terça-feira, maio 20, 2008

Violência Escolar: Observatório defende integração de alunos com vários chumbos nas escolas da sua faixa etária

20 de Maio de 2008, 20:58
Lisboa, 20 Mai (Lusa) - O coordenador do Observatório para a Segurança Escolar defendeu hoje que os alunos com vários chumbos sejam integrados nas escolas adequadas à sua faixa etária, evitando situações de violência e indisciplina potenciadas pela disparidade das idades.
Na Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, João Sebastião revelou que das 31 escolas que no último ano lectivo comunicaram mais ocorrências (acima de 21), "duas ou três" são do primeiro ciclo, nas quais se registam situações graves ou muito graves, como alunos mais velhos que "agridem violentamente" colegas de seis ou sete anos.
"São alunos mais velhos, multi-repetentes, com dificuldades de aprendizagem graves. A disparidade das idades entre alunos com 06 e 12, 13 ou 14 anos leva a uma enorme conflitualidade", afirmou o responsável.
Por isso, João Sebastião defendeu que estes alunos, os "multi-repetentes", deviam ter aulas no mesmo espaço fisico que os colegas da mesma idade, embora as aprendizagens se referissem a anos escolares anteriores.
"Isso teria vantagens na sua integração. Ter um aluno de 14 anos no 1º ciclo pode mesmo ser humilhante para o estudante", considerou o responsável.
No âmbito do Grupo de Trabalho sobre Violência Escolar foram ainda ouvidos na Comissão de Educação a coordenadora da Equipa de Missão para a Segurança Escolar e o coordenador do Programa Escola Segura.
Perante os deputados, entre os quais se notou a ausência do PCP e do Bloco de Esquerda, a intendente Paula Peneda garantiu que o maior numero de ocorrências comunicadas no último ano lectivo foram de indisciplina e que "a violência escolar está controlada e delimitada".
"Foram criados instrumentos para conhecer e dar resposta a esta problemática", afirmou.
Por outro lado, acrescentou que entre as escolas com maior percentagem de ocorrências estão os estabelecimentos de ensino integrados nos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária e os que ministram Cursos de Educação e Formação ou o Programa Integrado de Educação e Formação.
"Devido, sobretudo, ao elevado número de alunos que já tinham abandonado a escola ou que tinham uma relação pouco pacífica com esta", afirmou.
Durante o primeiro ano de actividade, a Equipa de Missão para a Segurança Escolar formou cerca de 2.500 pessoas, entre as quais os responsáveis pela segurança nas sedes de agrupamento de escolas, membros de órgãos de gestão, vigilantes da equipa de missão e elementos das forças de segurança.
Questionada pela deputada não inscrita Luísa Mesquita sobre os motivos do módulo Cidadania e Segurança ser ministrado apenas no 5º ano de escolaridade, Paula Peneda justificou com a transição dos alunos do final do 1º ciclo para o 2º ciclo.
"É no quinto ano de escolaridade que há mais alunos vítimas de episódios de violência. Esses alunos precisam de aprender a lidar com a agressividade dos estudantes mais velhos", afirmou Paula Peneda.
O deputado do CDS/PP José Paulo Carvalho questionou o coordenador do Programa Escola Segura se os meios disponíveis são suficientes (600 elementos, 300 viaturas e 200 motociclos) para cobrir 1,6 milhões de alunos e mais de 11 mil escolas.
Pedro Barreto reconheceu que não existe actualmente "uma situação ideal" em relação aos recursos humanos, que são alocados em função de critérios demográficos (número de alunos) e tendo em conta o registo de ocorrências do ano lectivo anterior.
No entanto, o responsável lembrou que o Ministério da Administração Interna já anunciou a admissão de 2.000 novos elementos para as forças de segurança, pelo que alguns deverão reforçar o Programa Escola segura.
MLS.
Lusa/Fim

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