quinta-feira, maio 24, 2007

"A directora regional fez perseguição política"


Raquel de Melo Pereira


Nega ter insultado o primeiro-ministro e acusa a directora regional de Educação do Norte de perseguição política. Desde que foi conhecido o caso, o telefone da Escola Carolina Michaëlis não pára de tocar. A resposta é inevitavelmente a mesma "O Dr Fernando Charrua não está". Um corridinho de telefonemas e jornalistas à porta… Também eles querem conhecer melhor o protagonista da história. Este diz-se feliz por ter voltado ao contacto com os alunos e a aguardar o resultado da providência cautelar que interpôs na sequência da suspensão.



O que é que ditou o seu afastamento da DREN?


Acho que a directora regional me fez perseguição política e fê-lo porque eu fui deputado do PSD.A frase incluída na acusação corresponde à que proferiu?A frase que eu proferi no dia 19 nada tem a ver com o que li nos jornais. O insulto à mãe do primeiro-ministro, que vem hoje (ontem) nos jornais, é o que está na acusação. Mas eu nunca disse nada do género! "Pintaram" isto assim, maldosamente. A directora regional deve ter ficado toda contente, julgando estar a prestar um grande serviço ao país, mas causou um grande problema ao engenheiro Sócrates.


Afinal, o que se passou?


No dia 23 de Abril, pouco depois das 9 horas, quando cheguei à DREN, disseram-me para ir ao gabinete da directora. Antes, fui ao meu gabinete, liguei o computador e estava bloqueado. Com todos os meus dados pessoais, o IRS a meio, dados de contas bancárias… Achei estranho. O meu era o único computador bloqueado. O que pode querer dizer que no fim-de-semana o andaram a espiolhar. São atitudes que não se vêem há pelo menos 33 anos.


Quando foi ter com a directora regional, o que é que ela lhe disse?


Disse que tinha provas de que eu insultava o primeiro-ministro dentro e fora da DREN. Mais espantado fiquei, porque eu não tinha insultado o PM dentro da direcção regional e,"lá fora", mesmo que o tivesse feito, isso não lhe dizia respeito. Ela deu-me duas hipóteses ou me demitia (e eu não percebi, uma vez que não tinha cargo nenhum) ou me instaurava um processo disciplinar, suspendendo-me preventivamente. Eu não disse uma palavra. Agradeci às pessoas presentes na sala (a directora e os seus dois adjuntos) e saí.


Fez algum comentário dentro das instalações da DREN à licenciatura de José Sócrates?


Toda a gente fez. O PM não se deve sentir ofendido pelas anedotas. Hoje já ninguém se lembra disso. Passou! O que eu fiz foi um comentário, dentro de um gabinete, em privado, com um colega que conheço há 15 anos, que é meu amigo e assessor da directora regional. Estávamos a falar de trabalho e lembrei-me de lhe dizer - amaldiçoo a hora - "se precisares de um doutoramento, nem que seja falso, manda-me por fax".


Não foi um insulto?


Evidentemente, não. Eu tenho pelo PM algum apreço. Convivi três anos com ele, na bancada do lado na AR. Ele, na altura, era deputado. Não tenho nada contra ele e longe de mim insultá-lo. Não faz o meu estilo dizer um disparate desses no meio de um gabinete e a despropósito. O que fiz foi um comentário, no 1.º andar da DREN, quando estava a falar com um dos dois assessores da directora. Entretanto, chegou outro com quem não falei. Julgo que o que disse lá dentro não se podia ouvir cá fora. Eu fui almoçar com o meu director de serviço nesse dia e no seguinte e nunca mais se falou no assunto. Só na segunda-feira fui confrontado pela directora regional com uma queixa. É extraordinário! Ainda hoje estou para saber o que aconteceu…


* Jornalista da TSF

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