quinta-feira, julho 19, 2007

Director do GAVE assume responsabilidade por erros em exames nacionais

O director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do Ministério da Educação assumiu hoje a responsabilidade pelos dois erros detectados nos exames nacionais do ensino secundário, apesar de sublinhar a "elevada" qualidade das provas.
"Assumo, exclusivamente, a responsabilidade por estes dois erros. Sou eu que organizo e faço a gestão do processo de realização das provas. Esse método é da minha inteira responsabilidade", afirmou Carlos Pinto Ferreira, em declarações à Lusa.O responsável sublinhou que não é a ministra da Educação que faz as provas ou controla a sua qualidade, pelo que "só há um responsável": o director do GAVE". "A responsabilidade é minha e intransmissível", insistiu. Pinto Ferreira respondia assim à Federação Nacional dos Professores (Fenprof) que hoje exigiu que seja atribuída aos alunos que fizeram o exame de Biologia a pontuação total na pergunta onde foi detectado, acusando o Ministério da Educação de "nunca assumir a responsabilidade de coisa nenhuma".Para garantir "mais rigor e mais qualidade" nos exames nacionais, o Ministério da Educação decidiu que a partir do próximo ano vão ser alargadas as competências e responsabilidades do Conselho Científico do GAVE, prevendo-se o envolvimento das associações de professores e sociedades científicas na auditoria das provas de exame. "Este ano introduzimos uma nova auditoria que foi bastante útil. Colocámos um professor do secundário a realizar a prova para percebermos se o tempo definido para a elaboração da prova era adequado", explicou Pinto Ferreira.Ministério recusa pontuação máximaO erro na pergunta 3.2 do exame de Biologia da segunda fase, confirmado ontem pelo GAVE, é o segundo detectado na actual época de provas, depois de o mesmo ter acontecido com o exame de Física e Química, que decorreu a 22 de Junho.Confrontado com esta situação, o Ministério da Educação decidiu anular as duas questões, sendo a cotação final dos alunos multiplicada por um factor. Este sistema corresponde a redistribuir a pontuação do item anulado pelos restantes itens da prova, na devida proporção da sua cotação. "Estamos a compensar os alunos em função do seu desempenho, que é a coisa mais justa que se podia fazer. Não tenho dúvidas disso. É uma questão técnica", explicou o responsável, recusando atribuir a cotação total da pergunta a todos os alunos.Segundo Pinto Ferreira a solução encontrada teria de assegurar três princípios: o aluno que está à frente do outro não pode ficar para trás; manter a escala de zero a duzentos; a cotação do item anulado é redistribuída proporcionalmente por todos os outros itens da prova. "Por exemplo, no caso da Biologia, um aluno que não fez nada na primeira fase teve zero e um que não fez nada na segunda tinha seis pontos. Estaríamos a violar o princípio da igualdade", argumentou. De acordo com dados do Ministério da Educação divulgados terça-feira, no Ensino Secundário foram realizadas 390.885 provas, enquanto no 9º ano quase 100 mil estudantes efectuaram as provas de Língua Portuguesa e Matemática. No 4º e 6º anos, 250 mil alunos fizeram as provas de aferição, pela primeira vez universais, igualmente a Matemática e Língua Portuguesa. Num balanço divulgado terça-feira à noite, o ME considera "positiva" a operação dos exames nacionais, salientando uma assinalável melhoria dos padrões de qualidade dos enunciados de exame, que atribui "à dedicação, ao esforço e ao profissionalismo dos envolvidos".

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