quinta-feira, maio 24, 2007

«Não vão servir para avaliar professores»


O secretário de Estado Adjunto da Educação garantiu esta terça-feira que as provas de aferição no 4º e 6º anos não são um mecanismo para responsabilizar e avaliar os docentes, negando uma acusação da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), escreve a Lusa.
Na terça-feira, a Fenprof criticou a realização destas provas, considerando que a intenção do Ministério da Educação é avaliar e responsabilizar escolas e professores caso as classificações do alunos venham a ser baixas.
Em conferência de imprensa, Jorge Pedreira garantiu que o objectivo destes testes, que hoje se realizaram a Língua Portuguesa e quinta-feira se farão a Matemática, «não é o de imediatamente avaliar os professores».
«Se assim fosse o ministério teria assumido plenamente esse objectivo. Aquilo que está em causa é avaliar os alunos, as escolas e o sistema e permitir a auto-avaliação dos professores, uma vez que os resultados são devolvidos aos estabelecimentos de ensino e aos docentes», afirmou Jorge Pedreira.
«Cada professor deve usar este instrumentos na sua auto-avaliação e na correcção daquilo que entenderem que nas suas práticas está menos correcto», defendeu o governante.
No entanto, sobre a avaliação de desempenho dos professores no âmbito do Estatuto da Carreira Docente, Jorge Pedreira garantiu que «não haverá uma tradução directa de uma avaliação de desempenho dos professores baseada nos níveis absolutos de resultados».
«Nunca esteve no horizonte do ME. Nunca foi intenção do ME», reiterou.
Sobre a substituição das provas de aferição por exames nacionais, como defendeu hoje a Sociedade Portuguesa de Matemática, como forma de detectar mais cedo eventuais deficiências, Jorge Pedreira remeteu para mais tarde eventuais decisões nesse sentido.
«Não é tempo de anunciar medidas. Faremos uma avaliação de todo este processo e só após a apresentação do relatório final tomaremos as decisões que houver a tomar», disse.
O secretário de Estado Adjunto e da Educação anunciou ainda que 118.730 alunos do 4º ano e 126.822 estudantes do 6º ano realizaram hoje a prova de Língua Portuguesa, distribuídos por um total de 7.904 escolas públicas e privadas, sendo as provas corrigidas e classificadas por mais de 4.000 docentes.

Provas para avaliar competências do sistema educativo


Sara R. Oliveira 2007-05-22
Cerca de 250 mil alunos do 4.º e 6.º anos realizam hoje as provas de aferição de Língua Portuguesa. Os testes não contam para nota e os resultados servirão de base para um plano de acção a elaborar pelas escolas.
Quase 250 mil alunos matriculados no 4.º e 6.º anos de escolaridade têm hoje uma manhã diferente. A partir das 10h00, pelas carteiras das salas de aulas serão distribuídas as provas de aferição de Língua Portuguesa. Quinta-feira, à mesma hora, é a vez da prova de Matemática. O Ministério da Educação (ME) explica que estes testes, que não contam para nota e que voltam a ter regras universais, pretendem avaliar de que forma os objectivos e as competências estão a ser alcançados pelo sistema de ensino."A informação que os resultados destas provas fornecem mostra-se relevante para todos os intervenientes no sistema educativo, alunos, pais, encarregados de educação, professores, administração e para os cidadãos em geral", lê-se no site do ME. E acrescenta-se: "Estes resultados permitem uma monitorização da eficácia do sistema de ensino, devendo ser objecto de uma reflexão ao nível de escola que contribua para alterar práticas em sala de aula, que assim podem e devem ser ajustadas".O Ministério da Educação compromete-se a enviar os resultados dos testes para os estabelecimentos de ensino até ao final deste ano lectivo, de forma a que os responsáveis educativos os analisem para elaborarem um plano de acção de acordo com a realidade que as notas revelarem. Esse plano, que deverá chegar às mãos de cada Direcção Regional de Educação, deverá mencionar as medidas a adoptar, os objectivos a alcançar por cada disciplina e o número de alunos que serão sujeitos a um plano de recuperação.Ao início da manhã, os alunos do 6.º ano começavam a chegar à EB2,3 Professor Doutor Carlos Alberto Ferreira de Almeida, em Santa Maria da Feira. Uns mais nervosos do que outros. Dayra Melenchuk, de 12 anos, natural do Cazaquistão, em Portugal há seis anos, não estava nervosa. "Estudei três dias e ainda misturei Matemática pelo meio. Perguntei aos meus colegas do 7.º ano como eram os testes e eles disseram-me que era fácil", conta. Bruno Sá, de 11 anos, estava ansioso e nervoso. "Estudei uma semana, mas o teste é grande". Preparado? "Nem por isso"."Sou adepto fervoroso dos exames não só escritos, mas também orais. Não é uma questão de classificação, é uma questão de aprendizagem dos alunos. Quando chegam à universidade, uma grande percentagem dos estudantes não sabem fazer uma prova oral, têm medo dela", afirma Joaquim Matos, professor de Educação Especial, da EB2,3 da Feira. O docente concorda com as regras do jogo. "Os exames são personalizados, têm nome, e os resultados são afixados, não são anónimos. Os professores de Português queixam-se que estas provas são para os avaliar e não aos alunos. A percepção que tenho é que os miúdos e os pais estão com ansiedade no que respeita aos exames".O professor de Biologia Fernando Maia, da mesma escola, tem uma visão diferente. "Isto é ridículo. Devia haver uma amostragem. Alguns alunos sabem que a nota não conta e nem sequer se esforçam para fazer a prova". O docente concordaria se os exames contassem para avaliação. "Assim não faz sentido e coloca-se a escola em alvoroço". "Gastam-se milhares de euros, mas essas contas nunca aparecem", remata.A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) concorda com a essência das provas de aferição, como um instrumento de avaliação do sistema educativo, mas critica a forma como os testes estão a ser aplicados no terreno. "O Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues parece pretender que as referidas provas sejam mais um mecanismo de avaliação e responsabilização das escolas e dos professores, caso as classificações dos alunos venham a ser baixas", salienta, em comunicado. Na perspectiva da estrutura, o ME está, dessa forma, "a remeter paras as escolas, e só para estas, a incumbência de montar estratégias de superação das dificuldades dos alunos, pretensamente diagnosticadas através das classificações por eles obtidas". A FENPROF está disposta a apoiar juridicamente os professores que quiserem ser remunerados pelo tempo extra que gastarem no acompanhamento das provas de aferição.As provas de Língua Portuguesa e de Matemática têm a duração de 90 minutos no 1.º ciclo e 100 minutos no 2.º ciclo. O teste que hoje ocupa perto de 250 mil alunos portugueses centra-se na compreensão da leitura, conhecimento explícito da língua e expressão escrita. A prova de Matemática é composta por várias temáticas: números e cálculo, geometria e medida, estatística e probabilidades, álgebra e funções.

Publicado diploma sobre concurso para professores titulares

A legislação que regula o primeiro concurso de acesso à categoria de professor titular, a que podem candidatar-se cerca de 60 mil docentes, foi publicada hoje em Diário da República e entra em vigor quarta-feira.
Segundo o diploma, que mantém a assiduidade como um dos critérios, o concurso vai decorrer em duas fases autónomas de acordo com os índices remuneratórios dos docentes, sendo o número de vagas fixado posteriormente através de despacho da ministra da Educação.
A regulamentação do concurso prevê a selecção dos docentes através da análise curricular onde são ponderadas as habilitações académicas, com a valorização da formação académica acrescisda como os graus de mestre (15 pontos) e doutor (30 pontos).
São ainda consideradas a experiência profissional e a avaliação de desempenho com a valorizados do exercício de actividades lectivas, o desempenho de cargos de coordenação, direcção e supervisão de outros docentes e a assiduidade.
Na versão final do documento as faltas dadas por motivo de doença, assistência a filhos menores ou morte de familiar deixam de ser contabilizadas em termos de assiduidade, mas uma fonte sindical pela Lusa referiu que o documento não é específico quanto a estes casos.
Na questão da assiduidade é considerado no diploma o menor número de faltas em cinco dos últimos sete anos lectivos, não contabilizando as «faltas, licenças e dispensas legalmente consideradas, durante o mesmo período, como prestação efectiva de serviço».
Na versão inicial, o diploma penalizava, entre outros, os casos de ausências por motivos de doença, acompanhamento de filhos doentes ou morte de familiar, por exemplo, o que foi fortemente contestado pelos sindicatos durante o processo de negociação do regulamento do concurso.
A avaliação do currículo dos candidatos, que o diploma do Ministério da Educação (ME) limita aos últimos sete anos lectivos, é também um dos principais aspectos contestados pelos sindicatos, que alegam que os professores em condições de concorrer têm, em média, 21 anos de serviço.
Para a tutela, a criação da categoria de titular «não se destina principalmente ao desenvolvimento da carreira dos professores e educadores, nem a satisfazer, em primeiro lugar, expectativas de progressão ou promoção, por mais legítimas que sejam», mas apenas a dotar as escolas de um corpo de docentes que estejam em melhores condições para exercer funções de coordenação a partir do próximo ano lectivo.
O processo de negociação suplementar relativo à regulamentação do primeiro concurso de acesso à categoria de professor titular terminou em Março com a oposição dos os sindicatos do sector.
A Federação Nacional de Educação (FNE), uma das estruturas sindicais que contestou este concurso, tinha prometido recorrer aos tribunais assim que o diploma fosse publicado.
Uma fonte da FNE confirmou hoje à Lusa que o assunto está a ser estudado, aguardando a publicaçao do anúncio de abertura do concurso para uma decisão final sobre a questão.
Diário Digital / Lusa
22-05-2007 11:49:00

DREN: Professor suspenso diz que só disse piada «em privado»

