domingo, janeiro 14, 2007

T.P.C, sim ou não?


O que dizem os professores, os pais, os alunos e agora os psicólogos.
Outubro/2004

O tema dos TPC foi sempre polémico e é, cada vez mais…menos consensual!
Questiona-se se se devem mandar trabalhos para fazer em casa, muitos ou poucos, sempre ou às vezes.

- Devemos mandar trabalhos escolares para casa? Muitos ou poucos?

- Todos os dias ou só às vezes?

- Os trabalhos são todos corrigidos ou só “vistos”?

- Devem os pais ajudar? Devem os pais ensinar ?

- Quais as vantagens e desvantagens destes trabalhos?

- Quanto tempo devem ocupar os tais deveres dos trabalhos de casa?

Do ponto de vista dos professores, raros são os que não exigem muitos trabalhos de casa e esses nem sempre são bem vistos pelos pais e pelos próprios colegas; já o mesmo não se pode dizer dos alunos que os referem ou comentam como “ ele/a é fixe não manda muitos trabalhos de casa” ou “ ele/a não bate nem nos deixa de castigo por causa dos trabalhos” “ ele/a deixa-nos escolher o trabalho e dá-nos coisas”.

Do ponto de vista das famílias muitas ficam angustiadas com a resolução dos trabalhos de casa. Obrigam o filho a fazer os trabalhos nem que ele chore ou suplique, nem que vá mais tarde para a cama? E quando ele não os consegue fazer? Deve insistir e tentar ensinar, obrigar a fazer como sabe ou fazer-lhe os trabalhos e pronto?

Há famílias que entram em ruptura, porque, entre os elementos do casal existem opiniões diferentes: Um quer que se exija, outro que se desculpe ou facilite e há ainda a criança que passa a fazer xixi na cama, a vomitar a não querer ir para a escola …têm medo! Muitos pais chegam a pedir ajuda a psicólogos e psiquiatras porque o seu filho tem problemas na escola.

Há ainda pais que querem que os professores passem mais trabalhos para casa, tanto para os manterem mais ocupados como para “puxar” mais por eles! E se os professores não passarem passam eles e com que grau de exigência!

E no ATL (Actividades de Tempos Livres) devem fazer os trabalhos de casa ou não? Durante muito tempo? Quanto? Com ajuda da monitora ou dos seus colegas? Ou não?! Ainda há pais que querem acompanhar os filhos nestes trabalhos para os verem desabrochar e sintonizarem as suas dificuldades!

Ora bem: Agora dou eu a minha opinião!

Eu sou aquela de que muitos dizem “cuidado que ela é contra os trabalhos de casa!”

Mas que TPC?

Eu sou contra os trabalhos para casa que pouco contribuem para o desenvolvimento do aluno, que sendo em grande quantidade (muitas vezes são tantos que a criança não conseguiria realizar numa manhã de trabalho junto do seu professor) se tornam um castigo. Sou também contra os trabalhos de casa que o aluno não possa realizar de forma independente por não os compreender ou não ter capacidade ou condições para os resolver e, por isso, se tornam um pesadelo! Sou ainda contra os trabalhos de casa do “verbo encher”, como por exemplo: grandes cópias para quem não precisa de aperfeiçoar a caligrafia ou não é prioridade porque tem outras dificuldades para ultrapassar; escrever os números até 1000, um a um, de uma assentada só; escrever as tabuadas todas repetidamente, ler uma “lição” (texto) nova e responder às perguntas do texto que, no dia seguinte, será corrigido na sala de aula! Desculpem lá mas o processo está invertido: Primeiro o professor deverá apresentar e explorar o texto com os alunos e só depois poderá propor a construção de novos textos, novas ideias e sistematização das novas aprendizagens! A qualquer momento posso explicar o porquê destes contras!

No entanto, sou a favor dos Trabalhos de Casa quando eles servem para:

- Responsabilizar os alunos por compromissos.
- Envolver os vários intervenientes e contextos no processo de aprendizagem da criança.
- Sistematizar aprendizagens significativas, ajudando a recuperar dificuldades.
- Estimular a criatividade.
Assim sendo e porque não podemos esquecer que as crianças e jovens necessitam de tempo para brincar, jogar, ouvir música ou, simplesmente, não fazer nada, sugere-se que:
- Os trabalhos sejam significativos.
- Não ocupem demasiado tempo do tempo livre que têm.
- Tenham um carácter livre, responsabilizando o aluno ao mesmo tempo que o incentivamos a fazer alguma coisa significativa.
- Se promova os grandes ou pequenos esforços feitos na realização dos mesmos.
- Se reconheça publicamente (turma e família) quem os faz, seja elogiando ou divulgando o produto.
- Aos alunos que não são sensíveis a este tipo de incentivo, recorrer a outras estratégias tipo contrato de trabalho.
- Haja um dia da semana sem TPC, dia esse a escolher com os alunos e/ou outros intervenientes (pais e ATL).

Algumas sugestões de TPC significativos e que se podem tornar muito criativos:
Eles podem ser de carácter individual ou de grupo:

- Investigar as histórias da terra, receitas culinárias, rezas, responsos, etc..
- Construir um diário (não secreto) durante uma semana ou um mês.
- Construir um livro sobre curiosidades.
- Construir um livro da matemática.
- Construir um livro de palavras difíceis, um dicionário ilustrado, etc..
- Construir um “Livro da Vida” com a sua identificação, o seu desenvolvimento e as suas preferências (amigos, jogos, animais, comidas, etc.)

Estes são trabalhos que dão trabalho aos alunos, professores e outros envolvidos, mas donde resultam produtos significativamente interessantes, muito ricos em vivências e que não se deitam fora quando o caderno acaba.

Mais tarde serão recordados e unem os vários elementos envolvidos no seu processo de aprendizagem.

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