quarta-feira, maio 23, 2007

DREN reafirma que inquérito foi motivado por insulto a Sócrates

A Direcção Regional de Educação do Norte reafirmou que o inquérito instaurado a um professor foi originado por «um insulto ao primeiro-ministro», feito nas instalações do organismo.

«A directora regional entende que é inadmissível que um professor se expresse nos termos em que aquele o fez, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre qualquer outra pessoa», refere um comunicado divulgado esta manhã no Porto.
Neste documento, a DREN «insiste que o insulto em causa não tem absolutamente nada a ver com anedotas ou a licenciatura do primeiro-ministro», mas não esclarece o teor do que entende ter sido um insulto a José Sócrates.
O comunicado surge na sequência de informações que têm vindo a ser veiculadas pela comunicação social nos últimos dias, que, na perspectiva da DREN, criaram na opinião pública a ideia de que se trata de um caso de perseguição política a alguém que teria contado uma anedota relacionada com a licenciatura do primeiro-ministro.
O caso ocorreu em finais de Abril, culminando com a instauração de um inquérito e a suspensão preventiva de Fernando Charrua, ex-deputado do PSD e funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte há cerca de duas décadas.
Numa carta enviada na altura a várias escolas, Fernando Charrua admitiu ter feito um «comentário jocoso a um colega, dentro de um gabinete», acrescentando que o referido comentário foi «retirado do anedotário nacional do caso Sócrates/Independente».
Segundo Fernando Charrua, esse comentário foi «maldosamente pintado de insulto» e levado à directora regional, originando um processo disciplinar e a suspensão preventiva, entretanto já levantada.
A frase que terá originado a decisão da directora Regional de Educação do Norte ainda não foi divulgada oficialmente, mas o Correio da Manhã, na edição de hoje, citando uma fonte oficial não identificada refere que a polémica terá sido provocada pela frase «Estamos num país de bananas, governado por um filho da... de um primeiro-ministro».
Na sequência desta polémica, o Provedor de Justiça já solicitou esclarecimentos à DREN e os partidos da oposição pronunciaram-se sobre o assunto no parlamento, pedindo uma tomada de posição do Ministério da Educação, que já esclareceu tratar-se de uma questão da competência da DREN.
O professor envolvido na polémica reagiu à suspensão preventiva imposta pela direcção regional e interpôs uma providência cautelar, tendo o Ministério da Educação decidido, ainda antes da decisão judicial, terminar a requisição de Fernando Charrua na DREN, onde trabalhava na área dos recursos humanos.
Desta forma, o professor de inglês regressou à Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, onde exercia a actividade docente antes de ser requisitado pela DREN, encontrando-se actualmente colocado em funções na biblioteca daquele estabelecimento de ensino.
A Lusa tentou hoje contactar a advogada de Fernando Charrua para esclarecer os contornos deste caso, mas as várias tentativas realizadas revelaram-se infrutíferas até ao momento.
Lusa / SOL

Sem comentários: