sexta-feira, julho 20, 2007

Reforma negada a doente crónica

Maria da Conceição Ferrão, de 57 anos, é a protagonista do mais recente caso de uma professora com cancro a quem a Caixa Geral de Aposentações (CGA) negou a reforma antecipada.

A docente de Português e História da Escola EB 2/3 Dr. João de Barros, na Figueira da Foz, tem um cancro no cólon. A doença foi-lhe diagnosticada em 1999. Em Outubro desse ano foi operada e, dada a complexidade da operação - ficando mesmo sem parte do intestino -, hoje não controla as funções intestinais.

Maria Ferrão esteve de baixa até 2001, altura em que uma junta médica da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) lhe atribuiu a "dispensa total da componente lectiva". Desde então, e por uma maior flexibilidade de horário, a professora passou a trabalhar na biblioteca da escola, no apoio a salas de estudo e no apoio a crianças com necessidades especiais. Contudo, sofreu um aumento de horário laboral, passando de 18 para 35 horas de trabalho semanais.

Em Dezembro, e após 33 anos a leccionar, pediu a reforma antecipada. O pedido foi justificado pelas limitações derivadas da doença e da operação a que foi sujeita. Mas, a sua pretensão esbarrou na junta médica da CGA.

"Com o meu problema de saúde tenho dificuldade em cumprir os horários exigidos pela escola. A minha luta é contra o sistema que sustenta juntas médicas que não olham à doença, antes a números que provavelmente lhes são impostos", disse, ao JN, Maria Ferrão. "É uma luta pela dignidade humana. As juntas médicas não podem olhar, por exemplo, para um doente oncológico e avaliá-lo pela aparência", acrescentou a professora.

Em Setembro, a docente vai voltar a pedir a reforma antecipada, nove meses depois desta lhe ter sido negada. "Espero que não seja preciso sacrificar mais pessoas, que pela doença são muito castigadas, para que a junta médica veja a realidade", rematou Maria Ferrão.
Paulo Dâmaso

1 comentário:

Anónimo disse...

Acabei de saber através de uma amiga que a mãe dela recebeu hoje a carta exactamente na mesma situação. É inadmissivel.