam constantemente atentos e calados na sala de aula, etc e depois ainda ficam aborrecidos por os alunos lhes faltarem ao respeito!!

Olha que há cada uma!

Exma Senhora Ministra da Educação,

Os abaixo-assinados vêm expressar a Vossa Excelência a sua muita preocupação com as consequências negativas que advirão da colocação em funcionamento da anteriormente aprovada Terminologia do Ensino da Língua nos Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). Essa terminologia foi proposta em termos de parcialidade científica e disciplinar, à margem dos especialistas interessados na preservação da Língua como património comunicacional e estético de índole pragmática e criativa, sem discussão pública alargada e, por isso, não permitindo a responsáveis das áreas competentes e a cidadãos em geral medir devidamente os resultados das alterações introduzidas e pronunciarem-se.
Os signatários vêm deste modo solicitar a Vossa Excelência se digne proceder à suspensão imediata da aplicação desse documento e proceder à sua reconsideração, de modo a facultar o debate com vários tipos de especialistas, evitando o tipo de ensino do Português que nele se propõe, de terminologia incorrecta e abstrusa, inadaptável a certos níveis etários e ocasionadora de graves dificuldades de aprendizagem, molestação da Língua, formação de deficientes modelos de pensamento, além do apreciável aumento de custos de material escolar, por tudo isto atingindo também outras disciplinas curriculares, com gravíssimas consequências para o nosso país.

PROMOTORES


· Jorge Moraes Barbosa – Professor Catedrático de Linguística, Universidade de Coimbra;
Decano dos Linguístas em exercício na Universidade Portuguesa
· Maria Alzira Seixo – Professora Catedrática de Literatura, Universidade de Lisboa;
Presidente da Federação Internacional de Línguas e Literaturas Modernas (1999--2002)
· Vasco Graça Moura – Escritor, Prémio Pessoa
· Helena Carvalhão Buescu – Professora Catedrática de Literatura Portuguesa e
Comparada, Universidade de Lisboa
· Eduardo Prado Coelho – Professor Associado de Literatura, Universidade Nova de Lisboa;
Ensaísta
· Maria do Carmo Vieira – Professora do Ensino Secundário, Escola Secundária Marquês de
Pombal
· Manuel Gusmão – Professor Catedrático de Teoria da Literatura, Universidade de Lisboa
· Maria Alice Gomes da Costa – Professora do Ensino Secundário, Escola Secundária D.
Pedro V
· José Saramago – Escritor, Prémio Nobel de Literatura
Lisboa, 20 de Novembro de 2006

terça-feira, novembro 21, 2006


Reconhecimento de competências ao nível do secundário
16 de Novembro de 2006
A operacionalização do Referencial de Competências-Chave ao nível do ensino secundário contribui para a consolidação deste nível de escolaridade como patamar de qualificação dos portugueses, através do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências.
O lançamento do Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos − Nível Secundário constitui um marco decisivo para o aumento da qualificação da população adulta, contribuindo, de forma decisiva, para a consolidação deste nível de escolaridade como patamar de qualificação dos portugueses.
No quadro da União Europeia (UE), Portugal é um dos países que revela mais baixos níveis de qualificação escolar e profissional da população adulta.
Cerca de 3.500.00 dos actuais activos têm um nível de escolaridade inferior ao ensino secundário, 2.600.000 dos quais têm um nível de escolaridade inferior ao 9.º ano; Entre a população mais jovem (18-24 anos), cerca de 485 mil jovens adultos estão a trabalhar sem terem concluído o 12.º ano, 266 mil dos quais sem terem terminado o 9.º ano; Menos de 50 por cento dos jovens adultos (20-24 anos) não concluíram o ensino secundário, enquanto a média da UE se situa acima dos 75 por cento. Para inverter esta situação, a iniciativa Novas Oportunidades estabeleceu uma meta ambiciosa, de acordo com a qual, até 2010, 650 mil adultos deverão passar por um processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), tendo em vista a obtenção de certificação equivalente ao ensino básico ou secundário.
A operacionalização do Referencial de Competências-Chave ao nível do secundário, essencial para atingir a meta definida, ao mesmo tempo que permite o reconhecimento dos saberes e das competências adquiridos ao longo da vida, possibilita o desenvolvimento de processos de formação flexíveis, realizados de acordo com as necessidades pessoais e profissionais de cada adulto.
A partir de Janeiro, cerca de 50 dos 270 Centros RVCC actualmente em funcionamento estarão em condições de avançar com este processo, que se destina a adultos com 18 anos ou mais, com um mínimo de três anos de experiência profissional e que não tenham concluído o ensino secundário.
Tendo em conta o Referencial de Competências-Chave de nível secundário, os candidatos começam por demonstrar as competências que adquiram ao longo da vida, tanto em contexto escolar quanto através da experiência pessoal e profissional, em três áreas de competências-chave: Cidadania e Profissionalidade; Sociedade, Tecnologia e Ciência; Cultura, Língua e Comunicação.
Esta demonstração processa-se com base na construção de um portfólio, onde os adultos explicitam as experiências que consideram significativas para obterem a certificação pretendida.
Consoante a avaliação feita pelos técnicos dos centros e depois de identificadas as lacunas dos candidatos, os adultos podem ter de realizar acções de formação complementar de curta duração, a decorrer no próprio centro ou nalguma entidade associada, ou podem ser encaminhados para um Curso de Educação e Formação (EFA), com a indicação do percurso que devem desenvolver.
Os cursos EFA, organizados por módulos, possibilitam uma resposta flexível, ajustada a cada adulto, permitindo que cada candidato frequente apenas a formação de que necessita.
O processo fica concluído com a apresentação e discussão do portfólio, que deverá demonstrar as competências adquiridas pelo adulto, perante um júri. Se o júri reconhecer essas competências, valida-as e é emitido um certificado equivalente ao ensino secundário.
Este processo enquadra-se no âmbito das recomendações comunitárias relativamente à valorização e validação das aprendizagens adquiridas em diversos contextos, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida.
Para mais informações na página da Direcção-Geral de Formação Vocacional:
O Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos - Nível Secundário; O Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de Adultos - Nível Secundário: Guia de Operacionalização
Depois de um dia inteiro de negociações com o secretário de Estado da Educação, as estruturas sindicais de professores não chegaram a acordo e ameaçam agora jogar a ultima cartada.
Vão recorrer aos órgãos de soberania para impedir que o novo estatuto de carreira docente seja aprovado pelo Governo.
O secretário de Estado da Educação garante que houve alguma aproximação mas não pode abdicar dos princípios que defende.
A única conquista que conseguiram nesta última ronda de negociações foi a promessa de um terço dos professores poder subir ao topo da carreira.
Até entrar em vigor, no início do próximo ano, o novo estatuto da carreira dos professores ainda vai levar muitas voltas.

Segue-se a regulamentação

Estatuto avança mesmo sem acordo

Vítor Mota
As greves custam caro ao bolso dos professores e por isso a luta deve passar por outras iniciativas Ao fim de seis meses de discussão, nada. O Ministério da Educação (ME) e os sindicatos de professores não chegaram a acordo em relação à revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), que deverá entrar em vigor no início de 2007.
“O Ministério não teve sensibilidade em vários pontos, nomeadamente na avaliação passar a ser de três em três anos, nos horários da educação especial ou na avaliação de desempenho”, refere Mário Nogueira. O dirigente da Fenprof – e porta-voz da plataforma de 14 sindicatos – dá como exemplo o caso de um professor que, ao longo da carreira, obtenha uma nota de 6,4 (Regular) e outro que tenha nota dois (Insuficiente). “Vão ter exactamente a mesma penalização, o que não é justo”, considera.
Do encontro de ontem, Mário Nogueira levou a promessa do secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, de que a quota para professores titulares nas escolas seja fixada em um terço dos quadros (a proposta aponta desde o início para que seja até até um terço).
A proposta apresentada ontem aos sindicatos prevê que os docentes possam beneficiar, a partir dos 60 anos, de uma redução da componente lectiva de oito horas por semana, mais duas do que a tutela admitia nas anteriores versões do documento. Mas, apesar de algumas cedências, os professores criticam a atitude negocial do ME. A Federação Nacional do Ensino e Investigação considera que a tutela “impôs o seu essencial, forjou ardilosamente, em cedências acessórias, uma aproximação falsa aos sindicatos”.
A avaliação de desempenho é um dos pontos polémicos. “Vai haver confusão e instabilidade nas escolas”, avisa o sindicalista. “Todos os anos vão ser avaliados milhares de professores, vão passar o tempo a preencher fichas, a ter aulas observadas, vai ser uma confusão, criada por quem não percebe como é que funcionam as escolas”, diz Mário Nogueira. Por isso, o Estatuto “está muito longe de começar a ser aplicado ou de agradar aos professores”. A “luta”, diz, vai continuar, mas para já não fala em greve. “As greves têm custos e há outras iniciativas que se podem ter nas escolas”. Na quinta-feira, a plataforma sindical reúne-se para discutir o que fazer no futuro.
Os sindicatos aguardam agora a versão final do ECD e em breve terão pareceres de constitucionalistas sobre o documento. O processo de negociação da regulamentação de alguns artigos deverá começar em breve.
ASSINATURAS PELA LÍNGUA
José Saramago, Eduardo Prado Coelho e Vasco Graça Moura são alguns dos signatários de um documento de protesto entregue ontem à ministra da Educação, contra a aplicação da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS). O abaixo-assinado conta ainda com as assinaturas de professores catedráticos e do Secundário e solicita à ministra que suspenda imediatamente a aplicação da TLEBS. “Esta terminologia foi proposta em termos de parcialidade científica e disciplinar, à margem dos especialistas interessados na preservação da Língua como património comunicacional e estético de índole pragmática e criativa”, lê-se na carta. A TLEBS, adoptada em 2004 e experimentada em várias escolas em 2005, destina-se a servir de referência para as práticas pedagógicas dos professores de Língua Portuguesa e Português e para a produção de documentos do ME em matéria de ensino e divulgação da língua portuguesa e substitui a Nomenclatura Gramatical Portuguesa.
MEIO ANO A DISCUTIR
- 27 MAIO
1.ª Proposta do ME: Prova de avaliação para candidatos; avaliação de desempenho anual e sucesso escolar é critério; pais avaliam professores; duas categorias (professor e professor titular); quotas no topo; reunião a 29/05
- 14 JUNHO
Greve e manifestação de professores
- 05 JULHO
Reunião ME/Sindicatos
- 06 SETEMBRO
2.ª Proposta: carreira aumenta para 32 anos (propunha 30); reuniões entre ME e sindicatos nos dias 20 e 27
- 28 SETEMBRO
Sindicatos entregam carta com sete condições para a negociação
- 04 OUTUBRO
3.ª Proposta do ME: criação de dois escalões intermédios de topo
- 05 OUTUBRO
Manifestação junta 20 mil professores em Lisboa
- 11 OUTUBRO
Contraproposta sindical: existência de sete escalões, 26 anos até ao topo
- 17 e 18 OUTUBRO
Greve dos professores
- 19 OUTUBRO
4.ª Proposta: extinção de QZP; pais avaliam se professor concordar; insucesso relacionado com contexto socioeducativo; Secretário de Estado ‘ameaça’ sindicatos: ou param protestos ou negociações terminam
- 25 OUTUBRO
5.ª Proposta: contraproposta sindical: aceitam a avaliação do desempenho desde que não condicionada a quotas e vagas; primeiro-ministro diz que há acordo com sindicatos; sindicatos desmentem
- 31 OUTUBRO
6.ª Proposta: seis horas diárias de componente lectiva (propunha 8); educ. especial com 22 horas/semanais (propunha 25); fim das negociações
- 08 NOVEMBRO
Pedida negociação suplementar
- 15 NOVEMBRO
7.ª Proposta: professores dos últimos escalões sem quotas para o topo; faltas por doença sem reflexo na avaliação de desempenho; início da vigília de professores
- 17 NOVEMBRO
Cordão humano de três mil professores; 65 mil assinaturas contra o ECD entregues no ME
APONTAMENTOS
TEXTO DEFINITIVO
O Ministério da Educação deve elaborar o texto final do ECD, que será remetido aos sindicatos. O documento será enviado ao Conselho de Ministros, para aprovação. Segue-se o processo de negociação da regulamentação de vários artigos.
ELOGIO À MINISTRA
Se os professores criticam a ministra da Educação, já alguns sociais-democratas não deixam de elogiar o trabalho de Maria de Lurdes Rodrigues. O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, elogiou a “persistência, coragem e capacidade de trabalho” da ministra, apoiando o “plano reformista” na Educação. Edgar Nascimento

