terça-feira, fevereiro 17, 2009

Novas lutas

Associações de Pais criticam contestação dos professores à avaliação e dizem que alunos "não podem pagar factura de uma guerra laboral"
00h30m
ALEXANDRA INÁCIO, COM JOÃO PEDRO CAMPOS E RUI BONDOSO

Num plenário em Coimbra, Mário Nogueira repetiu que os protestos devem endurecer no 3.º período. Em reacção, as confederações de associações de pais sublinham que os alunos não têm de "pagar a factura de uma guerra laboral".
"Os alunos e as suas famílias não têm de pagar a factura de uma guerra laboral entre Ministério da Educação e professores", defendeu ao JN Joaquim Ribeiro. O dirigente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) garante que as aprendizagens estão ameaçadas pela contestação dos docentes. "Nas escolas faz-se tudo menos estudar", afirma, argumentando que mesmo se os programas forem cumpridos as aulas não "funcionam sem paz social".
Para a CNIPE, tanto sindicatos como a equipa ministerial "esquecem-se que são funcionários públicos" e "ambos estão a prestar um mau serviço ao país".
Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap), não considera "compatíveis" as medidas anunciadas pela Fenprof, na semana passada, de que irá avançar para os tribunais para tentar suspender a avaliação com novas iniciativas de luta. "Não esperam pela decisão? Os tribunais não são permeáveis a pressões", frisou. Os dois representantes das associações de pais reagiram dessa forma às declarações proferidas ontem pelo secretário-geral da Fenprof sobre a contestação dos professores poder "ir até ao limite" no 3.º período.
Nas últimas semanas, Mário Nogueira tem percorrido o país para participar em "megaplenários" de professores. Ontem, no auditório da Reitoria, em Coimbra, frente a 250 professores, o secretário-geral da Fenprof voltou a afirmar que a contestação deverá endurecer no 3.º período se o modelo de avaliação não for suspenso.
"Vai estar tudo em cima da mesa, desde greves de uma hora até greves às avaliações. Se a situação se mantiver, será o que os professores quiserem", ameaçou.
Nogueira explicou aos docentes que a primeira semana do 3.º período (de 20 a 24 de Abril) servirá para fazer um ponto da situação e questionar os professores sobre que tipo de acções estão dispostos a fazer.
O plenário de Coimbra não foi o único a realizar-se ontem. Cerca de 400 professores reuniram-se em Viseu e 200 em Lamego, garantiu Francisco Almeida, dirigente do Sindicato de Professores da Região Centro, tendo alguns desses docentes, depois dos plenários, desfilado até ao Governo Civil e Câmara Municipal.
"O facto de, mesmo depois da simplificação do modelo de avaliação 60 mil professores não terem entregue os objectivos pessoais e milhares continuarem a vir para a rua prova que os professores não vergam", afirmou Francisco Almeida. Em Viseu, os docentes empunharam cartazes e faixas negras e gritaram frases de protesto, como: "É preciso, é urgente, uma política diferente".
Nos plenários, foi aprovada uma moção que apela à "continuação da resistência das escolas contra a aplicação do modelo de avaliação que o ME e o Governo querem impor a qualquer custo".

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