terça-feira, outubro 10, 2006

Pedagogos Portugueses

Adolfo Coelho (Coimbra,15 Janeiro de 1847 - Carcavelos, 8 de Fevereiro de 1919). Teve uma infância repleta de dificuldades. Contava apenas 19 meses quando o seu pai morreu. Frequentou o liceu em Coimbra, tendo-se matriculado com 15 anos em Matemática na Universidade. Insatisfeito com o ambiente que aí encontrou, dois anos depois abandona os estudos universitários. Impôs então a si próprio um programa de estudos centrado em autores alemães, aprendendo para o efeito a língua alemã. Ao longo da sua vida realizou notáveis trabalhos em pedagogia, linguística, etnografia e antropologia. Foi professor no Curso Superior de Letras, onde ensinou Filologia Românica Comparada e Filologia Portuguesa e depois na Faculdade de Letras de Lisboa; Foi director da Escola Primária Superior de Rodrigues Sampaio, criada por sua iniciativa. Exerceu também actividades docentes na Escola Normal Superior de Lisboa. Participou em várias comissões de ensino médio e superior, como vogal ou presidente, tendo nessa qualidade elaborado importantes relatórios. Proferiu nas célebres Conferências do Casino, organizadas por Antero de Quental e Jaime Batalha Reis, a conferência "A Questão do Ensino"(1871). As suas concepções pedagógicas assentavam na convicção que através da educação seria possível regenerar o país. Combateu a submissão do ensino às ideias religiosas. Organizou um importante Museu Pedagógico na Antiga Escola do Magistério Primário de Lisboa. Obras sobre o ensino e pedagogia: A Questão do Ensino, Porto, 1872; A Reforma do Curso Superior de Letras, 1880; O trabalho manual da escola Primária, Lisboa, 1882; Secção de ciências étnicas. Esboço de um Progrma para o estudo antropológico, patológico e democrático do povo português. Lisboa. 1890; Os Elementos tradicionais da educação, Porto, 1883;Para a história da instrução popular, 1895; O ensino histórico, filologico e filosófico em Portugal até 1858, Coimbra, 1900; O Curso Superior de Letras e os Cursos de Habilitação par o Magistério Secundário, Lisboa,1908; de Letras Alexandre Herculano e o Ensino Público,Lisboa, 1910; Cultura e Analfabetismo, 1916. Obras póstumas: Para a História de Instrução Popular , Lisboa,1973, volume de textos organizados por Rogério Fernandes e editados pela FCG; Obras sobre Adolfo Coelho: Rogério Fernandes, As Ideias Pedagógicas de F. Adolfo Coelho, Lisboa, 1973; João da Silva Correia, Adolfo Coelho Pedagogo, artigo (1920); Vitorino Nemésio, Perfil de Adolfo Coelho, artigo,1948; Manuel Viegas Guerreiro, Introdução in, Cultura e Analfabetismo, Lisboa, 1984.

