sábado, fevereiro 17, 2007

Professores recebem formação sobre ensino do português

Inverter baixos níveis de literacia dos alunos é objectivo de iniciativa que vai começar por formar professores. Pretende-se que a modificação das práticas de ensino da língua leve a melhores desempenhos. ESEC é uma das quatro instituições escolhidas para participar no programaO número é expressivo: 22% dos alunos portugueses com 15 anos de idade são maus leitores, concluiu um estudo do Programme for International Student Assessment (PISA), realizado em 2003. Segundo o mesmo relatório, do programa lançado pela OCDE para medir a capacidade de os jovens de 15 anos usarem conhecimentos na vida real, 48% dos jovens portugueses apenas possuem conhecimentos básicos de leitura, que lhes permitem, no máximo, localizar uma peça de informação no texto ou identificar o tema principal do que leram. As dificuldades no domínio da língua materna, no final da educação básica (9.º ano), são, pois, motivo de preocupação, que podem comprometer o futuro sucesso profissional ou a continuidade dos estudos.Eis uma das razões pelas quais o Ministério da Educação (ME) decidiu avançar com o Programa Nacional de Ensino do Português no 1.º ciclo (PNEP), com arranque no próximo dia 23, que se destina a melhorar as aprendizagens linguísticas dos alunos, através da melhoria das práticas docentes. No fundo, o que se pretende é melhorar os níveis de compreensão de leitura e de expressão oral e escrita em todas as escolas do 1.º ciclo, num período entre 4 a 8 anos, através da modificação das práticas no ensino da língua. Um trabalho que será lento e faseado.De acordo com Pedro Balaus Custódio, coordenador regional do PNEP e docente da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), uma das quatro instituições nacionais escolhidas para participar no programa – fecham este grupo as escolas superiores de Educação de Santarém, Lisboa e Porto –, o primeiro passo (de Fevereiro a Junho) consistirá em dar formação a um professor por cada agrupamento de escolas seleccionado para o arranque da iniciativa.Sites e bloguespedagógicosA nível nacional são 120, 30 dos quais vão receber formação no núcleo regional da ESEC, provenientes de escolas dos distritos de Coimbra (10), Aveiro (10), Viseu (7) e Guarda (3).Este trabalho, no primeiro ano, considerado ano piloto, tem a participação de especialistas na área do ensino no 1.º ciclo, nomeados pelo ME – como Lucília Salgado, da ESEC –, que darão as orientações aos denominados “formadores residentes” no agrupamento, que, por sua vez, farão (no segundo ano) a formação, o acompanhamento e a orientação dos colegas nos estabelecimentos de ensino.Pedro Balaus Custódio valoriza este método, pelo facto de os “formadores residentes” conhecerem «a escola, os colegas e a realidade social e cultural dos alunos».Aos formadores serão disponibilizados materiais didácticos (brochuras com exercícios e pistas de trabalho) e materiais de avaliação (ao nível individual, da classe e da escola) no domínio da aprendizagem da leitura, do desenvolvimento da oralidade, da expressão escrita e do conhecimento explícito da língua.Além disso, haverá sessões tutoriais, orientadas pelo formador na escola, de acompanhamento e apoio directo ao docente, durante a actividade lectiva, e à respectiva turma.O PNEP prevê, também, o uso do computador como recurso de aprendizagem da língua (através de sites pedagógicos, blogues ou enciclopédias) e a produção de materiais em formato electrónico.Outra medida recente, adoptada em 2006, que pretende actuar também a este nível, é o Plano Nacional de Leitura. Uma iniciativa, do ME e do Ministério da Cultura, para vigorar até 2016, que tem como público-alvo as crianças do pré-escolar e dos primeiros seis anos do ensino básico e que propõe a leitura diária nas salas dos jardins-de-infância e nas escolas do 1.º ciclo.

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