quinta-feira, outubro 25, 2007

Tempo para quase nada

Filinto Lima*
O ano lectivo já há mais de um mês que teve o seu início e muitos professores queixam-se da falta de tempo para preparar aquilo para que foram formados, ou seja, as aulas. A burocracia no nosso país é um dado adquirido devido à imposição de um enorme centralismo estatal nas diversas áreas em que está inserido, desde a Saúde à Justiça, da Economia à Educação passando por outros sectores em que os respectivos profissionais se queixam do tempo que perdem em situações de menor importância, mas que não lhes dá tempo para se ocuparem do que na verdade interessa e é importante. A Educação não foge à regra! Nas escolas, nas salas dos professores é audível a insatisfação dos profissionais do ensino em relação à papelada que têm de preencher e entregar, fazendo parte de uma burocracia a que urge pôr cobro. Muitos não tiveram tempo de preparar as suas aulas devidamente como gostariam, pois os afazeres burocráticos muitas vezes com prazos “para ontem”, não lhes permitiu.O saber dos nossos professores deve ser dirigido e destinado ao ensino dos alunos nas matérias que leccionam, dedicando-se assim à parte substantiva da Educação deixando a parte burocrática e adjectiva para outros profissionais, ou minimizando-a.Existem documentos que devem ser desburocratizados e tornados mais operacionais, referindo-me ao Projecto Educativo de Escola/Agrupamento, Projecto Curricular de Escola/Agrupamento, Projecto Curricular de Turma e Regulamento Interno do Agrupamento. Outros documentos provenientes do Ministério da tutela também tiram tempo precioso que os professores gastariam na preparação das suas aulas. Por vezes é a própria escola que complica e burocratiza ainda mais o sistema, inventando mais papelada que coloca os profissionais da Educação quase à beira de um ataque de nervos.Creio que um dos próximos passos a dar é mesmo a descodificação da burocracia reinante nas instituições de ensino, julgando que os contratos de autonomia que começam a ser celebrados podem ser o motor de arranque de uma situação mais agradável para todos e rentabilizadora da acção dos professores, enquanto pedagogos.Seguramente que todos lucrariam com esta situação de desburocratização, sobretudo os nossos professores que precisam de ter tempo para as suas aulas e, quantas vezes, para reflectirem na Educação e Ensino, tendo voz activa no que se produz ao nível da pedagogia e da legislação, muitas vezes desenhadas nos gabinetes e por pessoas que desconhecem o terreno, a escola enquanto espaço físico.Faço votos para que a vida dos docentes seja descomplicada julgando que seria um bom auxílio a simplificação de muitos actos que todos os dias uma escola pratica, quase sempre com recurso a muita papelada que só serve para complicar em vez de ajudar.
*Professor do ensino secundário

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