sexta-feira, novembro 10, 2006

Professores desistem


Aulas extra-curriculares do primeiro ciclo provocam confusão
Professores desistem de leccionar
Um número considerável de professores contratados pela Câmara Municipal para dar aulas extra curriculares está a desistir do serviço.
Carlos CunhaA determinação do Ministério da Educação de arrancar este ano com o prolongamento do horário dos alunos do 1º ciclo através de aulas extra-curriculares tem dado autênticas dores de cabeça aos envolvidos no processo.No concelho de Barcelos, uma grande parte dos professores contratados pela Câmara Municipal está a desistir de dar este tipo de aulas.Ao que o Cávado Jornal apurou, o número de desistência já anda na ordem dos 15 a 20%. Isto num universo de mais de 300 professores contratados pela Empresa Municipal de Educação e Cultura, nas disciplinas de inglês, música e expressão plástica, e pela Empresa Municipal de Desportos para ginástica.As razões para este abandono são de vária ordem. Em primeiro lugar está a pequena compensação financeira que estes professores recebem, que é agravada pela pequena carga horária diária que têm, o que faz com que muitas vezes não compense sequer as deslocações. Por outro lado, estes professores estão sentir algumas dificuldades de integração nos agrupamentos para onde foram destacados. O pessoal docente do primeiro ciclo não vê estes colegas como fazendo parte integrante do quadro pedagógico e, às vezes, dificultam a cedência das instalações ou de material, como por exemplo, para tirar umas simples fotocópias. A agravar tudo isto, soma-se o problema de indisciplina dos alunos, que aproveitam o facto de terem pouco contacto com estes professores e de não ser possível construir uma relação de respeito, para mostrarem a sua irreverência. Para o Presidente da EMEC este abandono de professores é “natural” tendo em conta todas estas condicionantes.Ainda por cima quando algumas Câmaras não têm o seu quadro completo, pelos que os professores optam por ir para mais perto da sua residência, enquanto que outros acabaram por ser colocados nas escolas para onde concorreram pelo Ministério da Educação: “Devido a tudo isto, e à rigidez de horários, torna-se complicado gerir mais de 200 turmas e as dificuldades de conseguirmos colocações aumentam” acrescenta Carlos Alberto.---------------Prolongamento sem condiçõesModelo contestado por todosA decisão da Ministra da Educação de arrancar com o prolongamento de horário no 1º ciclo até às 17,30 horas é uma ideia que tem méritos reconhecidos. O mesmo já não acontece com a forma como ela foi colocada em prática. O Ministério resolveu colocar em andamento o processo e determinar que todas as escolas tivessem prolongamento de horário sem acautelar as condições físicas e humanas em que o serviço iria decorrer. Muitos dos edifícios não tem espaços para a realização de ginástica, muito menos para que estes tomem banho depois das aulas. Por outro lado, as salas não estão preparadas para acolher aulas de música ou expressão plástica.Para além disto, a permanência dos alunos mais tempo na escola obriga a mais pessoal auxiliar que na esmagadora maioria dos casos não existe.

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