sábado, junho 09, 2007

Professores até à morte

O episódio arrepiante da professora do Ensino Básico de Cacia obrigada a trabalhar apesar de sofrer de leucemia, que fazia o título maior da capa do CM de ontem, pode ser vista como parte de uma história mais vasta daquilo que o Estado é hoje e do que quer dos seus professores.

O estado de necessidade em que vive o nosso Estado faz com que este tenha orientações cegas. Mesmo sofrendo de leucemia há um ano, a professora Manuela Estanqueiro não teve direito a uma aposentação – e há outros casos por este País fora. O Estado tem muito mais em que pensar até porque acha que hoje mesmo as faltas por doença grave ou doença dos filhos devem ser contadas como uma falta normal.Independentemente do mérito que algumas das reformas da ministra Maria de Lourdes Rodrigues até têm, não há hoje um único professor que não se sinta pressionado, mesmo intimidado, porque a sensação de ser um peso obviamente indesejado alargou-se a todos. A instabilidade na profissão é hoje muito séria porque em quase todas as medidas do Ministério há um alvo chamado professor. E grande parte do que tem sido feito, se não ficarmos pela espuma das coisas, é destinada precisamente a substituir professores mais velhos e também mais qualificados por outros mais novos e mais baratos. Esse é o objectivo e não creio que melhore o sistema.

Manuel Queiroz, Subdirector do Correio da Manhã

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