Adolfo Lima ( Lisboa,28 de Maio de 1874-Lisboa,27 de Novembro de 1943). Figura cimeira entre o notável grupo de pedagogos anarquistas portugueses, foi o principal inovador da pedagogia em Portugal no inicio do século XX, realizando experiências marcantes neste domínio, nomeadamente na Escola Oficina nº.1 e na Escola Normal de Benfica. Deixou uma enorme obra pedagógica ainda por estudar. Era oriundo de uma família nobre, mas recusou-se a usar o título de conde. Bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, concluiu o curso em 1900. Entre 1902 e 1907 exerceu advocacia, mas nesta altura trocou esta actividade pela de professor, ingressando como pedagogo na Escola Oficina nº.1, transformando-a, como outros pedagogos anarquistas, na referência fundamental da escola nova em Portugal. Adolfo Lima fez da docência uma missão, acreditando que a mesma era o principal meio de transformação da sociedade. Foram inúmeras as instituições educativas onde colaborou, sempre com grande empenho e profundo saber. Foi professor livre de sociologia no curso livre de artes de representar na Associação da Classe dos Artistas Dramáticos (1908), nos serviços educativos da "Voz do Operário", na "Sociedade de Estudos Pedagógicos", na "Liga de Acção Educativa", mas também no ensino secundário particular em diversos colégios de Lisboa, no Liceu Pedro Nunes (1911-1923). Foi director interino e professor de metodologia da Escola Normal Primária de Lisboa (pediu a exoneração em 1921).Estes são alguns exemplos de uma actividade ininterrupta a favor da educação, apoiada num labor intelectual ainda por estudar. Após a ditadura implantada em 1926, acabou por ser preso em Outubro de 1927, devido a um processo que é movido contra a União do Professorado Primário, da qual era uma figura de referência. Publicou centenas de artigos em jornais e revista do tempo, apresentou importantes teses em conferências, congressos sobre educação e pedagogia. Foi o director da revista "Educação Social" (1924-1926), o primeiro responsável da secção portuguesa da Liga Internacional Pró-Educação Nova, tarefa que exerceu até à dat da sua prisão em 1927. Dirigiu e iniciou a Enciclopédia Pedagógica Progredir. Defensor da acção educadora do teatro (ver a sua conferência O Teatro na Escola, 1914), escreveu nesse sentido diversas peças de teatro, em especial para os alunos das escolas primárias. Está ainda ligado à iniciativa do "Teatro Livre". Traduziu também diversas peças de importantes autores, como Ibsen, Hauptmann, etc. Foi sócio e membro da Liga Nacional de Instrução, da Sociedade de Estudos Pedagógicos, Universidade Popular, Associação de Classe dos Artistas Dramáticos, correspondente oficial da revista francesa L`Education, de Paris (1921-1927).Adolfo Lima era defensor de uma pedagogia social ou sociológica, onde a educação estava ligada à realidade social. Foi igualmente o principal defensor da escola única, cabendo-lhe aliás a concepção das "escolas primárias superiores" em 1919, criadas por iniciativa de Leonardo Coimbra, de encerradas mais tarde por António Sérgio. Obras sobre o ensino e pedagogia: O Teatro na Escola,1914; Educação e Ensino-educação Integra,1914; O Ensino da "História", 1914; Metodologia, 2 volumes,1921 e 1932; Pedagogia Sociológica, 2 volumes, 1936; Obras sobre Adolfo Lima: António Candeias, António Nóvoa e Manuel Henriques Figueira, Sobre a Educação Nova: Cartas de Adolfo Lima a Álvaro Viana de Lemos (1923-1941), Lisboa, 1995; António Nóvoa, Adolfo Lima (1874-1943), in, Correio Pedagógico, 1988.
Agostinho Veloso Campos (Porto,1870-1944). Obras sobre ensino e pedagogia: Analfabetismo e Educação, 1903; Ensaios sobre Educação, 1911;Casa de Pais, escola de Filhos, 1916; Educação na Família, na Escola e na Vida, 1922.

Alberto Pimentel, Filho ( Lisboa, 21 de Novembro de 1875-?). Depois de ter frequentado a Escola Politécnica de Lisboa, matriculou-se, em 1892, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde se formou em medicina, com as mais latas classificações, assim como um louvor de Sousa Martins pelos seus conhecimentos em Fisiologia. Colaborou em muitos jornais e revistas de Portugal e Brasil, onde teve a seu cargo uma página educativa no Diário de S. Paulo . Em Dezembro de 1923 é nomeado professor efectivo da Escola Normal Primária de Lisboa, regendo a cadeira de Pedagogia Gerla e História da Educação. Obras sobre Educação e Pedagogia: Lições de Pedagogia Geral e da História da Educação; Psicofisiologia; Pedologia, 2 volumes; Súmula Didáctica (I Parte); Breves Indicações acerca dos Testes de Binet e Simon (1932); Instruções sobre Jogos de Leitura (Portaria nº.3891), em colaboração com João da Silva Correia.

Almeida Garrett (1799-1854). Figura impar na literatura portuguesa, destacou-se igualmente na afirmação das ideias liberais em Portugal. A sua principal obra sobre educação, que ititulou justamente "Da Educação" foi escrita no êxilio, mas está incompleta, dado que era sua intenção escrever um verdadeiro "Tratado sobre Educação", onde daria conta de todos os passos do desenvolvimento de uma criança desde o nascimento até uma idade superior aos cem anos! Está dividida em três partes correspondentes à educação física, moral e mental. Apresenta também o Andiometro, uma escola de aquisições e prazeres humanos, inventada por Guilherme Jorres. É nítida a influência de Rousseau .Obras sobre o ensino e pedagogia: Da Educação, Londres, 1829.Obras sobre Almeida Garrett: Fernando Augusto Machado, Almeida Garret e a Introdução do Pensamento Educacional de Rousseau em Portugal, Rio Tinto, 1993.

