terça-feira, dezembro 05, 2006



A esmagadora maioria das respostas a uma sondagem do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) é favorável à convocação de uma greve dos professores, em meados deste mês, aquando da avaliação dos alunos no primeiro período. Uma paralisação desta natureza inviabilizaria as notas do primeiro período a cerca de 600 mil estudantes, repartidos entre os 7.º e 12.º anos.

António Avelãs, presidente do SPGL, não afasta a possibilidade de realização da paralisação, mas sublinha que “no actual cenário a greve não vai avançar”. O sindicalista acrescenta que esta é também a posição da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), estrutura que integra o SPGL.Contrária é a decisão da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE). A dirigente sindical Maria Arminda Bragança considera que essa possibilidade não se coloca, “não tendo sequer sido levantada na última reunião da FNE”.
PAIS PREOCUPADOS
A possibilidade de uma greve deixa, no entanto, os pais “preocupados”. António Castela, presidente da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (Ferlap), sustenta que perante o clima de contestação às políticas do Governo a posição da federação é a “manutenção do apelo, lançado no início do ano, para que sindicatos e Ministério da Educação levem a bom termo as negociações sem que isso prejudique o percurso escolar dos alunos”.António Castela destaca ainda que “a paralisação pode significar um perigo para as crianças, sobretudo se coincidir com os exames de final do ano”. O dirigente dos pais da região de Lisboa deixa, no entanto, claro, que “a greve é um direito que não deve ser posto em causa”. “O que não defendemos é que ocorra aquando das avaliações.”
PERCEBER OPINIÕES
António Avelãs, presidente do SPGL, entende que a sondagem na página da internet do sindicato (www. spgl.pt) “representa um inquérito que visa conhecer as posições daqueles que consultam o endereço electrónico. O dirigente destaca que pelos conteúdos da página a maior parte dos seus leitores e consequentes votantes das sondagens “são professores”. Perante a elevada percentagem dos que defendem a realização da greve, diz que “os professores se sentem prejudicados nas suas carreiras e reagem, sendo estas respostas uma dessas reacções”.Ontem, tinham respondido à sondagem 640 pessoas. Setenta e sete por cento dos votantes escolheram a primeira resposta onde a greve é classificada como “viável e útil”. Os votantes contrários à greve são 23%, sendo que destes 14% respondem que a greve é “inútil” e 9% que é “inviável”. As sondagens do SPGL atingem os quatro mil votantes.
SUBSTITUIÇÃO TEM DE SER PAGA
O Sindicato dos Professores da Grande Lisboa defende, a exemplo do que acontece na maioria dos países da União Europeia, que as aulas de substituição devem ser pagas aos professores. “Foi esta a prática aquando da sua introdução, mas com a chegada da ministra Maria de Lurdes Rodrigues viria a ser suspensa, pelo que nós avançámos com uma acção em Tribunal”, disse António Avelãs, presidente desta estrutura sindical. A exemplo da Espanha, Itália e Irlanda também em Portugal as aulas de substituição são obrigatórias sempre que se verifique um ‘furo’ no horário dos alunos. O sindicato defende que, tal como nesses países, estas sejam pagas ao professor destacado. “Outra das reivindicações é que as aulas sejam dadas por um professor da mesma disciplina ou da mesma turma”, disse.
NA RUA CONTRA ESTATUTO
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) irá lançar na próxima semana uma campanha de informação junto dos pais, onde cartazes espalhados por Lisboa, Porto e Coimbra divulgarão a posição da frente comum dos sindicatos no que consideram “haver uma ausência, por parte do Governo, duma política de educação, sendo que o principal objectivo é a poupança de dinheiro aos cofres do Estado”, disse António Avelãs, presidente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), estrutura afecta à Fenprof. O Estatuto da Carreira de Docente, recentemente aprovado pelo Governo é fortemente contestado pela Fenprof. A entidade sindical defende que esta iniciativa vai “traduzir-se no aumento do desemprego – que atingirá mais de cinco mil dos actuais contratados – e no risco de mais de 20 mil docentes dos quadros se tornarem alvo de um regime de mobilidade especial [supranumerários]”. O estatuto é igualmente contestado pela Frente Nacional de Educação.
COMUNIDADESCAMÕES COM ENSINO
O ensino do Português no estrangeiro, 54 155 alunos, ficará a cargo do Instituto Camões no âmbito da reorganização que o Governo vai efectuar.
OPÇÃO NO LUXEMBURGO
O secretário de Estado das Comunidades, António Braga, defende o alargamento do Português como língua de opção no Luxemburgo.
ALEMANHA SEM AULAS
Os portugueses nas escolas alemãs de Osnabruck e Ravensburg continuam sem aulas, motivo pelo qual o deputado do PSD, Carlos Gonçalves, interrogou o Governo sobre: “Para quando o início das aulas?”
ATRASOS NA EUROPA
A falta de professores fez atrasar o início das aulas de Português em escolas do Reino Unido, França e Suíça.

João Saramago

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