segunda-feira, novembro 20, 2006

TLEBS


A língua materna
Não se pense que os professores de Português, porque é estes que estão em causa, não querem estudar, não querem “perder tempo ”a investigar uma área do conhecimento que tem tudo a ver com a sua área de especialização. Investigar até continua a ser, para a maioria deles, uma actividade complementar da sua função de docentes.
*Têm aparecido ultimamente vários artigos, alguns assinados por nomes conceituados na área das literaturas ou das linguísticas, uns mais científicos outros mais ligeiros, mas nenhum fugindo à ironia, uns roçando-a apenas, outros mergulhando fundo no gozo subtil de um tema que vem irritando os professores e baralhando os alunos. Estou-me a referir à já célebre TLEBS. Para quem não saiba: Terminologia Linguística do Ensino Básico e Secundário. Porquê irrita? Porquê baralha? Comecemos pela primeira questão. Não se pense que os professores de Português, porque é estes que estão em causa, não querem estudar, não querem “perder tempo ”a investigar uma área do conhecimento que tem tudo a ver com a sua área de especialização. Investigar até continua a ser, para a maioria deles, uma actividade complementar da sua função de docentes. Mas… os professores conhecem os seus alunos e sabem as limitações de muitos, se calhar da maior parte, no uso da língua mãe. Conhecem as suas dificuldades em interpretar, sabem como é reduzido o seu vocabulário, como são refractários à leitura, como a enorme maioria não consegue criar um texto coerente, cabalmente articulado e com um léxico variado e bem adequado. Por isso, e já há muito tempo que os professores de Português protestam contra os programas excessivos que não lhes permitem tempo para desenvolver nos alunos aquelas competências - que são de facto as prioritárias – por isso, dizia, estão irritados por terem agora de perder um tempo precioso a ensinar novas terminologias e sobretudo novos conceitos que a prática mostra não serem nem fáceis, nem inequívocos, nem sequer consensuais em muitos casos. Só para mostrar a complexidade da “ciência” que temos de impor aos alunos vejamos um exemplo. Se, ao fazer uma análise sintáctica, me quero certificar se estou diante de um complemento ou de um modificador, preciso, nos casos em que não é evidente, de empreender um ou vários dos seguintes testes: verificar a possibilidade ou a impossibilidade do respectivo segmento figurar numa pergunta do tipo “o que fez”, “o que aconteceu” “o que se passa com” ; substituir um verbo transitivo por um verbo intransitivo; colocar o grupo verbal em estrutura clivada. .O leitor ficou baralhado? Os alunos também. E está respondida a segunda questão.Eu não sei e se calhar muito pouca gente sabe a razão desta determinação ministerial da aplicação da TLEBS nos ensino básico e secundário, mas, por mim, penso que deve haver dente de coelho a trincar os neurónios dos meninos, meninos pequenos, meninos grandes. Meninos que deviam empregá-los, no que toca à disciplina de Português, a desenvolver a sua capacidade de comunicar, quer oralmente quer por escrito, de uma forma cada vez mais correcta, cada vez mais eficaz e, porque não, cada vez mais bonita. Que deviam sair da escola a dominar a sua própria língua, a ser capazes de tirar dela toda a riqueza que ela encerra. Que deveriam ter aprendido a usá-la para se poderem defender, para poderem argumentar, para poderem expor de forma clara um pensamento, uma ideia e até, por que não, para poderem dizer de forma harmoniosa um poema.
*Professora do Ensino Secundário
salvadormanuela@hotmail.com
O corte nauseabundo
1. Reclamaram o saber, há mais de 200 anos, Luís António Verney e Ribeiro Sanches. Insurgiu-se António Sérgio contra o descalabro do ensino, em plena ditadura salazarista. Sacrifícios vãos? Tais sacrifícios nunca são em vão - fica a semente. Se o desastre continua e encobre a febre do lucro letal, certas conquistas parecem irreversíveis, por exemplo, a de liberdade de expressão, a de associação sindical, a de greve. Em suma a possibilidade de se oporem os cidadãos aos desvarios dos governantes. E aquilo que se passa no domínio da Educação e da Investigação - fontes principais da Cultura, por sua vez alicerce das sociedades justas e criadoras de bens e de bem estar -, aquilo que vemos acontecer todos os dias é um desvario trágico e funesto. O governo, a sufocar o progresso igualitário, tira da cartola canibalesca coelhos envenenados e, fingindo que reforma, cozinha-os nas universidades e nas escolas.
2. O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas denuncia "As universidades nunca foram tão prejudicadas" e conclui que não chega o dinheiro para pagar o pessoal de metade das universidades e um terço dos politécnicos. Como há-de chegar para o resto - investigação, actualização, material? Mas eis que a já desgraçadamente famosa ministra da Educação nos comunica - toda ela alegria - que nada sofre o ME com o corte de 342,1 milhões de euros na dotação orçamental. Graças ao corte, o seu sonho concretiza-se: livra-se de milhares de professores. Fecha as portas a cinco mil contratados, reduz destacamentos e afasta da docência os professores com horário zero. Depois (cultiva a contradição e o disse-não-disse), afirma que "globalmente não há professores a mais"... Tudo isto é triste, inquieta e causa náuseas.
3. A educação custa dinheiro ao Estado. Mas economizar no Ensino nada tem de socialista a não ser que se trate da via socialista para a ignorância. Equilibrar, assim, o deficit? Qual? O verdadeiro défice é o cultural e deste é que resulta a crescente pobreza portuguesa. Incentiva- -se o analfabetismo? A Cultura não é distracção gratuita ou folclore, popularucho e anestesiador - o pimba. Não é divertimento inútil. A partir dela se constroem os países, firmemente ancorados no Ensino e na Investigação. Desprestigiar docentes, acusá-los de incompetência e preguiça, sonegar-lhes direitos adquiridos pode ser frutuosa demagogia e oportuno truque eleitoralista. Não serve, porém, o país nem os que querem ensinar nem os que querem aprender a construir uma vida melhor

Cordão humano com três mil professores «cercou» Ministério da Educação


Um abaixo-assinado com mais de 65 mil assinaturas e um cordão humano (molhado) com mais de três mil professores, que «isolou» o Ministério da Educação esta sexta-feira à tarde, marcaram mais um dia de protesto dos docentes contra o Governo.
«É inédito», garantia Mário Nogueira da Plataforma Sindical de Professores, que não escondia a felicidade pela adesão maciça ao protesto.
Durante mais de uma hora, os cerca de três mil manifestantes (2.500 segundo as contas da polícia), percorreram algumas das principais artérias da capital, num cordão humano que ligou o Pavilhão Carlos Lopes e ao Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro.
Maria de Lurdes Rodrigues foi, mais uma vez, o alvo de todas as críticas dos professores, que enquanto caminhavam, iam gritando palavras de ordem: «Ministra aprende, a gente não se rende»; «A luta continua, ministra para a rua» e «Está na hora, está na hora da ministra se ir embora».
Pelo caminho, os manifestantes - vestidos com gabardinas amarelas, empunhando bandeiras pretas - tiveram de resistir à chuva forte e também às críticas que vinham de alguns automobilistas, mais irritados, que estavam parados no caos do trânsito que entretanto se gerou em consequência do protesto.
Mas os professores também ouviram palavras e buzinadelas de apoio.
«Acho que já ganhámos a população. As pessoas estão ao nosso lado porque já perceberam o que se está a passar», garante Paulo Costa, professor de Inglês em Lourosa, que desceu até Lisboa para participar no cordão humano.
Mas, afinal «o que se está a passar»?
Paulo Costa explica que o tão contestado novo Estatuto da Carreira Docente (ECD), tem apenas como objectivo «reduzir os custos com as remunerações do professores». «Não existem professores de primeira e professores de segunda», reclama o docente, que também está contra as «quotas» criadas pelas novas regras da avaliação desempenho.
De cachimbo na boca e chapéu de chuva na mão, Fernando Varão, professor reformado há 14 anos, também não quis faltar ao protesto, até porque ainda é sindicalista.
Varão acusa o Governo actuar por «razões economicistas» e o Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues de estar a tentar «voltar professores uns contra os outros».
Finalmente, o cordão humano chegava à Av. 5 de Outubro. A ideia era cercar o ministério. Os professores eram muitos, por isso o cordão deu mais que uma volta ao quarteirão, para felicidade dos sindicalistas. «Somos muitos!», exclamava um dos professores.
Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma Sindical de Professores, também exultava e garantia que a acção «simboliza o isolamento da ministra e da sua equipa junto dos professores da escola pública e da população». Depois, de forma irónica acrescentava: «quem está do lado de fora está em segurança, eles estão mesmo isolados».
Estava a chegar ao fim mais um dia de protestos, mas antes disso, os professores ainda entregaram no ministério da Educação um abaixo-assinado com 65 mil assinaturas contra o Estatuto da Carreira do Docente

Realiza-se hoje a última reunião negocial entre o Ministério da Educação e os sindicatos de professores com vista a um acordo na revisão do Estatuto da Carreira Docente.Esta é a última oportunidade para acordo na negociação suplementar, falhadas que foram as tentativas de acordo durante o período previsto para as negociações.Em Outubro, o Ministério cedeu na avaliação dos professores pelos pais (só se for aceite pelos visados), admitiu extinguir os quadros de zona pedagógica e baixou a fasquia de exigência no acesso à carreira de professor titular (escalão máximo), mas exigiu como contrapartida o fim das acções de protesto. Os sindicatos “não cederam à chantagem” e as negociações terminaram sem acordo.Na última reunião, o Ministério admitiu que os professores no topo de carreira passem automaticamente a titulares (cedendo na exigência de uma prova) e aceitou que as faltas por doença do próprio ou de filho menor de dez anos não contem para efeitos de avaliação. Os sindicatos não aceitaram a proposta.

Prof's entregam 65 mil assinaturas....


O maior abaixo-assinado de professores de sempre, com 65 mil subscritores, foi ontem entregue no Ministério da Educação (ME) pelos sindicatos do sector, perante mais de 2.500 docentes que nas ruas voltaram a pedir a demissão da ministra. Arrumado em sete caixas de cartão, o documento contra a proposta da tutela de revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) foi entregue por uma delegação da plataforma reivindicativa ao secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, no final de um cordão humano de protesto, que cercou com três voltas as instalações do ME. "Mais de 65 mil professores expressaram o seu desacordo com uma proposta de estatuto que representa a liquidação da profissão docente e a degradação das condições de trabalho e da dignidade dos professores. Esperamos que contribua para que o Ministério altere as suas posições", afirmou Mário Nogueira, porta-voz da plataforma sindical. O processo de negociação suplementar relativo à revisão do ECD começou quinta-feira, tendo a tutela apresentado uma nova versão da sua proposta, tal como JN adiantou ontem, com alterações que os sindicatos classificaram como "passos importantes que abrangem directamente milhares de professores e que só foram possíveis graças à luta persistente" dos docentes. Apesar de se congratularem com estas mudanças, as organizações sindicais garantiram ontem que "não há qualquer possibilidade de acordo" com o ME, uma vez que se mantêm os aspectos mais contestados como a divisão da carreira em duas categorias, a introdução de quotas para aceder à mais elevada e a avaliação de desempenho dependente de critérios como os resultados escolares e as taxas de abandono dos alunos. O secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, admitiu ontem introduzir novas alterações à proposta de revisão do ECD na última ronda negocial com sindicatos, segunda-feira, ressalvando tratar-se de "matérias de pormenor". "É possível que na segunda-feira haja mais alguns acertos. Há várias matérias sobre as quais estamos ainda a estudar a possibilidade de fazer um esforço de aproximação [aos sindicatos], embora em matérias já de pormenor", afirmou Jorge Pedreira.



Carta aberta ao Dr. António Almeida Santos
(Ex-Presidente da A.R.)