Alvaro Viana de Lemos ( Lousã,1881-1972). Foi aluno no Colégio dos Jesuítas, em Campolide, e depois no Liceu de Coimbra. O seu percurso formativo é errático, como muita da sua actividade pedagógica. Concluiu o curso de bibliotecário-arquivista, frequentou economia política na Escola Politécnica, tendo-se inscrito também na Escola Colonial. Em 1919 é nomeado professor da Escola Normal de Coimbra( depois na Escola do Magistério Primário desta cidade).Leccionou igualmente na escola Normal de Lisboa, para além de outras instituições. É considerado o mais "internacional" dos pedagogos portugueses, a par de Faria de Vasconcelos, devido sobretudo aos seus contactos internacionais, foi amigo pessoal de A. Ferrière e C. Freinet. Viajou por toda a Europa, frequentou cursos artísticos na Bélgica (1908-9 e 1913), participou em Congressos Internacionais em Bruxelas (1911 e 1924), e na Suiça (1927). Foi o representante português na Internacional dos Trabalhadores de Ensino ( designação proposta no Congresso de Bruxelas de 1924, em alternativa à de Internacional dos Educadores), e na Liga Internacional Pró-Educação Nova. No campo pedagógico é uma referência incontornável no movimento da escola nova em Portugal, sobretudo como organizador da rede de contactos internacionais e publicista. Destacou-se também na divulgação das técnicas do pedagogo Célestin de Freinet. Como aconteceu à maioria dos militantes da educação nova, acabou por ser vitima da repressão do novo regime ditaturial implantado em 1926. Foi preso no verão de 1934. Obras sobre o ensino e pedagogia: A imprensa na escola. Vida nova: processos novos, in, Educação Social, 1926; Uma semana de trabalhos manuais,Coimbra, 1923; A Educação Nova no Congresso de Locarno e na reunião da cidade de Genebra do Centro Internacional de Educação, Lisboa, 1928; O espírito da Educação Nova-Nota breve sobre o moderno movimento renovador da educação, Coimbra, 1929; Trabalho manual escolar, Coimbra, 1929; Obras sobre Álvaro Viana Lemos: António Nova, Alvaro Viena Lemos (1881-1972), in, Correio Pedagógico, 1988; António Nova, Alvaro Viena Lemos: um pedagogo da educação nova, in, Arunce, 1990.

Alves dos Santos ( 1866-1924). Figura controversa, padre apóstata, monárquico convertido ao republicanismo, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É apontado como o principal autor da reforma do ensino primário de 1911. Pioneiro em Portugal da Psicologia Experimental, criou o primeiro laboratório nesta área. Conhecia em profundidade os principais psicólogos europeus do seu tempo, tendo privado com Henri Piéron (colaborador de Binet), cursou no Instituto Jean-Jacques Rosseau, em Genebra, com Edouard Claparède e Paul Godin. As suas ideias pedagógicas assentavam num pressuposto, comum a todo o republicanismo, a educação o principal factor de regeneração do país. Figura controversa, padre apóstata, monárquico convertido ao republicanismo, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É apontado como o principal autor da reforma do ensino primário de 1911. Pioneiro em Portugal da Psicologia Experimental, criou o primeiro laboratório nesta área. Conhecia em profundidade os principais psicólogos europeus do seu tempo, tendo privado com Henri Piéron (colaborador de Binet), cursou no Instituto Jean-Jacques Rosseau, em Genebra, com Edouard Claparède e Paul Godin. As suas ideias pedagógicas assentavam num pressuposto, comum a todo o republicanismo, a educação o principal factor de regeneração do país. Obras sobre o ensino e pedagogia: Estatística Geral da Circunscrição de Coimbra relativa ao ano de 1903-1904(1906); A nossa escola primária (o que tem sido, o que deve ser), (1910); O Ensino primário em Portugal nas suas relações com a história geral da nação (1913); Para a história do ensino público em Portugal( um documento importante), artigo (1916); O "crescimento"da criança portuguesa. Subsídios para a constituição duma pedologia nacional (1917); Educação Nova - As bases. O corpo da criança (1919); Assistência às crianças normais, de ambos os sexos, desde os 7 aos 18 anos, em perigo moral, artigo (1919-1921); Um Plano de Reorganização do Ensino Público- Projecto Lei (1921); Laboratório de Psicologia Experimental, artigo (1922-1925); A Medida em Psicologia, artigo (1922-1925); Psicologia Experimental e Pedagogia ( Trabalhos, observações e experiências realizadas no Laboratório) (1923). Obras sobre Alves dos Santos: Álvaro Garrido, A Utopia pedagógica de Alves dos Santos (lente republicano: 1866-1924), (1998)