O professor, visado num inquérito por um alegado insulto ao primeiro-ministro José Sócrates, negou hoje a acusação sustentando que se limitou a produzir uma piada indirecta a um colega de trabalho, em privado.
«Se precisares de doutoramentozito, que dá seis anos na carreira, mando-mo cá, ainda que seja falso. Manda-me por fax, porque se não for por fax, não vale», terá dito Fernando Charrua, segundo o seu próprio testemunho.
Em declarações à rádio TSF, Charrua afirma que «fez um comentário dentro de um gabinete, em privado».
«Fi-lo com um colega que conheço há 15 anos, que é meu amigo e assessor da senhora directora regional», acrescentou o docente.
Já antes, numa carta enviada na altura a várias escolas, Fernando Charrua admitira ter feito um «comentário jocoso a um colega, dentro de um gabinete», acrescentando que o referido comentário foi «retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente».
À TSF, Fernando Charrua contou também que, ao ser chamado à presença da directora regional de Educação, Margarida Moreira, negou desde logo as acusações da senhora que «se gaba de ter informadores internos e externos».
O docente terá dito a Margarida Moreira que dentro de instalações da DREN não produzira os insultos de que era acusado e que «lá fora, mesmo que o tivesse feito, não era da conta dela».
O comentário foi produzido horas depois de a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) reafirmar que o inquérito instaurado a Fernando Charrua foi originado por um insulto ao primeiro-ministro, feito dentro das instalações daquele organismo.
Em comunicado, a DREN insiste que o insulto em causa nada tem a ver com anedotas sobre a licenciatura do primeiro-ministro, mas não esclarece o teor do que entende ser um insulto a José Sócrates.
No entanto, segundo a edição de hoje do Correio da Manhã, que cita uma fonte oficial não identificada, a polémica terá sido provocada pela frase, alegadamente proferida por Fernando Charrua: «Estamos num país de bananas, governado por um filho da p... de um primeiro-ministro».
O comunicado surge na sequência de informações que têm vindo a ser veiculadas pela comunicação social, nos últimos dias, que, na perspectiva da DREN, criaram na opinião pública a ideia de que se trata de um caso de perseguição política a alguém que teria contado uma anedota relacionada com a licenciatura do primeiro-ministro.
O caso ocorreu em finais de Abril, culminando com a instauração de um inquérito e a suspensão preventiva de Fernando Charrua, ex-deputado do PSD e funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte há cerca de duas décadas.
Na sequência desta polémica, o Provedor de Justiça já solicitou esclarecimentos à DREN e os partidos da oposição pronunciaram-se sobre o assunto no Parlamento, pedindo uma tomada de posição do Ministério da Educação, que já esclareceu tratar-se de uma questão da competência da DREN.
Já hoje, o primeiro-ministro lamentou a situação que motivou a suspensão do professor e ex-deputado do PSD Fernando Charrua, mas frisou que o Governo não permitirá sanções por exercício do direito à liberdade de expressão.
«Só tenho notícia desse caso pelos jornais e lamento o que aconteceu. Mas quero garantir aos portugueses que nem o Governo, nem alguma instituição deste país, deixará que alguém seja sancionado por uso do direito à liberdade de expressão», frisou José Sócrates.
Diário Digital / Lusa
23-05-2007 18:29:00

Professores desconfiam de provas de aferição

A Associação dos Professores de Português (APP) revelou esta terça-feira que desconfia do objectivo das provas de aferição aos alunos do quarto e sexto anos. Já a Associação de Professores de Matemática (APM) não espera grandes resultados da iniciativa, que será realizada hoje e dentro de dois dias.
A APM afirma que o ministério da Educação, ao realizar, durante o dia de hoje, provas de aferição a 250 mil alunos, pretende avaliar não só os estudantes, mas também os professores. «A tutela deveria dizê-lo claramente», afirma o presidente do organismo, Paulo Feytor Pinto.
Em declarações à TSF, o docente declarou que, «se não é para avaliar os professores nem para terem resultados a tempo e horas, então não se compreende» o motivo de serem feitas ao universo dos alunos, ao contrário do que aconteceu no último ano lectivo, em que os exames foram apenas realizados a uma amostra.
Por sua vez, a presidente da APM, Rita Bastos, confessou não esperar grandes resultados das provas de aferição da próxima quinta-feira, apesar de, recentemente, o Governo ter colocado em marcha um plano nacional para melhorar as notas à disciplina.
«Estas coisas nunca funcionam em termos de causa-efeito, demorando sempre algum tempo», frisou a responsável, que alertou também para o perigo de, ao saberem que todos os anos existem este tipo de provas, os professores de Português e Matemática comecem a trabalhar nas aulas «para que os alunos respondam bem ao teste e não para aprenderem o programa».
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, remeteu qualquer comentário sobre as razões para que as provas de aferição deste ano lectivo sejam feitas por todos os alunos para a tarde desta terça-feira.
22-05-2007 10:34:40

PS recusa para já audição de ministra da Educação

Os socialistas recusam, para já, aprovar a audição parlamentar da ministra da Educação, conforme solicitado pelo PSD, a propósito da suspensão de um professor da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN). A polémica estalou, ontem, na Assembleia da República, com o CDS a questionar o ministro Vieira da Silva. Fora do plenário, José Sócrates falou pela primeira vez do caso para garantir que ninguém será "sancionado" por uso da liberdade de expressão. Já Cavaco Silva espera que tudo seja "rapidamente esclarecido"."O que tem a dizer sobre o facto de um funcionário público ser delatado numa conversa privada e ser suspenso de funções?", questionou, assim, Pedro Mota Soares, o ministro Vieira da Silva, durante uma interpelação parlamentar do PCP. Para o deputado do CDS, o caso de Fernando Charrua é também "um problema do Ministério do Trabalho". "É a criação de um clima de terror na Função Pública", alega, ao JN.O repto esbarrou, porém, no silêncio de Vieira da Silva. Já o primeiro-ministro acabou por garantir, à saída do hemiciclo "Só tenho notícia desse caso pelos jornais e lamento o que aconteceu. Mas quero garantir aos portugueses que nem o Governo, nem alguma instituição deste país, deixará que alguém seja sancionado por uso do direito à liberdade de expressão"."Não sei o que disse (o professor) ou o que não disse. Se foi uma piada em relação a um político, como é frequente no nosso país, espero que o mal-entendido seja rapidamente esclarecido", afirmou, por sua vez, o presidente da República, Cavaco Silva, à margem 6.º do Congresso Europeu de Medicina Interna, em Lisboa.A polémica promete regressar, hoje, ao plenário, com uma declaração política do PSD no período antes da ordem do dia. "A ministra da Educação sabia o que se estava a passar e não interveio", acusa Pedro Duarte, referindo-se ao fim da requisição do professor na DREN.O vice-presidente da bancada do PSD insiste, assim, no apuramento de responsabilidades de Maria de Lurdes Rodrigues, consoante o requerimento entregue pelo seu partido, na Comissão de Educação, para uma audição urgente da ministra. Pedido que o PS não irá viabilizar, para já."Vamos ouvir quem tenha que ser ouvido mas no devido tempo. É uma questão que nos interessa muito mas que deve ser analisada com calma", declara Manuela Melo, admitindo a audição se, até à discussão do requerimento, na terça-feira, houver pelo menos uma nota de culpa. "Quando tivermos conhecimento dos factos ", aconselha a "vice" da bancada do PS.Num dia marcado também pelas primeiras declarações públicas de Charrua, a DREN reafirmou, em comunicado, que o inquérito foi originado por "um insulto ao primeiro-ministro". Hermana CruzSanções previstasCaso os factos de que foi acusado venham a confirmar-se, Fernando Charrua poderá ser castigado com uma pena máxima de aposentação compulsiva ou demissão. A sanção está prevista no Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração Central, Regional e Local, que data de Janeiro de 1984. O artigo 26.º prevê a aplicação daquelas penas nos casos dos funcionários "agredirem, injuriarem ou desrespeitarem gravemente superior hierárquico, colega, subordinado ou terceiro, nos locais de serviço ou em serviço público".

"A directora regional fez perseguição política"


Raquel de Melo Pereira


Nega ter insultado o primeiro-ministro e acusa a directora regional de Educação do Norte de perseguição política. Desde que foi conhecido o caso, o telefone da Escola Carolina Michaëlis não pára de tocar. A resposta é inevitavelmente a mesma "O Dr Fernando Charrua não está". Um corridinho de telefonemas e jornalistas à porta… Também eles querem conhecer melhor o protagonista da história. Este diz-se feliz por ter voltado ao contacto com os alunos e a aguardar o resultado da providência cautelar que interpôs na sequência da suspensão.



O que é que ditou o seu afastamento da DREN?


Acho que a directora regional me fez perseguição política e fê-lo porque eu fui deputado do PSD.A frase incluída na acusação corresponde à que proferiu?A frase que eu proferi no dia 19 nada tem a ver com o que li nos jornais. O insulto à mãe do primeiro-ministro, que vem hoje (ontem) nos jornais, é o que está na acusação. Mas eu nunca disse nada do género! "Pintaram" isto assim, maldosamente. A directora regional deve ter ficado toda contente, julgando estar a prestar um grande serviço ao país, mas causou um grande problema ao engenheiro Sócrates.


Afinal, o que se passou?


No dia 23 de Abril, pouco depois das 9 horas, quando cheguei à DREN, disseram-me para ir ao gabinete da directora. Antes, fui ao meu gabinete, liguei o computador e estava bloqueado. Com todos os meus dados pessoais, o IRS a meio, dados de contas bancárias… Achei estranho. O meu era o único computador bloqueado. O que pode querer dizer que no fim-de-semana o andaram a espiolhar. São atitudes que não se vêem há pelo menos 33 anos.


Quando foi ter com a directora regional, o que é que ela lhe disse?


Disse que tinha provas de que eu insultava o primeiro-ministro dentro e fora da DREN. Mais espantado fiquei, porque eu não tinha insultado o PM dentro da direcção regional e,"lá fora", mesmo que o tivesse feito, isso não lhe dizia respeito. Ela deu-me duas hipóteses ou me demitia (e eu não percebi, uma vez que não tinha cargo nenhum) ou me instaurava um processo disciplinar, suspendendo-me preventivamente. Eu não disse uma palavra. Agradeci às pessoas presentes na sala (a directora e os seus dois adjuntos) e saí.


Fez algum comentário dentro das instalações da DREN à licenciatura de José Sócrates?


Toda a gente fez. O PM não se deve sentir ofendido pelas anedotas. Hoje já ninguém se lembra disso. Passou! O que eu fiz foi um comentário, dentro de um gabinete, em privado, com um colega que conheço há 15 anos, que é meu amigo e assessor da directora regional. Estávamos a falar de trabalho e lembrei-me de lhe dizer - amaldiçoo a hora - "se precisares de um doutoramento, nem que seja falso, manda-me por fax".


Não foi um insulto?


Evidentemente, não. Eu tenho pelo PM algum apreço. Convivi três anos com ele, na bancada do lado na AR. Ele, na altura, era deputado. Não tenho nada contra ele e longe de mim insultá-lo. Não faz o meu estilo dizer um disparate desses no meio de um gabinete e a despropósito. O que fiz foi um comentário, no 1.º andar da DREN, quando estava a falar com um dos dois assessores da directora. Entretanto, chegou outro com quem não falei. Julgo que o que disse lá dentro não se podia ouvir cá fora. Eu fui almoçar com o meu director de serviço nesse dia e no seguinte e nunca mais se falou no assunto. Só na segunda-feira fui confrontado pela directora regional com uma queixa. É extraordinário! Ainda hoje estou para saber o que aconteceu…


* Jornalista da TSF

Cavaco Silva quer ver caso da anedota esclarecido

Ninguém contou a anedota sobre Sócrates ao Presidente da República, mas este quer vê-la esclarecida. Disse-o ontem, poucas horas depois de o primeiro-ministro, a alegada vítima do insulto de um professor e ex-deputado do PSD entretanto suspenso, ter garantido que não deixará que alguém seja sancionado por uso da liberdade de expressão. No dia em que a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) reafirmou que o inquérito instaurado a Fernando Charrua foi originado por um "insulto" feito dentro das instalações daquele organismo, Cavaco exigiu um esclarecimento."Eu não sei o que o professor disse ou não disse. Se foi uma piada em relação a um político, como é frequente no nosso país, espero que o mal-entendido seja rapidamente esclarecido", afirmou Cavaco, à margem do 6.º Congresso Europeu de Medicina Interna. Pouco antes, na Assembleia da República, o primeiro-ministro lamentava a situação, frisando que o Governo não permitirá sanções por exercício do direito à liberdade de expressão."Só tenho notícia desse caso pelos jornais e lamento o que aconteceu. Mas quero garantir aos portugueses que nem o Governo, nem alguma instituição deste País, deixará que alguém seja sancionado por uso do direito à liberdade de expressão", afirmou Sócrates. Que adiantou que não acompanha processos disciplinares movidos por instituições do Estado aos seus funcionários. Também o Ministério da Educação se demarcou da decisão da DREN.As reacções do PR e do PM surgiram no dia em que a DREN reafirmou a sua posição: "A directora regional entende que é inadmissível que um professor se expresse nos termos em que aquele o fez, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre qualquer outra pessoa."Em comunicado, a DREN "insiste que o insulto não tem absolutamente nada a ver com anedotas ou a licenciatura do primeiro-ministro", mas não esclarece o teor do que entende ter sido um insulto, nem se este visava a mãe de José Sócrates. Segundo Charrua, o que disse foi: "Agora quem precisar de um doutoramento manda o certificado por fax; só por fax, caso contrário não vale." Charrua interpôs uma providência cautelar, mas entretanto já foi transferido para a biblioteca da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto.

