quinta-feira, dezembro 21, 2006

Fenprof: Governo está a abandonar portugueses das zonas rurais

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) acusou hoje o Governo de «abandonar os portugueses que vivem nas zonas rurais do interior do país», na sequência da decisão de encerrar mais 900 escolas do primeiro ciclo em 2007.
«A decisão de encerrar milhares de escolas (1.500 em 2006 e 900 em 2007 ) significa que o Governo decidiu abandonar os portugueses que vivem nas zonas rurais do interior do país», acusa a Fenprof, em comunicado divulgado hoje, acrescentando que dois terços destas escolas são no centro do país.
O secretário de Estado Adjunto e da Educação anunciou quarta-feira em Viana do Castelo o encerramento de «pelo menos» mais 900 escolas do 1º ciclo, em 2007, no âmbito do processo de reordenamento da rede escolar, já em curso.
Segundo Valter Lemos, o fecho destas escolas assentará em dois critérios, os mesmos que ditaram o encerramento de quase 1.500 escolas no início deste ano lectivo: ou terem menos de 20 alunos e uma taxa de sucesso escolar inferior à média nacional ou menos de 10 alunos.
Para a Fenprof, o Governo vai avançar com o encerramento de mais 900 escolas, «sem que tenha sido resolvido um conjunto de problemas e dificuldades resultantes do encerramento decidido em 2006».
A maior federação de professores diz ainda ter «elementos» que apontam para o encerramento de estabelecimentos de ensino com mais de 20 alunos, nomeadamente no distrito de Viseu, que acolheram crianças de outras escolas, o que gera «grandes perturbações na vida das famílias e nas condições de aprendizagem das crianças».
«As crianças deslocadas estão a ser obrigadas a usar transportes que estão muito longe de observar as mais elementares regras de segurança. Por exemplo, 12 e mais crianças transportadas em carrinhas de nove lugares - caso de Continge, no concelho de Sátão», denuncia a Fenprof.
A estrutura sindical aponta ainda outras situações como no Seixo, concelho de Sernancelhe, onde as crianças têm de levar para a escola acolhedora os pratos e os talheres, ou em Aguiar da Beira, onde o agrupamento de escolas comprou capas de plástico para nos dias de chuva as crianças irem almoçar à EB 2,3, devido à ausência de transporte.
«Em São João da Pesqueira, algumas crianças saem meia hora mais cedo das aulas para que usem os transportes organizados e são forçadas a chegar à escola uma hora antes do início das actividades, com evidentes prejuízos para as aprendizagens», acrescenta o comunicado.
Dados divulgados quarta-feira pelo Ministério da Educação (ME) dão conta que as 1.500 escolas já encerradas acolhiam um total de 11 mil alunos, que foram transferidos para 847 escolas «acolhedoras».
Para uma escola poder ser considerada «acolhedora» tem que funcionar em regime normal (de manhã e de tarde), garantir almoço e assegurar transportes.
No entanto, segundo a Fenprof, as crianças não estão a ser deslocadas exclusivamente para escolas em horário de regime normal: «Por exemplo a escola do 1º ciclo de Cinfães funciona em regime de horário duplo (tem quatro salas disponíveis para oito turmas) e recebeu crianças deslocadas de aldeias limítrofes».
Diário Digital / Lusa
21-12-2006 16:38:00

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