quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Internet segura em debate



Joana Santos 2007-02-08

O Seminário SeguraNet intitulado "Dos fantasmas da Internet à utilização esclarecida da Internet", com videodifusão para as escolas, promoveu o debate entre especialistas, professores e alunos sobre o tema.


A partir de casa, de uma biblioteca, escola ou qualquer local com acesso à Internet qualquer pessoa pode aceder a informação de todas as partes do mundo. Um precioso auxiliar, mas que pressupõe a salvaguarda de algumas questões de segurança, semelhantes às que se seguem no dia-a-dia. "Quando são pequenos damos a mão às crianças para atravessarem a estrada", explica João Freitas, responsável pela Equipa de Missão Computadores, Redes e Internet na Escola (CRIE), "com a Internet a situação é semelhante. É preciso ajudá-los a crescer e terem uma autonomia responsável face ao mundo exterior". Numa área em que os mais novos se sentem à vontade, sem necessidade de recorrer à intervenção de um adulto, pode ser difícil estabelecer regras, embora estas sejam necessárias. Lourenço Medeiros, editor de novas tecnologias da SIC, desmistifica a visão da Internet como um "bicho-papão" e garante que "as regras [que se aplicam] são as mesmas para vida". Além disso, diz, "os riscos que se vêem na Net são os mesmos que estão nas prateleiras de qualquer livraria", onde também se encontram à mão conteúdos sobre sexo, pedofilia, jogos, violência."Há pessoas que não sabem o que fazer, nem como fazer", explicou João Freitas. E este não é um problema exclusivo dos pais. O responsável da CRIE reconhece que os professores estão preparados, mas "algumas vezes ainda se ouve este discurso do medo" face à Internet.Para Lourenço Medeiros, "ainda estamos a aprender a lidar com a Net tal como antes aprendemos a lidar com a literatura". Quando as crianças começam a ler pretende-se que o façam primeiro com determinados livros e só depois é que os pais e educadores sugerem este ou aquele título. Há um acompanhamento, e este acompanhamento é essencial. "Não se pode permitir que os computadores funcionem como uma ama-seca", sublinha Lourenço Medeiros. Para defesa das crianças e jovens os pais têm de perceber o que é que os mais novos estão a fazer quando estão em frente ao computador. Existem outros métodos, nenhum 100% seguro, mas Lourenço Medeiros frisa que "o "controlo" é feito através do acompanhamento".O software de controlo pode também ser uma ajuda. "Podemos mostrar ao miúdos que o software tem capacidade de registar os sites que são consultados e que essa informação pode ser conhecida por todos", explica João Freitas. O objectivo é dissuadir a utilização de sites menos próprios por parte dos mais novos.Mas desengane-se quem pensa que só encontra sexo e pornografia na Net quem a procura. Pesquisa como gatinha, bonecas ou mesmo Noddy podem levar inocentemente os mais novos para sites ou filmes não pretendidos. O que fazer? "Não entrar em pânico", aconselha Lourenço Medeiros, e falar com a criança. É devido situações como esta que João Freitas defende que "deve haver uma utilização esclarecida da Net de modo que eles tenham autonomia para enfrentarem os perigos que vão surgir" tanto na net como na vida.A proibição do acesso a sites não é consensual mas em situações de aula por vezes é necessário tomar medidas mais fortes para "não se perder" os alunos para sites como o Youtube ou o Hi5. João Freitas lembrou que as escolas podem solicitar uma filtragem de conteúdos de acordo com o regulamento interno do estabelecimento de ensino. Nas escolas também são necessárias regras e acompanhamento. Lourenço Medeiros reconhece que "na prática não será fácil" mas como forma de contornar o problema deixa uma sugestão: "se todos os computadores estiverem virados para o centro da sala toda a gente vê o que está ser feito".Como na maioria das casas o consumo da Internet é feito individualmente, torna-se mesmo necessário estabelecer algumas regras. No site www.seguranet.pt apresentam-se regras de segurança para as diferentes idades e até se sugere a criação de um contrato, entre pais e filhos, com um código de conduta que estabeleça regras de utilização da Internet, adequado às respectivas idades.Porque educar um criança implica a intervenção de todos, a responsabilidade também tem de ser partilhada e "não se pode ter medo do futuro", como refere Vasco Trigo, jornalista da RTP. Pais e professores terão mesmo de aprender as novas tecnologias para poder combater os seus riscos.O seminário SeguraNet decorreu no âmbito das comemorações que assinalam o Dia Europeu da Internet Segura e foi transmitido por videodifusão para as escolas, possibilitando a participação de professores e alunos. As comemorações prolongam-se até ao final da semana e as actividades podem ser acompanhadas através do endereço http://moodle.crie.min-edu.pt.

Mais informações:www.seguranet.pt

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