quinta-feira, maio 24, 2007

DREN: Professor suspenso diz que só disse piada «em privado»

O professor, visado num inquérito por um alegado insulto ao primeiro-ministro José Sócrates, negou hoje a acusação sustentando que se limitou a produzir uma piada indirecta a um colega de trabalho, em privado.
«Se precisares de doutoramentozito, que dá seis anos na carreira, mando-mo cá, ainda que seja falso. Manda-me por fax, porque se não for por fax, não vale», terá dito Fernando Charrua, segundo o seu próprio testemunho.
Em declarações à rádio TSF, Charrua afirma que «fez um comentário dentro de um gabinete, em privado».
«Fi-lo com um colega que conheço há 15 anos, que é meu amigo e assessor da senhora directora regional», acrescentou o docente.
Já antes, numa carta enviada na altura a várias escolas, Fernando Charrua admitira ter feito um «comentário jocoso a um colega, dentro de um gabinete», acrescentando que o referido comentário foi «retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente».
À TSF, Fernando Charrua contou também que, ao ser chamado à presença da directora regional de Educação, Margarida Moreira, negou desde logo as acusações da senhora que «se gaba de ter informadores internos e externos».
O docente terá dito a Margarida Moreira que dentro de instalações da DREN não produzira os insultos de que era acusado e que «lá fora, mesmo que o tivesse feito, não era da conta dela».
O comentário foi produzido horas depois de a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) reafirmar que o inquérito instaurado a Fernando Charrua foi originado por um insulto ao primeiro-ministro, feito dentro das instalações daquele organismo.
Em comunicado, a DREN insiste que o insulto em causa nada tem a ver com anedotas sobre a licenciatura do primeiro-ministro, mas não esclarece o teor do que entende ser um insulto a José Sócrates.
No entanto, segundo a edição de hoje do Correio da Manhã, que cita uma fonte oficial não identificada, a polémica terá sido provocada pela frase, alegadamente proferida por Fernando Charrua: «Estamos num país de bananas, governado por um filho da p... de um primeiro-ministro».
O comunicado surge na sequência de informações que têm vindo a ser veiculadas pela comunicação social, nos últimos dias, que, na perspectiva da DREN, criaram na opinião pública a ideia de que se trata de um caso de perseguição política a alguém que teria contado uma anedota relacionada com a licenciatura do primeiro-ministro.
O caso ocorreu em finais de Abril, culminando com a instauração de um inquérito e a suspensão preventiva de Fernando Charrua, ex-deputado do PSD e funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte há cerca de duas décadas.
Na sequência desta polémica, o Provedor de Justiça já solicitou esclarecimentos à DREN e os partidos da oposição pronunciaram-se sobre o assunto no Parlamento, pedindo uma tomada de posição do Ministério da Educação, que já esclareceu tratar-se de uma questão da competência da DREN.
Já hoje, o primeiro-ministro lamentou a situação que motivou a suspensão do professor e ex-deputado do PSD Fernando Charrua, mas frisou que o Governo não permitirá sanções por exercício do direito à liberdade de expressão.
«Só tenho notícia desse caso pelos jornais e lamento o que aconteceu. Mas quero garantir aos portugueses que nem o Governo, nem alguma instituição deste país, deixará que alguém seja sancionado por uso do direito à liberdade de expressão», frisou José Sócrates.
Diário Digital / Lusa
23-05-2007 18:29:00

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