sábado, outubro 13, 2007

Fenprof questiona razões que levaram polícia a visitar sindicato na Covilhã

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) afirmou hoje não entender que razões de segurança relativas à deslocação do primeiro-ministro à Covilhã levaram a PSP a visitar as instalações de um sindicato na Covilhã, na véspera de uma manifestação. Também a actuação da GNR num protesto em Montemor-o-Velho, no passado domingo, foi alvo de críticas dos sindicalistas, que hoje entregaram uma queixa-crime contra um militar da Guarda local.
"Que o corpo de segurança pessoal da PSP e o comando [de Castelo Branco] devam ter preocupações com a segurança estamos de acordo. Não percebemos é o porquê de visitar sindicatos para manter a segurança", disse Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, comentando o relatório preliminar da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) ao incidente na Covilhã, na última segunda-feira. De acordo com a IGAI, os polícias que se deslocaram à sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), na Covilhã, na última segunda-feira, não cometeram qualquer infracção ao pedirem informações sobre a manifestação, que decorreria no dia seguinte durante uma visita de José Sócrates a uma escola na cidade. No relatório, assinado pelo inspector da IGAI José Manuel Ribeiro de Almeida, lê-se ainda que o pedido de recolha de informações foi feito à esquadra da Covilhã por um contacto telefónico do oficial operacional do Comando da PSP de Castelo Branco, bem como de um fax oriundo do corpo de segurança pessoal da PSP. "Foi o comandante, em substituição, da esquadra da Covilhã quem determinou a colheita de informações, em ordem a satisfazer o pedido do comissário Ribeiro e do corpo de segurança pessoal da PSP para garantir a segurança de S. Exa. o primeiro-ministro e bem assim que o exercício do direito de manifestação decorreria ordenadamente, nos termos da lei", continua o documento hoje divulgado.O relatório revela ainda que na prática policial local "é habitual contactar e pedir informações de carácter geral à União de Sindicatos de Castelo Branco", sobre trajectos e tipos de acção em eventos promovidos por aquela estrutura sindical e que a ida ao SPRC foi uma escolha "ditada apenas por razões de proximidade geográfica".Para o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, "o estar mais perto não é justificação para garantir a segurança de ninguém”. “O SPRC não promovia o cordão humano, a organização era da União de Sindicatos, o que se passou não faz sentido nenhum", sustentou o sindicalista.Já sobre o relatório da IGAI ilibar de responsabilidades os agentes da PSP envolvidos, Mário Nogueira considerou "correcta" a decisão. "A IGAI conclui que não houve da parte dos agentes nenhum ilícito nem nenhum procedimento à margem das leis e isso nós sempre dissemos. O nosso medo era precisamente que fosse o mais pequenino a ser responsabilizado, como se fosse ele o bode expiatório", explicou o secretário-geral da Fenprof.Mário Nogueira considera que "do ponto de vista político" a situação criada em redor da actuação da PSP da Covilhã "já é uma condenação política da atitude e isso é o mais importante". "O que queremos é que já tendo acontecido o que aconteceu na Covilhã, que não volte a ser possível no Portugal democrático. Estão criados já constrangimentos a futuras atitudes deste tipo", acrescentou.Sindicalistas apresentam queixa-crime contra militar da GNRNo passado domingo, o primeiro-ministro deslocou-se a Montemor-o-Velho, para lançar uma plataforma tecnológica na área das energias associadas ao hidrogénio. À sua espera estava uma manifestação com cerca de uma centena de pessoas, entre estas havia elementos da Fenprof, da União de Sindicatos de Coimbra e enfermeiros. Durante o protesto, a GNR local cercou os manifestantes, tendo identificado alguns deles.Hoje, Mário Nogueira e dois dirigentes do SRPC entregaram no Tribunal de Montemor-o-Velho uma queixa-crime contra um agente da GNR local na sequência de um incidente com sindicalistas que se manifestavam durante a visita do primeiro-ministro. "Viemos apresentar uma queixa contra um militar da GNR que actuou de uma forma que considerámos abuso do poder que lhe estava conferido para aquela situação", justificou Mário Nogueira.Segundo o secretário-geral da Fenprof, o militar em causa terá alegadamente tentado "repetidamente" identificá-lo como dirigente sindical "numa atitude indiciadora de perseguição a um cidadão livre que está naquele local e tinha o direito de estar”. “Não estava a fazer nada ilegal", reforçou.

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