Educação: Ministra diz não ter ainda sinal ou motivo para duvidar do funcionamento da DREN

Lisboa, 24 Mai (Lusa) - A ministra da Educação afirmou hoje não dispor ainda de "sinal ou motivo" para colocar em causa a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) face ao processo disciplinar que moveu ao professor Fernando Charrua.
Falando no final do Conselho de Ministros sobre o caso que motivou a suspensão do professor de inglês e ex-deputado do PSD Fernando Charrua, pela DREN - por alegadamente ter insultado o primeiro-ministro, José Sócrates , versão que o docente recusa -, Maria de Lurdes Rodrigues começou por "lamentar que alguns episódios como esse marquem a agenda" mediática "de uma forma tão forçada".
A ministra da Educação escusou-se depois a comentar o caso em concreto enquanto estiver em curso um processo disciplinar, alegando "necessidade de respeito pelas instituições".
"Vou aguardar os resultados na sequência do apuramento dos factos do processo. Até este momento, do muito que li e ouvi, não tenho nenhum sinal ou motivo para duvidar do funcionamento das instituições e para considerar que pode estar em causa o correcto funcionamento da DREN ou dos seus serviços", sustentou a titular da pasta da Educação.
Maria de Lurdes Rodrigues frisou que a sua preocupação é que, no âmbito do processo disciplinar motivo contra o professor de inglês, "estejam garantidos os mecanismos de defesa que devemos exigir nestes casos".
PMF.
Lusa/fim

quarta-feira, maio 23, 2007

Novos programas de Língua Portuguesa vigorarão no ano lectivo de 2010/2011


Os novos programas de Língua Portuguesa entrarão em vigor no ano lectivo de 2010/2011, em consequência da decisão do Ministério da Educação de suspender a experiência pedagógica da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS).



De acordo com uma portaria publicada hoje no Diário da República, ficam suspensos, até 2010, os processos de adopção de novos manuais das disciplinas de Língua Portuguesa dos 5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade, entrando em vigor, no ano lectivo de 2010/2011, os programas revistos e homologados.
O Ministério da Educação (ME) decidiu avançar com a revisão científica e adaptação pedagógica da TLEBS, o que passará pela disponibilização de dois documentos de referência, a apresentar pela Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC), com recurso a especialistas de reconhecido mérito.
Um destes documentos, de carácter científico e destinado a professores, corresponderá a uma lista de termos e respectivas definições;
O outro documento, de carácter didáctico-pedagógico, conterá os termos a trabalhar, por ciclo de ensino, e propostas de materiais a utilizar pelos docentes nas situações de ensino-aprendizagem.
Estes documentos, quando completos, serão submetidos a consulta pública por um período não inferior a 90 dias.
Nos considerandos do documento, o ME recorda que a TLEBS foi adoptada, a título de experiência pedagógica, pela Portaria n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro, o que foi então justificado pela necessidade, largamente partilhada pelos especialistas e pelos próprios professores, de corrigir os erros terminológicos e de superar a desactualização da Nomenclatura Gramatical Portuguesa, aprovada pela Portaria n.º 22 664, de 28 de Abril de 1967.
A Portaria n.º 1488/2004 determinou o início da experiência no ano lectivo de 2004/2005, fixando a sua duração em três anos lectivos, findos os quais a TLEBS entraria generalizadamente em vigor.
Nesta portaria admitia-se, porém, expressamente, a possibilidade de introdução das alterações que os resultados da experiência viessem a aconselhar.
O desenvolvimento da experiência-piloto, durante o ano de 2005/2006, bem como a entrada progressiva de escolas e docentes na fase experimental, permitiu identificar alguns termos inadequados e, ainda, dificuldades nas condições científicas e pedagógicas da sua generalização.
Deste modo, tornou-se necessário definir novas orientações, tendo em especial consideração que qualquer intervenção deverá salvaguardar a continuidade e estabilidade pedagógicas e respeitar o trabalho que professores e alunos realizam nas escolas.
Conferência Internacional sobre o Ensino do Português
A DGICD organiza uma Conferência Internacional sobre o Ensino do Português, que vai decorrer de 7 a 9 de Maio, no Centro Cultural de Belém.
Através desta conferência pretende-se reflectir, de forma alargada, sobre os grandes problemas que hoje se apresentam ao ensino do Português e à sua aprendizagem em contexto escolar.
Para mais informações, consultar a página da Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular .

Provas de aferição realizam-se de acordo com novas regras

22 de Mai de 2007
As provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico realizam-se, respectivamente, nos dias 22 e 24 de Maio. Estas provas, que visam avaliar o modo como os objectivos e as competências essenciais de cada ciclo estão a ser alcançados pelo sistema de ensino, concretizam-se, neste ano lectivo, de acordo com novas regras.

As provas de aferição de Língua Portuguesa foram realizadas, hoje, por 118 730 alunos do 4.º ano e 126 822 do 6.º ano do ensino básico.
Estas provas foram realizadas em 6787 escolas, no caso do 4.º ano, e em 1117, no caso do 6.º ano.
Prevê-se que estas quase 250 mil provas sejam classificadas por 4102 professores, inseridos em 86 unidades de aferição.
Trata-se de uma grande operação, que prosseguirá na próxima quinta-feira, com as provas de Matemática.
Esta operação só é possível graças à preparação e ao trabalho profissional e organizado de professores, escolas – públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro – e conselhos executivos dos agrupamentos. Refira-se, em particular, o trabalho dos supervisores, coordenadores e classificadores.
Estas provas permitem ter uma avaliação global, mas também, pela primeira vez, individualizada, da aprendizagem da Língua Portuguesa e da Matemática pelos alunos dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico.
Desde 2001, as provas de aferição dão indicações sobre o modo como os objectivos e as competências essenciais de cada ciclo estão a ser alcançados pelo sistema de ensino.
Até aqui, estas provas permitiram apenas uma visão global, mas não uma avaliação descentralizada e individualizada da aprendizagem.
Agora, alterou-se a metodologia de realização, correcção e classificação das mesmas, no sentido da sua universalização e da individualização da classificação.
Procura-se que este seja o ano zero de uma nova série de provas de aferição, que passará a permitir, num primeiro momento, a produção de resultados individualizados e apurados em tempo útil, para que professores e escolas possam conhecê-los antes do fim das actividades lectivas.
Num segundo momento, conduzirá à produção de relatórios, turma a turma, que proporcionem aos professores e às escolas elementos indispensáveis para a elaboração de planos de acção com vista à melhoria dos resultados e da qualidade das aprendizagens.
Num terceiro momento, possibilitará uma reflexão mais profunda e necessariamente mais demorada, que permita avaliar elementos estruturais do sistema ensino, tais como programas, manuais escolares e formação de professores.
Assim, as pautas com as classificações individuais dos alunos serão devolvidas às escolas até dia 21 de Junho.
Em Outubro, serão entregues cerca de 30 mil relatórios por turma, e por escola.
Até ao fim do ano civil, será disponibilizado o relatório final.
Pela metodologia de realização, que é universal, de correcção – que é organizada a partir de unidades de aferição, que agregam vários agrupamentos –, e de classificação – que resultará em uma nota por prova –, as provas de aferição são agora uma nova realidade.
Realidade esta que coloca ao dispor do país um instrumento de avaliação externa passível de ser apropriado por alunos e famílias, professores e escolas e, naturalmente, pelo Ministério da Educação.
Esse instrumento, uma vez plenamente utilizado, constituirá certamente um contributo no sentido da melhoria dos resultados e da qualidade das aprendizagens.
Nota:Texto baseado na declaração do Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, na conferência de imprensa do dia 22 de Maio.
Para mais informações, consultar:
Unidades de Aferição / Estabelecimentos de Ensino [PDF]
Escolas / Alunos / Classificadores envolvidos [PDF]

Provedor de Justiça pede explicações à DREN


O provedor de Justiça, Henrique Nascimento Rodrigues, pediu ontem esclarecimentos sobre o processo disciplinar instaurado pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) que levou à suspensão preventiva de um professor do Porto por alegadamente ter feito um comentário jocoso em relação à licenciatura de José Sócrates. O caso já suscitou também dois requerimentos do PSD e do CDS a exigir a comparência da ministra da Educação no Parlamento. A Tutela recusa-se, porém, a prestar esclarecimentos.Segundo um comunicado da Provedoria, Nascimento Rodrigues quer que a directora da DREN, Margarida Moreira, lhe remeta "os comentários que queira fazer para boa elucidação do caso , bem como a cópia da proposta e despacho que terão determinado a suspensão preventiva" de Fernando Charrua.Já a Oposição exige que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues compareça, com urgência, na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura". Para o PSD, a suspensão do seu antigo deputado representa "uma atitude intimidatória, persecutória e opressora". No requerimento do CDS fala-se em "autoritarismo".O secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, alega, porém, que a tutela "não tem de esclarecer rigorosamente nada" "A ministra não tem nada para explicar aos deputados porque não foi a ministra que introduziu o procedimento". Na Assembleia, o PS diz o mesmo.Piada a um assessorFernando Charrua era professor requisitado na DREN e trabalhava sobre a carreira dos professores, lidando, por exemplo, com a passagem de bacharelato a licenciatura. Terá sido em alusão a essas funções que terá dito uma piada a um assessor de Margarida Moreira, do tipo "Se tiveres o doutoramento, mesmo que seja falso, tens que me enviar por fax que eu resolvo o problema". Não será, todavia, essa a anedota que originou o processo disciplinar, onde se alega que Charrua insultou o primeiro-ministro. Contactado pelo JN, o professor recusou falar sobre o caso, devido ao segredo disciplinar. Ao contrário do que noticiámos ontem, Fernando Charrua não era director de serviços dos Recursos Humanos, cargo hoje ocupado por António Basílio, que é alheio ao caso. Pelo erro, pedimos desculpa aos visados e aos leitores.

DREN reafirma que inquérito foi motivado por insulto a Sócrates

A Direcção Regional de Educação do Norte reafirmou que o inquérito instaurado a um professor foi originado por «um insulto ao primeiro-ministro», feito nas instalações do organismo.

