domingo, junho 24, 2007

Mais críticas ao ministério da Educação

Professores de História arrasam exame
Carolina Reis

A Associação de Professores de História criticou fortemente os documentos apresentados como fontes e os critérios de correcção do ministério para o Grupo II do exame.

As críticas da APH-Associação de Professores de História à prova ontem realizada em todo o país, constam de um parecer a que o Expresso teve acesso, e visam, sobretudo, o Grupo II da prova. Para os professores de História, os alunos do antigo programa curricular foram prejudicados.
"Não se teve em consideração que este exame, que se destinava não só aos alunos de História A e História B, mas também, aos alunos de História do decreto-lei 286/89, de 29 de Agosto [antigo programa curricular], nunca abordaram esta temática, porque não fazia parte do programa", afirma-se no documento em jeito de conclusão. A “temática” em causa – as dinâmicas de transformação da economia de mercado nas últimas décadas – é a que consta do Grupo II da prova.
Acresce que, na opinião da APH, as fontes utilizadas, como base de resposta às quatro perguntas deste grupo, suscitam algumas dúvidas.
Os professores dão especial importância à primeira pergunta do Grupo II, que se apoia num quadro (documento 1) no qual se misturam países e regiões económicas. "[O quadro] faz referência a países numa coluna onde surgem também pólos de desenvolvimento económico correspondentes a grupos de países."
Além de identificar na coluna intitulada “países” uma região económica (União Europeia), os países identificados como “Quatro ‘Tigres’ Asiáticos” também motivam reparos. Segundo a APH, é utilizada uma “terminologia polémica, visto que a designação para os quatro países considerados como ‘Tigres’ asiáticos aparece em vários autores para designar o grupo dos quatro países correspondentes a uma fase seguinte no desenvolvimento do comércio do sudeste asiático – Malásia, Indonésia, Tailândia e Filipinas”. Ora, segundo o documento em causa, os “Quatro ‘Tigres’ asiáticos” são: “Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura”.
Mas as críticas não ficam por aqui. Com base no documento 1 do Grupo II é pedido aos alunos que apresentem “três razões justificativas do crescimento anual dos Quatro ‘Tigres’ asiáticos” quando “a fonte indica o crescimento médio por década” (1982-1992 e 1992-2002), sublinham os professores.
No conjunto das fontes apresentadas para responder à questão quatro do Grupo II, a associação considera que não foi possibilitado "o cruzamento de informação, uma vez que o relacionamento entre si é muito forçado. Torna-se difícil partir deste conjunto de documentos para chegar às conclusões pretendidas na questão". ("Explique, integrando os dados dos documentos 1 a 4, os processos de globalização da economia").
Em relação aos critérios de correcção, a associação afirma que as matrizes continuam a não explicitar as competências de avaliação. A atribuição de 60 pontos é considerada "excessiva" para o primeiro grupo.
Nas propostas de correcção da questão dois do Grupo I é criticado um dos descritores, apresentados como critério de avaliação pelo ministério, a saber, "distanciamento relativamente aos princípios anticoloniais incluídos na Carta das Nações Unidas e na Declaração Universal dos Direitos do Homem". A associação considera que é forçado e não decorre da fonte.
Os professores consideram ainda que uma parte do descritor proposto para correcção da questão quatro do Grupo II não está referida nos documentos para análise no exame. A temática do Grupo II foi considerada pela associação "pouco pertinente devido, por um lado à excessiva contemporaneidade da informação, pouco trabalhada do ponto de vista historiográfico; por outro, tratando-se do último módulo de um programa tão extenso, inibe a reflexão, o debate aprofundado e o correcto treino de competências".

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