quinta-feira, novembro 15, 2007

Daniel Sampaio alerta para mal-estar entre professores

O presidente do júri do Prémio Nacional do Professor, Daniel Sampaio, alertou hoje para o «mal-estar» vivido entre os docentes, esperando que o galardão marque uma mudança no relacionamento entre o Governo e a classe.
Na cerimónia de atribuição da primeira edição deste Prémio, o psiquiatra afirmou que «o mal-estar docente é significativo» e lamentou a «descaracterização da profissão» ao longo dos últimos anos, nomeadamente devido «ao recrutamento de muitos jovens licenciados sem especial vocação» para dar aulas.
«Incompreensivelmente, chega-se a professor sem se ter estado com crianças e jovens durante o período de formação», criticou.
Daniel Sampaio salientou ainda «a ambiguidade e complexidade da função docente», alertando para as «carências do meio social de muitos estudantes», que exigem dos professores «tarefas educativas básicas, que eram outrora da responsabilidade das famílias».
O presidente do júri sublinhou igualmente a importância de reforçar a autonomia das escolas, contestando a atitude assumida pelo Ministério da Educação (ME) e pelos próprios estabelecimentos de ensino nesta matéria.
«As escolas reclamam autonomia, mas não cessam de esperar pelo ME. Se o Ministério quer autonomia, então por que razão legisla tanto?», questionou.
A dar o mote para um discurso muito crítico, Daniel Sampaio deixou um recado, logo no início da cerimónia: «Gostaria que a atribuição deste Prémio marcasse um novo relacionamento entre o Governo e os professores».
No entanto, o primeiro-ministro, José Sócrates, ressalvou que este galardão não foi criado para «agradar ou massajar uma corporação».
«Não é uma operação de Relações Públicas, matéria em que não sou especialista, nem sou muito bom», frisou.
No final da cerimónia, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues escusou-se a comentar as críticas do presidente do júri, enquanto o secretário de Estado da Educação afirmou que «o Prémio é um serviço prestado ao país e às famílias e não um instrumento de relação entre o ME e os professores».
«Ficou claro que o professor Daniel Sampaio se referia a um mal-estar do ponto de vista geral e não a um mal-estar destes ou daqueles docentes. É um mal-estar docente internacional que também existe em Portugal», reconheceu Valter Lemos.
Diário Digital / Lusa
13-11-2007 15:36:26

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