sábado, janeiro 17, 2009

Professores determinados a resistir


Sara R. Oliveira 2009-01-13
Jornada de reflexão e luta serviu para reforçar argumentos da classe docente. Plataforma Sindical garante que as posições se mantêm e fala numa elevada adesão por todo o país.
Uma análise rigorosa da situação com o actual modelo de avaliação e a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), que começa no próximo dia 28, em cima da mesa. Escolas de todo o país responderam ao repto lançado pela Plataforma Sindical dos Professores e dedicaram o dia de hoje a uma jornada de reflexão e luta. As posições mantêm-se, os argumentos tornam-se mais fortes e há uma forte determinação para resistir em vários pontos propostos pelo Ministério da Educação (ME). O braço-de-ferro continua.Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma Sindical e secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF), adianta, em declarações ao EDUCARE.PT, que "há uma grande determinação dos professores em manter suspenso o actual modelo de avaliação". "Os professores são claros nesta matéria, apesar das ameaças", refere. A revisão do ECD é outros dos pontos quentes e também aqui os docentes voltam a dizer que não querem a divisão dos professores em duas categorias e quotas estabelecidas para aceder às classificações mais elevadas. O ECD, recorde-se, foi publicado há dois anos. O responsável refere que a adesão foi significativa, aliás, "das mais elevadas em termos de reuniões sindicais". "A jornada de reflexão serviu para os professores reforçarem os argumentos". Mário Nogueira acredita que a próxima manifestação, marcada para o dia 19, será mais um momento importante na vida da classe docente, à semelhança da manifestação de Dezembro. "Vai ser um grande dia, os professores estão mobilizados". Na sua opinião, o protesto poderá implicar alterações. "Para de uma vez por todas, começarmos a termos grandes ganhos". Esta jornada acontece um dia depois da Plataforma Sindical ter entregue ao ME um pré-aviso de greve às aulas assistidas, entre 20 de Janeiro e 20 de Fevereiro, para que os professores avaliadores não assistam às aulas dos seus avaliados. Segundo a agência Lusa, os conselhos executivos das escolas José Gomes Ferreira e Pedro de Santarém, de Lisboa, não tiveram conhecimento da jornada marcada pela Plataforma Sindical. "Os professores estão a entregar os objectivos individuais. E estamos a dar início ao processo. Neste momento está tudo calmo. Creio que o modo como foi feito o 'simplex' veio acalmar [a contestação]", afirmou Maria Sameiro Vale, vice-presidente do Conselho Executivo da Secundária José Gomes Ferreira. Para Luís Rodrigues, presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas Pedro de Santarém, ainda existe uma "grande franja de professores que não se revêem na simplificação". "Saiu uma série de legislação sobre esta matéria e na altura não foram tomadas posições. Foram perdidas oportunidades que hoje são difíceis de repescar. Hoje, as pessoas estão despertas para uma série de situações que deixaram passar na altura", acrescentou. E a luta continua. Na segunda-feira, dia 19, os professores são chamados a participar numa manifestação em todas as escolas do país. Entretanto, seis movimentos de professores agendaram uma outra manifestação para o próximo dia 24 com o objectivo de sensibilizar o Presidente da República para a situação de instabilidade e clima de descontentamento. O protesto terá lugar em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, e os professores esperam ser recebidos nesse dia pelo chefe de Estado.

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