quarta-feira, junho 20, 2007

Exames: Professores de Português criticam prova do 12º ano

A Associação de Professores de Português (APP) criticou hoje o exame nacional do 12º ano à disciplina, considerando que a prova não avalia a maior parte dos objectivos do programa e descura, em particular, os conhecimentos de Gramática.
Para a APP, a prova realizada hoje, na qual estavam inscritos cerca de 67 mil alunos, acabou por ser pobre a nível das competências avaliadas, incidindo demasiado na interpretação de texto e negligenciando outro tipo de conhecimentos.
«O exame acaba por não avaliar a maior parte dos objectivos do programa. Ficam de fora conhecimentos tão importantes como a oralidade e a Gramática, o que é um aspecto muito negativo», disse à agência Lusa Paulo Feytor Pinto, presidente da associação.
Na opinião do responsável, a avaliação da Gramática foi negligenciada devido à polémica em torno da TLEBS, a nova terminologia linguística que em Abril foi suspensa no ensino básico devido à existência de erros e imprecisões científicas, mas que continuou a vigorar no secundário.
Envolta em polémica, a nova terminologia, aprovada pelo Ministério da Educação em 2004, devia ter começado este ano lectivo a ser aplicada de forma generalizada nas escolas, mas muitos professores acabaram por não ensinar os novos termos, continuando a leccionar a antiga nomenclatura.
Para resolver o problema, o Ministério da Educação emitiu um ofício em Janeiro, ainda antes da TLEBS ser suspensa no básico, para determinar que as perguntas relacionadas com a Gramática no exame do 12º ano deviam ser elaboradas e corrigidas de forma a admitir igualmente as respostas dadas por alunos que aprenderam a nova terminologia e pelos que não a deram.
No entanto, a prova hoje realizada acabou por não incluir perguntas específicas sobre Gramática, uma lacuna que a APP considera ser uma forma «de o Ministério da Educação fugir com o rabo à seringa».
«A forma como o ministério geriu a TLEBS foi muito atabalhoada e foram dadas orientações algo vagas. Por isso, devem ter optado por não fazer uma avaliação efectiva dos conhecimentos da gramática. Compreendemos as razões, mas não concordamos [com a decisão da tutela]», afirmou Paulo Feytor Pinto.
Defensora da realização de provas orais a Português, a par de exames escritos, a APP critica ainda que, todos os anos, os conhecimentos relacionados com a oralidade continuem sem ser testados.
«Basicamente, são avaliados os conhecimentos relacionados com saber ler e saber escrever. Já saber ouvir e saber falar são competências essenciais que não são testadas porque os exames orais dão muito trabalho e são muito dispendiosos», lamenta o responsável da associação.
Diário Digital / Lusa
18-06-2007 15:15:23

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