Pedindo desculpa pela insistência, estou, de novo, a escrever-lhe mais uma carta, depois de ler o 2.º volume das suas “Quase Memórias”, no referente à descolonização de Timor, por indicação de alguns amigos.
Recebi a sua missiva em 9-11-2006, onde refere ter tomado conhecimento de uma minha “carta aberta”, que coloquei no site do PortugalClub (Internet), um mês depois de a ter remetido através do sede do PS/Largo do Rato, e onde referia que “reservava o direito, desde já, de vir a divulgar esta carta nos órgãos de Comunicação Social”. Tal não aconteceu, apesar de ter tentado num diário e dois semanários, pelo que concluo estar a liberdade de Imprensa em Portugal “muito em baixo” … O seu texto é verdadeiramente surpreendente, tal como os elogios ao meu livro “Memórias da Revolução; Portugal 1974-1975”.

Desta vez estou muito indignado com os erros cometidos, face às suas deduções em relação ao livro “Timor; Abandono e Tragédia” (Editora Prefácio - 2000), publicado em co-autoria com o Coronel Morais da Silva. Curiosamente, enquanto autores, ele é promovido a general e eu despromovido a tenente-coronel…, quando bastava verificar as breves notas biográficas constantes da contracapa.
Enquanto que, em relação ao 1.º volume, as incorrecções diziam respeito a outras pessoas, desta vez têm a ver com as suas invenções em relação à minha pessoa e que passo a referir.

1. Na pág. 348, depois de apresentar uma versão de Lemos Pires sobre a actuação de Maggiolo Gouveia, afirma:
(…) Mas esta versão não é única. O tenente-coronel Manuel A. Bernardo, no livro Timor; Abandono e Tragédia, que publicou recentemente, em co-autoria com o general Morais da Silva, diz que Maggiolo Gouveia, na noite de 10 para 11 de Agosto, “foi feito prisioneiro; e os seus guardas, sob a chantagem de matarem o seu comandante, detido como refém, foram obrigados a aderir”. Maggiolo, adita ainda, escreve uma carta ao governador, logo a seguir uma segunda, pedindo que não negociasse a sua libertação e que não se preocupasse com ele. Mesmo assim, o governador o mandou o major Barrento (seu cunhado e CEME muitos anos depois, acrescento eu) ao acampamento da UDT para prosseguir as negociações. Durante esse tempo, Maggiolo Gouveia esteve realmente preso” (pág. 142).
Bernardo, à época, estava em Timor. (mentira!, acrescento eu)
O próprio Lemos Pires confirma esta parte do relato de Bernardo, ao escrever (ob. cit. pág. 216) que “Maggiolo Gouveia terá afirmado ao major Barrento que não fizesse nada pela sua libertação, porque junto da UDT os poderia moderar” (…)
E a seguir, o autor Almeida Santos, refere que também João Carrascalão, líder da UDT, em declarações à imprensa, em 3-8-1976, veio confirmar esta versão…
O autor Almeida Santos (ex-Ministro da Coordenação Interterritorial), que tinha a obrigação de conhecer o comandante militar de Timor, Tenente-Coronel José Magalhães (n.º 2 na hierarquia do poder no território), confundiu este oficial comigo, dando como certa a minha presença em Timor, onde nunca fui até à presente data, e considera as suas declarações, no meu texto “Descolonização de Timor; 1974-1975”, incluídas no livro “Timor; Abandono e Tragédia”, como sendo minhas! (vide pp. 141 a 145). Daí o atribuir-me o posto de tenente-coronel, quando á altura dos factos eu era major e me encontrava em Lisboa …

2. Na sequência do mesmo equívoco, as afirmações mais graves seriam feitas mais à frente (pp. 350 e 351):
(…) “Maggiolo Gouveia”, conclui Lemos Pires, “foi uma das vítimas do processo de descolonização de Timor. … Acabou por ser mártir às mãos vingativas dos seus carrascos” (Lemos Pires, ob. cit., págs. 216, 217 e 218).
Amaro Bernardo, testemunha presencial do seu comportamento (mentira!, acrescento eu, pois quem lá estava e fez estas afirmações foi José Magalhães, em 1976), escreve a propósito, a pág. 142 do seu citado livro: “De 14 a 20 circulou por Díli, desarmado, falou comigo várias vezes, ia à porta dos quartéis tentar aderentes para a UDT, e o seu estado de alteração profunda era evidente, chegando os testemunhos a considerá-lo com indícios de loucura. Nós falávamos com ele e nem nos ouvia. Vociferava e desaparecia de repente, sem possibilidade de diálogo.
Nem sequer se tentou detê-lo, para não complicar a situação, pois o governador tentava, a todo o custo, travar as ameaças de uma guerra civil”.
No mesmo sentido, o tenente-coronel Jaime Magalhães (novo erro, acrescento eu, pois o comandante militar é José e não Jaime e foi entrevistado por mim (2000), em Miraflores/Algés, onde reside) confirma que ele “andava transtornado e que, uma vez, esteve à porta do Quartel-General agarrado à cancela da entrada a discursar para o pessoal do interior. Eu cheguei lá e o oficial de dia, um aspirante, disse-me: “Por favor, tire-me daqui o Maggiolo, pois eles matam-no”. Fez cenas idênticas junto da nova Polícia Militar e de outras unidades de Díli” (ibidem, pág. 143).

