quarta-feira, novembro 28, 2007

Professores de Filosofia afirmam que disciplina está a perder alunos

Ministério da Educação desdramatiza preocupação dos docentes

14.11.2007 - 15h53 Lusa
A Associação de Professores de Filosofia (APF) afirma a disciplina está a perder alunos, desde que o exame obrigatório a esta matéria acabou no 12º ano, uma preocupação que o Ministério da Educação desdramatiza, assegurando que o peso curricular da Filosofia nunca foi tão grande como agora.Segundo João Carlos Lopes, da direcção da APF, o fim do exame nacional - decidido pelo Ministério da Educação em 2005 e aplicado este ano pela primeira vez - conduziu ao "desaparecimento" da disciplina no 12º ano, porque os alunos deixaram de a escolher. "Com o fim do exame de Filosofia, deixou praticamente de haver essa disciplina no 12º ano. O ano passado fizemos um inquérito às escolas para ver se estava a ser leccionada. Das 40 escolas de todo o país que responderam, em nenhuma estava a funcionar a disciplina, apesar de haver programa, porque agora é opcional", afirmou João Carlos Lopes em declarações à Lusa, a propósito do Dia Internacional da Filosofia que se assinala amanhã.O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, contrapõe, assegurando que "qualquer ideia de que há diminuição do espaço da Filosofia é completamente falsa". De acordo com o membro do Governo, "pela primeira vez" um aluno do secundário tem oportunidade de ter a disciplina de Filosofia durante três anos, mantendo-se os dois obrigatórios. "A disciplina era obrigatória do 11º e 12º ano. Com a nova reforma passou a ser obrigatória no 10º e 11º. Manteve-se a disciplina nesses anos obrigatória e acrescentou-se no 12º como opcional. Acrescentámos tempo à Filosofia, não retirámos", argumentou Valter Lemos.Para o secretário de Estado, uma eventual diminuição da procura da licenciatura em Filosofia - que afirma desconhecer se existe - "não tem a ver com o problema do exame", até porque se trata uma prova para concluir o ensino secundário e não de acesso ao ensino superior. "Para concluir o ensino secundário não existe exame de Filosofia, como não existe de Biologia, Química, História ou Física", lembrou, afirmando que a opção de acabar com o exame é "discutível", mas que isso não pode confundir-se com o peso da filosofia nos currículos dos alunos.O responsável da APF reconhece que há "decisões políticas que não têm que ver com benefícios ou malefícios de filosofar" e considera que "a filosofia não corre o risco de desaparecer, pois é uma disciplina obrigatória, como muitas outras que não têm exame". "Não achamos que tenha sido correcta a decisão, mas foi tomada. Fizemos o possível para inverter o processo, mas é uma decisão política e havia a clara necessidade de reduzir os exames", afirmou João Carlos Lopes.O responsável entende que tem havido uma diminuição na procura deste curso, mas que não tem a ver obrigatoriamente com o fim do exame. "Tem havido um decréscimo na procura do curso de Filosofia nos últimos anos, o que não terá a ver com o fim do exame nacional, mas com a previsão das saídas profissionais. É uma situação que se tem verificado com todas as disciplinas vocacionadas para o ensino. Há uma redução da procura dos cursos de humanidades a partir do 10º ano, ao contrário do que se passa com os cursos científicos, cujo horizonte de empregabilidade é mais garantido", considerou o professor.De acordo com João Carlos Lopes a decisão da Unesco de decretar, em 2002, o Dia Internacional da filosofia tem que ver precisamente com um reconhecimento de que esta disciplina tem vindo a perder peso.

Sem comentários: