quinta-feira, maio 31, 2007

Professores de Português criticam revisão curricular


Lusa 2007-05-28
A Associação de Professores de Português considera que a revisão curricular do Ensino Secundário assenta "num modelo pouco flexível", que "dificilmente" dará resposta à heterogeneidade de alunos e às "tendências actuais".
"Tal como a estrutura curricular em vigor, a nova estrutura também assenta, anacronicamente, num modelo pouco flexível de gestão do currículo, típico da deficiente tradição organizacional portuguesa. Dificilmente um modelo tão rígido dará conta da heterogeneidade crescente dos alunos do Secundário", afirma a Associação de Professores de Português (APP), em comunicado.O Governo aprovou quinta-feira, na generalidade, a revisão dos currículos dos cursos cientifico-humanísticos do Ensino Secundário, com o intuito de reforçar o ensino prático e experimental já a partir do próximo ano lectivo.Em comunicado, a APP defende que apenas sejam obrigatórias as disciplinas de formação geral, cabendo aos alunos a escolha das disciplinas de formação específica, consoante a oferta da escola."Dentro da mesma tradição própria da moribunda era industrial, propõe-se uma especialização disciplinar que nada tem a ver com as tendências actuais e de que é paradigmática a existência de três disciplinas exclusivamente dedicadas aos estudos literários, para além das disciplinas de Português e Línguas Estrangeiras", acrescenta a associação, referindo-se às cadeiras de Literatura Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa e Clássicos da Literatura.A Associação de Professores de Português lamenta ainda que o trabalho prático e experimental não esteja previsto para a aula de Português, exemplificando com os tempos lectivos extracurriculares criados em várias escolas para o desenvolvimento de oficinas de escrita ou oficinas gramaticais.Por outro lado, a APP congratula-se com a continuação da possibilidade dada aos estudantes do Secundário de iniciarem o estudo de uma terceira língua estrangeira e com a criação a partir do próximo ano lectivo do curso de Línguas e Humanidades, por junção dos de Ciências Humanas e Sociais e de Línguas e Literaturas.Para reforçar a componente prática e experimental no Ensino Secundário, o decreto-lei aprovado quinta-feira na generalidade prevê o aumento da carga horária, onde serão introduzidos, em média, mais dois ou três blocos de aulas de 90 minutos.De acordo com esta revisão do currículo, a área de Ciências é a que terá o maior aumento, com mais 45 minutos semanais de aulas nas disciplinas específicas de Física e Química A e Biologia e Geologia do 10º e 11º anos, o mesmo acontecendo nas cadeiras de Biologia, Física, Química e Geologia do 12º.Os estudantes do curso de Artes Visuais e de Línguas e Humanidades vão igualmente ver reforçado o número de aulas, com mais 45 minutos a Desenho A e a Língua Estrangeira, respectivamente. Outras das alterações que a Ministra da Educação considerou "relevante" é a passagem da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) do décimo ano para os sétimo e oitavo anos.

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