quinta-feira, maio 24, 2007

Cavaco Silva quer ver caso da anedota esclarecido

Ninguém contou a anedota sobre Sócrates ao Presidente da República, mas este quer vê-la esclarecida. Disse-o ontem, poucas horas depois de o primeiro-ministro, a alegada vítima do insulto de um professor e ex-deputado do PSD entretanto suspenso, ter garantido que não deixará que alguém seja sancionado por uso da liberdade de expressão. No dia em que a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) reafirmou que o inquérito instaurado a Fernando Charrua foi originado por um "insulto" feito dentro das instalações daquele organismo, Cavaco exigiu um esclarecimento."Eu não sei o que o professor disse ou não disse. Se foi uma piada em relação a um político, como é frequente no nosso país, espero que o mal-entendido seja rapidamente esclarecido", afirmou Cavaco, à margem do 6.º Congresso Europeu de Medicina Interna. Pouco antes, na Assembleia da República, o primeiro-ministro lamentava a situação, frisando que o Governo não permitirá sanções por exercício do direito à liberdade de expressão."Só tenho notícia desse caso pelos jornais e lamento o que aconteceu. Mas quero garantir aos portugueses que nem o Governo, nem alguma instituição deste País, deixará que alguém seja sancionado por uso do direito à liberdade de expressão", afirmou Sócrates. Que adiantou que não acompanha processos disciplinares movidos por instituições do Estado aos seus funcionários. Também o Ministério da Educação se demarcou da decisão da DREN.As reacções do PR e do PM surgiram no dia em que a DREN reafirmou a sua posição: "A directora regional entende que é inadmissível que um professor se expresse nos termos em que aquele o fez, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre qualquer outra pessoa."Em comunicado, a DREN "insiste que o insulto não tem absolutamente nada a ver com anedotas ou a licenciatura do primeiro-ministro", mas não esclarece o teor do que entende ter sido um insulto, nem se este visava a mãe de José Sócrates. Segundo Charrua, o que disse foi: "Agora quem precisar de um doutoramento manda o certificado por fax; só por fax, caso contrário não vale." Charrua interpôs uma providência cautelar, mas entretanto já foi transferido para a biblioteca da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto.

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