«A directora regional entende que é inadmissível que um professor se expresse nos termos em que aquele o fez, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre qualquer outra pessoa», refere um comunicado divulgado esta manhã no Porto.
Neste documento, a DREN «insiste que o insulto em causa não tem absolutamente nada a ver com anedotas ou a licenciatura do primeiro-ministro», mas não esclarece o teor do que entende ter sido um insulto a José Sócrates.
O comunicado surge na sequência de informações que têm vindo a ser veiculadas pela comunicação social nos últimos dias, que, na perspectiva da DREN, criaram na opinião pública a ideia de que se trata de um caso de perseguição política a alguém que teria contado uma anedota relacionada com a licenciatura do primeiro-ministro.
O caso ocorreu em finais de Abril, culminando com a instauração de um inquérito e a suspensão preventiva de Fernando Charrua, ex-deputado do PSD e funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte há cerca de duas décadas.
Numa carta enviada na altura a várias escolas, Fernando Charrua admitiu ter feito um «comentário jocoso a um colega, dentro de um gabinete», acrescentando que o referido comentário foi «retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente».
Segundo Fernando Charrua, esse comentário foi «maldosamente pintado de insulto» e levado à directora regional, originando um processo disciplinar e a suspensão preventiva, entretanto já levantada.
A frase que terá originado a decisão da directora Regional de Educação do Norte ainda não foi divulgada oficialmente, mas o Correio da Manhã, na edição de hoje, citando uma fonte oficial não identificada refere que a polémica terá sido provocada pela frase «Estamos num país de bananas, governado por um filho da... de um primeiro-ministro».
Na sequência desta polémica, o Provedor de Justiça já solicitou esclarecimentos à DREN e os partidos da oposição pronunciaram-se sobre o assunto no parlamento, pedindo uma tomada de posição do Ministério da Educação, que já esclareceu tratar-se de uma questão da competência da DREN.
O professor envolvido na polémica reagiu à suspensão preventiva imposta pela direcção regional e interpôs uma providência cautelar, tendo o Ministério da Educação decidido, ainda antes da decisão judicial, terminar a requisição de Fernando Charrua na DREN, onde trabalhava na área dos recursos humanos.
Desta forma, o professor de inglês regressou à Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, onde exercia a actividade docente antes de ser requisitado pela DREN, encontrando-se actualmente colocado em funções na biblioteca daquele estabelecimento de ensino.
A Lusa tentou hoje contactar a advogada de Fernando Charrua para esclarecer os contornos deste caso, mas as várias tentativas realizadas revelaram-se infrutíferas até ao momento.
Lusa / SOL

Provas de aferição começaram num ambiente de polémica



Fernando Basto"O texto era fácil, sobre uma caixinha de música, o pior eram as perguntas de interpretação!". Entusiasmados com o teste de Português,o alunos da "Ramalho Ortigão", no Porto, estavam longe da polémica que a prova estava a causar no mundo dos adultos. De um lado, sindicatos e associações de professores questionavam o verdadeiro objectivo das provas; de outro, o Ministério da Educação(ME) recusava a ideia de uma avaliação aos professores, voltando a defender a necessidade de avaliar a qualidade do currículo nacional e a prestação das escolas."O que gostei mais foi de redigir um convite para a minha festa de anos", disse ao JN a Ana Sofia, da Escola Básica 2/3 Ramalho Ortigão, eufórica por ter feito, pela primeira vez,um exame nacional. Na realidade, ontem, para os 250 mil alunos dos 4.º e 6.º anos de escolaridade de todo o país foi um dia especial o da prova de aferição de Português.A partir deste ano, o ME pretende que aquelas provas - realizadas nas disciplinas de Português e Matemática - abranjam todos os alunos. Por outro lado, os resultados serão afixados em pautas e as escolas serão obrigadas a produzir um relatório de avaliação, assim como um plano de acção para remediação dos resultados mais fracos.Estas novas regras foram contestadas por organizações representativas da classe docente. A Federação Nacional dos Professores acusou o ME de pretender avaliar os professores e "alijar as suas responsabilidades" caso os resultados sejam negativos. Por seu turno, a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considerou que as provas de aferição têm sido instrumento de "uma ideologia pedagógica dogmática e ultrapassada". Em comunicado, a SPM considerou que as provas "não aferem o trabalho da escola e dos professores, nem o valor acrescentado que a escola e os professores trouxeram aos alunos". Como alternativa, a SPM defende a realização de exames nacionais a mais disciplinas.Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação de Professores de Português, é de opinião que as provas sejam realizadas no início do ano lectivo, de forma a permitir uma melhor orientação do trabalho dos professores. E também propõe que outras disciplinas sejam também aferidas. Amanhã, às 10 horas, será a vez da prova de Matemática.O Ministério da Educação (ME) garantiu, em conferência de Imprensa realizada ao final da tarde de ontem, que o objectivo das provas de aferição não é o de avaliar os professores, conforme algumas organizações representativas da classe haviam apontado.Jorge Pedreira, secretário de Estado adjunto e da Educação, reafirmou a vontade do ministério em conhecer o modo como os objectivos e as competências essenciais de cada ciclo estão a ser alcançados pelo sistema de ensino. Ao longo do dia, foram várias as vozes que se fizeram ouvir contra a realização das provas. Para além das organizações representativas dos professores, também o PSD e o CDS-PP criticaram os testes, defendendo a sua substituição por exames nacionais ou provas globais que contem para a nota dos alunos. Para o PCP, a divulgação dos resultados das provas de aferição "vai ter o efeito de um ranking, servindo apenas para aumentar a competitividade entre escolas". O BE aceita as provas, alegando serem "úteis para a avaliação do sistema de ensino".

O professor a quem "caiu o céu em cima da cabeça"

FRANCISCO MANGAS
Os amigos dizem que ele é um "brincalhão". Fernando Charrua - que acaba de ser suspenso da Direcção Regional da Educação do Norte (DREN) por causa de um comentário jocoso à licenciatura de Sócrates - não os desmente. "Gosto de brincar, de contar anedotas: é a minha maneira de ser, sem boa disposição a vida é uma chatice". É brincalhão e, "como muito de nós, usa por vezes o calão - mas nunca o ouvi ofender ninguém", assegura Lino Ferreira, antigo director da DREN. Nas funções que exerce, "é um trabalhador dedicado, cumpridor do seu dever", avaliado com um "muito bom" no ano passado. Fernando Charrua, 57 anos, natural de Chaves, mas a viver há muito no Porto, é professor de Inglês. Em 1988 foi convidado para integrar a DREN, onde, entre outros cargos, foi coordenador da Reforma Educativa, chefe de divisão e director de serviços pedagógicos. A sua carreira na Direcção Regional de Educação é interrompida em Outubro de 2002, quando entra na Assembleia da República como deputado do PSD. Reconhece que com a actual directora, a socialista Margarida Madureira, houve "diferenças de opinião, mas sempre com respeito de ambas a partes". O ambiente na DREN, no entanto, parece não ser o mais aconselhável. "A ser verdadeiro o que diz a comunicação social, "é lamentável o que se está a passar na DREN", diz Lino Ferreira. "O estatuto de tolerância que a casa tinha perdeu-se, na a altura em que fui director, ninguém levava a mal as piadas sobre futebol ou sobre política". Fernando Charrua, agora a trabalhar na biblioteca da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, onde é o professor efectivo, considera-se vítima de uma "monstruosa" acusação, "e nem sequer quiseram ouvir a minha posição. O professor de Inglês, diz que o "céu caiu-me em cima", mas não perde o sentido de humor.O comentário "insultuoso" à licenciatura do primeiro-ministro, que provocou a sua suspensão preventiva da Direcção Regional de Educação do Norte, não foi o único que fez sobre a matéria, garante o ex-deputado do PSD. Uma matéria que, em todo o país, tem as mais variadas piadas e anedotas.

Para Jorge Miranda, a "directora regional é que devia ser demitida"

Os especialistas em direito administrativo consultados pelo DN condenam de forma unânime a decisão da directora regional de Educação do Norte de instaurar um processo disciplinar sobre um funcionário público, também suspenso preventivamente, pelo facto de este ter dito uma piada sobre o primeiro-ministro. O constitucionalista Jorge Miranda não conseguiu mesmo esconder a sua indignação com o comportamento de Margarida Moreira, chegando ao ponto de dizer que "quem deveria ser demitido era a directora a regional".Para o professor da Faculdade de Direito de Lisboa, "houve um delator, o que é uma coisa profundamente triste", desabafou. Jorge Miranda entende que "o princípio constitucional da liberdade de expressão não pode ser posto em causa dentro da administração pública". E, acrescenta, "se houve injúria ou difamação, a questão tem de ser resolvida em tribunal e nunca por via administrativa". A questão da delação foi também vincada por Pedro Lomba. "A responsável ordenou a suspensão preventiva a partir de um testemunho indirecto, o que me parece muito grave num processo de avaliação de culpa". Para este especialista em direito constitucional e administrativo, a suspensão preventiva é "claramente desproporcionada", já que se destina a falhas muito graves dos funcionários, o que "não é manifestamente o caso". Além disso, "é muito discutível que estejamos perante uma infracção disciplinar, que implicaria uma violação dos deveres profissionais". O advogado Paulo Veiga e Moura, que publicou um livro sobre os direitos e deveres dos funcionários públicos, também condena a sanção aplicada a este professor. Apesar do funcionário público "não ser um indivíduo qualquer, também não é estéril do ponto de vista cívico e político". Assim, se por um lado os trabalhadores do Estado devem aceitar uma limitação da sua liberdade de expressão enquanto desempenham as suas funções, por outro lado, esta contenção só é exigível quando possa estar em causa "um prejuízo para a qualidade ou prestígio do serviço público". Ora, uma simples piada não ameaça o correcto funcionamento do serviço, conclui. Mas um comentário jocoso não é uma falta de respeito para com o primeiro-ministro, que é o chefe máximo da administração pública? "Não. O dever de respeito não impede o funcionário de fazer comentários ou dizer piadas. Implica, isso sim, tratar de forma ordeira e correcta os seus superiores hierárquicos." O que este funcionário violou, quando muito, foi o dever de contenção, já que não é suposto dizer piadas durante o horário de trabalho. Para este advogado, este episódio acarreta ainda efeitos intimidatórios sobre os funcionários. Com este tipo de atitudes, "arriscamo-nos a regressar ao conformismo temeroso de outros tempos". Pedro Lomba reforça: "O país ficou a saber que qualquer afirmação menos agradável sobre o primeiro-ministro pode dar lugar a um processo".

OMinistro, o professor e as piadas


Se um ministro brinca com o primeiro-ministro, adormeço tranquilo. Gostei de escrever, há dias, uma crónica por Mário Lino gozar com José Sócrates sem os quartéis terem entrado em prevenção. Lembrei, então: nem sempre foi assim. Camões foi exilado para a Índia por ter brincado com o rei D. Manuel. Ora, agora, um professor foi castigado por ter dito uma piada sobre Sócrates. Disse um qualquer assessor: "Os funcionários têm o dever da lealdade institucional." Falemos de lealdades. Com Mário Lino, eu escrevi: agora já se pode brincar com os de cima. Passei por parvo. Sócrates tem um dever de lealdade para comigo. Que apareça com o professor a rir-se às gargalhadas de piadas sobre o primeiro-ministro. Eu, na crónica, defendi Sócrates com unhas e dentes: disse que ele era um primeiro-ministro normal num país normal. Lealmente, rindo-se como o professor, Sócrates não me deixará perder a face. Obrigado.

