segunda-feira, novembro 20, 2006

Cordão humano com três mil professores «cercou» Ministério da Educação


Um abaixo-assinado com mais de 65 mil assinaturas e um cordão humano (molhado) com mais de três mil professores, que «isolou» o Ministério da Educação esta sexta-feira à tarde, marcaram mais um dia de protesto dos docentes contra o Governo.
«É inédito», garantia Mário Nogueira da Plataforma Sindical de Professores, que não escondia a felicidade pela adesão maciça ao protesto.
Durante mais de uma hora, os cerca de três mil manifestantes (2.500 segundo as contas da polícia), percorreram algumas das principais artérias da capital, num cordão humano que ligou o Pavilhão Carlos Lopes e ao Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro.
Maria de Lurdes Rodrigues foi, mais uma vez, o alvo de todas as críticas dos professores, que enquanto caminhavam, iam gritando palavras de ordem: «Ministra aprende, a gente não se rende»; «A luta continua, ministra para a rua» e «Está na hora, está na hora da ministra se ir embora».
Pelo caminho, os manifestantes - vestidos com gabardinas amarelas, empunhando bandeiras pretas - tiveram de resistir à chuva forte e também às críticas que vinham de alguns automobilistas, mais irritados, que estavam parados no caos do trânsito que entretanto se gerou em consequência do protesto.
Mas os professores também ouviram palavras e buzinadelas de apoio.
«Acho que já ganhámos a população. As pessoas estão ao nosso lado porque já perceberam o que se está a passar», garante Paulo Costa, professor de Inglês em Lourosa, que desceu até Lisboa para participar no cordão humano.
Mas, afinal «o que se está a passar»?
Paulo Costa explica que o tão contestado novo Estatuto da Carreira Docente (ECD), tem apenas como objectivo «reduzir os custos com as remunerações do professores». «Não existem professores de primeira e professores de segunda», reclama o docente, que também está contra as «quotas» criadas pelas novas regras da avaliação desempenho.
De cachimbo na boca e chapéu de chuva na mão, Fernando Varão, professor reformado há 14 anos, também não quis faltar ao protesto, até porque ainda é sindicalista.
Varão acusa o Governo actuar por «razões economicistas» e o Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues de estar a tentar «voltar professores uns contra os outros».
Finalmente, o cordão humano chegava à Av. 5 de Outubro. A ideia era cercar o ministério. Os professores eram muitos, por isso o cordão deu mais que uma volta ao quarteirão, para felicidade dos sindicalistas. «Somos muitos!», exclamava um dos professores.
Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma Sindical de Professores, também exultava e garantia que a acção «simboliza o isolamento da ministra e da sua equipa junto dos professores da escola pública e da população». Depois, de forma irónica acrescentava: «quem está do lado de fora está em segurança, eles estão mesmo isolados».
Estava a chegar ao fim mais um dia de protestos, mas antes disso, os professores ainda entregaram no ministério da Educação um abaixo-assinado com 65 mil assinaturas contra o Estatuto da Carreira do Docente

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