sexta-feira, outubro 19, 2007

Sindicatos de professores pedem reunião urgente com Sócrates sobre caso da Covilhã

Os sindicatos de professores solicitaram hoje uma reunião com o primeiro-ministro, José Sócrates, com carácter de urgência, por considerarem que "o direito à liberdade de expressão e de representação nunca esteve tão ameaçado", numa referência à visita da PSP às instalações de uma delegação sindical na Covilhã, na véspera de uma manifestação contra a política educativa do Governo.
Há uma semana, dois polícias "à civil" entraram na sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) na Covilhã e levaram dois documentos de informação referentes à acção de protesto marcada para o dia seguinte, terça-feira, naquela cidade, onde esteve o primeiro-ministro, no âmbito de uma visita à Escola Secundária Frei Heitor Pinto. A visita policial provocou a indignação do SPRC, que pediu explicações à tutela, que ordenou uma investigação ao caso.Na sexta-feira, o ministro da Administração Interna considerou que, com base no relatório preliminar divulgado pelo inspector-geral da Administração Interna sobre a visita da PSP às instalações do SPRC, segundo o qual a polícia não cometeu qualquer infracção, “não há lugar à instrução de processo de inquérito ou processo disciplinar”.Numa carta aberta a enviar hoje a José Sócrates, a plataforma sindical afirma que o episódio representou uma "grave violentação dos direitos do exercício democrático de um sindicato de professores", inserindo-se num conjunto de "preocupantes atitudes de intolerância e autoritarismo" por parte do Governo e contribuindo para "a repressão e a imposição de um clima de medo"."A liberdade sindical deste sector está a ser coarctada dos seus legítimos direitos, silenciada nas suas opiniões, ignorada nos seus contributos para melhorar a qualidade educativa e ameaçada de extinção por via de uma política de desinformação, onde se pretende colocar os próprios trabalhadores contra as suas organizações de classe", refere a missiva, assinada por todos os sindicatos e federações sindicais da Educação.Em conferência de imprensa, os responsáveis da plataforma deixaram ainda um aviso ao primeiro-ministro, afirmando que terão a "obrigação de explanar ao Presidente da República a situação actual dos sindicatos do sector", caso José Sócrates não aceite o pedido de reunião e o Governo "continuar a não assumir as regras da democracia".No encontro com os jornalistas, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, afirmou que "existe, de facto, uma tentativa de intimidação dos sindicatos" e considerou que qualquer pessoa que tenha lido o relatório da Inspecção-Geral da Administração Interna sobre os acontecimentos da Covilhã "só pode ficar estupefacto ao saber que [o caso] foi arquivado".

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