Ministra recusa ir ao Parlamento


A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, recusa ir à Assembleia da República esclarecer o caso do processo disciplinar movido no Ministério da Educação a um professor por, alegadamente, ter dito piadas sobre a licenciatura do primeiro-ministro.Falando ao DN, o secretário de Estado-adjunto da Educação, Jorge Pedreira, explicou a recusa da ministra: "A ministra não tem nada que explicar aos deputados, porque não foi ela que desencadeou o procedimento [disciplinar]". Jorge Pedreira afirmou que a decisão em causa foi tomada à luz da "autonomia" da DREN (Direcção Regional de Educação do Norte), desmentindo que esta tenha sido sancionada por Maria de Lurdes Rodrigues. Por isso, argumentou, o ministério não tem, pelo menos por enquanto, que tomar qualquer posição pública sobre este caso: "Não há qualquer reacção a tomar. Se houver um recurso hierárquico, então o ministério vai pronunciar-se."Ontem, no Parlamento, todos os partidos da oposição exigiram esclarecimentos da ministra, ou sob a forma de depoimento na comissão de Educação ou sob a forma de requerimento dirigido à titular governamental da pasta. As duas medidas têm eficácias diferentes: enquanto a solicitação da presença da ministra no Parlamento pode ser inviabilizada pela maioria PS, já um requerimento parlamentar é de resposta obrigatória pelo membro do Governo a quem é dirigido (embora o regimento da Assembleia da República não imponha prazos de resposta aos ministérios). Por enquanto ainda ninguém admite apelar formalmente ao Presidente da República, embora a ideia circule.O sentido unânime das opiniões manifestadas na oposição parlamentar é que se está perante mais um caso de tentativa de limitação da liberdade de expressão.O PS, evidentemente, não concorda. Luís Fagundes Duarte, coordenador dos deputados socialistas na comissão de Educação, salientou ao DN que "a DREN tem competências próprias na gestão do seu pessoal". "Por definição não comentamos processos disciplinares".Se a directora da DREN, Margarida Moreira, "cometeu ou não um erro é algo que o próprio processo disciplinar determinará", afirmou ainda o deputado. Porém, embora dizendo não querendo comentar a substância dos factos, Fagundes Duarte lá foi dizendo ser para si "evidente" que "é preciso fazer qualquer coisa" quando "os políticos são achincalhados na rua". "É muito fácil chamar nomes às pessoas e não acontecer nada", acrescentou.No gabinete do primeiro-ministro a ordem é de não comentar. "O assunto é do âmbito da Direcção Regional de Educação do Norte e do Ministério da Educação", explicou ao DN um colaborador de José Sócrates. "Para já não nos metemos", acrescentou - querendo com isto também dizer que não foram dadas instruções à ministra para fazer o processo recuar. Seja como for, há uma certeza, de acordo com o mesmo interlocutor do DN: "O que ele [o professor Fernando Charrua] disse [e que não coincide com o que o próprio afirma ter dito] não foi nenhuma piada nem um dito jocoso, como o próprio afirma. Foi um insulto." A actuação da directora da DREN é enquadrada pelo gabinete de Sócrates como tendo também um fundo de "rivalidades internas" naquele organismo. E, evidentemente, garante-se que Sócrates nada teve a ver com o procedimento disciplinar.Entretanto, quem se pôs em campo foi a provedoria de justiça. Fê-lo emitindo um comunicado dizendo ter solicitado à directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, "comentários que esta queira fazer para boa elucidação do caso, bem como a proposta e despacho que terão determinado a suspensão preventiva do mesmo funcionário".No Governo, a sanção aplicada ao funcionário - que na legislatura passada foi deputado do PSD, tendo aliás tido uma participação activa na revisão da lei de bases da educação - também não caiu bem. As reacções variam entre o tom mais emotivo em que classificação a decisão da directora regional como "exagerada" ou mesmo "nada inteligente" e aqueles a consideram apenas como ou excessivamente zelosa. Mas todos parecem concordar que foi contraproducente e negativa do ponto de vista político.No seu blogue (causa-nossa.blogspot.com), o constitucionalista Vital Moreira, há muito compagnon de route dos socialistas, criticou, sem nomear, a atitude da directora da Direcção Regional de Educação do Norte: "Há-os sempre, os zelosos guardiões do poder, excedendo-se na punição dos que se excedam no desrespeito ao poder. Não se dão conta, os zelosos, que no seu excesso só desajudam quem julgam proteger."Num outro blogue (quartarepublica.blogspot.com, onde em tempos participou um actual assessor presidencial, David Justino), Pinho Cardão, também ele deputado do PSD na legislatura passada (2002-2005), testemunhou sobre o professor agora penalizado: "Entre parêntesis, gostaria de dizer que conheci o dr. Fernando Charrua na Assembleia da República, nos pouco mais de dois anos que por lá passei, e muito gostei da qualidade do seu trabalho, do seu empenho em bem fazer, acompanhado de um constante ar jovial." "Acredito nele", escreveu o ex-deputado.

Educação: Tribunal dá razão ao Governo na imposição de serviços mínimos em dias de greve

Lisboa, 23 Mai (Lusa) - O Tribunal Central Administrativo considerou legal a polémica decisão dos Ministérios da Educação e do Trabalho de convocar serviços mínimos para uma greve de professores que em 2005 coincidiu com os exames nacionais do 9º e 12º anos.
Num acórdão proferido a 10 de Maio e divulgado hoje, o Tribunal afirma que o despacho dos dois ministérios, que na altura gerou grande polémica, "não padece nem de ilegalidade, nem do vício de incompetência".
Há dois anos, as duas maiores federações sindicais de professores convocaram quatro dias de greves regionais para contestar medidas como o alargamento da idade de reforma, agendando a paralisação para a primeira semana de exames nacionais, entre 20 e 23 de Junho.
Para assegurar a realização das provas, considerada pelo Governo como uma "necessidade social impreterível", os ministros da Educação e do Trabalho emitiram um despacho a definir serviços mínimos de docentes, uma decisão contestada pela oposição e por alguns juristas, que afirmaram estar em causa o direito à greve.
O caso motivou uma batalha jurídica entre os sindicatos e a tutela, tendo os tribunais administrativos de Lisboa e Ponta Delgada proferido duas decisões judiciais divergentes sobre providências cautelares interpostas pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) para contestar os serviços mínimos.
Perante as duas decisões contraditórias, a Fenprof recorreu para o Tribunal Central Administrativo, que este mês acabou por dar razão ao Governo nesta matéria.
"Ninguém tem dúvidas de que o sector do ensino é um sector vital para qualquer sociedade democrática e evoluída. Sem menosprezar a importância do direito à greve como direito fundamental, parece-nos que, no caso concreto, o Governo detinha competência para a definição de serviços mínimos", refere o acórdão, hoje divulgado.
No entanto, o caso promete ainda arrastar-se na justiça, uma vez que a Fenprof vai recorrer deste acórdão para o Supremo Tribunal Administrativo.
"Vamos recorrer porque mantemos o entendimento de que o conceito de serviços mínimos, estabelecido por lei, não abrange o sector da Educação. Os serviços mínimos são apenas aplicáveis a coisas inadiáveis, como as urgências hospitalares, o que não é o caso dos exames", afirmou à Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.
JPB.
Lusa/Fim

Formalizado concurso de professores titulares

A legislação que regula o primeiro concurso de acesso à categoria de professor titular, a que podem candidatar-se cerca de 60 mil docentes, foi publicada ontem em "Diário da República" e entra hoje em vigor.

Segundo o diploma, que mantém a assiduidade como um dos critérios, o concurso vai decorrer em duas fases autónomas de acordo com os índices remuneratórios dos docentes, sendo o número de vagas fixado posteriormente através de despacho da ministra da Educação.

A regulamentação do concurso prevê a selecção dos docentes através da análise curricular onde são ponderadas as habilitações académicas, com a valorização da formação académica acrescida como os graus de mestre (15 pontos) e doutor (30 pontos).

São ainda consideradas a experiência profissional e a avaliação de desempenho com a valorização do exercício de actividades lectivas, o desempenho de cargos de coordenação, direcção e supervisão de outros docentes e a assiduidade.

Na versão final do documento as faltas dadas por motivo de doença, assistência a filhos menores ou morte de familiar deixam de ser contabilizadas em termos de assiduidade, mas uma fonte sindical citada pela Lusa referiu que o documento não é específico quanto a estes casos.

Na questão da assiduidade é considerado no diploma o menor número de faltas em cinco dos últimos sete anos lectivos, não contabilizando as "faltas, licenças e dispensas legalmente consideradas, durante o mesmo período, como prestação efectiva de serviço".

Na versão inicial, o diploma penalizava, entre outros, os casos de ausências por motivos de doença, acompanhamento de filhos doentes ou morte de familiar, por exemplo, o que foi fortemente contestado pelos sindicatos durante o processo de negociação do regulamento do concurso.

A avaliação do currículo dos candidatos, que o diploma do Ministério da Educação (ME) limita aos últimos sete anos lectivos, é também um dos principais aspectos contestados pelos sindicatos, que alegam que os professores em condições de concorrer têm, em média, 21 anos de serviço.

Educação: DREN reafirma que inquérito a professor foi originado por "insulto" ao primeiro-ministro

23 de , 11:35

Porto, 23 Mai (Lusa) - A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) reafirmou hoje que o inquérito instaurado a um professor foi originado por "um insulto ao primeiro-ministro", feito dentro das instalações daquele organismo.

"A directora regional entende que é inadmissível que um professor se expresse nos termos em que aquele o fez, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre qualquer outra pessoa", refere um comunicado divulgado esta manhã no Porto.

Neste documento, a DREN "insiste que o insulto em causa não tem absolutamente nada a ver com anedotas ou a licenciatura do primeiro-ministro", mas não esclarece o teor do que entende ter sido um insulto a José Sócrates.

O comunicado surge na sequência de informações que têm vindo a ser veiculadas pela comunicação social nos últimos dias, que, na perspectiva da DREN, criaram na opinião pública a ideia de que se trata de um caso de perseguição política a alguém que teria contado uma anedota relacionada com a licenciatura do primeiro-ministro.

O caso ocorreu em finais de Abril, culminando com a instauração de um inquérito e a suspensão preventiva de Fernando Charrua, ex-deputado do PSD e funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte há cerca de duas décadas.

Numa carta enviada na altura a várias escolas, Fernando Charrua admitiu ter feito um "comentário jocoso a um colega, dentro de um gabinete", acrescentando que o referido comentário foi "retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente".

Segundo Fernando Charrua, esse comentário foi "maldosamente pintado de insulto" e levado à directora regional, originando um processo disciplinar e a suspensão preventiva, entretanto já levantada.

A frase que terá originado a decisão da directora Regional de Educação do Norte ainda não foi divulgada oficialmente, mas o Correio da Manhã, na edição de hoje, citando uma fonte oficial não identificada refere que a polémica terá sido provocada pela frase "Estamos num país de bananas, governado por um filho da... de um primeiro-ministro".

