quinta-feira, março 08, 2007

À caça de estrelas



Joana Santos 2007-03-07


A Escola Secundária Cidadela é o primeiro estabelecimento de ensino aderir a um projecto de investigação de astronomia desenvolvido pelo NUCLIO. O EDUCARE.PT foi assistir a uma sessão.
Pouco depois das dez da manhã, os alunos do 12.º A começam a chegar a uma sala rodeada por planetas, estrelas, constelações, luas e réplicas do sistema solar. O cantinho do Núcleo de Investigação de Astronomia da Escola Secundária Cidadela acolhe os 12 alunos que, divididos em grupos de três, irão andar à descoberta de Estrelas O, no âmbito do projecto "Caçar enxames estelares ao redor das estrelas O", proposto pelo investigador André Moitinho, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.Entram, sentam-se, ligam os computadores e começam a trabalhar sem ninguém lhes dizer mais nada. Já todos sabem o que há a fazer. À mínima descoberta ou em caso de alguma dúvida chamam as docentes que acompanham o projecto. Por esta altura os alunos já revelam poucas dúvidas mas vibram com as descobertas. A comprová-lo está o entusiasmo de um grupo que durante a sessão "descobriu" uma galáxia na imagem que estava a analisar. Não sabem se já está identificada mas têm esperança que não...Durante esta sessão de "caça ao enxame estelar" procuram no catálogo online de Estrelas O imagens para análise, confirmam dados sobre os objectos que vão aparecendo e seleccionam pedaços de imagem que possam ter enxames - «sem a estrela O, porque é muito brilhante e satura o CCD do telescópio», explica Rosa Doran, do Núcleo Interactivo de Astronomia (NUCLIO) - para serem visionados através de um telescópio. Através do Planetário Virtual confirmam se as coordenadas assinaladas estão visíveis nesta altura do ano. Se o tempo ajudar, é então possível observá-las através do telescópio Faulkes, localizado no Hawai. O telescópio, que é operado remotamente via Internet, permite que as escolas possam observar o céu nocturno, durante o dia, a partir das suas salas de aula. Desta vez, apesar da lua estar muito brilhante e o céu um pouco nublado, os alunos têm sorte: durante sensivelmente uma hora, e em tempo real conseguem visualizar as imagens correspondentes às coordenadas seleccionadas. A este processo junta-se depois a fotometria (medição do brilho das estrelas), que permite elaborar um gráfico e confirmar se existe ou não um enxame estelar. Se se comprovar a sua existência ao redor das Estrelas O será escrito e publicado um artigo cientifico.Ao longo do trabalho os alunos são ainda responsáveis pela construção de um glossário sobre os conteúdos que têm vindo a aprender. Daqui nascerá um jogo que será integrado noutro projecto do NUCLIO, desenvolvido com a Caspian Learning Resources.Para já, a implantação deste projecto na Escola Secundária Cidadela funciona quase como um teste, para que depois, aquando da sua expansão, e só com o próprio professor da turma, tudo corra bem. André Pinto, um dos alunos envolvidos no trabalho acha "o projecto inovador, interessante e apelativo" e até já olha para o céu "de maneira diferente". Por tudo isto, André defende que iniciativas destas devem ser desenvolvidas noutras escolas do país. Leonor Cabral, professora do 12.º A e responsável pelo Clube de Astronomia, adianta que em Leiria "já há um professor interessado em integrar este trabalho também na área de projecto".A área de investigação é Astronomia e a Astrofísica mas mais do que seduzir os estudantes para esta área profissional, esta é uma oportunidade para, aplicando o conteúdo dos programas escolares, "os alunos perceberem para que é que serve aquilo que andam a estudar", refere Rosa Doran, do NUCLIO.Quando o projecto foi apresentado, Rosa Doran não viu grande animo nestes alunos. Hoje em dia é diferente, porque «o entusiasmo foi crescendo e agora encontram-se completamente rendidos». Leonor Cabral adianta que já no ano passado houve duas turmas que participaram em projectos do NUCLIO e que "tem sempre havido grande receptividade dos alunos".
Desenvolvido pelo NUCLIO, e com o apoio do British Council e do Faulkes Telescope Project, a iniciativa "Astronomia Profissional nas Escolas" surge em parceria com o Hands-On Universe, Europe, um projecto europeu que tem como objectivo renovar o ensino das Ciências, recorrendo à Astronomia e à utilização das Novas Tecnologias de Informação, e que estimula a utilização prática de dados astronómicos reais na sala de aula. O NUCLIO garante todo o apoio necessário durante a execução dos projectos e os professores envolvidos recebem formação sobre a utilização dos telescópios Faulkes e sobre as ferramentas necessárias à execução do projecto. A iniciativa é apresentada publicamente dia 28, às 19 horas, no British Council, em Lisboa. Entretanto as escolas e os professores interessados em participar neste projecto poderão entrar em contacto como o NUCLIO e assistir à respectiva formação já no dia 17.Para além da iniciativa Astronomia Profissional nas Escolas, o NUCLIO dispõe ainda de mais quatro projectos científicos dirigidos às escolas do 3.º ciclo e do Ensino Secundário, nomeadamente: - "Desvendar os mistérios da Galáxia Activa Mrk 348", supervisionado por Sónia Antón, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; - "Acompanhamento de binários de Raios-X", supervisionado por Cristina Zurita, do Instituto de Astronomia da UNAM, e Rosa Doran, do NUCLIO; - "Identificar crateras em Marte", com o apoio de José Saraiva, especialista em Geologia Planetária do Instituto Superior Técnico; - "Acompanhamento de supernovas", em colaboração com a Polónia, supervisionado por Maria Luísa Almeida, também do NUCLIO. Mais informações:http://www.nuclio.pt/http://faulkes-telescope.com/

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