segunda-feira, novembro 27, 2006


Professores/Estatuto: FNE quer impedir aplicação
A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) anunciou hoje que vai pedir a intervenção da Assembleia da República par a impedir a aplicação do Estatuto da Carreira Docente (ECD), mas tenciona participar na regulamentação do diploma.

«A FNE usará todos os meios que estiver ao seu alcance para evitar que este estatuto seja aplicado aos professores, nomeadamente através do pedido de intervenção da Assembleia da República», é referido numa resolução aprovada hoje pelo conselho geral da FNE, que se reuniu em Coimbra.
Contudo - segundo a resolução - «esta rejeição global deste estatuto não iliba a responsabilidade do Ministério da Educação de trazer à mesa das negociações a regulamentação das diferentes matérias. E a FNE não deixará de contribuir, com propostas sérias, para que o ECD venha a constituir um factor de melhoria da educação em Portugal».
Em conferência de imprensa, após a reunião, o secretário-geral da Federação, João Dias da Silva, revelou ainda que, além da realização de plenários de professores sobre o estatuto foram pedidos pareceres sobre o ECD a dois constitucionalistas, dado que a FNE entende que o diploma aprovado esta semana em conselho de ministros está ferido de inconstitucionalidades.
«Tem características muito negativas e, ao contrário do que diz a ministra da Educação, vai ser um factor de perturbação nas escolas», frisou, antecipando que, com este estatuto, a «profissão docente corre o risco de não ser atractiva para os jovens».
O processo dos concursos de professores, outro assunto discutido na reunião, foi objecto de duras críticas do conselho geral da FNE, que censurou o «desrespeito pela lista graduada nacional de docentes».
«Desde logo, com um insuficiente e deficiente apuramento de vagas que distorceu por completo as colocações. Depois, com o recurso a colocações feitas à margem da lista graduada, na base de contactos pessoais e de escolhas sem critério, nomeadamente na educação especial, onde até docentes especializados foram preteridos para dar lugar a outras colocações», acusa na resolução aprovada em Coimbra.
Na conferência de imprensa, João Dias da Silva anunciou ainda que a FNE entrega, segunda-feira no Parlamento, uma proposta de alteração da lei do Orçam ento de Estado para que este contemple uma rubrica que permita o pagamento do subsídio de desemprego aos professores do ensino superior e aos trabalhadores da administração pública em geral que não estão abrangidos por esta medida de protecção social.
«O Tribunal Constitucional já identificou esta situação como uma omissã o legislativa e recomendou ao governo que colmatasse esta lacuna grave», sublinhou o dirigente sindical.
Diário Digital / Lusa
25-11-2006 17:07:00

1 comentário:

José Carrancudo disse...

A Educação não se melhorará pelas medidas administrativas de qualquer espécie.

O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Nisso, culpados são os educadores oficiosos que promoveram as politicas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para os assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomenda-se vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, na escala alargada.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.