Na sequência desta polémica, o Provedor de Justiça já solicitou esclarecimentos à DREN e os partidos da oposição pronunciaram-se sobre o assunto no parlamento, pedindo uma tomada de posição do Ministério da Educação, que já esclareceu tratar-se de uma questão da competência da DREN.

O professor envolvido na polémica reagiu à suspensão preventiva imposta pela direcção regional e interpôs uma providência cautelar, tendo o Ministério da Educação decidido, ainda antes da decisão judicial, terminar a requisição de Fernando Charrua na DREN, onde trabalhava na área dos recursos humanos.

Desta forma, o professor de inglês regressou à Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, onde exercia a actividade docente antes de ser requisitado pela DREN, encontrando-se actualmente colocado em funções na biblioteca daquele estabelecimento de ensino.

A Lusa tentou hoje contactar a advogada de Fernando Charrua para esclarecer os contornos deste caso, mas as várias tentativas realizadas revelaram-se infrutíferas até ao momento.

FR.

Lusa/fim

terça-feira, maio 22, 2007

Fenprof avança com providência cautelar contra concurso de professores

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) entrega amanhã junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa uma providência cautelar, tendo em vista a suspensão das normas que considera ilegais no aviso de abertura do concurso de professores para o próximo ano lectivo.
Em comunicado, a Fenprof afirma que decidiu recorrer aos tribunais para que o concurso de professores para o ano lectivo de 2007/2008 decorra "de acordo com as regras que se encontram legalmente estabelecidas" e não tendo em vista a suspensão global do processo.De acordo com aquela federação sindical, o aviso de abertura impõe que o processo de contratação cíclica termine a 8 de Outubro, quando o decreto-lei 20/2006 "refere explicitamente que as contratações de docentes por oferta de escola suspendem o processo de contratações cíclicas (...) nunca antes do termo do primeiro período lectivo".Segundo a Fenprof, outra das ilegalidades prende-se com os professores dos Quadros de Escola que estejam deslocados e em Setembro decidam regressar ao estabelecimento de origem.No caso de não haver serviço lectivo para todos os docentes da escola, àqueles será atribuído horário zero, caso o seu lugar se encontre ocupado por um professor do Quadro de Zona Pedagógica, independentemente de qualquer critério, como o da graduação profissional, contrariando o que indica o mesmo decreto-lei, refere ainda a Fenprof.

Fenprof critica realização das provas de aferição nos 4º e 6º anos

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou hoje a realização das provas de aferição nos 4º e 6º anos, considerando que a intenção do Ministério da Educação é responsabilizar as escolas e os docentes pelos resultados dos alunos.
"O ministério de Maria de Lurdes Rodrigues parece pretender que as referidas provas sejam mais um mecanismo de avaliação e responsabilização das escolas e professores, caso as classificações dos alunos venham a ser baixas", afirma a Fenprof, em comunicado.Os alunos dos 4º e do 6º anos testam os conhecimentos a Português e a Matemática amanhã e na quinta-feira, respectivamente, realizando provas nacionais de aferição que não contam para a nota, mas servem para aferir se estão a ser adquiridas as competências básicas."Esta intenção, que a Fenprof rejeita e repudia, fica muito clara pelo facto de o Ministério da Educação remeter para as escolas a incumbência de montar estratégias de superação das dificuldades dos alunos, pretensamente diagnosticadas através das classificações por eles obtidas", acrescenta a federação sindical.Provas de aferição começaram por ser universaisIntroduzidas em 1999, as provas de aferição começaram por ser universais, mas, em 2002, passaram a ser realizadas apenas por uma amostra representativa dos alunos.Para a Fenprof, estas provas não podem servir para avaliar alunos, professores ou escolas, mas o sistema educativo, defendendo também que o modelo da amostragem cumpre aquele objectivo.Este ano, o Ministério da Educação decidiu que os testes voltam a ser aplicados a todos os estudantes dos dois anos de escolaridade, alegando que as provas de aferição são o instrumento "mais adequado para avaliar a qualidade do currículo nacional e a prestação das escolas nos primeiros ciclos do ensino básico".Notas alcançadas serão afixadas em pautaApesar de não contarem para efeitos de reprovação dos alunos, as notas alcançadas nestas provas serão, pela primeira vez, afixadas em pauta, possibilitando, segundo a tutela, "uma reflexão colectiva e individual sobre a adequação das práticas lectivas".Os estabelecimentos de ensino terão de realizar um relatório, a partir da análise dos resultados alcançados pelos alunos, no qual definem um plano de acção com medidas para melhorar o desempenho a Língua Portuguesa e Matemática.Com base nos relatórios de cada escola, caberá depois à Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular elaborar um documento de avaliação dos currículos das duas disciplinas.Generalização das provas levanta questões organizativasSegundo a Fenprof, a generalização das provas de aferição levanta ainda questões organizativas, já que os docentes destacados para as provas terão de trabalhar no final do ano lectivo mais dois dias, caso não possam leccionar nos dias da sua realização."Os docentes que leccionem em regime duplo da tarde terão, no final das provas de aferição, de trabalhar com as suas turmas, o que, em alguns casos, levará a que nesse dia desenvolvam nove horas de actividade, o que é ilegal", denuncia a Fenprof. Em 2006, a então directora do Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação fez um balanço dos seis anos em que se realizam provas de aferição, afirmando ser possível concluir que a aquisição de competências básicas não registou uma melhoria. "A evolução a Língua Portuguesa e a Matemática não é positiva", afirmou à Lusa Glória Ramalho, então directora daquele gabinete.

Pequena carta a José Sócrates


Senhor primeiro-ministro eu não conheço o caso senão pelas páginas dos jornais mas sei que Fernando Charrua é um professor de Inglês requisitado pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) e agora suspenso por ter gracejado sobre o processo da sua licenciatura. Mais de meio país, seguramente, fez "comentários" sobre o assunto - graçolas, piadas, anedotas, coisas soezes ou apenas risíveis e imbecis. O senhor sabe. É natural, somos portugueses e conhecemos a injustiça do humor de Gil Vicente, mesmo que o assunto seja tão irritante e tão menor como esse. O tema não é tabu e o senhor mesmo foi à televisão por causa dele. A responsável pela DREN, avisada por alguém (que achou por bem denunciar o caso, sabe-se lá porquê) achou que o comentário do professor era um insulto ao primeiro-ministro e resolveu suspendê-lo de funções e instaurar-lhe um processo disciplinar, com participação - creio - ao Ministério Público. O que apurará o processo não se sabe ainda, mas prevejo um grande debate sobre o que é e não é insulto e sobre os deveres dos funcionários públicos. A coisa promete. Como em muitas situações semelhantes, vamos ter mais anedotas sobre o assunto. Ele merece. De acordo com a directora regional de Educação - é, portanto, a posição oficial do Ministério da Educação -, "o Sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal" e os funcionários públicos devem-lhe respeito. Ora, nem que não fosse primeiro-ministro. Em declarações ao jornal "Público", Margarida Moreira acrescentou que a sua decisão (a de suspender o professor, a de instaurar-lhe um processo disciplinar e a de participar ao Ministério Público) se deve ao facto de "poder haver perturbação do funcionamento do serviço".Dado que o processo se encontra em fase de "segredo", uma figura jurídica que serve para tudo, não sabemos que insulto lhe terá Fernando Charrua dirigido, a si, senhor primeiro-ministro, que pudesse perturbar tão gravemente "o serviço". Imagino que o senhor também não saiba. Mas, andando na política há tantos anos, suponho que nenhum insulto lhe deva ser estranho. Basta aparecer na televisão, ter um nome e ocupar um cargo. O senhor sabe como essas coisas se passam. De tudo fazemos uma anedota. O mundo é cruel.Há, evidentemente, a hipótese de a notícia não ser totalmente verdadeira. Mas não vejo como a directora da DREN confirmou-a e o ministério da Educação não a desmentiu até hoje. Se o processo disciplinar ao professor continuar a correr neste segredo, aumentarão os rumores e as suspeitas. A principal delas, mesmo sendo injusta, é a de que o senhor autoriza o Ministério da Educação, através da DREN, a fomentar o autoritarismo, o culto da personalidade ou a perseguição política a funcionários públicos que contem anedotas sobre José Sócrates. Seja como for, acho que a directora da DREN se excedeu. Foi mais papista do que o papa e causou-lhe, a si, um problema o de poder passar a haver despedimentos por "delito de opinião", o que é muito grave. O senhor dirá que não se trata de um despedimento mas, na pobre linguagem da pequena política, já se sabe que não basta "ser" - é também necessário "parecer". Ora, isto parece, exactamente, "delito de opinião". Argumentarão alguns que o comentário foi feito "nas horas de serviço" e "nas instalações da DREN"; teria sido assim tão grave que as paredes da DREN coraram de vergonha?Sei que o senhor primeiro-ministro não concorda com este tipo de perseguições. Não deixe que isso aconteça no seu, e meu, país. De contrário, o senhor será responsável pelo reaparecimento de milhares de pequenos ditadores e papistas, um pouco por todo o lado. Eles detestam-no a si porque o senhor é de uma nova geração de políticos que nasceu para a política já em liberdade; mas aproveitarão a boleia que este caso pode dar-lhes para satisfazer a pequena tentação portuguesa da intolerância.


Francisco José Viegas

Fenprof entrega terça-feira providência cautelar contra "ilegalidades

Em causa estão as normas "ilegais" do aviso de abertura do concurso de professores para o próximo ano lectivo

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) entrega terça-feira junto do Tribunal Administrativo de Lisboa uma providência cautelar tendo em vista a suspensão das normas "ilegais" do aviso de abertura do concurso de professores para o próximo ano lectivo.Em comunicado, a Fenprof salienta que decidiu recorrer aos tribunais para que o concurso de professores para o ano lectivo de 2007/08 decorra "de acordo com as regras que se encontram legalmente estabelecidas" e não tendo em vista a suspensão global do processo.De acordo com a federação sindical, o aviso de abertura impõe que o processo de contratação cíclica termine a 8 de Outubro, quando o decreto-lei 20/2006 "refere explicitamente que as contratações de docentes por oferta de escola suspendem o processo de contratações cíclicas (...) nunca antes do termo do primeiro período lectivo".Segundo a Fenprof, outra das ilegalidades prende-se com os professores dos Quadros de Escola que estejam deslocados e em Setembro decidam regressar ao estabelecimento de origem.No caso de não haver serviço lectivo para todos os docentes da escola, àqueles será atribuído horário zero, caso o seu lugar se encontre ocupado por um professor do Quadro de Zona Pedagógica, independentemente de qualquer critério, como o da graduação profissional, contrariando o que indica o mesmo decreto-lei.

segunda-feira, maio 21, 2007

Como avaliar os professores?