António da Costa (1824-1892). Binesto de Marques de Pombal. Fez os seus estudos em Lisboa, no Colégio do Dr. Cicouro, matriculando-se depois na Faculdade de Direito de Coimbra, em 5 de Outubro de 1842. Em 1846 alista-se no Batalhão Académico, regressado à Universidade após a Convenção de Gramido, prossegue os seus estudos concluido o bacharelado em 1848. É nomeado secretário-geral do Distrito de Leiria, em 1851. Publica nesta fase a conhecida obra "Estatísticas do Distrito Administrativo de Leiria" (1851). Em Setembro de 1853 funda o Centro Promotor de Instrução Primária, que tinha por missão criar escolas nocturnas no distrito de Leiria. Funda igualmente o jornal O Leirense (1854). É eleito deputado às Cortes por Leiria (1857-58). Exerce o cargo de Comissário Régio no Teatro Nacional D. Maria II (1860-61). A 26 de maio de 1870, na sequência do golpe millitar vitorioso do seu tio, o marchal Saldanha, integra o novo governo como ministro e secretário de estado dos negócios da marinha e ultramar. Por sua iniciativa é criado o Ministério dos Negócios da Instrução Pública, cuja respectiva pasta é-lhe confiada. Foi por isso o primeiro ministro do primeiro ministério da Instrução Pública de Portugal. Este Mnistério durou apenas dois meses. Defendeu a difusão do ensino, elaborando uma reforma geral da instrução primária. Propôs a descentralização das escolas primárias, a criação de escolas para adultos e bibliotecas populares, e outras medidas que o tornaram numa referência entre os políticos que se ocuparam da educação. Colaborou activamente na Revista de Educação e Ensino, fundada por Manuel António Ferreira Deusdado. Obras sobre o ensino e pedagogia: Necessidade de um Ministério de Educação Pública, Lisboa, 1868; História da Instrução Popular em Portugal desde a fundação da monarquia até aos nossos dias, Lisboa, 1871; Auroras da instrução pela iniciativa particular, Lisboa, 1884.Obras sobre António da Costa: Joaquim Ferreira Gomes, Estudos de História e da Pedagogia, Coimbra, 1984.

António Feliciano de Castilho (Lisboa,28 de Janeiro de 1800 - Lisboa, 18 de Novembro de 1875). Ficou cego quando contava apenas 6 anos, estudou com o seu irmão Augusto Frederico de Castilho, tendo com ele frequentado e formado em Cânones pela Universidade de Coimbra. Desde muito cedo se dedicou à poesia. Em S. Mamede de Castanheira do Vouga, onde se irmão fora nomeado prior, permaneceu oito anos, durante os quais traduz Ovídio e escreve poesia. Mudou-se depois para a Madeira, acompanhado o seu irmão, e onde casou pela segunda vez. Data desta altura os seus Quadros Históricos de Portugal(1834-1841) . Regressa ao continente em 1841, fundando no ano seguinte a Revista Universal Lisbonense que dirige até 1845, lança a celebre colecção literária a "Livraria Clássica Portuguesa" (25 volmes publicados). A partir de 1841 começa a interessar-se pelos problemas da instrução. Cria então um novo método para aprender a ler, que denomina "Método Português". Em 1847 parte para os Açores, onde fica até 1850, realizando com Luís Filipe Leite, uma importante obra no campo da instrução. Funda uma tipografia e o jornal ( Agricultor Micaelense), promovendo uma activa acção de divulgação cultural. Escreve Felicidade pela Agricultura, e Noções Rudimentares para Uso das escolas. Cria ainda nos Açores diversas escolas onde ensaia o Método de Leitura Repentina. Após ter regressado a Lisboa, em 1850, lança-se numa activa campanha para promover o seu método de ensino, envolvendo em inúmeras polémicas, nomeadamente com os professores primários. Em 1853 é nomeado Comissário Geral da Instrução Primária. Em 1855 desloca-se ao Brasil onde procura difundir o seu método. Em 1865 envolve-se na mais conhecida polémica literária, em Portugal, no século XIX, "A Questão Coimbrã", combatendo Antero de Quental e Teófilo de Braga. Obras sobre o ensino e pedagogia: Noções Rudimentares para uso das escolas, Ponta Delgada, 1849; Leitura Repentina, Lisboa, 1850; Tratado de Mnemónica para aprender muito em pouco tempo, Lisboa, 1851;Tosquia de um Camelo, 1853; Ajuste de Contas com os Adversários do Método Português, Coimbra, 1854; Felicidade pela Instrução, Lisboa, 1854; Resposta aos novíssimos Impugnadores do Método Português, Lisboa, artigos publicados no Diário do Governo entre 1856 a 1857; Método Português (4ª. edição da leitura Repentina), Lisboa, 1857.

Bernardino Machado(Rio de Janeiro, 1851-Porto, 1944). Veio para Portugal ainda em Criança. Doutorou-se em matemática pela Universidade de Coimbra, onde foi professor até 1907, quando teve que se demitir por ter participado numa greve académica. Aderiu ao Partido Republicano em 1902, sendo duas vezes presidente da República (1915/1917 e 1925/1926). Obras sobre o ensino e pedagogia: O estudo da Instrução Secundária entre Nós, Coimbra (1882); Necessidade de um Ministério de Instrução Pública, Lisboa, 1886; Instrução Pública, Lisboa, 1890; Introdução à Pedagogia. Congresso Hispânico-português-americano, Lisboa, 1892; A Conservação do Ministério da Instrução Pública: Discurso Parlamentar, Lisboa, 1892; A Crise Política e Financeira e o Ensino, 1893; A Socialização do Ensino, 1897; O Ensino, 1898; A Educação (notas d` um pai), 1899; O Ensino Primário e Secundário, Coimbra, 1899; O Ensino Profissional, Coimbra, 1900; A Universidade e a Nação, 1904; Obras sobre Bernardino Machado: Jaime Cortesão, Elogio Histórico de Bernardino Machado, Rio de Janeiro,1945; Alzira M. Rosa, Bernardino Machado, Protagonista da Mudança,Famalicão, 1990;

Casimiro Freire ( Pedrogão Pequeno, 1843-Lisboa,1918). Oriundo de uma família humilde da Beira Baixa, emigrou muito cedo para Lisboa, onde se tornou um próspero comerciante e industrial. Republicano, foi um devoto à causa da educação. Em 1881, nas páginas do recém criado jornal O Século, denúncia a incúria dos governos monárquicos para combater o analfabetismos no país. Propôs então que fossem enviados aos mais reconditos lugares, missões de professores habilitados no método de João de Deus, e ensinassem o povo a ler e escrever. Em 1882 fundou a Associação de Escolas Móveis pelo Método de João de Deus. Estas escolas funcionaram até 1921, tendo sido frequentadas por perto de 30.000 alunos. Obras de Casimiro Freire: A Instrução do Povo e o Método de João de Deus , 1897. Obras sobre Casimiro Freire: AAVV-Um Apostolo da Instrução Popular, Lisboa, 1923; Salvado Sampaio, "Escolas Móveis, in, Boletim Bibliog. e Inform. do Centro Invest. Pedagógica da Fundação Gulbenkian, 1969.

