segunda-feira, outubro 29, 2007

Ensino?

Para que serve o Estatuto do Aluno? No plano dos princípios, servirá para combater a indisciplina na escola, combater o insucesso escolar e, em última análise, restaurar aos professores alguma da legitimidade e autoridade perdidas, depois de anos sucessivos de degradação do seu papel social. Culpa, é verdade, do laxismo com que milhares de docentes olham a profissão, mas culpa, também, do desprezo político a que têm vindo a ser votados.No plano dos princípios estão, pois, criadas todas as condições para que, por uma vez, se tomem medidas educativas que reúnam consenso político, que transformem a escola naquilo que ela verdadeiramente deveria ser "uma instituição difusora dos valores do conhecimento e saber, da cidadania, participação e responsabilização, através de uma relação pedagógica de qualidade entre professores e alunos".As palavras são da ministra da Educação, num artigo de opinião para o JN, e não levantam objecções. É por isso difícil de perceber o porquê da insistência do Governo na aprovação de um Estatuto do Aluno que, por muito boas intenções que se lhe queiram atribuir, mais não faz do que apontar o caminho do facilitismo. Que é bem claro, sem ser preciso ler nas entrelinhas, quando permite aos alunos que excedem o número máximo de faltas a realização de um exame para não reprovarem. Os pais, como admitia Albino Almeida nas páginas do JN, só podem ficar contentes. O fim da expulsão é "de uma grande generosidade".Traduzido por miúdos, quer dizer que a ansiedade dos pais, em cada final de ano lectivo, deixa de ter razão de ser (de uma forma ou de outra os filhos hão-se transitar de ano) e que o Governo, pelo menos aqui, cumpre a meta prometida de combate ao insucesso e abandono escolar.O problema vem depois. Quando um aluno chega à universidade e separa, numa simples oração, o sujeito do predicado com uma vírgula, está tudo dito sobre o nosso sistema de ensino.
Domingos, de Andrade, Chefe de Redacção

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