Todas estas declarações do Tenente-Coronel José Magalhães estavam inseridas no capítulo VI. O Comandante Militar e a actuação de Maggiolo Gouveia (no livro “Timor Abandono e Tragédia”) e na p. 141, em nota pé de página, eu indicava ser A Capital de 6-7-1976, a fonte das afirmações deste comandante militar. Se tivesse dúvidas sobre a identidade do militar a ocupar este cargo, poderia verificar nesse jornal ou mais à frente nas pp. 154, 155, 156 e 158, onde o seu nome é por várias vezes referido nas legendas das fotografias (reuniões em Dilí, Ataúro e Banguecoque) e referido como desempenhando essas funções.

Não pretendendo fazer qualquer análise sobre o extenso texto do autor Almeida Santos, nem sobre as suas apreciações em relação ao comportamento do meu co-autor do livro em causa, Coronel Morais de Silva (ex-general graduado e ex-CEMFA) gostaria apenas de salientar o papel muito importante da actuação da Igreja Católica, quer na resistência ao invasor indonésio, quer na denúncia das torturas e fuzilamentos, pela FRETILIN, de timorenses presos, em 1975/1976. Foi numa das várias valas comuns, na área de Aileu, em Timor, que os restos mortais de Maggiolo Gouveia foram localizados pelo seu filho, Dr. Rui Maggiolo, com o apoio, entre outros, de elementos da Igreja timorense.
Segundo Mari Alcatiri (então n.º 2 da FRETILIN), em declarações a um jornal australiano, em Maio de 2000, foram 150 os prisioneiros fuzilados pelos militares da FRETILIN, encontrando-se entre eles, além de Maggiolo Gouveia (morto nas vésperas do Natal de 1975), José Osório Soares, Presidente da APODETI e César Mouzinho, ex-Presidente da Câmara Municipal de Dilí. (Ob. cit. p. 94). Outras fontes (indonésias) referem terem sido mais de um milhar as vítimas dos massacres realizados em Aileu, Maubisse e Same, entre 9-12-1975 e 20-1-1976. (Paradela de Abreu. Timor; a Verdade Histórica. Lisboa, Ed. Nova Dinastia, 1997)
Posso ainda acrescentar que todo este processo nasceu com uma investigação feita por mim desde o início de 2000, a solicitação do Coronel Morais da Silva. Depois, em Junho desse ano, face aos rumores de que o CEME, General Martins Barrento (major em Díli em 1975) não queria que o nome de Maggiolo Gouveia fosse inscrito no memorial do Monumento aos Combatentes do Ultramar (depois confirmados), pus a circular um abaixo assinado no dia 10 de Junho, no Restelo, que seria remetido à Liga dos Combatentes (Bernardo, ob. cit., pp. 256 e 257).
Depois de publicado o livro em causa com a participação de D. Maria Natália Gouveia, e de ter sido conseguida a referida inscrição, por decisão, depois de votação “suada”, daquela Liga, o camarada e amigo Coronel José Pais, (falecido em Fevereiro passado), com o acordo da família, lançou a ideia na imprensa de trazer para Portugal os restos mortais do malogrado oficial. Foi constituída uma comissão de apoio à família para conseguir este objectivo, com quatro coronéis: Morais da Silva, José Pais, Manuel Bernardo e Nuno Roque.
Conseguimos “aliciar” para estas diligências o Padre Vítor Milícias, amigo e compadre de um dos elementos da comissão, que de facto deu todo o apoio possível na sua qualidade de Alto Comissário para Timor-Leste.

À semelhança do solicitado na carta anterior, venho exigir que a verdade dos factos referidos em 1. e 2. seja reposta, em futuras edições do livro “Quase Memórias”. Para satisfação dos meus leitores - dada a consideração que eles me merecem -, esta carta será de imediato publicada (onde for possível) num dos OCS deste cinzento mundo dos media, existente em Portugal. Em caso contrário seguirá o mesmo destino da primeira: a divulgação num site da Internet…

Manuel Amaro Bernardo
Coronel Inf.ª Reformado

Prof não é uma profissão como as outras...

Apesar das "cedências" que não passaram de uma estratégia maquiavelicamente planeada para justificar as supostas "negociações" (refiro-me à questão da gravidez e doença), este desabafo põe a nú as verdades do nosso dia-a-dia que importa que todos os que NÃO SÃO PROFESSORES conheçam e assumam. A nossa NÃO É UMA PROFISSÃO COMO AS OUTRAS !

Não nos deixemos enganar: a nossa luta ainda não terminou: continuemos a dizer NÃO à prepotência, à existência de duas carreiras e às quotas !