Delfim Santos (Porto, 6 de Novembro de 1907-25 de Setembro de 1966). Filho único varão de um laborioso ourives, estava em princípio destinado a seguir o ofício paterno. Em 1922 após a morte do pai assume a responsabilidade pelo sustento familiar, ficando à frente da sua oficina. Um ano depois devido, resolve prosseguir os seus estudos. Revelando uma notável inteligência, mas também força de vontade, em 1927 terminava já o curso complementar de ciências, e depois de letras, matriculando de seguida na faculdade de Letras do Porto. em 1931 conclui a licenciatura em ciências históricas e filosóficas pela faculdade de Letras da Universidade do Porto, com as mais elevadas notas. Enquanto frequentava esta licenciatura, inscrevera-se também em cadeiras de Filologia Clássica, e na Faculdade de Ciências, em cadeiras da secção da secção de Ciências Matemáticas. Conclui o estágio e o Exme de Estado para professor liceal (1932-34), resolvendo especializar-se em Filosofia no estrangeiro. Neste sentida, em Viana estuda Filosofia das Ciências, assiste a cursos e conferências de reputados mestres como Piaget, Husserl, Heisenberg, etc. Em Berlim, ouve N. Hartmann. Em Londres e em Cambridge cursa com ilustres professores. Regressou a Portugal em 1937, sendo nesse ano nomeado leitor na Universidade de Berlim, onde permanecerá até 1942, contactando directo, em Friburgo com o pensamento de M. Heidegger. Em 1940 doutora-se na Universidade de Coimbra. Em 1943 passa a integrar o corpo docente da Faculdade de Letras de Lisboa, onde virá a ocupar até á data da sua morte a catedra de Ciências Pedagógicas. Em 1963 passa a dirigir o Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian. Obras sobre o ensino e pedagogia:
Faria de Vasconcelos ( Castelo Branco,2 de Março de 1880-1939).Filho e neto de magistrados, realizou os seus estudos secundários no Colégio do Norte, dirigido pelos padres do Espírito Santo. Em 1896 ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde obtém o grau de bacharel em 1901. Bo ano lectivo de 1902-1903 matricula-se na Fac. de Ciências Sociais da Universidade Nova de Bruxelas, onde obtém uma "candidature em sciences". Inscreve-se depois no "premier doctoract en sciences sociales", doutorando-se em 1904, com uma tese intitulada "Esquisse d`une théorie de la sensibilité sociale". No ano lectivo de 1912-1913 surge como director da "École Nouvelle", de Bierges-lez -Wavre que fundara, em Outubro de 1912, no Château des Vallées. Nesta escola aplica e desenvolve os princípios da escola nova, como eram defendidos por John Dewey, G. M. Kerchenens-Teiner, E. Claparède, A. Ferrière e outros. Em 1912 torna-se membro da "SociétèBelge de Pedotechnie". Em virtude ter deflagrado a guerra, em Agosto de 1914, abandona a Bélgica e fixa-se em Genebra, onde em 1912, E. Claparède, P. Bovet e A. Ferrière havima craido o "Institut Jean-Jacques Rousseau. Colabora com Claparède no Laboratório de Psicologia Experimental, onde rege um curso de pedagogia. Secretaria o "Bureau International des Écoles Nouvelles", craido por A. Ferrière em 1899.Por indicação deste e de Claparède, respondendo a um pedido do Ministério da Saúde e Beneficiência de Cuba vai para Havana (1915), com o objectivo de aí fundar uma escola nova. Em 1917 deixa Cuba integrado numa missão educativa Belga, trabalhando diversos da América latina, sobretudo na Bolívia. Em 1920 regressa à Portugal participando na Universidade Popular Portuguesa, na fundação da revista "Seara Nova" (1921), e ingressando na Escola Normal Superior da Universidade de Lisboa. Em 1922 passa a reger a cadeira de Psicologia Geral. Em 1925 é nomeado para director do então criado Instituto de Orientação Profissional Maria Luísa Barbosa de Carvalho.Em 1930, com Aurélio da Costa Ferreira, cria o efémero Instituto de Reeducação Mental e Pedagogia. Em 1933 na Livraria Clássica Editora cria a Biblioteca de Cultura Pedagógica, para a qual escreverá 15 volumes. Obras sobre o ensino e pedagogia: O ensino ético-social das multidões, Lisboa, 1902; La psychologie des foules infantiles,Bruxelas, 1903; Une école nouvelle en Belgique, Neuchatel e Paris, 1915; Problemas escolares, Lisboa, 1921 e 1929; Lições de pedalogia e pedagogia experimental, Lisboa, 1923; Didáctica das ciências naturais, Paris-Lisboa, 1923; Lições de Psicologia Geral, Lisboa, 1924; Ensaio sobre a psicologia da intuição, Lisboa, 1922; O Instituto de Orientação Profissional Maria L. B. de Carvalho, Lisboa, 1926;Problemas escolares, Lisboa, 1935, etc.Obras sobre Faria de Vasconcelos: Joaquim Ferreira Gomes, Estudos de História e da Pedagogia, Coimbra, 1984;

Félix Henriques Nogueira ( Dois Portos-Torres Vedras, 1825-Lisboa,1858). Obra sobre o ensino e pedagogia: Estudos para a Reforma em Portugal, 1851. Obras sobre Félix Henriques Nogueira: Luís de Albuquerque, Notas Para a História do Ensino em Portugal, Coimbra, 1960.

