sábado, fevereiro 03, 2007

Exame de Português vai incluir termos da TLEBS - Andam a gozar com quem?



Lusa 2007-02-02

O exame nacional de Português B do 12.º ano vai incluir perguntas relativas à Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário, apesar de a tutela já ter reconhecido erros e ter anunciado a sua suspensão em 2007/2008.

De acordo com as orientações definidas em Dezembro pelo Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação (ME) para o exame nacional de Português B do 12.º ano, a prova deverá conter questões sobre termos como "coesão lexical por reiteração", "dêixis" e "quantificador relativo", introduzidos pela nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS).Em declarações à Lusa, o primeiro subscritor da petição que reuniu mais de oito mil assinaturas contra a implementação nas escolas da nova terminologia manifestou "perplexidade" com o facto de este exame nacional conter "matéria que já foi provado ser errada do ponto de vista científico". "A TLEBS é um conteúdo experimental não validado cientificamente e, ainda assim, consta da prova-modelo do exame", criticou José Nunes.Também para o professor catedrático de Linguística na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa João Andrade Peres, não faz sentido incluir na prova termos exclusivos da TLEBS, uma vez que "muitos alunos do Secundário não deram esses tópicos e, por isso, poderão não saber responder a estas perguntas"."Na prática, a terminologia não foi generalizada em todas as escolas e, por isso, as perguntas têm de poder ser respondidas também por alunos que não têm esses conhecimentos", explicou, em declarações à Lusa.Num ofício datado de 19 de Janeiro, a própria Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular esclarece que "as perguntas que tenham relação com o domínio da gramática serão corrigidas de modo a acolher de igual modo as respostas dadas por alunos que tenham tido como professores aqueles que utilizaram a nova terminologia e os que utilizaram outros termos".Por isso, o professor catedrático sublinha que "a prova-modelo é inconsistente com as orientações dadas em Janeiro pelo ofício do Ministério". Além disso, João Andrade Peres critica a inclusão de termos que afirma estarem errados cientificamente, como a expressão "quantificador relativo" para designar, por exemplo, a palavra "cujo" ou "cuja", anteriormente consideradas "pronomes relativos"."Esse termo é errado cientificamente e os linguistas reconhecem consensualmente que a sua utilização não faz qualquer sentido. É errado o termo quantificador porque palavras como 'cuja' não quantificam nada", explicou.Contactado pela Lusa, o assessor do Ministério da Educação explicou apenas que a tutela se compromete a garantir que "os alunos expostos à nova terminologia e os que tiveram a antiga vão conseguir responder correctamente aos itens apresentados no exame".Na semana passada, o secretário de Estado-adjunto da Educação anunciou à agência Lusa que a experiência pedagógica associada à TLEBS vai ser suspensa no próximo ano lectivo, considerando "necessário que [a mesma] seja revista do ponto de vista científico e adaptada do ponto de vista pedagógico".Na altura, Jorge Pedreira reconheceu que "a TLEBS que tem sido experimentada nas escolas tem inconsistências", não tendo havido "coordenação suficiente" no processo

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