quinta-feira, novembro 30, 2006

Marçal Grilo acusa classe política de impedir constituição de pacto


O ex-ministro da Educação acusa a classe política portuguesa de valorizar os interesses partidários sobre os interesses nacionais, impedindo a constituição de pactos em áreas como a Educação.

A necessidade de promover um pacto para a Educação e Qualificação foi uma das principais conclusões da conferência "Educação, Inovação e Desenvolvimento", promovida pela Gulbenkian, que terminou ontem, apesar de o ex-ministro da Educação e actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Marçal Grilo, se ter mostrado muito "céptico" relativamente à possibilidade de alcançar um acordo político."Sou perfeitamente céptico relativamente à criação de um pacto enquanto tivermos uma classe política que não perceba que os interesses nacionais têm de ser superiores aos interesses partidários", afirmou o responsável na sessão de encerramento da conferência internacional."Tenho uma péssima experiência de pactos. Tentei fazer um na Educação quando cheguei ao Governo e percebi que ninguém quer fazer pactos nenhuns porque isso significa abdicar de uma área de combate político. É preciso quase um milagre para o conseguir", acrescentou Marçal Grilo, ministro da Educação no primeiro Governo de António Guterres, entre 1995 e 1999.No final da conferência, também a ex-ministra do Trabalho e Qualificação, Maria João Rodrigues, considerou fundamental o estabelecimento de um "acordo de concertação de longo prazo" nestas áreas, ressalvando que para alcançar esse objectivo "é preciso ter uma classe política centrada no interesse nacional".Para Maria João Rodrigues, comissária desta conferência, é essencial promover uma concertação entre os vários actores ligados à Educação, nomeadamente as escolas, as empresas, o poder local e os centros tecnológicos."Esta conferência serviu para mostrar que a Educação é a alavanca-chave do desenvolvimento. Vamos ter de fazer uma aposta maior na Educação se quisermos acelerar o desenvolvimento do país", afirmou a responsável.O papel da Educação no crescimento económico e no desenvolvimento sustentável dos países foi o principal tema da conferência que durante dois dias reuniu em Lisboa vários especialistas internacionais.A formação para o empreendedorismo, o reforço do conhecimento científico e tecnológico e o papel das universidades e centros de investigação estiveram igualmente em debate na conferência, onde também marcaram presença o ex-ministro da Educação Júlio Pedrosa, que desde 2005 preside ao Conselho Nacional de Educação, e a actual ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

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