Joana Santos 2007-05-21

Parece não existir um modelo de avaliação ideal mas todos concordam que o processo é essencial. Responsáveis nacionais e internacionais partilharam a sua experiência numa conferência que decorreu em Lisboa.
«Todos os modelos de avaliação são imperfeitos por definição», afirmou a ministra da Educação, na abertura da conferência internacional "Avaliação de professores: visões e realidades", organizada pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores. Reconhecendo que não existem modelos ideais ou perfeitos e que estes resultam de escolhas políticas e de várias condicionantes, Maria de Lurdes Rodrigues salientou a importância da avaliação de professores, opinião partilhada com todos os oradores presentes para quem esta avaliação é inevitável.Apesar das condicionantes, a ministra pretende alcançar um modelo «com o máximo de apuramento e o mínimo de problemas». O objectivo, realçou, é alinhar Portugal pelas melhores práticas internacionais. Por isso mesmo, Maria de Lurdes Rodrigues sublinhou a importância de se conhecerem os modelos de avaliação existentes internacionalmente, para se poder decidir e adoptar as melhores soluções para os problemas concretos.O EDUCARE.PT falou com alguns dos especialistas presentes para saber a sua opinião sobre esta matéria.Gerard Figari (França)«Em França o sistema de avaliação não é recente», refere Gerard Figari, responsável pelo laboratório de ciências da educação da Universidade P. Mendès France, de Grenoble. A avaliação é feita externamente por inspectores, que têm funções diferentes dos inspectores portugueses. Cabe-lhes fazer uma avaliação pedagógica, em que avaliam individualmente os professores e visitam-nos nas suas aulas. Paralelamente, são avaliados pelos responsáveis do estabelecimento de ensino no âmbito de um plano administrativo e de organização do trabalho interno da escola.Os professores já estão habituados a esta avaliação e os pais não têm qualquer participação. Dificuldades? Nem por isso. Gerard Figari defende que tudo depende da maneira como as coisas são feitas: «Tem havido uma evolução nas funções dos inspectores nos últimos anos que se consideram não como controladores mas como acompanhantes do trabalho dos professores e isso ajuda». Contudo Gerard Figari reconhece que «há uma tradição de controlo» e, consequentemente, «há quem pense que a avaliação só serve para controlar». Mas a avaliação contribui também para o desenvolvimento dos próprios professores, para ajudar a tomar decisões, para assegurar transparência, defende. «Avaliar é julgar mas também é legitimar», sublinha Gerard.Ainda assim Gerard reconhece que a avaliação gera necessariamente mal-entendidos e riscos: «Avaliação não é compreendida nem aceite porque ninguém quer ser julgado. É vista como algo desmoralizador e ineficaz, pode criar climas de conflitos entre avaliadores e avaliados; influenciar o clima das escolas e criar sentimentos de injustiça», alerta.Quanto a Portugal, uma vez que se está a trabalhar num novo sistema de avaliação, Gerard argumenta que «é preciso encontrar a melhor maneira de aplicar o sistema e de este ser aceite por todos», salientando que é impossível pensar na avaliação dos professores sem se pensar na avaliação do sistema educativo.Anne O'Gara (Irlanda)Para Anne O'Gara, presidente do Marino Institute of Education, a avaliação dos professores é importante uma vez que «encoraja e ajuda os professores na sua carreira». Por isso mesmo, considera que a avaliação deve ocorrer aos mais variados níveis - ao nível individual, ao nível da escola e do sistema educativo, em colaboração com a UE e OCDE - e ser um processo contínuo, desde o momento em que se entra para a profissão até final da carreira.Na Irlanda, existem diferentes níveis de avaliação. Em alguns casos, a avaliação é feita pela própria escola mas também existe uma avaliação individual dos professores, num processo que começa na formação para a profissão e que continua no exercício da mesma, quando as aulas passam a ser acompanhadas pelos inspectores de educação.Na avaliação participa toda a comunidade educativa, desde a direcção da escola, passando pelos restantes profissionais do estabelecimento de ensino, até aos pais e aos alunos. Só depois de uma reunião com os respectivos profissionais é que é feita a avaliação em sala de aula. Concluído todo este processo, os inspectores reúnem-se novamente com os professores para lhes apresentar relatório final da avaliação.Anne O'Gara defende que «a avaliação dos professores tem de ser complementada com desenvolvimento contínuo dos professores», porque tem efeitos nos resultados dos alunos. «O desenvolvimento profissional dos professores é muito positivo, uma vez que se reflecte nos resultados dos próprios alunos », salienta.Alerta, por isso, para a necessidade de desenvolver um trabalho conjunto para se «criar confiança na avaliação e nos benefícios que dela advém». Aos professores recomenda a avaliação por acreditar que «traz melhorias e que os aproxima do seu próprio trabalho», permitindo-lhes reflectir e melhorar o mesmo.Gunter Schmid (Áustria)«Qualquer processo que ocorra deve ser avaliado. Não se podem fazer coisas sem se saber o que se está a fazer e onde é que isso nos está a levar». É assim que o responsável pelo Wiedner Gymnasium e Sir-Karl-Poppoer-Schule justifica a importância de avaliar os professores.Defende que «é preciso mudar de atitude» e deixar de pensar na avaliação como uma ameaça e encará-la como um meio para o desenvolvimento e o conhecimento.Lembra que há 15 anos, na Áustria, os professores eram avaliados mediante inspecções clássicas, em que o inspector se limitava a assistir a uma aula dos professores em avaliação. Concluiriam que não era suficiente. «Há qualidades que não se podem avaliar apenas numa aula. A avaliação é um processo contínuo, que tem de prolongar-se ao longo de toda a carreira», sublinha.Nos anos 90, a situação alterou-se e a avaliação passou a ser feita por inspectores e por headmasters, que estão sempre presentes, acompanhando o dia-a-dia dos professores.Mas a avaliação não é só feita de cima para baixo ou ao nível dos pares. Inclui o feedback dos alunos e a participação indirecta dos pais, ainda que não de um modo institucionalizado.Quanto a Portugal, afirma que se está a caminhar na direcção certa. «Estão num momento de decisão. Acho que vão no bom caminho e que as coisas vão correr bem. Ainda há muito por fazer, mas se os professores perceberem a mensagem positiva da avaliação então acho que é quase certo um bom futuro».Reconhece que alguns profissionais não estão motivados para este processo e que «é preciso motivá-los para participarem no melhoria» até porque, acredita, «a avaliação de professores terá benefícios para os alunos, para a formação, para a relação entre professores e alunos e mesmo reflexos sociais».Maria do Carmo Clímaco (Portugal)«Se a avaliação for bem concebida e bem realizada poderá ser um momento fundamental de desenvolvimento profissional», defende a antiga subinspectora-geral de Educação e presidente da Associação Internacional de Inspectores de Educação. Caso contrário, sublinha, se for reduzida a um procedimento administrativo, será «muito pobre e não valerá a pena».Para Maria do Carmo Clímaco, não há motivo para receios por parte dos professores. «Se os professores consideram que os próprios alunos não têm que ter medo da avaliação, devem lutar para que a avaliação se desenvolva como um processo de crescimento. Obviamente, terá momentos de prestação de contas e de selecção, que irão afectar as suas carreiras, mas que também lhes trarão gratificação e reconhecimento».Face aos sucessivos modelos de avaliação, considera difícil identificar melhores e piores práticas avaliativas, mas argumenta que é consensual que a avaliação é indispensável e necessária. Embora não acredite que a avaliação dos professores se irá reflectir necessariamente em melhores resultados dos alunos, se for conduzida como processo formativo, de desenvolvimento profissional, entende que «terá consequências positivas não só na progressão na carreira mas no exercício da profissão».

Porto Editora lança manuais virtuais


Lusa 2007-05-21

O novo formato integra toda a matéria dos livros escolares em papel, além de outros recursos como vídeos, actividades e exercícios.
Jogos didácticos e animações em vídeo são algumas das potencialidades dos manuais escolares virtuais que a Porto Editora vai disponibilizar na Internet, a partir de Setembro, para todas as disciplinas do 8.º e 10.º anos de escolaridade.Os manuais virtuais integram toda a matéria dos livros escolares em formato de papel, além de outros recursos como vídeos, áudios e actividades lúdicas, estando ainda ligados à Escola Virtual, a plataforma de e-learning criada pela Porto Editora em 2005, que disponibiliza conteúdos programáticos do 2.º ao 12.º ano de escolaridade.Segundo a editora, os manuais virtuais permitem "a adopção de novas estratégias de ensino e aprendizagem", já que os conteúdos poderão ser projectados na sala de aula, de forma a criar um "ambiente mais motivador e atractivo".A autonomização e flexibilização do processo de aprendizagem por parte dos estudantes é outra das vantagens apontadas pela Porto Editora.Confiante que este conceito terá uma importância crescente no futuro, a editora promete alargar os manuais virtuais a todos os outros anos de escolaridade até 2010/2011.A ligação dos manuais virtuais à plataforma de e-learning da Porto Editora é, segundo a editora, uma inovação em Portugal que "pode marcar o início de uma nova forma de aprender e estudar".

Brincar com números, desafiar a Matemática


Sara R. Oliveira 2007-05-21

O Clube da Matemática instala-se no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa durante dois meses. O arranque das iniciativas, que envolvem os algarismos, acontece no Dia da Criança, a 1 de Junho.
Há muito para explorar no reino dos números, das equações, das operações de aritmética. O Clube da Matemática, da Sociedade Portuguesa de Matemática, tem uma mão-cheia de actividades para cativar os mais pequenos para o universo dos algarismos. Ao longo de dois meses, o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa não descansa a pensar nos mais novos e não só. O Clube da Matemática entra em funcionamento numa data especial, a 1 de Junho, Dia da Criança. E fica com as portas abertas até 29 de Julho, durante o horário de funcionamento do espaço museológico, com horas marcadas para cada iniciativa.O programa está bem preenchido. Exposições com os números em pano de fundo, campeonatos de jogos para espicaçar a competitividade, palestras sobre a disciplina, uma grande feira dedicada à Matemática, uma maratona de origami, mais a parte lúdica da matéria para captar a atenção dos mais pequenos. Filmes, caça ao tesouro, um clube dedicado ao tempo, matemática a brincar integram a longa lista de actividades. E está tudo pensado. No dia da inauguração, o Clube da Matemática é oficialmente inaugurado e a partir das 10h00 há muito para fazer, para aprender. Os números que moram nos papéis aos quadradinhos são o centro das atenções, ora colocados em barraquinhas decoradas com simetrias, ora estampados em livros que são apresentados ao público. Um espectáculo de mágica matemática marca também o momento da abertura.As iniciativas estão abertas a quem gosta da Matemática ou a quer conhecer mais de perto. As exposições e actividades foram pensadas para envolver um público bastante abrangente, desde crianças a jovens, passando pelas famílias e escolas. Um dos objectivos deste passo da Sociedade Portuguesa de Matemática passa precisamente por promover o intercâmbio entre os clubes de Matemática, incentivar a criação de novas estruturas com as mesmas características, divulgar livros sobre o assunto, dar a conhecer material pedagógico e colar nas paredes trabalhos sobre a matéria. Tudo isto numa altura em que se comemora o centenário do nascimento do matemático António Aniceto Monteiro, que nasceu a 31 de Maio de 1907 em Angola.Há tempo dedicado a apreender conceitos com recurso a técnicas a pensar nos mais novos. O ciclo de palestras "No quadro com..." conta com a participação de Nuno Crato no painel "Tintim e a álgebra da aventura", a 2 de Junho, às 16h00. "Os números na flauta mágica de Mozart" são abordados por Carlota Simões a 9 de Junho, às 16h00. Jorge Buescu trata "Truelos - A lei do mais fraco" a 23 de Junho, também às 16h00. E depois de 29 de Julho, o Clube da Matemática continua em funcionamento na morada http://clube.spam.pt/. É neste site que os interessados em acompanhar actividades e novidades podem pesquisar sempre que a curiosidade falar mais alto.

