quarta-feira, outubro 10, 2007

Governo quer «valores republicanos» nas escolas

O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão, disse hoje que é desejo do governo envolver as escolas na evocação dos valores republicanos, por ocasião do centenário da República.
Trata-se, segundo as suas palavras, de «imbuir as gerações futuras do quadro ético que sustenta as liberdades públicas», frisando que «educar para a cidadania implica pôr em evidência os melhores exemplos do passado».
Segundo o secretário de Estado, o programa das comemorações, a aprovar até Janeiro de 2008, deverá prever «a mobilização das populações mais jovens, com papel preponderante das instituições de ensino na evocação dos valores republicanos».
Jorge Lacão falava na sessão solene dos 50 anos do I Congresso Republicano, que juntou em Aveiro, a 06 de Outubro de 1957, os oposicionistas ao Estado Novo.
O governante classificou aquele evento como «um marco de resistência à ditadura que não pode cair no esquecimento e cuja mensagem perdura até hoje».
Considerando que o Estado Novo, embora mantendo a República como regime, «se despojou dos valores republicanos», Jorge Lacão salientou que o I Congresso Republicano, promovido pelos democratas em plena ditadura, «mais do que enunciar os valores republicanos em exercício de nostalgia, mostrou a sua actualidade e aplicabilidade».
«O congresso de 1957 representou uma nova fase de unidade nas correntes oposicionistas. Representou a refundação da oposição à ditadura e deixou um modelo cívico de resistência, através da troca de ideias, legando uma significativa reflexão sobre os problemas da sociedade e os desafios para o país», sublinhou.
Para Jorge Lacão, a evocação o I Congresso Republicano «convoca dias de memórias históricas que não se podem perder: a tradição republicana e a resistência à ditadura».
Vital Moreira considerou-o «porventura um dos mais altos momentos da luta legal contra o regime», salientando que os valores da República foram a plataforma comum da luta pela democracia.
No entanto, salientou, «há aspectos do ideário republicano que estão por cumprir», dando como exemplo a generalização da instrução através da escola pública.
«Os dados do insucesso escolar revelam o muito que ainda há a fazer», comentou.
Vital Moreira referiu também que «permanecem na vida pública várias práticas contrárias ao princípio do Estado laico, outra das traves mestras do republicanismo, como o demonstra as resistências às mudanças na capelania dos hospitais (regulamentação da assistência religiosa aos doentes) e a realização de actos religiosos por encomenda de entidades públicas».
Filipe Neto Brandão, governador civil de Aveiro, e Élio Maia, presidente da Câmara, enquadraram a realização do I Congresso Republicano nas «tradições liberais, democratas e republicanas» de Aveiro, deixando o primeiro um repto à realização de um quatro congresso, agora em condições de liberdade.
Diário Digital / Lusa

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