quinta-feira, outubro 19, 2006

O sistema de ensino alemão

O sistema educacional alemão difere muito de outros sistemas.

Normalmente, as crianças começam a freqüentar o jardim de infância (Kindergarten) a partir dos três anos de idade. A obrigatoriedade escolar existe a partir dos seis anos até a 9ª ou 10ª série, dependendo do Estado, e no máximo até os 18 anos.

Os jardins de infância são mantidos por igrejas, iniciativas particulares ou pela municipalidade. A mensalidade é calculada conforme os rendimentos da família, independente de o estabelecimento ser público ou privado. Durante seu último ano no jardim de infância, a criança "pré-escolar" (Vorschulkind) toma contato com letras e números, o que no entanto não pode ser considerado alfabetização como o nosso pré-primário.

O ensino público na Alemanha é gratuito a partir da primeira série; paga-se apenas parte dos livros. Um semestre antes de entrar para a escola, a criança é submetida a um teste médico. Se forem verificados problemas no desenvolvimento psicológico, motor ou lingüístico, ela é encaminhada para possíveis correções. O primeiro dia na escola obedece a todo um ritual, do qual participa a família inteira.

Menina com sua Schultüte após o primeiro dia de escola

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Menina com sua Schultüte após o primeiro dia de escola

A forte presença da Igreja na sociedade alemã é sentida nestes momentos. Em muitas escolas, antes da distribuição em classes e o primeiro contato com o professor, realiza-se um culto ecumênico na paróquia mais próxima. Outra peculiaridade é a Schultüte (cone colorido, oferecido às crianças no primeiro dia de aula), cheia de presentes e doces.

Escolas secundárias

Ao encerrar o primário, a criança começa a ter definida a sua orientação profissional. Conforme o desempenho dela nos primeiros quatro anos de escola, a professora sugere aos pais o tipo mais apropriado de escola secundária. Há três opções:

Hauptschule, em que os alunos recebem uma formação geral básica. Após a conclusão, encaminham-se geralmente para uma formação profissionalizante que os habilita a exercer um ofício ou uma atividade na indústria ou na agricultura. Dura de cinco a seis anos.

Realschule, que habilita a freqüentar cursos mais adiantados em escolas profissionalizantes, escolas secundárias vocacionais ou o segundo ciclo do ginásio. Dura seis anos.

Gymnasium, que dura nove anos e propicia uma formação básica mais aprofundada. O certificado de conclusão, o cobiçado Abitur (de importância semelhante à do vestibular brasileiro), habilita para o acesso a uma universidade ou escola superior.

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Até um certo ponto, o sistema é permeável. Conforme o desempenho do aluno nos dois primeiros anos na escola secundária (5ª e 6ª séries), existe a possibilidade de se transferir para uma escola de tipo diferente da escolhida originalmente.

Existe ainda a Gesamtschule, que integra os três tipos numa só, bem como escolas com outros tipos de currículo, dependendo do Estado.


Escola em tempo integral

A adoção deste tipo de estabelecimento vem sendo cada vez mais defendida na Alemanha. Em outros países europeus, é comum a criança ou o adolescente passar o dia inteiro na escola, sendo assistido nas tarefas de casa e podendo participar de atividades extraclasse, como esporte e artes. Na Alemanha, as aulas são dadas no período da manhã, terminando o mais tardar em torno das 14 horas. Alguns jardins de infância prestam assistência depois desse período (almoço e acompanhamento dos deveres de casa) também a crianças em idade escolar, no chamado Hort.
Escolas especiais
Crianças e adolescentes portadores de deficiências físicas ou mentais freqüentam escolas especiais, das quais existem diferentes tipos de acordo com a deficiência. Para esses alunos vale igualmente a obrigatoriedade escolar.


Escolas profissionalizantes


Estas escolas (Berufsschulen) fazem parte do sistema dual de formação profissionalizante, que habilita o jovem ao exercício de uma profissão ou oficio oficialmente reconhecido. A formação teórica se dá na escola (um a dois dias por semana), enquanto o aprendizado prático é feito numa empresa nos outros dias, diretamente num posto de trabalho ou oficina. Encaminham-se a uma formação profissionalizante, que dura de dois a três anos e meio e é remunerada, sobretudo jovens vindos da Hauptschule ou da Realschule. De uns tempos para cá, também muitos aprovados no Abitur decidem-se por uma qualificação deste tipo.


Ensino superior


A longa tradição académica na Alemanha foi iniciada com as primeiras fundações, no século 14. Através da reforma no ensino superior feita por Wilhelm von Humboldt (1767-1835), foi estabelecida a união da pesquisa e do ensino nas universidades alemãs. Após a reforma na última década de 70, o estudante passou a ter maior liberdade na escolha das disciplinas. Há vários tipos de instituições de ensino superior, mas a maioria das universidades alemãs pode ser enquadrada entre as seguintes:


– Universitäten e Technische Universitäten: São as universidades tradicionais e as técnicas, com cursos voltados para teoria e pesquisa, com a titulação de Magister (para as Ciências Humanas e Sociais), Diplom (para as Ciências Exactas e Naturais) ou Staatsexamen (para as áreas de Direito e Medicina) e possibilidade de doutorado. Oferecem, também, cursos para a formação de professores do ensino primário e médio. A graduação na Alemanha é mais abrangente e longa do que no Brasil.


– Fachhochschulen: São as escolas superiores de tecnologia ou universidades de ciências aplicadas, com cursos mais curtos e voltados para a prática, com a obrigatoriedade de um estágio durante o curso e sem possibilidade de doutorado.

A mais antiga universidade alemã, a de Heidelberg, foi fundada em 1386. Mas há outras também antiqüíssimas, como a de Leipzig, fundada em 1409, e a de Rostock, de 1419. No século 19 e na primeira metade do século 20, o ideal de formação seguido pelas universidades foi o que Wilhelm von Humboldt procurou realizar na Universidade de Berlim, fundada em 1810.
A universidade humboldtiana foi concebida para um pequeno número de estudantes e deveria ser um recinto de ciência pura, de pesquisa e formação, livres em seus objetivos. Este ideal, entretanto, não correspondeu às exigências da sociedade industrial moderna, fazendo surgir, no começo dos anos 70, as escolas superiores de tecnologia.

Há ainda os centros para a educação de adultos (Volkshochschulen), dedicados exclusivamente ao aperfeiçoamento, não só profissional. Sua oferta é muito ampla e direcionada sobretudo para o aperfeiçoamento geral, seja em culinária ou em idiomas, mas também, em escala cada vez maior, para a melhoria das qualificações profissionais.

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