Educação: Só neste mês houve 222 passagens à reforma


Cada professor ou educador de infância reforma-se com uma média de 2364 euros. Nos últimos 13 meses passaram à reforma 4632 docentes. No entanto, o ritmo de saídas tem vindo a abrandar desde Dezembro do ano passado: de 567 que começaram a receber a pensão em 1 de Dezembro, passaram a 222 em 1 de Maio.




Apesar de haver carreiras mais bem pagas na Função Pública, a maior parte dos professores consegue reformas superiores à de agentes principais da PSP ou sargentos-mor do Exército, entre outros.Para pagar a primeira prestação dos 222 novos aposentados de Maio, a Caixa Geral de Aposentações (CGA) despendeu mais de 512 mil euros. Nos últimos 13 meses, só para pagar o primeiro mês de pensão de cada professor que passou à reforma foram necessários 10,95 milhões de euros (ver tabela).Entre os milhares de professores e educadores de infância ao serviço do Ministério da Educação que passaram à reforma no último ano alguns destacam-se devido ao valor da pensão que passaram a auferir. Assim, a professora com a reforma mais alta é Maria Cristina Maldonado, do agrupamento de Escolas de Santa Maria dos Olivais (em Lisboa): reformou-se em Dezembro, com uma pensão de 3863,70 euros. Também nesse mês, a professora Nazaré Correia, que deu aulas na Secundária Pedro Alexandrino (Póvoa de Santo Adrião, Odivelas), começou a receber uma pensão de reforma no valor de 3584,68 euros.Nas listas da CGA surgem ainda três docentes com mais de três mil euros de reforma: Maria Judite Preto (Escolas Rio Tinto 2, com 3013,31 euros), Maria Carmo Dinis Cabral (EB 23 Eugénio de Castro, Coimbra, com 3062,82 euros) e Maria José Duarte (agrupamento D. Afonso Henriques, Guimarães, a auferir 3062,05 euros).Com vencimentos – e reformas – bem mais gordos encontram-se os professores catedráticos universitários. A título de exemplo, em Maio passaram à reforma Manuel Maria Godinho (Universidade de Coimbra, 4627,20 euros), Rogério Martins (Universidade do Porto, 4572,48 euros) e Maria Clara Meneses (Universidade de Évora, 4295,08 euros). 'CONTÍNUAS' DAS ESCOLAS MUITO ABAIXOAs pensões na Administração Pública podem atingir os vários milhares de euros, dependendo da carreira e dos anos de descontos. A média das reformas dos professores ronda os 2364 euros. Na folha dos aposentados a 1 de Maio é possível encontrar outros profissionais com valores bastante inferiores: soldado da GNR (997,34 euros), agente principal da PSP (1391,41), guarda florestal (850,57) ou carteiro (1332,34). Mas também há algumas reformas superiores: coronel da GNR (3013,91), capitão de fragata da Armada (2439,59), tenente-coronel do Exército (2498,45), major da Força Aérea (2386,57), juiz conselheiro do Conselho Superior da Magistratura (5834,70), enfermeiro especialista (3169,89), chefe de serviço de medicina interna (4904,37), professor catedrático universitário (4627,20) ou controlador de tráfego aéreo (4902,37). Já as auxiliares de acção educativa (vulgarmente conhecidas por ‘contínuas’ das escolas) auferem muito menos do que os docentes – a pensão máxima em Maio foi de 880,87 euros.SAIBA MAIS2439 professoras e educadoras de infância reformadas pela Caixa Geral de Aposentações desde Maio de 2006 que têm Maria como nome próprio.1318 novos pensionistas da Administração Pública desde 1 de Maio. Pelo Ministério da Educação são 354, pelo da Saúde 221, e pelo do Ambiente 208.ÍNDICE 100 É o indicador base da escala salarial dos funcionários públicos. Para este ano o valor do índice 100 do Regime Geral é de 326,75 euros. Em 1990, o índice 100 era de 35 392 escudos (176,53 euros).CORPOS ESPECIAISExistem 26 corpos especiais na Administração Pública, cujos valores de índice 100 diferem do regime geral. Bombeiros municipais, diplomatas, docentes, médicos, enfermeiros, investigadores, elementos da GNR, PSP e Polícia Judiciária ou militares das Forças Armadas estão entre as várias carreiras especiais.AS REFORMAS DOS PROFESSORESMAIO 2006: 236 reformados / 539.769,25 euros / 2.287,15 euros (valor médio)MAIO 2006: 236 reformados / 539.769,25 euros / 2.287,15 euros (valor médio)JUNHO 2006: 167 reformados / 384. 460,45 euros / 2.302,15 euros (valor médio)JULHO 2006: 6 reformados / 11.806,52 euros / 1.967,75 euros (valor médio)AGOSTO 2006: 584 reformados / 1.411.016,96 euros / 2.416,12 euros (valor médio)SETEMBRO 2006: 507 reformados / 1.206.642,05 euros / 2.379,96 euros (valor médio)OUTUBRO 2006: 452 reformados / 1.102.872,07 euros / 2.439,98 euros (valor médio)NOVEMBRO 2006: 464 reformados / 1.105.586,95 euros / 2.382,73 euros (valor médio)DEZEMBRO 2006: 567 reformados / 1.246.971,52 euros / 2.199,24 euros (valor médio)JANEIRO 2007: 458 reformados / 1.093.958,26 euros / 2.388,55 euros (valor médio)FEVEREIRO 2007: 349 reformados / 847.362,72 euros / 2.427,97 euros (valor médio)MARÇO 2007: 347 reformados / 835.232,37 euros / 2.407,00 euros (valor médio)ABRIL 2007: 273 reformados / 656.528,84 euros / 2.404,86 euros (valor médio)MAIO 2007: 222 reformados / 512.271,26 euros / 2.307,52 euros (valor médio)TOTAL: 4.632 reformados / 10.954.479,22 euros / 2.364,95 euros (valor médio)

A nova directora da DREN

Para os que eventualmente não tenham conhecimento,
a "doutora" Margarida Moreira, directora da DREN, tem
como habilitações o curso de educadora de infância e
como currículum, ser filiada no PS e ser antiga sindicalista!

E É ESTA A DIRECTORA DA DREN!!!!

Professor de Inglês suspenso de funções por ter comentado licenciatura de Sócrates

Um professor de Inglês, que trabalhava há quase 20 anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), foi suspenso de funções por ter feito um comentário – que a directora regional, Margarida Moreira, apelida de insulto – à licenciatura do primeiro-ministro, José Sócrates.
A directora regional não precisa as circunstâncias do comentário, dizendo apenas que se tratou de um "insulto feito no interior da DREN, durante o horário de trabalho". Perante aquilo que considera uma situação "extremamente grave e inaceitável", Margarida Moreira instaurou um processo disciplinar ao professor Fernando Charrua e decretou a sua suspensão. "Os funcionários públicos, que prestam serviços públicos, têm de estar acima de muitas coisas. O sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal", disse a directora regional, que evitou pormenores por o processo se encontrar em segredo disciplinar. Numa carta enviada a diversas escolas, Fernando Charrua agradece "a compreensão, simpatia e amizade" dos profissionais com quem lidou ao longo de 19 anos de serviço na DREN (interrompidos apenas por um mandato de deputado do PSD na Assembleia da República). No texto, conta também o seu afastamento. "Transcreve-se um comentário jocoso feito por mim, dentro de um gabinete a um "colega" e retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente, pinta-se, maldosamente de insulto, leva-se à directora regional de Educação do Norte, bloqueia-se devidamente o computador pessoal do serviço e, em fogo vivo, e a seco, surge o resultado: "Suspendo-o preventivamente, instauro-lhe processo disciplinar, participo ao Ministério Público"", escreve. A directora confirma o despacho, mas insiste no insulto. "Uma coisa é um comentário ou uma anedota outra coisa é um insulto", sustenta Margarida Moreira. Sobre a adequação da suspensão, a directora regional diz que se justificou por "poder haver perturbação do funcionamento do serviço". "Não tomei a decisão de ânimo leve, foi ponderada", sublinha. E garante: "O inquérito será justo, não aceitarei pressões de ninguém. Se o professor estiver inocente e tiver que ser ressarcido, será." Neste momento, Fernando Charrua já não está suspenso. Depois da interposição de uma providência cautelar para anular a suspensão preventiva e antes da decisão do tribunal, o ministério decidiu pôr fim à sua requisição na DREN. Como o professor, que trabalhava actualmente nos recursos humanos, já não se encontrava na instituição, a suspensão foi interrompida. O professor voltou assim à Escola Secundária Carolina Michäelis, no Porto. O PÚBLICO tentou ontem contactá-lo, sem sucesso. No entanto, na carta, o professor faz os seus comentários sobre a situação. "Se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia."
João Cortesão Gomes/PÚBLICO

Concurso de professor titular

Em http://www.dgrhe.min-edu.pt já existe um formulário para a inscrição, obrigatória, dos candidatos a Professores Titulares.

Ministra da Educação salienta importância da avaliação dos professores

Ministra da Educação salienta importância da avaliação dos professores
A ministra da Educação salientou hoje a importância da avaliação de professores ao abrir a conferência internacional organizada pelo Ministério da Educação, que decorre na Escola Superior de Comunicação Social, no Instituto Politécnico de Lisboa, em Benfica.
Maria de Lurdes Rodrigues estruturou a sua intervenção em torno de quatro mensagens.
A primeira foi a da oportunidade aberta pela conferência, que se realiza entre a aprovação e a regulamentação do Estatuto da Carreira Docente (ECD), em que a avaliação dos professores surge como o principal ponto de apoio à introdução de outras alterações no sistema de ensino.
Mencionou a seguir a importância do conhecimento dos modelos de avaliação em outros países, designadamente para decidir e adoptar as melhores soluções para problemas concretos.
Reconheceu que não há modelos ideais ou perfeitos, desde logo na avaliação, e que estes resultam de escolhas políticas e de condicionantes várias.
Desejou, em todo o caso, a construção de um modelo com o máximo de apuramento e o mínimo de problemas.
O objectivo, realçou, é alinhar Portugal pelas melhores práticas internacionais.
A ministra apontou depois os pontos seguintes, dos quais disse serem os princípios que sustentam a revisão do ECD e organizam o novo modelo de avaliação de professores, a saber, a exigência da diferenciação pelo mérito e a procura do equilíbrio na tensão entre as dimensões profissional e organizacional da actividade dos professores.
Por fim, sobre o tema estrito da conferência, recomendou uma atitude útil, consistente na maior abertura possível no debate das visões e realidades da avaliação dos professores.

Sindicato de Professores da Madeira adere à greve do dia 30


Semana intensa de plenários já previa decisão tomada hoje em assembleia-geral
Data: 18-05-2007

Tal como as outras classes profissionais, os professores têm várias razões para aderir, no próximo dia 30, à manifestação contra as políticas penalizantes do Governo. Depois de uma semana de plenários concelhios, que contaram com a presença dos secretários-gerais da FENPROF e da CGTP-IN, os professores votaram claramente, ontem, em assembleia-geral, a favor da adesão à greve.
Ana Teresa Gouveia