quinta-feira, julho 12, 2007

Bispos e Sócrates debatem divergências na educação


A hierarquia católica portuguesa considera que não há liberdade de educação em Portugal e que o Governo está a "esquecer" a Concordata, temas que pretende discutir com o primeiro-ministro numa audiência agendada para esta semana. A Conferência Episcopal Portuguesa anunciou, ontem, em Fátima, que o primeiro-ministro agendou para ainda esta semana uma audiência para debater as reivindicações dos bispos, que acusam o Governo de "falta de diálogo" em áreas como a educação ou a solidariedade. O anúncio da reunião foi feito por D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no final de uma reunião do Conselho Permanente em que foram debatidos "vários problemas" no relacionamento com o Estado."Acompanhamos com bastante preocupação" o "comportamento do Estado" em áreas como a solidariedade social, a educação, a regulamentação da Concordata, a reforma da comunicação social ou o acompanhamento espiritual em prisões e hospitais. A ampliação dos horários nas escolas é um dos alvos de críticas, já que está a prejudicar as instituições de solidariedade que podem vir a ter de despedir duas mil pessoas uma vez que a responsabilidade da gestão desses prolongamentos foi entregue às autarquias que negociou com privados, disse D. Carlos Azevedo que é também bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa. Promessas por cumprirAinda na área da educação, a CEP critica a redução dos apoios do Estado à Universidade Católica Portuguesa e os problemas no ensino da Educação Moral e Religiosa nas escolas públicas. "Não há liberdade de educação em Portugal", concluiu D. Carlos Azevedo, recordando que todos os partidos prometem permitir a escolha livre das famílias entre escolas públicas e católicas mas nunca cumprem essas promessas depois de serem eleitos.No caso da regulamentação da Concordata, D. Carlos Azevedo lamentou que não se tenham encontrado "as vias de diálogo para que fosse prosseguida a adaptação à nova configuração jurídica" das relações entre as duas partes, até porque logo a seguir ao acordo entre a Portugal e o Vaticano houve uma mudança de Governo e só no dia 6 de Junho foram nomeadas as comissões paritárias e bilaterais para regulamentar o tratado. Em contrapartida, os bispos têm sentido uma "forte determinação em aplicar a lei da liberdade religiosa" apesar deste diploma não abranger a Igreja Católica, cuja relação com o Estado será sempre determinada pela Concordata, salientou. "A Concordata está a ser esquecida" em benefício da lei da liberdade religiosa, um diploma que só se aplica às minorias existentes mas que não têm o peso da Igreja Católica na sociedade, considerou o porta-voz da CEP. Outras questões como o "apoio à família e à natalidade" foram também destacados pelos bispos que não rejeitam a possibilidade de assumir uma posição de maior força caso as reivindicações não sejam atendidas.

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