sexta-feira, outubro 27, 2006

Violência na Escola


Começamos mais um ano escolar e vem-me à memória as imagens preocupantes de situações de violência escolar que os meios de comunicação constantemente divulgam. Donde vem esta violência? Porquê esta violência? Para quê esta violência? Não começará esta violência em cada um de nós? Que sementes, que germens de violência transporta e lança cada um de nós consciente ou inconscientemente no nosso quotidiano? Será possível mudarmos e pacificarmos o “nosso mundo”? Não culpabilizaremos e não ensinaremos os nossos filhos/alunos a deitar sempre as culpas para o “outro”? Temos por hábito pensar que o mal, e tudo o que nos é “menos agradável”, resulta invariavelmente dos outros. Não nos damos conta, por uma questão de defesa natural, que o mundo começa por e em cada um de nós.O sucesso escolar, que assenta não só na vertente académica, mas também, e sobretudo, na dimensão humana, começa a construir-se no primeiro dia de aulas e é, em primeiro lugar, da responsabilidade do aluno e só depois da responsabilidade dos pais e educadores (docentes e não docentes). A teoria de que o sucesso escolar é da responsabilidade primeira dos educadores docentes e não docentes subverte, perverte e pode causar danos irreversíveis na “educação para a responsabilização” dos alunos. Saliente-se, porém, que a promoção do sentido de responsabilidade dos alunos deve ser o ponto nevrálgico de qualquer sistema educativo…Cada aluno tem de perceber que o seu sucesso, e correlativamente o sucesso da instituição escolar que frequenta, começa, em primeiro lugar, por ele próprio, pelo seu esforço, pela sua dedicação, pela sua entrega generosa ao trabalho, isto é, ao estudo. Um pai, uma mãe, um educador docente ou um educador não docente, não podem viver a vida do próprio aluno. É uma farsa, uma mentira, uma imprudência, imputar, em primeiro lugar, à escola a responsabilidade da promoção do sucesso de um aluno.A primeira instituição educativa é a família; à escola compete apoiar a família na sua tarefa educacional. Todavia, a criança tem de perceber, desde tenra idade, que é ela o “motor” da sua própria educação e formação. Os pais têm de ensinar isto aos seus filhos, mostrando-lhes que os educadores docentes e não docentes querem o seu sucesso, porque o sucesso de um aluno é o sucesso do seu educador.A erradicação da violência na escola começa pela reposição da verdade acerca destas questões no processo educativo. Não há paz sem justiça, e a justiça, neste assunto, requer que cada um dos intervenientes: alunos, pais, educadores docentes e não docentes e Ministério da Educação, assumam, com clareza, coerência e sem subterfúgios, as suas responsabilidades. Alijar nos outros as responsabilidades próprias é a maneira mais fácil de se construírem guerras. E uma guerra, quando começa, desgasta, desgasta, desgasta, todos perdem e ninguém ganha… E, lamentavelmente, perde sempre mais a parte mais frágil: o aluno.Unamos, então, esforços e construamos um mundo de diálogo, justiça e verdade a partir da responsabilização de cada um!

Outubro de 2006
P. José Manuel Martins Lopes.

Sem comentários: