quarta-feira, outubro 11, 2006

Ioga na sala de aula



Marta Rangel 11.10.2006
Para fazer face à insatisfação que se instalou em muitos contextos escolares, surge uma nova proposta pedagógica: o ioga na educação. Em França começou a ser implantada há 33 anos e foi adoptada pelo Ministério da Educação.
A primeira experiência de ioga numa sala de aula aconteceu em França, em 1973. Quatro anos depois, em 1977, realizava-se a primeira demonstração oficial, no Collège Condorcet. Um ano mais tarde, foi fundado o RYE - Recherche Sur le Yoga Dans L'Éducation (Pesquisa sobre o Ioga na Educação).Micheline Flak, francesa, doutorada em Letras pela Universidade de Sorbonne, é o rosto por detrás da ideia. Na época, dava aulas em Paris. Por perto, encontrava-se também Maria Teresa Messeder, portuguesa. Estava a trabalhar na capital francesa, onde também vivia, quando conheceu Micheline Flak.Pouco tempo passou até se render ao ioga. Adquiriu formação e, quinze anos mais tarde, regressou a Portugal, trazendo consigo o RYE. Actualmente, é professora de Educação Visual no ensino especial, mas garante que esteve "sempre ligada à fundação e ao movimento". Apesar de admitir que, em Portugal, o projecto não teve uma implementação tão grande quanto desejaria, dá aulas de ioga e anima acções de sensibilização em várias escolas e junto de professores.Mais do que "uma alternativa de ensino" ou "proposta pedagógica", Maria Teresa Messeder considera que a Pesquisa sobre o Ioga na Educação é "uma resposta e uma necessidade no contexto escolar". Segundo a professora, "há um mal-estar instalado no contexto escolar, derivado do stress". Para ela, há "um zapping na vida que desorienta as pessoas" e que faz com que se esqueçam delas próprias. "As energias estão descontroladas e os professores não conseguem controlar os alunos porque eles próprios estão cansados e descontrolados", acrescenta.No site do RYE ( http://rye.free.fr ), esta situação está bem exemplificada: "Pede-se aos professores para acabarem programas sobrecarregados, mas não se faz absolutamente nada para desenvolver a memória. Costumamos dizer aos alunos 'presta atenção!', mas não os ensinamos a concentrarem-se". Por isso, Maria Teresa Messeder, baseando-se na filosofia do RYE, propõe introduzir técnicas de bem-estar na sala de aula, tanto para alunos como professores, tendo sempre em consideração uma interdependência estreita entre a mente e o corpo. Para poder "ajudar os alunos a ultrapassar o insucesso escolar", é preciso "ter em conta o corpo e não só o intelecto".O próprio nome "ioga" significa "união", totalidade entre o corpo e a mente. As técnicas do RYE sugerem, assim, "uma alternância entre o trabalho mental e exercícios físicos realizados na sala durante as aulas".Algumas técnicas de respiração, características do ioga, "ajudam a desenvolver a memória e a concentração, fazem uma limpeza cerebral, que ajuda a oxigenar o cérebro, e dão auto-confiança". Segundo o RYE, as crianças podem aprender a relaxar, a concentrar-se e a estimular as suas energias quando estão cansadas e a acalmar-se quando estão enervadas. Para Teresa Messeder, a forma como se respira pode estar também na origem do insucesso escolar, tanto da parte de professores, como de alunos: "uma pessoa que não respira bem, não tem autoconfiança", explica. "Mesmo pessoas que fazem muito desporto, nem sempre sabem respirar", acrescenta.Tal como a fundadora, Micheline Flak, Maria Teresa Messeder também considera que é preciso "encontrar formas de estar na vida". Sobretudo no meio escolar, "a maneira de transmitir saberes é tão ou mais importante como aquilo que se transmite".Nos próximos dias 4 e 5 de Novembro, Micheline Flak vai estar em Portugal para orientar uma conferência e um workshop sobre esta temática, no Porto. Se a participação na conferência e a adesão ao workshop continuarem a ter uma boa aceitação, Teresa Messeder pretende fundar o RYE Portugal. Para além da França, o movimento já existe em Itália, na Bélgica, Grécia, Alemanha, Noruega, Uruguai, Chile, Israel e Brasil.Para mais informações sobre a conferência, contactar Teresa Messeder através do e-mail teresa.messeder@gmail.com ou do telefone 22 618 12 27.

Sem comentários: