quarta-feira, maio 23, 2007

Provas de aferição começaram num ambiente de polémica



Fernando Basto"O texto era fácil, sobre uma caixinha de música, o pior eram as perguntas de interpretação!". Entusiasmados com o teste de Português,o alunos da "Ramalho Ortigão", no Porto, estavam longe da polémica que a prova estava a causar no mundo dos adultos. De um lado, sindicatos e associações de professores questionavam o verdadeiro objectivo das provas; de outro, o Ministério da Educação(ME) recusava a ideia de uma avaliação aos professores, voltando a defender a necessidade de avaliar a qualidade do currículo nacional e a prestação das escolas."O que gostei mais foi de redigir um convite para a minha festa de anos", disse ao JN a Ana Sofia, da Escola Básica 2/3 Ramalho Ortigão, eufórica por ter feito, pela primeira vez,um exame nacional. Na realidade, ontem, para os 250 mil alunos dos 4.º e 6.º anos de escolaridade de todo o país foi um dia especial o da prova de aferição de Português.A partir deste ano, o ME pretende que aquelas provas - realizadas nas disciplinas de Português e Matemática - abranjam todos os alunos. Por outro lado, os resultados serão afixados em pautas e as escolas serão obrigadas a produzir um relatório de avaliação, assim como um plano de acção para remediação dos resultados mais fracos.Estas novas regras foram contestadas por organizações representativas da classe docente. A Federação Nacional dos Professores acusou o ME de pretender avaliar os professores e "alijar as suas responsabilidades" caso os resultados sejam negativos. Por seu turno, a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considerou que as provas de aferição têm sido instrumento de "uma ideologia pedagógica dogmática e ultrapassada". Em comunicado, a SPM considerou que as provas "não aferem o trabalho da escola e dos professores, nem o valor acrescentado que a escola e os professores trouxeram aos alunos". Como alternativa, a SPM defende a realização de exames nacionais a mais disciplinas.Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação de Professores de Português, é de opinião que as provas sejam realizadas no início do ano lectivo, de forma a permitir uma melhor orientação do trabalho dos professores. E também propõe que outras disciplinas sejam também aferidas. Amanhã, às 10 horas, será a vez da prova de Matemática.O Ministério da Educação (ME) garantiu, em conferência de Imprensa realizada ao final da tarde de ontem, que o objectivo das provas de aferição não é o de avaliar os professores, conforme algumas organizações representativas da classe haviam apontado.Jorge Pedreira, secretário de Estado adjunto e da Educação, reafirmou a vontade do ministério em conhecer o modo como os objectivos e as competências essenciais de cada ciclo estão a ser alcançados pelo sistema de ensino. Ao longo do dia, foram várias as vozes que se fizeram ouvir contra a realização das provas. Para além das organizações representativas dos professores, também o PSD e o CDS-PP criticaram os testes, defendendo a sua substituição por exames nacionais ou provas globais que contem para a nota dos alunos. Para o PCP, a divulgação dos resultados das provas de aferição "vai ter o efeito de um ranking, servindo apenas para aumentar a competitividade entre escolas". O BE aceita as provas, alegando serem "úteis para a avaliação do sistema de ensino".

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