Irene Lisboa (Arruada dos Vinhos, 1892-Lisboa,1958).Após ter realizado os seus estudos na escola normal primária de Lisboa, exerce a actividade de professora no ensino primário e no ensino infantil. Ingressa depois no sector de apoio pedagógico da Inspecção do Ensino Primário e Infantil. Especializa-se em educação na Suiça ( Genebra) e na Bélgica (Bruxelas). Devido as suas convicções políticas foi afastada pelo Estado Novo é colocada compulsivamente na secretaria da Junta de Educação Nacional de que fora bolseira, depois forçada a aposentar-se. Apesar de uma extensa obra literária e uma carreira brilhante como professora, são raros os seus trabalhos publicados sobre ensino ou pedagogia. Obras sobre Irene Lisboa: Paula Mourão, Irene Lisboa -Vida e Escrita, Lisboa, 1989; Violante Florêncio, A Literatura para crianças e jovens em Irene Lisboa, Porto, 1995; AA.VV, Colóquio-Letras, nº. 131 , Voltar a Irene Lisboa, Jan/Março 1994; Irene Lisboa-1892-1958, Catálogo da IBNL


João de Deus (S. Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830- Lisboa, 11 de Janeiro de 1896).Entrou para a Universidade de Coimbra em 1849, onde se formou em Direito (1859); Notável poeta, publicou a sua primeira colectânea de poemas em 1868, "Campo de Flores". Exerceu actividade de jornalista no jornal O Bejense (Beja). Em 1868 foi eleito deputado pelo circulo de Silves, passando a viver em Lisboa onde faleceu. Em 1876 publicou a célebre Cartilha Maternal, que rapidamente se tornou no método de iniciação à leitura preferido pelos professores portugueses. Obras sobre educação e pedagogia: Cartilha Maternal; Apostalado; Deveres dos filhos para com os pais;

João de Deus Ramos ( Lisboa,1878-1953).Com base na experiência das Escolas Móveis criadas por Casimiro Freire, fundou as escolas infantis, designadas por Jardim Escola João de Deus. A primeira abriu em Lisboa junto ao Jradim da Estrela, onde ainda hoje se encontra em pleno funcionamento. Obras sobre educação e pedagogia: A Reforma da Instrução Primária, 1911; A Reforma do Ensino Normal, 1912; O Estado Mestre Escola e a Necessidade das Escolas Primárias Superiores, 1924; A Criança em Portugal antes da Educação Infantil, 1940;
João de Barros Obras de João de Barros: A Escola e O Futuro, Porto, 1908; A Nacionalização do Ensino, Porto, 1911; A Reforma da Instituição Primária ( Com João de Deus Ramos), Porto, 1911; A Educação Moral na Escola Primária, Bases em que deve assentar, in, Terceiro Congresso Pedagógico (1912), Lisboa, 1913; A educação moral na escola primária, Paris-Lisboa, 1914; A república e a escola, Paris-Lisboa, 1914(s/d); educadores republicanos, Paris-Lisboa, 1916; Um grande educador-João de Deus Ramos e a obra dos Jardins-escolares, Lisboa, 1933; etc. Obras sobre «João de Barros: Alberto Filipe Araújo, O "Homem Novo" no discurso pedagógico de João de Barros, Braga, 1997;Rogério Fernandes, João de Barros-Educador Republicano, Lisboa, 1971;
José Augusto Coelho ( Sendim, Tabuaço, 2 de Janeiro de 1850-?). Fez os seus estudos no Seminário de Lamego, onde em 1867 se matriculou no Curso Teológico. Leccionou depois no Colégio do Porto. Em 1875 matriculou-se na Faculdade de Teologia em Coimbra, mas abandonou-a passado três meses. Regressou ao Porto, onde voltou a leccionar, tendo-se dedicado também ao jornalismo. Foi nomeado, em 1892, professor da escola normal masculina do Porto, tendo aqui permanecido até1894. Neste ano é transferido para a Escola Normal de Lisboa, sexo masculino. Em 1903, é nomeado director da escola normal feminina de Lisboa. Nesta altura é ainda nomeado Vogal do Conselho Superior de Instrução Pública, lugar que abandonou em 1910. Possuidor de uma vasta cultura, procurou alicerçar a pedagogia segundo bases científicas, sob influência do positivismo, nomeadamente de Herbert Spencer. Colaborou em muitos jornais e revistas, foi um dos grandes animadores da Academia de Estudos Livres. Obras sobre educação e pedagogia: Princípios de Pedagogia, 4 volumes, Porto, 1892/93; Elementos de Pedagogia; Organização geral do ensino aplicável ao estado actual da nação portuguesa, Porto, 1896; O ensino inicial da leitura, Lisboa, 1898; Elementos de Pedagogia para Uso dos Alunos das Escolas Normais Primárias; Manual Prático de Pedagogia para usos dos professores em geral e em especial dos professores de ensino de ensino médio e primário, Porto, 1901; Noções de pedagogia elementar em harmonia com o programa oficial, Lisboa, 1907 (2ª. edição); A reforma do Ensino Primário, Porto, 1909; Obras sobre José Augusto Coelho: Joaquim Ferreira Gomes, A Educação Infantil em Portugal, Coimbra, 1977.

