segunda-feira, novembro 13, 2006

Bullying é cada vez mais comum

Lusa 2006-11-10
Face à gravidade e à frequência com que o fenómeno ocorre nas escolas, um especialista norte-americano nesta área entende que o país deve criar uma campanha de sensibilização para o problema.
Allan Beane, especialista norte-americano em Educação, defende que Portugal deve criar uma campanha nacional contra a violência verbal, física e social praticada reiteradamente entre alunos.O comportamento agressivo e intencional de alunos mais velhos, fortes ou populares sobre colegas mais novos e com menos popularidade, vítimas de rejeição social, insultos diários e até maus-tratos físicos, é um fenómeno conhecido como bullying, e foi ontem tema de uma conferência em Lisboa.De acordo com Allan Beane, esta forma de violência é cada vez mais comum nas escolas norte-americanas e constitui já uma das principais causas de absentismo escolar, levando mais de 160 mil alunos a faltar diariamente às aulas, com medo.Os rapazes são os principais praticantes do bullying directo, ameaçando fisicamente, empurrando ou batendo em colegas mais fracos, enquanto as raparigas preferem o bullying social, caracterizado pelas ofensas, pela humilhação, disseminação de boatos maldosos e rejeição de outros alunos.Esta última forma de violência é também cada vez mais frequente, encontrando na Internet um dos seus palcos preferenciais, nomeadamente através da difamação de colegas em sites, com publicação de fotografias e vídeos, explicou o especialista.Humilhadas e intimidadas diariamente, as vítimas de bullying sofrem de uma baixa auto-estima, de ansiedade e depressão, um sofrimento emocional que muitas vezes substituem por sentimentos profundos de raiva, ódio e vingança - que, aliás, já motivaram 37 tiroteios em escolas norte-americanas.A mudança repentina na assiduidade e no desempenho escolar, perda de apetite, sintomas físicos como dores de cabeça e de barriga, pesadelos, quebra de auto-estima e súbitas mudanças de humor são, segundo Allan Beane, alguns dos principais sinais evidenciados pelas vítimas, a que pais e professores devem estar alerta."O bullying é cada vez mais comum e mais grave. Ocorre em todas as escolas, a um certo nível, começa no pré-escolar, a partir dos três anos, e percorre todo o ensino até ao Secundário, criando um ambiente escolar marcado pelo medo e pela ansiedade, que faz aumentar o insucesso, o absentismo e o abandono escolar", afirmou o especialista, sublinhando que o fenómeno pode mesmo conduzir as vítimas ao suicídio.Alegando que 60% dos jovens que praticam "bullying" têm cadastro criminal quando chegam aos 24 anos e que 40% praticam actos de violência doméstica quando se tornam adultos, o especialista considera que é necessária pôr em prática em todos os países uma campanha para pôr fim à violência escolar."É preciso uma política que envolva toda a comunidade escolar, uma campanha nacional de sensibilização que deve começar logo no ensino pré-escolar, envolvendo todos os professores, os pais e a sociedade em geral. A campanha contra a violência na escola tem de tornar-se uma forma de vida", sublinhou Allan Beane, que acaba de editar em Portugal o livro "A Sala de Aula Sem Bullying".

Sem comentários: