sexta-feira, outubro 19, 2007

Consumos analisados em contexto escolar


Sara R. Oliveira 2007-10-17

Publicação do Ministério da Educação dá sugestões de actividades para abordar temas relacionados com o álcool, o tabaco e as drogas.
Informações actualizadas sobre o álcool, o tabaco e as drogas. Assuntos relacionados com essas substâncias psicoactivas, desde a história, aos componentes químicos, passando pelos efeitos para a saúde. Bibliografia para consultar e sugestões de actividades para que a comunidade educativa possa trabalhar esses temas, numa perspectiva preventiva. O volume "Consumo de substâncias psicoactivas e prevenção em meio escolar", da Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação (ME), elaborado com o apoio do Grupo de Trabalho de Educação para a Saúde, reúne um conjunto de textos "a partir dos quais os professores podem dinamizar momentos de reflexão e de trabalho de grupos com os alunos, através de metodologias activas, com avaliação dos conhecimentos adquiridos". A publicação conta com a colaboração do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) e da Direcção-Geral de Saúde. "A escola é um local privilegiado para uma intervenção preventiva", destaca Daniel Sampaio, um dos autores e revisor científico da publicação. O responsável defende que as temáticas devem ser trabalhadas nas diversas disciplinas, a partir da revitalização dos currículos existentes, bem como nas áreas curriculares não disciplinares de forma sistematizada. Um dos objectivos é, explica, "possibilitar o ponto de partida para trabalhos de pesquisa e de reflexão elaborados pelos alunos, com o apoio dos professores e sob a coordenação do professor-coordenador da área de Educação para a Saúde". Daniel Sampaio deixa algumas sugestões aos professores: "Falarem pouco, ouvirem muito, trabalharem em parceria com a Saúde, quando não souberem a resposta pesquisarem com os jovens a solução e, sobretudo, estudarem com os estudantes. O livro tem bibliografia e sugestões de actividades, bem como informação actualizada". O responsável considera que a comunidade educativa está preparada para abordar os assuntos. "Os alunos têm um enorme interesse por estes temas, que surgem no seu quotidiano escolar pelas mais diversas formas, a começar pelos programas oficiais de diversas disciplinas". "Propomos que os alunos elaborem projectos sobre estes temas e os trabalhem com apoio dos professores e dos centros de saúde e IDT. A solução está, como sempre, nos alunos, não em aulas expositivas por parte de docentes", realça.As escolas estão satisfeitas por terem mais um instrumento de trabalho ao dispor. Ilda Serrano, vice-presidente da Secundária Gabriel Pereira de Évora, adianta que essas questões são já abordadas na escola - inclusive através da realização de inquéritos sobre o consumo de substâncias psicoactivas, dentro e fora do estabelecimento de ensino. De qualquer forma, os responsáveis pelo gabinete de Educação para a Saúde, baptizado de gabinete de Afectos e Sexualidade, têm já o manual nas mãos e que servirá de apoio para a definição de actividades ao longo do ano lectivo. Para a docente, o guia "poderá dar um contributo válido" para a concretização de iniciativas mais sistemáticas. A publicação ainda não chegou às mãos do Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto, mas a sua importância é, desde já, sublinhada. "É extremamente importante tratar destes temas desde a base até cá cima", comenta Manuel António Oliveira, um dos vice-presidentes da estrutura. Desde o 1.º ciclo ao secundário. Na sua opinião, o manual será um bom instrumento de trabalho, um complemento para as iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas, como a prevenção do tabagismo, sobretudo numa "área carenciada social e economicamente"."A melhor maneira de saber qual a relação que os jovens têm com os consumos é através das suas próprias palavras, analisando as narrativas sobre o fenómeno." No caso do consumo de drogas, a publicação sugere que na abordagem deste assunto é necessário "ajudar os alunos a questionarem-se, estimulando a sua capacidade de pensar e fomentando a consciência crítica face aos seus actos, ao invés de apresentar respostas de acordo com as experiências e vivências do adulto". Nesse sentido, defende-se que os projectos nesta área, em contexto escolar, devem abranger prioritariamente a faixa etária entre os 11 e os 14 anos, envolver a família e a comunidade, utilizar estratégias interactivas, entre outros aspectos. "Convém desfazer equívocos: como pode ver-se nos estudos reproduzidos nesta publicação, a maioria dos jovens não utiliza (nem experimenta) o haxixe. Muitos usam-no, é verdade, mas o consumo não está tão generalizado como muitos adolescentes argumentam, nem é correcto afirmar-se que quem experimenta vai passar para outras drogas mais perigosas e tornar-se toxicodependente", salienta Daniel Sampaio.Cinco sugestões de actividades para abordar o tema tabaco. Realizar um exercício de role-play, em que um jovem não fumador é pressionado pelos colegas a fumar; elaborar um questionário anónimo sobre conhecimentos e atitudes associados ao consumo e à exposição ao fumo do tabaco; recolher recortes de revistas e jornais para debater o que leva as pessoas a fumar; pesquisar os efeitos do consumo do tabaco no ambiente e a poluição provocada; e discutir na turma o direito à saúde e à liberdade individual."As escolas, enquanto espaços educativos e de trabalho, devem assumir uma política de prevenção e controlo do tabagismo clara e explícita, assente em princípios educativos e preventivos globais e integrada no currículo, nas áreas disciplinares e não disciplinares", lê-se. O manual recorda que, em 2003, cerca de 30% dos alunos de 13 anos e de 70% dos alunos de 18 anos já tinham experimentado fumar tabaco, pelo menos uma vez ao longo da vida. As percentagens de rapazes e raparigas que já o tinham feito eram bastante próximas.O álcool é também abordado em várias perspectivas. Lembram-se os falsos conceitos, salientam-se os efeitos sociais na família e no trabalho. "Constata-se pois que os jovens, sobretudo a partir dos 15, 16 anos, bebem essencialmente em contextos recreativos da noite, em que a diversão está muito associada ao álcool." "O consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens não pode ser desenquadrado do consumo efectuado pela família e pela sociedade em geral, nomeadamente pelos adultos", refere-se.
Mais informações:sitio.dgidc.min-edu.pt

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