quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Pobres e sem instrução, mas 'numa boa'



Como é que vivem as crianças nos países ricos? Em Portugal, uma em cada sete vive mal, segundo o relatório da UNICEF que será hoje apresentado em Berlim. Conclui que 16% dos menores de 18 anos portugueses são pobres e 21% têm baixo nível educativo. Estes indicadores são os responsáveis por estarmos nos últimos lugares no bem-estar infantil. Em contrapartida, as nossas crianças são as que melhor se relacionam com a família e com os amigos.O último relatório da UNICEF compara o bem-estar das crianças (grupo com idades entre os 0 e 17 anos) nas 21 nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) considerados ricos. Têm em conta seis dimensões da vida humana: pobreza, saúde e segurança, educação, relacionamentos, comportamentos e atitudes de risco dos jovens e as percepção destes sobre o seu bem-estar. Em três destes parâmetros, Portugal está na zona negra (pobreza, educação e comportamentos de risco) e em dois na cinzenta (saúde e segurança e percepção sobre o bem-estar). O País pertence ao lote das nações onde a taxa de pobreza infantil é superior a 15% e que está dividido entre europeus do sul (Portugal, Espanha, Itália) e anglófonos (EUA, Reino Unido e Irlanda). Este índice tem em conta os menores de 18 anos que vivem em famílias cujo rendimento é menos de metade da média nacional. Os países que registaram um decréscimo das taxas de pobreza infantil localizam-se no Norte da Europa, entre os quais estão os quatro nórdicos com os índices mais baixos de pobreza, inferior a 5%.Educação A literacia e o sucesso escolar é o parâmetro onde a prestação portuguesa é pior. Foram comparadas as habilitações da população com menos de 15 anos, a percentagem do grupo entre os 15 e 19 que se mantém no ensino e, entre os que saíram da escola, quantos estão a trabalhar.Trinta por cento dos jovens portugueses deixam os estudos, mas 23% não tem emprego. Os relatores lembram que estes "correm indubitavelmente maior risco de exclusão e marginalização". A Bélgica e o Canadá lideram a tabela do "bem-estar educativo das crianças" e a Noruega e a Dinamarca, que sobressaem na generalidade dos indicadores sociais, estão mal colocadas neste parâmetro (18º e 19º). Já a Polónia está muito bem situada.O único motivo de orgulho neste relatório para o País é a forma como as famílias e a população em geral tratam as suas crianças, só superada pelos italianos. Oitenta por cento dos menores considera que os seus pares são "simpáticos e prestáveis". Estamos também entre os primeiros no que diz respeito ao diálogo entre os jovens e os pais e entre as famílias que mais atenção dão aos seus descendentes. O Reino Unido e os Estados Unidos revelam as relações familiares e de amizade mais débeis. No Canadá, na Alemanha e na Islândia mais de metade dos jovens diz que os pais não têm tempo para falar com eles.

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