quinta-feira, outubro 19, 2006


Número de professores em greve sofre uma "ligeira quebra" no segundo dia
Inês David Bastos *

Ao segundo dia de greve, alguns professores que terça-feira tinham parado decidiram ontem "furar" a paralisação a apresentar-se nas escolas para dar aulas. "Mas foram poucos professores que o fizeram e sobretudo foram os professores contratados e os mais novos, que tiveram dificuldade em manter a greve no segundo dia", disse ao DN Mário Nogueira, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof), garantindo que se registou apenas uma "ligeira quebra" na adesão. E essa quebra, especificou o sindicalista, deu-se sobretudo ao nível do pré-escolar e primeiro ciclo, ao passo que a adesão nas escolas secundários "até aumentou". Mas vamos a números. Os sindicatos garantem que ontem a adesão dos professores à greve situou-se entre os 80 e 85 % no Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo, tendo ficado acima dos 75 % no Algarve e Alentejo, o que globalmente perfaz uma taxa de adesão de cerca de 80 %. Ou seja, terão aderido ao segundo dia de protesto contra a revisão do estatuto da carreira docente "cerca de 110 mil professores".Comparando com o primeiro dia de protesto - terça-feira - em que os sindicatos falaram numa adesão de 85% e na paralisação de 120 mil professores, a tal quebra não chegou em muitas regiões educativas a atingir os 5%."Mas estamos muito satisfeitos, porque havia quem dissesse que o primeiro dia ia ter boa adesão, mas que o segundo iria ser um fracasso", frisou Mário Nogueira.Os números da EducaçãoComo sempre, os números avançados pelos sindicatos estão longe de coincidir com os do Governo. O Ministério da Educação apontou para uma taxa de adesão à greve entre os 34 ou 35 % (no primeiro dia falou em 39 %, número que reviu ontem para 42%). Segundo a tutela, foi na região de Lisboa e Vale do Tejo que mais professores faltaram (44%), seguida da região Centro (39%) e da região Norte (29%). No total, encerraram 1969 escolas, contra as mais de 2000 do primeiro dia."Clima de terror"Entretanto, o presidente da Federação Nacional do Ensino e Investigação (FENEI) veio acusar o Ministério da Educação de enviar inspectores para as escolas nos dias de greve com o intuito de criar "um clima de terror". O sindicalista fala em três escolas onde aparecerem inspectores para "intimidar os professores": a Escola Secundária da Portela de Sacavém (Loures) e as escolas Rainha Dona Leonor e Paços Manuel, ambas em Lisboa. O Ministério da Educação não reagiu a esta acusação.A plataforma sindical reúne-se esta manhã com o Ministério da Educação, em mais uma ronda negocial, onde deve ser apresentada a última versão do estatuto da carreira docente. *Com Lusa

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