sábado, junho 02, 2007

Erros ortográficos penalizados à parte para melhor identificar lacunas


Gabinete de Avaliação Educacional justifica a ausência de penalização de erros ortográficos na parte das provas de aferição dedicada à interpretação de texto com a necessidade de avaliar separadamente diferentes competências da língua.
Em declarações à agência Lusa, o director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE), Carlos Pinto Ferreira, explicou que a prova de Língua Portuguesa do 4.º e 6.º anos testa a compreensão de texto, o conhecimento da língua e a expressão escrita, competências avaliadas em separado para permitir aos serviços da tutela identificar as lacunas dos alunos em cada uma."Não faz sentido penalizar a incorrecção ortográfica na primeira parte, quando o que se pretende perceber é se o aluno compreendeu ou não o texto. Se uma dessas perguntas tiver zero porque tem um erro não conseguimos avaliar se o aluno percebeu o texto", disse o responsável, adiantando que "obviamente" os erros ortográficos, a incorrecção gramatical e a má construção frásica são avaliados e penalizados nas restantes partes da prova.Segundo Carlos Pinto Ferreira, trata-se de uma "técnica de avaliação" que permitirá ao Ministério da Educação elaborar relatórios para cada escola, nos quais serão identificadas as principais dificuldades dos alunos em cada uma das competências e delineadas estratégias diferentes para as combater."Com esta técnica, poderemos vir a concluir que os alunos percebem os textos e a competência de interpretação está a ser bem adquirida, mas que há lacunas graves ao nível da escrita", exemplificou, lembrando que o objectivo das provas de aferição não é avaliar os alunos, mas fazer um diagnóstico do sistema de ensino.Em declarações ao Público, Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação de Professores de Português (APP), aceitou a explicação do director do Gave. "É importante separar a avaliação da leitura da avaliação da escrita, para perceber qual das competências está a faltar. Mas para o fazer mais valia optar pelo modelo de escolha múltipla." O presidente da APP considera que esta seria a melhor forma de evitar algo que, apesar das explicações, pode causar estranheza. "Instintivamente, diria que é difícil aceitar e quase põe em causa a autoridade de um professor que aceita que na prova de Português se façam erros ortográficos." Cerca de 250 mil alunos do 4.º e 6.º anos realizaram na semana passada provas de aferição a Língua Portuguesa e Matemática, sendo os resultados, pela primeira vez, devolvidos às escolas e afixados em pauta, a 21 de Junho. Em Outubro, os serviços do Ministério da Educação entregarão cerca de 30 mil relatórios por turma e por escola, a partir dos quais serão definidos planos de acção com medidas para melhorar o desempenho a Língua Portuguesa e Matemática.

1 comentário:

Paideia disse...

Afinal, Luísa, o que pensa sobre o que escreveu?