Luís Filipe Leite (1828-1898). Fez os seus estudos secundários Ponta Delgada, onde conheceu Feliciano de Castilho. Veio para Lisboa em 1845, tendo participado na Revolta da Patuleia. Em 1854 foi nomeado director da Escola Normal Primária de Lisboa (Marvila), onde introduziu importantes reformas. Foi um grande defensor do método de Castilho. Em 1870 participou na comissão criada por D. António Costa para fundar bibliotecas populares.Colaborou activamente em muitos jornais e revistas, como O Panorama, Arquivo Pitoresco, Revista de Instrução Pública para Portugal e Brasil. Obras sobre o ensino e pedagogia: Ramalhetinho da Puerícia. Deveres das Meninas, Lisboa, 1854; Ramalhetinho da Puerícia. Deveres dos Meninos. Noções Preliminares. O Giraldinho, Lisboa, 1854/59; Exercícios de Leitura Manuscrita para usos das escolas pelo método português, Lisboa, 1854; Do ensino nacional em Portugal, Coimbra, 1892 (tese apresentada no Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano, em Madrid, neste ano)..

Manuel Antunes (Sertã, 13 de Março de 1918 -Lisboa, 18 de Janeiro de 1985). A sua vida confunde-se com a sua vocação religiosa, e o espírito de missão como encarava a docência e o labor filosófico. Entrou para a Companhia de Jesus em 1936. Após ter feito os estudos de humanidades ingressou em Filosofia, licenciando-se com uma dissertação que intitulou "Panorama da Filosofia Existêncial de Kierkegard e Heidegger. Licenciou-se depois em Teologia, em Granada. Ensinou língua e literatura grega e latina no Curso Superior de Letras da Companhia de Jesus, durante cerca de oito anos. Em 1957 começa a leccionar na Faculdade de letras de Lisboa, na cadeira de História da Cultura Clássica e História da Civilização Romana. Entre 1974-1978 coordena diversos seminários ( O Pensamento Político de Platão, O Pensamento Político de Aristóteles, Platão e o Platonismo, O Pensamento Filosófico em Portugal no Séc. XX). A partir de 1978 ensina Ontologia na secção de Filosofia desta Faculdade. Espírito aberto, de tendências ecléticas, sabia como ninguém efectuar análises profundíssimas dos conceitos centrais da cultura clássica, mas também realizar sobre os mesmos sínteses magistrais. Ao longo de décadas publicou centenas de artigos em publicações como a revista Brotéria, que dirigiu, a Revista Portuguesa de Filosofia, a Revista da Faculdade de Letras, a Euphrosyne, para além de centenas de entradas na Verbo- Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Obras sobre o ensino e pedagogia: Educação e Sociedade, 1973. Obras sobre Manuel Antunes: Manuel Patrício, Notas sobre o pensamento pedagógico de Manuel Antunes, in. Brotéria, 1985.

Mário de Oliveira. Professor primário, muito activo nas associações de classe e na imprensa pedagógica, em especial na de tendências anarquistas. Destaca-se no final dos anos vinte na defesa da escola única, num artigo com o mesmo nome publicado numa revista de que foi o fundador, Educação. Participou regularmente na revista O Professor Primário e mais tarde n`O Educador. Foi o autor do único livro sobre esta temática. Obras sobre o ensino e pedagogia: A escola única. Uma nova ideia pedagógica-social, Lisboa, 1933.

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