quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Cascais: Combate à violência no namoro e qualificação de professores é prioridade

Cascais, Lisboa, 20 Fev (Lusa) - O combate à violência no namoro e a qualificação de profissionais da educação são medidas do novo Plano contra a Violência Doméstica de Cascais, onde as denúncias do género aumentaram 110 por cento entre 2004 e 2006.

Até 2011, 26 parceiros - entre a autarquia, forças de segurança, associações de solidariedade e instituições de saúde - vão desenvolver medidas concretas de combate àquele crime em torno de quatro objectivos estratégicos: promoção das respostas institucionais, informação e prevenção, qualificação de profissionais e aprofundamento do conhecimento sobre o fenómeno.
"É fundamental termos entidades muito diversas envolvidas e tentarmos alargar a rede, porque as vítimas estão em todo o lado e são precisas várias `antenas`.
Por exemplo, se uma educadora de uma creche nota indícios de violência pelo comportamento da criança, deve ter preparação para agir sobre o caso", afirmou hoje à Lusa Filipa Pereira, técnica da Divisão de Desenvolvimento Social e Saúde da Câmara de Cascais e responsável do Fórum Municipal contra a Violência Doméstica.
É em torno deste grupo, criado em 2003, que se organizam as estruturas locais que queiram integrar o novo Plano, hoje apresentado no Centro Cultural de Cascais.
"Trabalhamos desde o início sobre esta questão, mas estamos pela primeira vez a formalizar os nossos objectivos e parcerias, também em função dos últimos dados, que mostram um aumento do número de denúncias de 110 por cento no concelho, entre 2004 e 2006", explicou Filipa Pereira, sublinhando que o mesmo número variou 32,5 por cento a nível nacional.
Segundo informação da PSP e da GNR de Cascais, registaram-se 247 queixas de violência doméstica em 2004, enquanto que em 2006 esse número ascendeu a 518.
Filipa Pereira admite que a diferença pode não corresponder exactamente à evolução real da prática do crime e espera que os dados reflictam uma maior sensibilização e uma menor tolerância para com o problema, bem como os esforços desenvolvidos pelas instituições locais.
A responsável adianta que mais de noventa por cento das vítimas são mulheres (muitas vezes com formação superior) agredidas psicológica e/ou fisicamente por actuais ou antigos companheiros, que controlam os seus contactos com familiares, saídas e situação financeira.
Os poucos casos masculinos que são reportados, acrescenta, referem-se sobretudo a crianças.
Entre as medidas contempladas no Plano contra a Violência Doméstica destacam-se a divulgação do recém-publicado "Manual para Educadores de Infância sobre Crianças Expostas a Violência Doméstica" e a criação de um manual para professores de outros ciclos de ensino, a criação de uma plataforma "online" para partilha de informação entre escolas e o combate à violência no namoro.
"Vamos fazer um estudo nas escolas para perceber que situações do género ocorrem durante o namoro, porque inquéritos realizados noutros locais mostram dados já muito preocupantes a nível da tolerância. Há que agir desde cedo sobre esta mentalidade", sublinha Filipa Pereira.
O novo Plano inclui também concretização de programas de intervenção com agressores, a realização de acções de formação para profissionais da educação, da saúde e da acção social, uma análise anual dos dados fornecidos pelas autoridades e o desenvolvimento de estudos temáticos (idosos, mulheres imigrantes, crianças e jovens).
RYC.
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