Irene Bernardo
Olá a todos.Recebi este mail e achei que devia encaminhá-lo. Como diz é apenas um desabafo, pois tanta coisa falta na lista das indignações com as quais lidamos todos os dias.Mas reencaminhemo-lo também para essa senhora que tem por endereço gme@me.gov.pt para que ela saiba que está sozinha e que nós somos muitos a quem ela desconsidera e mal-trata.
NÃO TÊM O DIREITO DE NOS TRATAR ASSIM !"Sinto-me insultada, humilhada" - ouvi colegas dizerem repetidamente nos últimos tempos. É em nome dos muitos docentes que partilham esta mágoa e no meu próprio que quero expressar a minha opinião.
Costumo dizer que, de tanta pancada, me sinto dolorida. "Eles", leia-se Ministra e o Governo que a apoia, NÃO TÊM O DIREITO DE NOS TRATAR ASSIM.

Sempre me senti orgulhosa e honrada por, através da minha profissão, colaborar com as Famílias na formação dos seus filhos e meus alunos e contribuir para que eles se tornassem cidadãos responsáveis e participativos nas comunidades em que se viessem a integrar. Agora apontam-me o dedo acusatório e fazem-me sentir culpada do falhanço cultural de um país?Senhora Ministra, V. Exª que é professora, quantos anos exerceu funções docentes? Que Portugal percorreu, com malas e filhos às costas até conseguir instalar a sua vida num local definitivo e finalmente poder proporcionar alguma estabilidade à sua família ? Durante quantos anos o seu local de trabalho foi em locais remotos, com buracos no chão e no tecto, com o frio a tolher-lhe os movimentos? Quantas vezes teve alunos a necessitar, muito mais do que aprender a ler, de uma refeição quente, ou de um colo onde encontrar o afecto que lhe faltava em casa?Não sei a sua resposta, mas se o seu percurso profissional não se revê no que eu acabo de descrever, então Srª Ministra, desculpe, mas não admito que decida o que quer que seja, em meu nome e sem me ouvir! Tenho 34 anos de serviço e apesar de me ter quase sempre sentido desconsiderada pelos sucessivos governos do meu país, nunca desisti dos meus alunos e fui professora, enfermeira, mãe, psicóloga, assistente social e colmatei todas as situações em que as obrigações dos governos iam falhando.
Obviamente, tendo iniciado funções docentes em 1972, assisti a inúmeras tentativas falhadas dos governos de introduzir medidas reformadoras no ensino, sem nunca pararem para fazer uma avaliação credível e sempre ao sabor da orientação dos Ministros que se foram sucedendo, quase sempre fingindo que ouviam os professores.

E agora hábil e maquiavelicamente a Ministra faz, num total desrespeito pelos docentes deste país, passar a mensagem de que a culpa do insucesso governativo na área da educação é dos professores. Assisto ao ataque mais violento que desde o regime fascista foi feito à minha condição de Docente e de Mulher, com as medidas que a Ministra propõe no novo ECD. Poderia exemplificar com inúmeras histórias de mulheres professoras que conheço mas vou falar do meu caso que representa uma faixa etária de quem, pensando até há pouco tempo estar em fim de carreira, se assombra e ainda não acredita no injusto e violento abanão que o país pela voz da Ministra lhe está a infligir:
- Com o meu tempo de serviço passarei a Professor Titular destacando-me dos meus colegas que serão APENAS Professores ou ainda menos, candidatos a professores e assim poderão ficar indefinidamente porque o sistema de avaliação é tão repressivo que muito dificilmente poderá progredir mesmo que tenha um desempenho exemplar, porque as quotas fixarão o número de professores bons que uma escola pode ter.

- Sendo Coordenadora de Departamento terei de avaliar os meus colegas com todos os problemas pessoais que daí podem surgir e serei avaliada pelos pais dos alunos com todo o tipo de pressões e conflitos que inevitavelmente ocorrerão.
- Terei de assistir à repressão prevista para se abater sobre as minhas colegas, Mulheres em idade fértil, que tiverem a péssima ideia de quererem realizar-se como Mães porque nesse ano não serão avaliadas e nos anos seguintes se precisarem de faltar mais de cinco dias, serão castigadas com a avaliação de Insuficiente, correndo o risco de serem afastadas da carreira !!!!! Inacreditável!
Uma mulher que pretende penalizar outras mulheres por estes motivos não andou na Faculdade de Letras em Lisboa nos aos 70-74, a ser perseguida e a levar bastonadas da polícia de choque Marcelista que nos espancava, mesmo em estado de gravidez adiantada até nos fazer abortar.

- O meu discurso parece exageradamente dramático ? Não é !!!
- O que é DRAMÁTICO é a maneira injusta e cruel como a opinião pública está a julgar e crucificar em praça pública os professores deste país, deixando-se influenciar pelos habilidosos discursos de quem sabe que o elo mais fraco do sistema educativo são os docentes, sendo estes portanto o alvo ideal para o povo descarregar a sua frustração e raiva pelo rumo que o país está a tomar, em viagem vertiginosa para outra ditadura.
úcia Maria de Mello Serpa